segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Montes: MP da Lei Aldir Blanc ajudou a reduzir necessidade de bloqueio em R$ 1,3 bi

 Clayton Luiz Montes - Secretário Adjunto da Secretaria de ...


O secretário de Orçamento Federal substituto, Clayton Montes, esclareceu nesta segunda, 25, que a medida provisória editada pelo governo na última sexta-feira, 22, com corte de R$ 1,3 bilhão da Lei Aldir Blanc previstos para este ano, serviu para melhorar a qualidade do gasto público.

Os efeitos da MP da lei Aldir Blanc foram considerados no Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º Bimestre, divulgado na sexta-feira, 22. A medida, segundo o secretário, ajudou a reduzir a necessidade de bloqueio nas contas públicas em R$ 1,3 bilhão.

“É um item de revisão de gastos. A gente observou que as dotações já entregues para os entes subnacionais já cumpriam necessidade da política para esse ano, então houve a decisão de reduzir essa transferência para esse ano”, disse o secretário, ao reforçar que a legislação não estaria compatível com o ajuste fiscal. Segundo ele, dos R$ 3 bilhões entregues em 2023 aos entes, havia um saldo a ser realizado pelos entes subnacionais na faixa de R$ 2,8 bilhões.

Os ministérios do Planejamento e da Fazenda informaram na última sexta-feira, 22, que a contenção do orçamento foi elevada no relatório do 5º bimestre. O congelamento foi de R$ 13,3 bilhões para 19,3 bilhões. São R$ 6,0 bilhões em bloqueios adicionais, por causa da elevação das despesas, ante R$ 13,3 bilhões do relatório relativo ao 4º bimestre. Mais uma vez, não houve recursos contingenciados, em função de frustração de receitas – o governo chegou a contingenciar R$ 3,8 bilhões neste ano, mas reverteu a decisão em setembro.

XP desiste de sede no interior de SP e revende terreno da ‘Villa XP’ para JHSF


Frame de vídeo de divulgação da Villa XP exibido durante a Expert 2021, evento promovido pela corretora (Crédito: Reprodução)

 

A XP vendeu à construtora JHSF o terreno em São Roque (SP) onde planejava construir a Villa XP, uma sede própria inspirada nos ambientes de trabalho da Apple e do Google no Vale do Silício. As informações sobre a operação de venda foram publicadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Procurada, a XP informou que não comentará a operação. A JHSF não retornou até a publicação desta matéria, que poderá ser atualizada após a resposta da empresa.

O terreno já pertencia antes à JHSF, e integra o complexo Parque Catarina, onde a construtora mantém o shopping center Catarina Fashion Outlet e o São Paulo Catarina Aeroporto Executivo. A XP anunciou ter feito a aquisição de 705 mil metros do terreno por R$ 98,6 milhões. O valor da revenda para a JHSF não aparece nos documentos do Cade.

Anunciado em 2020, durante a pandemia, o projeto da Villa XP pretendia ser um centro de convivência para além de um escritório. Com os funcionários permanentemente em regime de trabalho remoto, o espaço serviria para encontros, fossem em reuniões ou até confraternizações, em meio à natureza do interior paulista.

“Será um ambiente inspirador, integrado com a natureza, autossustentável e conectado com o primeiro aeroporto executivo internacional da América Latina. Poderemos receber nossos investidores do mundo inteiro, diretamente no quintal da nossa casa”, afirmou o fundador da XP, Guilherme Benchimol, em uma rede social na época.

Ainda em 2020, a XP chegou a desocupar alguns andares locados por ela nas São Paulo Corporate Towers, prédios onde fica hoje sua sede na capital paulista. Dois anos depois, em 2022, a empresa buscou realocar os espaços devolvidos. A paralisação das obras da Villa e rumores de seu cancelamento foram notícia desde então.

 

Clarissa Sadock: Indústria de aviação tem puxado mais discussões sobre biocombustíveis

 Clarissa Sadock renuncia à presidência da AES Brasil

A vice-presidente de energia renovável da Vibra Energia e futura CEO da Comerc Energia, Clarissa Sadock, afirmou que a indústria de aviação tem puxado as discussões sobre transição energética.

“Em função na demanda do cliente a gente percebe a aviação andando na frente”, afirmou em referência ao combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), durante o MinutoMega Talks, evento do veículo setorial MegaWhat.

De acordo com a executiva, diante da aprovação de marcos legais do combustível do futuro e do mercado de carbono, será necessário continuar atuando para que a regulamentação permita uma transição.

“Precisamos das regras o quanto antes, mas, uma vez que tem as regras, é preciso um período para que possamos nos adaptar a essas novas regras”, afirmou.

“Muitas vezes viemos avançando até em parcerias como o biometano, por exemplo, para ajudar a viabilizar esses novos produtos. Mas ele é um mercado que é novo, é um mercado ainda pequeno, que precisa de um tempo para que tenhamos volume e que com isso também não faça com que o preço suba demais”, completou.

Megainvestidor Warren Buffett atualiza plano para doação de fortuna após sua morte

 


Seus filhos terão cerca de dez anos para doar o restante da riqueza e deverão decidir de forma unânime quais serão os propósitos filantrópicos

 

 

O bilionário Warren Buffett, lendário investidor e presidente da Berkshire Hathaway, fez novos preparativos para doar sua fortuna após a morte.

Aos 94 anos, ele planeja doar 99,5% da riqueza restante, avaliada na sexta-feira, 22, em 149,7 bilhões de dólares, segundo a revista Forbes, para uma instituição de caridade supervisionada pela filha e por dois filhos quando morrer.

Em carta aos acionistas da Berkshire nesta segunda-feira, Buffett disse que três potenciais administradores sucessores foram designados caso sua filha Susie, 71, e seus filhos Howard, 69, e Peter, 66, não possam servir.

Ele disse que cada curador sucessor é um pouco mais jovem do que seus filhos, bem conhecido por eles e “faz sentido para todos nós”.

“Eu nunca quis criar uma dinastia ou perseguir qualquer plano que se estendesse além das crianças”, Buffett escreveu. “Mas esses sucessores estão na lista de espera. Espero que Susie, Howie e Peter desembolsem todos os meus ativos.”

Buffett também afirmou que doará cerca de 1,14 bilhão de dólares em ações adicionais da Berkshire para quatro fundações familiares.

Isso aumenta sua doação para mais de 58 bilhões de dólares desde 2006, quando prometeu a maior parte da fortuna para as fundações e para a Fundação Bill & Melinda Gates, que recebeu mais de 43 bilhões de dólares. Ele doou 56,6% de suas ações da Berkshire.

Buffett lidera a Berkshire, sediada em Omaha, Nebraska, desde 1965.

Ele ainda possui 14,4% das ações e planeja continuar doando papéis para as cinco fundações durante a vida.

Após sua morte, seus filhos terão cerca de dez anos para doar o restante da riqueza e deverão decidir de forma unânime quais serão os propósitos filantrópicos.

A Berkshire não respondeu imediatamente a um pedido de comentário adicional.

Famílias que teriam origem escravocrata mantêm poder há 200 anos

 


Ao menos seis autoridades pertencem a famílias com antepassados que teriam se beneficiado da escravidão e que seguem até hoje influentes em suas regiões, segundo levantamento da Agência Pública.Este texto faz parte do Projeto Escravizadores, uma investigação inédita da Agência Pública. O trabalho foi financiado pelo Pulitzer Center e republicado pela DW.

Pelo menos seis autoridades que constam no levantamento da Agência Pública sobre descendentes de escravizadores na época dos períodos colonial e imperial brasileiros são integrantes de clãs familiares que, ainda hoje, controlam e influenciam politicamente suas regiões.

A governadora Raquel Lyra (PSDB-PE) e os senadores Cid Gomes (PSB-CE), Ciro Nogueira (PP-PI), Efraim Filho (União Brasil-PB), Tereza Cristina (PP-MT) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) vêm de famílias antigas com representantes na política local e nacional.

Nos baseamos em registros em cartórios, jornais e pesquisas acadêmicas que mostram que alguns dos antepassados de políticos de agora teriam sido proprietários de pessoas escravizadas – o que colaborou para o aumento de seus patrimônios.

Estas são as suas histórias.

Senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)

Um dos episódios mais sombrios da história da escravidão brasileira, na visão do escritor Laurentino Gomes, que escreveu a trilogia Escravidão, teve lugar em uma fazenda de Remígio, cidade da região de Campina Grande, na Paraíba. Quem passa por ali, em meio aos pacatos campos típicos do semiárido, provavelmente não desconfia que as ruínas de mais de 200 anos hoje abertas a visitação abrigaram um sistema de reprodução sistemática de pessoas escravizadas para venda – como se fossem animais.

O dono da propriedade e responsável pelo comércio de pessoas é um antepassado de uma das famílias mais poderosas do estado, a Vital do Rêgo.

A história começa no início do século 19, quando o português Francisco Jorge Torres aportou no Brasil e deu início ao negócio de produção e venda de pessoas. Além da fazenda, ele construiu um casarão no centro de Areia, cidade vizinha, onde teria mantido uma senzala quase maior que a casa principal. Dos 19 quartos, 12 seriam de escravizados.

As mulheres escravizadas que moravam na propriedade eram obrigadas a dormir com alguns homens escravizados que eram “reprodutores escolhidos a dedo”, segundo o historiador Raimundo Melo em entrevista ao Bom Dia Paraíba. Elas ficavam grávidas e, quando estavam prestes a parir, eram levadas para a fazenda, onde havia a chamada “maternidade das negras”.

Lá, outras escravizadas mais velhas ajudavam no parto e nos cuidados com o bebê. As mães podiam ficar com os filhos apenas nos primeiros dias, depois eram levadas de volta para a cidade, onde tornavam a engravidar. Os bebês eram cuidados “para que crescessem fortes e depois fossem vendidos no comércio local”, continua Melo. Torres teria comercializado pelo menos uma centena de escravizados.

“Pelas leis da escravidão, cabia ao senhor o controle da reprodução física dos cativos, cujos filhos não lhes pertenciam. A própria sexualidade, portanto, estava sob domínio senhorial. Há notícias de recém-nascidos arrematados em leilões ou oferecidos em anúncios de jornais. No Brasil há pouca documentação sobre reprodução de escravos para venda, ao contrário dos Estados Unidos, onde essa prática é bem documentada”, disse o escritor Laurentino Gomes em um vídeo gravado quando estava visitando a fazenda em Remígio.

A pesquisadora Eleonora Félix encontrou alguns registros de cartório de transações relacionadas aos escravizados de Torres. Há a anotação da venda de um homem de 23 anos: “João, solteiro, foi vendido por Francisco Jorge Torres pelo preço de 620S000”. Isso daria aproximadamente R$ 91 mil em valores de hoje, de acordo com a conta utilizada por Laurentino Gomes no livro 1822, que considerou que uma libra esterlina valia cerca de 5 mil-réis.

O comerciante registrou também que “dera carta de liberdade à sua escrava Maria Angola”, em 1855, em “observância aos seus bons serviços”, mas com a condição de permanecer com ele enquanto ele vivesse. Com isso, Maria Angola ficou livre apenas um ano e meio depois, quando já tinha 50 anos de idade.

Em uma das salas do casarão de Torres em Areia, que hoje é aberto ao público, há uma homenagem com o nome das 18 pessoas escravizadas de Maria Franca Torres, filha do patriarca, que constavam em seu inventário, registrado em 1871. Os escravizados tinham entre 1 e 54 anos de idade. Seis eram crianças com menos de 10 anos.

O casarão exibe a reprodução de bilhetes de rifa cujo prêmio era a compra da alforria de escravizados. Pois Areia, apesar de abrigar o horror da “produção de escravos”, também foi uma das primeiras cidades brasileiras a ter um forte movimento abolicionista – tanto que libertou seus escravizados dias antes da promulgação da Lei Áurea, de 1888.

Torres foi o primeiro do ramo familiar que há séculos é um dos mais influentes da Paraíba. Ele é o quinto avô do hoje senador Veneziano Vital do Rêgo. Veneziano, por sua vez, é filho da ex-senadora Nilda Gondim e do ex-deputado Antônio Vital do Rêgo, irmão do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo Filho, neto do ex-governador Pedro Gondim e sobrinho-neto do ex-governador, ex-deputado federal e ex-senador Argemiro de Figueiredo.

Senador Cid Gomes (PSB-CE)

O senador Cid Gomes e seu irmão Ciro Gomes, ex-ministro, ex-deputado e ex-presidenciável por quatro vezes, têm um histórico antigo com a cidade de Sobral, no Ceará – que hoje é presidida por outro irmão deles, Ivo Gomes.

Os três são filhos de José Euclides Ferreira Gomes Júnior, que foi prefeito de Sobral, e bisnetos de José Ferreira Gomes, o segundo prefeito do município. Ele, por sua vez, é irmão de Vicente Ferreira Gomes, o primeiro prefeito de Sobral. José Euclides Ferreira Gomes, o avô, foi deputado estadual.

A família também tem um histórico que estaria ligado à posse de escravizados. Há um registro em cartório do batizado de uma menininha que seria filha de uma escravizada de Cesário Ferreira Gomes, trisavô de Cid e Ciro. Além disso, um anúncio de jornal de 1854 fala sobre a fuga de um escravizado de Diogo Gomes Parente, outro trisavô.

“Ao abaixo assignado fugió de Sobral, um escravo mulato, de nome Delmiro, com os signaes seguintes: idade de 22 annos, estatura baixa, cheio de corpo, cabello crespo arruivascado, olhos grandes, sobrancelhas fechadas, nariz grosso e um tanto arrebitado, bocca regular, faltão-lhe dois dentes na frente, pouca barba, rosto redondo, pouco cabello no peito, pés grandes, tem uma pequena cicatriz no nariz, em um lado da cabeça tem uma grande brecha que o cabelo cobre, e várias cicatrizes nas costes”, diz o anúncio.

A governadora de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB-PE)

Raquel Lyra é filha de João Lyra Neto, ex-governador de Pernambuco – ele foi vice de Eduardo Campos e assumiu quando este se licenciou para concorrer à Presidência – e ex-prefeito de Caruaru. O avô também foi prefeito de Caruaru. O tio Fernando Lyra foi ministro da Justiça.

O poder da família é antigo: o capitão Manoel Monteiro Paes da Rocha Lira, sexto avô de Raquel, recebeu uma sesmaria (terra inexplorada para ser colonizada) da coroa portuguesa em 1816, na região de Recife. Desde então, seus descendentes são influentes na região.

José Soares da Silva Lyra, trisavô de Raquel, é descrito como escravista no livro História da Lagoa dos Gatos, do historiador João Pereira Callado. O autor cita que ele seria “dono de uma porção dessa desgraçada gente”, em referência aos escravizados. “Era daqueles bons senhores estimados. Depois da alforria, ficaram todos seus cativos consigo, numa honrosa demonstração de bom caráter”, continua o texto.

Em outro trecho do livro, o historiador diz que o quinto avô de Raquel, José Paes de Lira, foi “ajudado ainda pelo braço de seus numerosos cativos” na venda de algodão produzido em sua propriedade.

O pesquisador José Eduardo da Silva levantou que Paes de Lira seria dono de 23 pessoas, de acordo com o inventário deixado por ele em 1844 em Garanhuns. Os escravizados correspondiam a 34% do seu patrimônio, ainda segundo o estudo.

A senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MT)

A senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias vem de uma longa linhagem de políticos mato-grossenses. Um de seus avôs foi duas vezes senador e duas vezes governador. Seu bisavô também foi governador duas vezes. E seu tataravô foi Quintino Bocaiuva, primeiro ministro das Relações Exteriores e da Agricultura da República.

Quintino Bocaiuva foi um dos mais importantes abolicionistas da história do Brasil. Ele defendia a causa em seu jornal, O Paiz, junto com Joaquim Nabuco, uma das principais vozes contra a escravidão.

Já o quinto avô de Tereza Cristina, Francisco Corrêa da Costa, foi descrito como “um médio proprietário de escravos” em um estudo de Maria Amélia Alves Crivelente, mestre em história pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Corrêa da Costa foi presidente da província de Mato Grosso, deputado estadual e dono de engenho. Em outro estudo, a mesma autora cita que seu filho Antonio assumiu o engenho do pai e adquiriu outros, multiplicando o patrimônio da família, e também teria posse de dezenas de escravos.

“Com perspicácia, audácia e experiência na convivência com o pai, em 1855 seus bens somavam considerável patrimônio em sesmarias onde cultivava milho, arroz e feijão, além do engenho de açúcar e aguardente, tinha ainda 8.000 cabeças de gado, bestas, cavalos, 10 casas em Cuiabá e 194 escravos, sendo 81 deles africanos”, cita a pesquisadora.

Senador Ciro Nogueira (PP-PI)

O avô paterno do senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi prefeito de Pedro 2º, o pai foi deputado federal duas vezes e um tio também foi deputado federal. Nogueira foi casado com a ex-deputada federal Iracema Portella (PP-PI). A história deles está intrinsecamente ligada à política do Piauí há mais de 300 anos.

Quinto avô de Nogueira, o tenente-coronel Antonio Sousa Mendes embarcou em um navio saindo do Rio de Janeiro em 7 de maio de 1853 junto com dois escravos, Antonio e Raimundo, de acordo com registro no jornal O Constitucional. Sousa Mendes participou como militar da guerra da independência e da repressão à Balaiada, revolta da população pobre do Maranhão.

Um dos filhos de Sousa Mendes foi Simplício Mendes, que foi presidente da província do Piauí quatro vezes e nomeou a cidade de mesmo nome. Outro filho foi ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O filho de Simplício, Álvaro de Assis Osório Mendes, foi senador e governador do Piauí.

A família é descendente de Valério Correia Rodrigues, português que foi um dos primeiros povoadores do Piauí, em meados do século 18. Rodrigues colecionou dezenas de fazendas e teria sido dono de vários escravos, como constataram pesquisadores da Associação dos Descendentes de Valério Coelho, que montaram uma árvore genealógica desde o patriarca.

“Foram encontrados vários assentos de batismos de familiares e escravos de Valério Coelho”, diz o site que compila a pesquisa genealógica do patriarca. De acordo com os registros, Coelho batizava os filhos de suas escravizadas. “Aos dezasete de dezembro de mil e sete centos e setenta e quatro na fazenda do Paulista Baptizei solemne mente e pus os santos oleos a Ignacia filha de digo Baptizei e et cetra a Luiza filha de Quiteria preta solteira de Nascam Angolla Escrava de Vallerio Coelho Rodrigues morador na dita fazenda”, diz um deles.

Ciro Nogueira não aparece como descendente direto de Valério Coelho nos registros oficiais porque tudo indica que seu bisavô, Pedro da Silva Mendes, não foi um filho legítimo do trisavô Álvaro de Assis Osório Mendes. O seu registro de falecimento, inclusive, diz que sua mãe era Luiza de França Vilarinho, “doméstica”.

O senador fez parte da Frente Parlamentar Mista pela Erradicação do Trabalho Escravo em 2010. Três anos antes, ele foi um dos parlamentares que votaram para aprovar uma regra que dificultava o combate ao trabalho escravo – ela estipulava que auditores fiscais do trabalho não poderiam apontar vínculo empregatício entre patrões e funcionários quando constatassem irregularidades.

Senador Efraim Filho (União Brasil-PB)

Filho do ex-senador paraibano Efraim Morais e neto dos ex-deputados estaduais João Feitosa e Inácio Bento de Morais, o senador Efraim Filho já reconheceu que “ter sobrenome conhecido na política ajuda a abrir portas”.

Seu tataravô, Manoel de Araújo Pereira 2º, aparece em uma relação de senhores de escravos em Santa Luzia do Sabugy, antigo nome de Santa Luzia, na Paraíba, no período de 1858 a 1888, de acordo com a dissertação de Joselito Eulâmpio da Nóbrega, “Comunidade Talhado – um grupo étnico de remanescência quilombola: um identidade construída de fora?”, sobre a comunidade com remanescentes de quilombolas dessa cidade. O registro não cita o número de escravizados que ele teria tido.

A reportagem procurou os políticos citados para esclarecer os achados de suas genealogias, assim como fizemos com todas as autoridades citadas no Projeto Escravizadores, mas não recebemos respostas até a publicação.

Eduardo Miron retorna a conselho da FriGol e Luciano Pascon reassume como CEO em 2025

 Frigol S/A | LinkedIn

A FriGol anunciou que Eduardo Miron deixará o cargo de CEO no fim de 2024 para retornar ao Conselho de Administração como conselheiro independente. Ele assumirá o papel de coordenador do plano estratégico e será responsável pelo relacionamento com os principais clientes no mercado chinês, explicou a empresa em comunicado oficial. A partir de janeiro de 2025, Luciano Pascon, que já liderou a companhia entre 2016 e 2020, assumirá novamente a posição de CEO.

Segundo o comunicado, a transição reflete o plano estratégico estabelecido há três anos, quando Miron foi convidado a liderar a empresa em uma fase de crescimento e transformação.

Durante sua gestão, o executivo implementou iniciativas para fortalecer a FriGol e ampliar sua presença de mercado. “Sua experiência e visão estratégica foram determinantes para que alcançássemos importantes metas e consolidássemos uma base sólida para o futuro.”, destacou o conselho de administração.

Com experiência no setor de frigoríficos, Pascon terá como prioridades a continuidade do plano de eficiência operacional e o aprimoramento da governança corporativa. Ele trabalhou por 13 anos na FriGol “Agradecemos ao Eduardo Miron por sua dedicação e resultados e damos as boas-vindas a Luciano Pascon nesta nova fase”, concluiu o comunicado.

Mercado eleva projeções para Selic, inflação e dólar em 2025, aponta Focus

 

 

Notas de real

Apesar do número abaixo do esperado do IPCA-15, especialistas não acreditam que Selic vá baixar em curtíssimo prazo (Crédito: Marcos Santos/ USP Imagens)

 

Analistas consultados pelo Banco Central subiram novamente sua projeção para o nível da Selic no próximo ano, em meio a uma expectativa também mais alta para o avanço do IPCA em 2025, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, 25.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a mediana das expectativas para a taxa básica de juros ao fim do próximo ano agora é de 12,25%, de 12% na semana anterior.

Para 2024, a projeção para a Selic, atualmente em 11,25%, manteve-se em 11,75% pela oitava semana consecutiva. O BC volta a se reunir em dezembro para a última decisão de política monetária do ano.

Neste mês, o Copom decidiu acelerar o ritmo de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, em decisão unânime de sua diretoria, que não indicou os próximos passos da política monetária.

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda um aumento sólido na projeção para o IPCA no próximo ano, agora com alta de 4,34% — próximo do teto da meta perseguida pelo BC –, ante 4,12% há uma semana. Em 2024, o avanço do índice deve chegar a 4,63%, ligeiramente abaixo dos 4,64% projetados anteriormente.

As contas para 2026 e 2027 também mostraram alta, com a inflação calculada respectivamente em 3,78% e 3,51%, de 3,70% e 3,50% na semana anterior.

O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Pressão inflacionária

As alterações nas projeções para a Selic e para a inflação ocorrem na esteira da piora das previsões do próprio governo para a alta dos preços, elevando os temores dos agentes financeiros de um cenário de descontrole inflacionário.

Na segunda-feira passada, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda apontou uma deterioração em sua visão para a inflação, com a projeção para o IPCA indo a 4,40% em 2024, ante previsão de 4,25% feita em setembro, enquanto o índice para 2025 foi ajustado de 3,4% para 3,6%

A secretaria apontou para a “aceleração significativa” nos preços de carnes, de leite e derivados e do café e para o aumento nas tarifas de energia elétrica, que levaram o IPCA a acumular alta de 4,76% nos 12 meses até outubro, mas disse que os preços devem voltar a desacelerar até o fim do ano.

O mercado também vem demonstrando desânimo com a economia brasileira em meio à demora do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo, que busca garantir a sustentação do arcabouço fiscal no longo prazo. A expectativa é que a divulgação do pacote possa ocorrer nesta semana.

Dólar e PIB

No Focus desta segunda, houve ainda novo aumento na expectativa para a cotação do dólar em 2024, agora em 5,70 reais, de 5,60 reais na semana anterior. No próximo ano, a moeda norte-americana deve atingir 5,55 reais, segundo os analistas, ante 5,50 reais há uma semana.

Sobre o PIB brasileiro, a previsão é de que a economia do país cresça 3,17% neste ano, acima da expectativa de 3,10% da semana anterior. Em 2025, a projeção é de que a expansão seja de 1,95%, um aumento ligeiro sobre a alta de 1,94% da pesquisa anterior.