segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Vamos manter diálogo, diz Alckmin sobre ameaças de Trump de taxar aço e alumínio

 

Geraldo Alckmin, vice-presidente do país e atual responsável pelo Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), minimizou as ameaças de Donald Trump sobre uma nova taxa nas importações de alumínio e aço do país. “Vamos aguardar, porque nós acreditamos muito no diálogo”, disse. “A nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações.”

O ministro destacou ainda o histórico de relações diplomáticas entre ambos os países. “Nós temos uma relação de 200 anos. Brasil e Estados Unidos tem dois séculos [de relações], e é uma colaboração mútua, é um ganha-ganha.”

Ao mesmo tempo, Alckmin não descartou a criação de novas taxas sobre os Estados Unidos. “O Brasil pode adotar reciprocidade, pode também estudar a taxação de produtos de tecnologia, de plataformas de tecnologia americanas”, exemplificou.

Os Estados Unidos são hoje o principal destino do aço brasileiro. Representam também o segundo maior comprador em valores do alumínio do Brasil.

Alckmin destaca cotas durante taxação anterior

O ministro lembrou também que taxas assim já foram implementadas. Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu a vários parceiros comerciais — incluindo Canadá, México e Brasil — cotas isentas de impostos. Biden estendeu essas cotas para Reino Unido, Japão e União Europeia, e a utilização da capacidade das usinas siderúrgicas dos EUA passou a cair nos últimos anos.

Para aço semiacabado, a cota foi de foi de 3,5 milhões de toneladas e, para o produto acabado (aços longos, planos, inoxidáveis e tubos) foi de 543 mil toneladas.

“Quem tem mais competitividade consegue colocar mais e melhor os seus produtos em benefício da população”, analisou Alckmin. “A nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações.”

Para fortalecer seu argumento em favor do diálogo, Alckmin destacou dados da economia de ambos os países no último ano. “O ano passado cresceu fortemente o comércio Brasil e Estados Unidos. Ele é equilibrado. Nós exportamos US$ 40,2 bilhões para os Estados Unidos. Importante que é valor agregado, avião, automóvel, enfim. E eles exportam para nós até um pouco mais, US$ 40,5 bilhões. Então ela é equilibrada, é um ganha-ganha, eles até têm um pequeno superávit sobre o Brasil.”

Ameaça de impostos

O presidente Donald Trump falou a jornalistas no domingo, 9, sobre os planos de introduzir novas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA. O Instituto Aço Brasil e a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) não quiseram comentar as ameaças.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, utilizou uma rede social para negar que uma retaliação à taxação do aço e do alumínio esteja em estudo. “Não é correta a informação de que o governo Lula deve taxar empresas de tecnologia se o governo dos Estados Unidos impuser tarifas ao Brasil”, disse.

“O governo brasileiro tomou a decisão sensata de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos”, complementou Haddad.

O segundo mandato de Trump tem sido marcado por ameaças de taxação contra outros países. Ele chegou a assinar taxas de 25% sobre importações do México e Canadá, mas concedeu a ambos um adiamento de 30 dias em 3 de fevereiro, após ambos os países concordarem em reforçar a segurança de suas fronteiras contra o tráfico de drogas e a imigração ilegal. Também criou impostos de 10% sobre categorias de produtos chineses, e a China respondeu com novas taxações sobre mercadorias estadunidenses.

Mercado global de aço

A produção mundial de aço bruto alcançou 1,89 bilhão de toneladas em 2023, das quais mais da metade (1,02 bilhão de toneladas) foram produzidas pela China, o maior fabricante mundial, de acordo com os últimos números disponíveis da World Steel.

Os Estados Unidos, muito atrás com 82 milhões de toneladas, importaram 26,4 milhões de toneladas desse metal em 2023, sendo assim o segundo maior importador mundial, atrás da União Europeia.

Os preços mundiais do aço caíram consideravelmente no último ano devido ao excesso de produção. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o excedente mundial de aço varia entre 500 e 560 milhões de toneladas.

O MDIC, pasta chefiada por Alckmin, manteve a posição de que só comentará o tema das taxas quando forem confirmadas em um anúncio oficial.

(*com informações da Reuters, AFP e Estadão Conteúdo)

BNDES vai estruturar plano estratégico de resiliência climática para o RS

 


Em 2024, o banco disponibilizou R$ 25,7 bilhões para a recuperação econômica e social do estado 
 
 
As assinaturas contaram com a participação do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do diretor de planejamento e relações institucionais do Banco, Nelson Barbosa

 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul assinaram, nesta sexta-feira (7), na sede da instituição, no Rio de Janeiro (RJ), Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para estruturar um plano estratégico de resiliência climática de médio e longo prazo que proteja o estado contra extremos climáticos. O banco e o governo do estado também assinaram um termo aditivo a um contrato já existente para desenvolver o anteprojeto do Centro Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres (CEGIRD) e o Centro Estadual de Logística Humanitária do Estado do Rio Grande do Sul, além de ações de habitação social. As assinaturas contaram com a participação do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do diretor de planejamento e relações institucionais do Banco, Nelson Barbosa.

Pelo ACT, o BNDES fará o planejamento do projeto RioS (Resiliência, Inovação e Obras para o futuro do Rio Grande do Sul), que tem como objetivo definir a estratégia estadual de resiliência climática da região hidrográfica do Rio Guaíba. O trabalho inclui a realização de estudos técnicos para projetos de adaptação climática e gestão de risco. "O ACT marca a transição da resposta emergencial para um planejamento de longo prazo, reduzindo impactos futuros. Estamos estruturando soluções para fortalecer a capacidade de resposta a desastres, protegendo futuras gerações contra desastres naturais, e para garantir habitação a famílias de baixa renda", explicou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Em 2024, o BNDES disponibilizou R$ 25,7 bilhões para a recuperação econômica e social do estado atingido pelas enchentes, incluindo 8.568 operações de crédito e suspensão de pagamentos em 72 mil contratos. O governo federal e o governo estado implementaram diversas medidas para reconstrução da infraestrutura econômica e social, por meio do Novo PAC. Apesar das ações emergenciais, o Rio Grande do Sul ainda enfrenta desafios estruturais para prevenir futuras tragédias. O BNDES foi contratado pelo governo gaúcho para estruturar um fundo de investimento imobiliário para prover melhor eficiência em imóveis públicos subutilizados. O banco, no âmbito do contrato assinado, vai redirecionar parte dos imóveis para fortalecimento da defesa civil do estado e para ações de habitação social.

O aditivo prevê a destinação de até 20% da área do Centro Administrativo Engenheiro Noé de Mello Freitas (CAENMF) para implantação do Centro Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres e do Centro Estadual de Logística Humanitária. Nesse caso, o BNDES fornecerá suporte técnico na elaboração do anteprojeto de engenharia e arquitetura para viabilizar o processo licitatório que será conduzido pelo Rio Grande do Sul. Na área de habitação social, o aditivo prevê o redirecionamento do uso do edifício Othelo Rosa, visando a elaboração de projetos de moradias para famílias de baixa renda, dentro de um fundo de investimento imobiliário que será estruturado ao longo de 2025 pelo BNDES e no qual o Rio Grande do Sul será o cotista majoritário. O empreendimento, no centro de Porto Alegre, tem 14 pavimentos e capacidade estimada de 240 unidades habitacionais estimadas, com um e dois quartos.

Boticário investirá R$ 100 milhões em startups em quatro anos

 


Objetivo é encontrar startups com soluções inovadoras e disruptivas que impulsionem o futuro da beleza 
 
O fundo de CVC do Boticário nasceu do desejo da companhia em ampliar ainda mais sua relação com modelos de negócios e soluções tecnológicas inovadoras e com potencial de disrupção no seu setor de atuação 
 
 

O Grupo Boticário, do Paraná, prevê investir R$ 100 milhões no ecossistema de startups nos próximos quatro anos por meio do seu fundo de Corporate Venture Capital (CVC) – uma das frentes da estrutura de investimentos em inovação da companhia, que conta ainda com o Programa de Aceleração de Startups que, além de gratuito e equity free, está com inscrições abertas para a sua quinta edição até 12 de fevereiro (clique aqui para fazer a inscrição). Por meio do CVC, o Grupo Boticário tem como ambição ser um verdadeiro catalisador de inovações no setor de beleza e varejo ao investir em startups nacionais e internacionais com potencial disruptivo para a atuação no seu ecossistema, possibilitando também a antecipação de tendências. Com foco inicial em beauty techs, biotechs, retail techs, fintechs e marcas em rodadas iniciais (seed e series A), os investimentos serão minoritários (até 20% de participação), com aportes entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões e com possibilidades de flexibilização de acordo com cada oportunidade.

"Com o Grupo Boticário Ventures, seguimos os métodos tradicionais de venture capital, com governança própria e ágil. Acreditamos em uma abordagem prática e em parcerias ganha-ganha, por isso, além do capital, oferecemos nosso ecossistema para auxiliar as startups e empreendedores, investindo em inovações que geram valor estratégico para o Grupo Boticário e que impulsionam o nosso ecossistema de beleza. Costumamos dizer que nosso ecossistema é um 'parque de diversões', e devido à nossa amplitude de atuação, temos muito espaço para a geração de negócios, esse é nosso principal diferencial", afirma Guilherme Reichmann, diretor executivo de estratégia, M&A e GB Ventures do Grupo Boticário.

O fundo de CVC nasceu do desejo da companhia em ampliar ainda mais sua relação com modelos de negócios e soluções tecnológicas inovadoras e com potencial de disrupção no seu setor de atuação. O primeiro investimento foi realizado na Haut.AI, startup baseada na Estônia que utiliza inteligência artificial e visão computacional para oferecer uma solução de recomendação personalizada de produtos para os clientes de acordo com os diferentes tipos de pele. Essa tecnologia inovadora pode ser integrada a diversas plataformas, como e-commerces, aplicativos e experiências em lojas. O Grupo Boticário já testou a solução em canais de venda para recomendar produtos aos consumidores e está trabalhando em parceria vislumbrando negócios futuros com a startup. O investimento foi realizado em conjunto com outros investidores como Prisma Ventures (CVC da Ulta Beauty) e o fundo Longe VC, marcando um novo momento na trajetória do GB Ventures.

 

 https://amanha.com.br/categoria/empresa/boticario-investira-r-100-milhoes-em-startups-em-quatro-anos?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Botic%C3%A1rio+investir%C3%A1+R%24+100+milh%C3%B5es+em+startups+em+quatro+anos+-+Grupo+Amanh%C3%A3&utm_medium=email&utm_source=dinamize&utm_term=News+Amanh%C3%A3+10_02_2025

BRAZIL JOURNAL: A estratégia social da Vale Metais Básicos pós-Mariana

 

Se tem uma coisa que o setor de mineração aprendeu após os desastres de Mariana e Brumadinho é que não dá para minerar sem o consentimento da sociedade.

“Ou geramos valor para a sociedade, ou a sociedade não nos permite atuar,” Shaun Usmar, o CEO da Vale Metais Básicos, disse ao Brazil Journal.

Conversei com Usmar depois de sua participação no Future Minerals Forum, aqui em Riad. Ele caminhava comigo em direção à saída do complexo de eventos e apontou para o celular em que eu gravava a conversa: “Está cheio de metal aí dentro.”

A importância da mineração para os dois grandes desafios econômicos atuais – as mudanças climáticas e a inteligência artificial – dominou os debates aqui.

Leia a reportagem completa no Brazil Journal.

Frente do Livre Mercado defende autocustódia de criptomoedas e teme que BC imponha restrições

 Criptomoedas: Como navegar na alta do mercado cripto com ...

A menos de 20 dias para o encerramento da consulta pública do Banco Central sobre criptoativos, a Frente Parlamentar Pelo Livre Mercado (FPLM) manifestou hoje preocupação com possíveis restrições ao direito de autocustódia desses ativos virtuais. Para a FPLM, que deve se pronunciar publicamente ainda hoje sobre o tema, movimentações regulatórias do governo podem comprometer a descentralização do setor no Brasil.

O BC abriu a consulta em novembro do ano passado e as sugestões podem ser enviadas até o fim deste mês.

Depois das manifestações, a autoridade monetária deve incluir as atividades ou operações das prestadoras de serviços de ativos virtuais (“VASPs”) no mercado de câmbio e traçar regras de como essas instituições deverão se submeter à regulamentação de capitais brasileiros no exterior e capitais estrangeiros no Brasil.

O alerta da FPLM é feito num momento em que a Câmara ainda se ajusta à nova presidência e quando apenas pautas de consenso, sem polêmicas, têm sido colocadas em votação.

Na quinta-feira passada, 6, a deputada federal e membro da Frente Julia Zanatta (PL-SC) apresentou o Projeto de Lei 311/2025, que garante a proteção legal da autocustódia de ativos virtuais, assegurando que os usuários possam armazenar e gerenciar seus próprios bens digitais sem a necessidade de intermediários.

Na avaliação da FPLM, a consulta pública do BC sugere restrições à autocustódia, especialmente para stablecoins. A Frente alega que especialistas, como o advogado Pedro J. T. C. Torres, alegam que essas medidas ferem princípios constitucionais, como a livre iniciativa e o direito de propriedade, além de subestimar a capacidade dos cidadãos de gerenciar seus próprios recursos.

Julia ressalta a importância do projeto para a garantia da liberdade econômica e da segurança jurídica no setor. “A autocustódia de ativos virtuais é um direito fundamental dos cidadãos e está diretamente ligada ao direito de propriedade, à liberdade econômica e à privacidade. Esse PL impede que normas infralegais dificultem a transferência de ativos para carteiras privadas ou imponham conversões forçadas para moedas digitais estatais”, explicou.

O diretor-executivo do Instituto Livre Mercado (ILM) e que secretaria a Frente, Rodrigo Marinho, também alertou para os riscos de intervenções excessivas no setor. “A tentativa de restringir a autocustódia fere princípios do livre mercado e da autonomia privada. A descentralização é a essência da criptoeconomia, e qualquer movimento que obrigue os usuários a dependerem de intermediários representa um retrocesso perigoso”, afirmou.

Na tarde de sexta-feira, a criptomoeda mais conhecida do mundo, a bitcoin, subiu impulsionada pelo otimismo dos investidores quanto a possíveis cortes na taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), ainda que de forma gradual, após a divulgação de um relatório de emprego abaixo do esperado.

Mudanças regulatórias no setor de criptos são aguardadas em todo o mundo e em várias direções. Há quase um mês, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) registrou que, com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, as moedas virtuais devem ser uma das prioridades de seu governo.

EUA são os maiores compradores de aço do Brasil e top 3 de alumínio; veja ranking

 

Os Estados Unidos são o principal destino em valores exportados de aço e o segundo de alumínio brasileiro, apontam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). No último domingo, 9, o presidente Donald Trump, disse que anunciaria nesta segunda-feira, 10, uma alíquota de 25% para o aço e o alumínio importados.

Em valores exportados, dados do MDIC apontam que os R$ 163 milhões em alumínio vendidos aos EUA ficaram atrás apenas dos R$ 387 milhões pagos pelo Japão.

Em relação ao aço, um relatório produzido pelo Instituto Aço Brasil, a partir de dados do MDIC, aponta que foram enviados aos EUA 5,81 bilhões de quilos do metal, a maior quantidade enviada para um único país em 2024, destaca o Instituto. Essa quantia corresponde a R$ 4,14 bilhões. Segundo o documento, o Brasil é o maior produtor de aço na América Latina e o sétimo maior no mundo.

Veja os principais destinos do aço brasileiro em valores

1 – Estados Unidos – US$ 4,14 bilhões
2 – Mercosul – US$ 702 milhões
3 – União Europeia – US$ 644 milhões

Veja os principais destinos do alumínio brasileiro em valores

1 – Japão – US$ 387 milhões
2 – Estados Unidos – US$ 163 milhões
3 – Países Baixos – US$ 145 milhões
4 – Argentina – US$ 141 milhões
5 – Chile – US$ 95 milhões

No recorde em volume, os Estados Unidos ficam em terceiro no ranking de destino do alumínio brasileiro, com 48,5 milhões de quilos, atrás do Japão (164,6 milhões de quilos) e da Holanda (60,4 milhões).

As ameaças de Trump

O presidente Donald Trump falou a jornalistas no domingo, 9, sobre os planos de introduzir novas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA. O Instituto Aço Brasil, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e o MDIC não quiseram comentar as ameaças.

Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu a vários parceiros comerciais cotas isentas de impostos, incluindo Canadá, México e Brasil. O ex-presidente Joe Biden estendeu essas cotas para Reino Unido, Japão e União Europeia, e a utilização da capacidade das usinas siderúrgicas dos EUA tem caído nos últimos anos.

Na sexta-feira, Trump anunciou que imporia tarifas recíprocas – elevando as taxas dos EUA para igualar as dos parceiros comerciais – sobre muitos países nesta semana. Ele não identificou os países, mas as tarifas seriam impostas “para que sejamos tratados de forma igualitária com outros países”.

Taxações como forma de negociação

Professor de Pós-Graduação em Finanças do Ibmec, Gilberto Braga destaca que a taxação do aço e do alumínio anunciada é a primeira neste mandato que não recai sobre um país, porém sobre um setor como um todo. “Ele tinha aparentemente um foco primeiro mais geopolítico econômico, em que o e regionalidade se sobressaía, e agora ele entra numa questão comercial sem tanto peso político”, diz.

No começo do seu mandato, Donald Trump chegou a assinar taxas de 25% sobre importações do México e Canadá, mas concedeu a ambos um adiamento de 30 dias em 3 de fevereiro, após ambos os países concordarem em reforçar a segurança de suas fronteiras contra o tráfico de drogas e a imigração ilegal.

Economista, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Conselheira do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Carla Bruni destaca que as bravatas de Trump são justamente uma estratégia de negociação, além de uma forma de manter sua base política aquecida. “O objetivo do Trump é esse: ser notícia todos os dias”, diz.

Na prática, no entanto, Bruni destaca que uma taxação assim ainda esbarraria nos contratos já firmados para venda dos produtos entre os dois países, além de possíveis impactos na economia dos EUA. Ela destaca, por exemplo, que importamos muito carvão dos EUA para usar na indústria do aço. “A gente precisa ter um pouco de tranquilidade na hora que a gente escuta esse noticiário, porque as coisas não têm esse imediatismo”, diz.

Governo vai aguardar, diz Haddad

A colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, publicou que o governo Lula estaria estudando taxar plataformas digitais norte-americanas se o presidente dos Estados Unidos confirmar o novo imposto.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, utilizou uma rede social para negar que uma retaliação à taxação do aço e do alumínio esteja em estudo. “Não é correta a informação de que o governo Lula deve taxar empresas de tecnologia se o governo dos Estados Unidos impuser tarifas ao Brasil”, disse.

“O governo brasileiro tomou a decisão sensata de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. Vamos aguardar a orientação do presidente”, complementou Haddad.

A adoção de taxas sobre as plataformas já está sendo discutida há vários meses no Brasil. Em setembro, o Ministério da Fazenda afirmou que poderia encaminhar ao Congresso ainda no segundo semestre propostas para a taxação das “big techs” caso houvesse alguma frustração de receitas orçamentárias.

A taxação do aço e do alumínio, segundo Trump, será confirmada nos próximos dias.

IA, uma nova frente contra a desinformação

 

Desde deepfakes destinados a influenciar as eleições até os chatbots que espalham notícias falsas, a desinformação surge como um dos grandes perigos do uso crescente da inteligência artificial (IA).

O rápido avanço dessa tecnologia, que foi tema de uma cúpula mundial em Paris, já alimentou, nos últimos anos, o aumento da desinformação, oferecendo novas e poderosas ferramentas.

Na Eslováquia, em 2023, uma gravação causou grande alvoroço: ouvia-se o líder de um partido pró-europeu admitir que as eleições legislativas seriam manipuladas.

Era um deepfake, um conteúdo manipulado graças à IA que influenciou os eleitores.

Em todo o planeta, políticos sofrem regularmente esse tipo de procedimento, que tem grande potencial de viralizar nas redes sociais.

Este é o caso do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cuja voz foi manipulada para aconselhar eleitores a não votar, ou uma suposta imagem do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, hospitalizado.

– Deepfakes pornográficos –

Mulheres políticas nos Estados Unidos, Itália, Reino Unido e Paquistão também foram vítimas de imagens pornográficas geradas por IA, uma tendência que causa preocupação entre os pesquisadores.

Esses deepfakes de conteúdo sexual também costumam atacar celebridades, como a cantora americana Taylor Swift. Todas as mulheres podem ser agredidas, alerta o American Sunlight Project, um grupo de pesquisa sobre desinformação.

A IA também é usada para grandes operações de interferência digital.

As campanhas pró-russas conhecidas como “doppelgänger” ou “matriochka” são alguns dos exemplos mais destacados: seus autores utilizaram amplamente perfis fraudulentos, ou seja, bots (abreviação de “robôs”), para publicar conteúdos gerados por IA, com o objetivo de minar o apoio do Ocidente à Ucrânia.

“O que é novo é a escala e a facilidade com que uma pessoa com poucos recursos financeiros e tempo pode espalhar conteúdos falsos que, por outro lado, parecem cada vez mais confiáveis e são cada vez mais difíceis de detectar”, detalha Chine Labbé, editora-chefe da organização Newsguard, que analisa a confiabilidade dos sites e conteúdos online.

A IA constitui um “apoio sem precedentes para a criação e gestão de contas falsas nas plataformas online”, tudo “em grande escala”, destaca também o Viginum, a organização francesa de combate às interferências digitais estrangeiras, em um relatório publicado por ocasião da cúpula realizada em Paris.

– “Contaminação da internet” –

Nenhum campo escapa dos conteúdos falsos, como, por exemplo, videoclipes musicais fraudulentos, assim como falsas fotos de eventos históricos criadas em poucos cliques.

No Facebook, multiplicam-se imagens apelativas geradas por IA para obter recursos ou engajamento.

O objetivo não é necessariamente espalhar informações falsas, mas captar a atenção com fins comerciais ou até mesmo preparar fraudes.

No final de dezembro, enquanto a história de um homem que ateou fogo em uma mulher no metrô de Nova York dominava as manchetes nos Estados Unidos, uma suposta foto da vítima viralizou.

A imagem havia sido gerada por IA e o drama foi instrumentalizado para direcionar os usuários a sites de criptomoedas.

“Além do risco de desinformação, existe o risco da contaminação da internet: nunca se sabe se estamos diante de um conteúdo que foi verificado, editado por um ser humano, ou se foi gerado por uma IA sem que ninguém se preocupe com sua veracidade”, alerta Chine Labbé.

Cada evento noticioso provoca um fluxo de imagens criadas online, como os grandes incêndios em Los Angeles no início de 2025, durante os quais fotos falsas do letreiro de Hollywood em chamas ou uma estátua do Oscar entre as cinzas deram a volta ao mundo.

Os chatbots da moda, como o americano ChatGPT, também podem contribuir para espalhar notícias falsas, aponta Labbé: “Eles têm a tendência de citar primeiro fontes geradas por IA, o que cria um ciclo vicioso”.

A chegada do chinês DeepSeek, que reflete as posições oficiais chinesas em parte de suas respostas, apenas reforça a necessidade de estabelecer marcos para essas ferramentas, argumenta a especialista.

É necessário “ensinar a distinguir fontes confiáveis das de propaganda”, acrescenta.