quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Projeto de R$ 3 bi no RS prevê fabricação de 50 aviões por ano e modelo movido a etanol

 

O Rio Grande do Sul receberá uma nova fábrica de aviões: um grande complexo industrial construído pela brasileira Aeromot, com previsão de produzir 50 aeronaves por ano até 2032. Batizado como AeroCITI (Aerocentro Integrado de Tecnologia e Inovação), o local prevê ainda abrigar um museu, hangares, um centro de pesquisa e até a fabricação do primeiro modelo de transporte de passageiros movido a etanol no mundo.

O primeiro avião a ser fabricado será o Diamond DA62, bimotor apelidado de “SUV dos ares” pelo luxo oferecido em um modelo compacto, capaz de carregar até sete passageiros. O modelo é desenvolvido pela Diamond Aircraft, empresa de origem austríaco-canadense, atualmente sob controle do grupo chinês Wanfeng Auto Holding Group.

Representante exclusiva da Diamond Aircraft no Brasil desde 2016, a Aeromot já importou mais de 100 aeronaves Diamond DA62 que agora pretende produzir dentro do país. Com o novo passo, o prazo para aquisição de um DA62 pode cair de uma média atual de 27 meses para cerca de nove quando a fábrica estiver em funcionamento.

Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha, explica que a nova fábrica irá abastecer demandas do Brasil e de países do Mercosul.

“Hoje, a Diamond tem uma capacidade produtiva limitada”, explica. “A gente trabalhou em uma estratégia de transferência de tecnologia para uma base aqui na América do Sul suportar todos esses países.”

A metrópole do avião

Com investimento total estimado em R$ 3 bilhões – cerca de R$ 1 bilhão virão da AeroCITI e o restante de empresas parceiras -, o espaço de 540 hectares no município de Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre, irá abrigar hangares para diferentes empresas, alguns construídos com recursos das próprias companhias. Estará ainda apto a receber pousos comerciais em casos de problemas com o Aeroporto Salgado Filho.

O projeto recebeu grande apoio ainda do poder público: uma lei estadual para doação de parte do terreno à empresa, e duas com incentivos fiscais municipais.

Na fábrica, a Diamond Aircraft não está sozinha. A Aeromot afirma que já tem parceria para fabricar aviões de outra grande empresa, a ser oficialmente anunciada durante a inauguração da pedra fundamental do AeroCITI na quinta-feira (23).

A fabricação do DA62 deve iniciar em janeiro de 2027, ainda em um modelo de montagem de componentes importados e com a conclusão de três aeronaves no ano. A empresa pretende a partir daí instalar a tecnologia para ter toda a linha de produção instalada até 2032.

Imagem de um avião azul do modelo DA62, da Diamond Aircraft
O modelo DA62, da Diamond Aircraft (Crédito:Divulgação)

Sobre os possíveis compradores, o CEO da Aeromot espera que, com a produção nacional, amplie-se o interesse em até financiamentos e assim cresça a demanda. Ele adiciona que mais de 80% da utilização desse modelo é para viagens de trabalho, seja como veículo privado ou de empresas, e que o Brasil, apesar de ocupar o posto de segundo maior mercado de aviação executiva no mundo, conta com uma frota relativamente velha, com média de 40 anos.

“Hoje, 90% das vendas que a gente faz são à vista. Não tem nenhum tipo de incentivo. A ideia de trazer [a fabricação para cá], inclusive, é fomentar e transformar isso no produto brasileiro com financiamento local”, afirma Guilherme Cunha. 

O primeiro avião de transporte movido à etanol

Em outra frente, a Aeromot investe em pesquisa. Há mais de um ano a empresa desenvolve em parceria com a em parceria com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) uma aeronave bimotora para ser a primeira de transporte movida a etanol no mundo. Atualmente, o uso mais frequente do combustível ocorre em aeronaves agrícolas. O objetivo é iniciar sua produção em cerca de cinco anos.

“A gente entende que é um pilar importantíssimo para as próximas gerações. Sabemos que a aviação vai passar por uma transformação muito grande nos próximos 30 anos com a necessidade da descarbonização, e obviamente a gente tem que se preparar para isso”, afirma Cunha.

Guilherme Cunha, CEO da Aeromot
Guilherme Cunha, CEO da Aeromot (Crédito:Divulgação)

Na frente de pesquisa, a Aeromot também mantém parcerias com diversas universidades que poderão fazer uso do espaço, como a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o Instituto BI0S (Brazilian Institute of Data Science) da Unicamp (Universidade de Campinas), a Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o Parque Tecnológico de São José dos Campos e a PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

O espaço do AeroCITI contará ainda com um Museu do Avião a céu aberto, com área de 24 mil m², área de playground para crianças, pista de caminhada e atividades recreativas.

Aeromot já fabricou aviões antes

Com 58 anos desde sua fundação, o foco da Aeromot virou-se na última década para as operações de distribuição e de modificações de aeronaves. Nesta segunda frente, a empresa acumula projetos como a instalação de sistemas médicos, blindagem e monitoramento de vigilância em modelos para polícias militares de diferentes estados e Policia Federal. Durante a Copa do Mundo de 2014, a empresa colaborou com o sistema de segurança e logística aérea.

Entre a década de 1980 e começo dos anos 2000, no entanto, a empresa fabricou os modelos Guri e Ximango. Com algumas variações, eram modelos para até duas pessoas, comercializados sobretudo para forças aéreas de diferentes países. Cada um contabiliza mais de 100 aeronaves vendidas.

Os números, no entanto, são modestos perto de outras brasileiras no setor, como a Flyer Indústria Aeronáutica, que divulga mais de 2,3 mil aeronaves vendidas em 40 anos, e a líder Embraer, mais focada em aviões comerciais, com produção de algumas centenas no ano.

Hangar da Aeromot em Minas Gerais
Hangar da Aeromot em Minas Gerais (Crédito:Divulgação)

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Netflix culpa despesa tributária de R$ 3,3 bi no Brasil por lucro abaixo do esperado

 

Netflix afirmou nesta terça-feira, 21, que não atingiu metas de Wall Street para o resultado do terceiro trimestre devido a uma despesa inesperada bilionária decorrente de uma disputa tributária no Brasil.

O serviço de streaming teve lucro líquido de US$ 2,5 bilhões e um lucro diluído por ação de US$5,87 no período de julho a setembro, enquanto analistas esperavam US$3 bilhões de lucro, o equivalente a US$6,97 por ação, de acordo com a LSEG.

A companhia afirmou que o resultado veio abaixo do esperado por causa de uma disputa tributária “em andamento” no Brasil que a obrigou a registrar uma despesa de US$619 milhões (cerca de R$3,3 bilhões) no resultado do terceiro trimestre.

A Netflix informou que sua margem operacional para o terceiro trimestre foi de 28%. Sem essa despesa tributária no Brasil, a margem operacional teria excedido a previsão da empresa de 31,5%, disse a companhia.

“Não esperamos que esse assunto tenha um impacto material sobre os resultados futuros”, disse a Netflix no balanço.

A empresa não citou detalhes sobre a disputa tributária no Brasil, mas citou que é relacionada a um período iniciado em 2022 e que vai até o terceiro trimestre. Procurada no Brasil, a companhia não comentou o assunto de imediato.

“O impacto acumulado dessa despesa (aproximadamente 20% dela é relacionada ao ano de 2025 e o restante relacionado ao período 2022 a 2024) reduziu nossa margem operacional em mais de cinco pontos percentuais no terceiro trimestre”, disse a Netflix no balanço.

Para o quarto trimestre, a Netflix previu uma receita de US$11,96 bilhões, em comparação com a projeção de Wall Street de US$11,90 bilhões. A empresa projetou o lucro por ação um centavo acima da previsão média de analistas, a US$5,45.

Stranger Things e NFL

A empresa lançará a última temporada de um de seus maiores sucessos, “Stranger Things”, em novembro e dezembro, e transmitirá dois jogos ao vivo da NFL no Natal.

“Estamos terminando o ano com um bom ímpeto e temos uma lista empolgante (de lançamentos) para o quarto trimestre”, disse a Netflix.

Segundo a companhia, no terceiro trimestre a animação “K-Pop Demon Hunters” se tornou o filme mais assistido da história da Netflix.

No início deste ano, a Netflix parou de divulgar números de assinantes e pediu aos investidores que se concentrassem na receita e no lucro. A companhia tem mais de 300 milhões de assinantes no mundo.

Haddad diz que governo enviará ao Congresso dois projetos para resolver buraco no Orçamento

 

O Executivo enviará ao Congresso Nacional dois projetos de lei alternativos à Medida Provisória 1303, que alterava a tributação de aplicações financeiras e previa a taxação de bets e medidas de cortes de despesas, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira, 21.

Em entrevista à GloboNews, Haddad afirmou que “se tudo der certo”, as medidas devem ser enviadas ao Congresso ainda nesta terça-feira. Segundo ele, um dos projetos tratará do controle de gastos e deverá ser incluído em proposta já em tramitação no Congresso que poderá ir à votação nesta semana ainda. O outro projeto tratará da taxação de “bets” e fintechs.

A MP inicialmente previa também a tributação de LCAs e LCIs, títulos de investimento atualmente isentos, e proposta de elevação da tributação de bets, mas, para aumentar as chances de aprovação, esses trechos foram retirados no texto levado à votação em comissão mista do Congresso, onde chegou a ser aprovada. A matéria, no entanto, foi retirada de pauta de votação na Câmara dos Deputados no último dia de validade, no início do mês.

Sem a arrecadação esperada com a MP, a área econômica do governo avalia quais ajustes são necessários para garantir o cumprimento de metas e o encaminhamento da proposta de orçamento para 2026.

Cálculos da Fazenda apontam que a MP teria impacto fiscal de R$ 14,8 bilhões em 2025 e de R$ 36,2 bilhões em 2026, e o governo busca agora formas de recompor essas perdas.

Segundo Haddad, o projeto que tratará de revisão de despesas pode render mais de R$ 15 bilhões, podendo chegar até a R$ 20 bilhões.

O que está na mesa:

– Regras mais rígidas para concessão de seguro defeso;

– Volta de pelo menos parte do aumento da alíquota do IOF;

– Limitação das compensações tributárias (impacto de R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 10 bilhões em 2026);

– Taxação de bets (impacto de R$ 1,70 bilhão em 2026);

– Elevação de CSLL para fintechs (impacto de R$ 1,580 bilhão em 2026).

Haddad declarou ainda que os líderes do governo se dispuseram a anexar o texto proposto pelo governo a relatórios que estejam prontos para serem votados no Congresso. Outros itens também podem ser incluídos em projetos que já estão tramitando.

O ministro disse que o governo divide indicadores positivos com o Congresso, que aprovou várias medidas de interesse do Executivo. Ele afirmou, entretanto, que está com “certa” dificuldade no Congresso citando ao menos duas derrotas neste ano.

Com informações da Agência Estado

Ibram prevê investimentos de mais de US$ 2 bi em projetos de terras raras no Brasil até 2029

 

As mineradoras preveem investimentos de US$ 18,45 bilhões em projetos relacionados a minerais críticos no Brasil até 2029 e esse montante deverá crescer, afirmou o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira, 21, a jornalistas.

O montante representa cerca de 27% do total de investimentos em projetos de mineração com um todo no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, terras raras deverão receber investimentos de US$ 2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028, segundo dados do Ibram.

“Os investimentos em minerais críticos, vocês podem ter certeza, estão aumentando e vão continuar crescendo”, disse Jungmann, ao participar de coletiva de imprensa sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

Petrobras prevê produzir petróleo na bacia da Foz do Amazonas em 7 anos, diz CEO

 

Os trabalhos da Petrobras junto ao Ibama para conseguir a licença ambiental com o objetivo de perfurar na Bacia da Foz do Amazonas deverão colaborar para que os processos de licenciamento de outros poços possam ser mais ágeis, disse a CEO da Petrobras, Magda Chambriard.

Em entrevista à Reuters nesta terça-feira, 21, ela disse acreditar que a Petrobras poderá produzir petróleo e gás na região ambientalmente sensível em cerca de sete anos, caso sejam confirmadas as expectativas de grandes reservas. Mas, para isso, novas licenças terão de ser concedidas nos próximos anos.

“Os novos poços a serem perfurados não vão mais precisar de APO”, disse Chambriard, em referência à Avaliação Pré-Operacional que mobilizou mais de 400 profissionais da Petrobras e do Ibama, em agosto.

“E todo esse exercício que foi feito servirá para os outros (poços). Acho pode ser sim (mais rápido o licenciamento), mas dá pra dizer que parte das exigências já estão cumpridas da nossa parte”, completou a executiva.

Antes de conceder a licença exploratória na segunda-feira, o Ibama negou aval para atividades de perfuração na região por duas vezes, em 2023 e em 2018, antes mesmo de a Petrobras assumir o bloco, em 2020.

Petrobras x Ibama

Desde a última negativa, a companhia trabalhou para atender as principais exigências do Ibama, realizando investimentos milionários e aprimorando planos considerados indispensáveis ao projeto pelo órgão ambiental, sobretudo nas medidas de resposta a emergências.

Entre os aperfeiçoamentos implementados, a Petrobras construiu um novo Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) de grande porte em Oiapoque (AP), além de ter incluído três embarcações offshore dedicadas ao atendimento de fauna oleada, entre outros pedidos do Ibama para resposta rápida a incidentes.

A Petrobras já realizou no passado muitas perfurações de poços na região, que integra a chamada Margem Equatorial, mas não em uma profundidade tão grande quanto a desenvolvida no bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas.

A petroleira estatal pretende perfurar até seis poços adicionais na bacia nessa campanha para tentar descobrir se há acumulações de petróleo e gás na região.

“O primeiro passo foi dado, que é conseguir a licença para perfurar um poço pioneiro. A confirmação desse modelo é essencial para essa campanha, que tem como premissa a sísmica, e o poço pioneiro é fundamental para confirmar nosso modelo”, disse a CEO.

“Estamos furando num lugar muito bom, que deve dar uma descoberta”, destacou a executiva, demonstrando confiança em um achado.

“Mas só a broca vai dizer se tem descoberta. Temos mais cinco ou seis poços pioneiros em licenciamento. Se der tudo certo, após os cinco meses para perfurar esse primeiro, vamos ter que delimitar a jazida”, explicou.

“Se esse negócio for muito bom, podemos delimitar a jazida em uns dois anos e, se for bom o suficiente, vamos estar produzindo em sete ou oito anos”, disse.

Esse prazo significa que a Petrobras poderá, se tudo der certo, “encaixar” a entrada da produção da Margem Equatorial “no declínio do pré-sal”, garantindo que a extração petrolífera brasileira seguirá com volumes importantes.

As previsões de órgãos do governo apontam que a produção de petróleo no Brasil ainda seguirá em trajetória de crescimento até o início da próxima década, podendo entrar em declínio após esse período caso não haja novas descobertas relevantes no país.

A Margem Equatorial brasileira é a principal aposta para a ampliação das reservas no país nos próximos anos.

A Petrobras já está aditando o contrato de locação da sonda que será usada na perfuração para manter o equipamento à disposição por cerca de oito meses.

“Temos que ter uma folga. Em teoria, a gente perfura o poço, avalia o poço e, se tiver uma descoberta relevante, a gente avalia. Portanto, mais ou menos oito meses com essa sonda conosco”, explicou a executiva.

A sonda, que ficou parada no mar do Amapá aguardando a concessão de licença, e que participou do simulado de emergência do Ibama, tem um custo diário R$4,2 milhões. Os valores deverão ser atualizados no aditamento, mas não devem mudar muito, segundo a executiva.

Embraer fecha acordo com agência de defesa da Coreia do Sul

 


Nova etapa da guerra do delivery tem de capacete inteligente a processo no Cade

 

A disputa de gigantes pelo mercado de delivery brasileiro segue a toda força. Seis meses após a Keeta, Rappi e 99 anunciarem investimentos bilionários no país, as empresas lançaram inovações, ingressaram em novas disputas judiciais ou até ampliaram o capital investido em seu crescimento.

Ainda assim, parece difícil que alguma delas consiga sobrepor o domínio do iFood no país. “Não se trata de um serviço em que é fácil você entrar”, analisa o economista João Branco, professor do curso de administração da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). “Você precisa de escala, precisa ser grande”, diz.

O professor considera no entanto que as movimentações das empresas renderão impactos logo. “Eu acredito que vá ter mudanças no curto prazo, pode ter sim uma queda de preços com a entrada desses novos entrantes”, diz.

Quais as novidades anunciadas pelas empresas?

Ifood: Após o acirramento de sua concorrência, o líder no mercado fechou uma parceria com a líder do segmento de mobilidade, a Uber. As empresas prometem ter uma integração dos aplicativos até o final do ano, que tornará possível solicitar uma corrida no app de delivery e vice-versa.

A empresa fez também uma série de anúncios de tecnologia, como uma inteligência artificial generativa que promete ajudar na escolha de pedidos através de comandos subjetivos como “jantar romântico” ou “comida leve que chegue em até 30 minutos”. Em Sergipe, a empresa expandiu uma entregas por drones para todos os dias da semana, e afirma que o serviço pode estar em outras partes do país em breve.

A líder de mercado até está se propondo a fazer o inverso do que sempre fez. O iFood acelerou seu plano para levar as pessoas aos restaurantes. Nos últimos 12 meses, a empresa movimento R$ 1 bilhão por meio da sua própria máquina de pagamentos, impactando os clientes por meio do aplicativo e os incentivando a conhecer restaurantes próximos de sua localização. Esse aliás, é o produto que mais cresce dentro da empresa atualmente.

Keeta: A empresa ainda não iniciou oficialmente o serviço no país, anunciado para o dia 30 de outubro em Santos e São Vicente, no litoral paulista. O aplicativo promete estar disponível na capital do estado antes do final de 2025.

Nas cidades onde iniciará seu funcionamento, a empresa afirma contar com mil restaurantes cadastrados. Divulgou ainda que serão feitos ajustes em sua tecnologia, que inclui um “capacete inteligente” cujo funcionamento ainda não foi detalhado.

Rappi: Segunda plataforma em números de pedidos de comida no país e presente em mais de 100 cidades, o Rappi não acumula anúncios como suas rivais. Apesar de ter divulgado que zeraria taxas sobre restaurantes e exibirá em uma campanha de marketing seus preços mais baratos, a tal publicidade não ocorreu.

“O mercado de delivery é dinâmico por natureza e correções de rota são realizadas a todo o momento. Seguimos com a política de taxa zero para estabelecimentos entrantes e os antigos da base de modo a garantir preços mais equilibrados para o consumidor final”, afirmou a empresa sobre o assunto em nota. “Optamos por concentrar investimentos em anúncios diretamente na plataforma, onde somos muito ativos em promoções.”

A empresa segue no entanto divulgando novidades fora do setor de entrega de comida pronta, como novidades em seu Rappi Turbo, serviço de entregas rápidas que passará a contar com cada vez mais artigos, como peças de vestuário. A empresa também assinou um contrato com a Amazon para investimentos, com possibilidade de que parte de suas ações sejam compradas pela companhia de Jeff Bezos.

O aplicativo conta com 30 mil restaurantes cadastrados no país atualmente.

99Food: O braço de entrega de comida pronta do grupo chinês Didi aproveitou-se de já estar presente no país com o aplicativo de mobilidade 99. Nas cidades em que inicia seus serviços, os pedidos de delivery são realizados na mesma plataforma em que é possível solicitar carros ou até usar como banco através do serviço 99Pay.

O 99Food já está funcionando em três capitais e suas regiões metropolitanas: Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro. A empresa afirma buscar a meta de 100 cidades até junho de 2026. Para além da liderança do iFood, o aplicativo no entanto deve superar desafios internos, como a ausência de vale refeição em sua plataforma e bugs, como uma falha de mais de 24 horas na última semana.

Em sua estratégia de ingresso no mercado, a empresa tem distribuído vários cupons de desconto para os consumidores. Também zerou taxas de restaurantes que garantem o mesmo preço no delivery e no salão, o que faz com que restaurantes apareçam com valores menores do que no iFood, por exemplo.

Brigas na justiça

Para além das melhorias em seus respectivos negócios, as empresas tem travado também disputas jurídicas. Em agosto, a Keeta anunciou uma ação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) por conta de contratos de exclusividade e semiexclusividade fechados pela 99 com alguns restaurantes. Em outubro, o Rappi solicitou ingresso na ação como parte interessada.

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) tomou as dores da Keeta nesse caso. A associação solicitou ingresso como terceira interessada em ação movida pela Keeta contra a 99Food, reforçando que “as plataformas devem competir pela preferência de consumidores e restaurantes por meio de atributos como taxas competitivas, melhores serviços e inovação, e não pela captura de canais e parceiros comerciais com o objetivo de excluir concorrentes”.

Nos contratos criticados pelas rivais, a 99Food estabelece contrapartidas financeiras para estabelecimentos que comercializarem apenas em seu aplicativo, ou que limitem suas vendas em plataformas rivais. Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o CEO da empresa negou que tenha força para barrar a entrada de rivais.

“A decisão do CADE pode ter, eventualmente, impacto direto no modelo de negócios da 99Food, pois se entender que tal ou qual prática é anticoncorrencial, ela terá de ser suspensa e a 99Food terá que mudá-la, o que poderá modificar todo o seu modelo de negócio no País”, afirma o advogado Mário Nogueira sócio de M&N e concorrencial do NHM Advogados.

A 99Food acabou por mover outra ação judicial. A empresa acusa a Keeta de violação de marca, já que a plataforma chegará ao país com as mesmas cores já usadas pela 99: o amarelo e preto.

“Se ficar evidenciado que o amarelo da Keeta de fato gera confusão no consumidor e que este quando vê o amarelo da Keeta pode achar que está contratando a 99, então a Keeta pode ser obrigada até a mudar sua marca, mas isso tem que ser provado dessa forma”, analisa a advogada Patricia Agra Araújo, sócia de Direito Concorrencial e Compliance do L.O. Baptista.

Segundo Fernando Moreira, especialista em Direito Empresarial e doutor em engenharia de produção com ênfase em Governança e Compliance, a Keeta poderia ser condenada ao pagamento de indenização por danos materiais, como pagamento dos lucros cessantes decorrentes de eventual desvio de clientela.

A Abrasel também entrou na briga com o iFood. A entidade protocolou no Cade uma representação formal contra a plataforma, alegando práticas anticompetitivas. Segundo a entidade, a plataforma teria se transformado em um “ecossistema digital fechado”, impondo serviços próprios como a solução de pagamentos com taxas acima da média do mercado, além de práticas de venda casada que aumentam a dependência dos restaurantes.

Investimentos no delivery

Os investimentos anunciados pelas empresas foram voluptuosos. No entanto, a maior quantia ainda é do líder iFood. A empresa afirma que dispõe de R$ 17 milhões em investimentos diretos entre abril deste ano e março de 2026. Seu objetivo é ter 80 milhões de clientes até 2028 – hoje, são 60 milhões.

Entre as concorrentes, a Meituan anunciou o maior valor, de R$ 5,6 bilhões, para lançar seu aplicativo no país, o Keeta. A empresa porém enfrenta o maior desafio, já que nunca atuou no país e não tem uma base de clientes já cadastrados. No dia 30 de outubro, o app será lançado oficialmente nas cidades de Santos e São Vicente, no litoral de São Paulo.

Com o segundo maior valor, a 99Food pretendia investir R$ 1 bilhão no seu primeiro ano. Após seu lançamento oficial em Goiânia e São Paulo, a empresa dobrou o valor para R$ 2 bilhões.

O investimento mais modesto, de R$ 1,4 bilhão, é do Rappi. A empresa conta com uma vantagem sobre as outras duas novas competidoras ao já oferecer serviço de delivery de comida em diversas partes do país.