Quando
uma empresa entra em recuperação judicial ou extrajudicial, o
investidor precisa redobrar a atenção. Esses processos são mecanismos
legais que permitem às companhias renegociar dívidas e tentar evitar a
falência, mas também trazem implicações importantes para quem possui ou
pretende adquirir ações dessas empresas. Entender como funcionam esses
procedimentos, quais são os riscos envolvidos e o que observar antes de
tomar decisões é essencial para investir com mais segurança e
consciência.
Isso
traz impactos para o investidor, que precisa avaliar a situação, as
oportunidades e os riscos antes de decidir pela compra ou venda das
ações.
O que é a recuperação judicial e extrajudicial?
“Primeiro,
precisamos entender um processo de recuperação judicial ou
extrajudicial é um meio que as empresas têm de evitar sua falência. Esse
processo permite que as companhias suspendam e negociem parte de suas
dívidas, evitando encerrar suas atividades”, diz Arnóbio Durães,
professor da FIA Business School.
E
há diferenças entre os processos de recuperação judicial e
extrajudicial, explica Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e
especialista em Direito Empresarial e Direito Societário. “Na
extrajudicial, a empresa devedora já faz um acordo com alguns dos
credores, às vezes consegue estender o prazo ou reduzir juros, por
exemplo, e depois leva o acordo assinado para o juiz homologar”, diz. Se
o pedido não for aceito ou se a empresa vier a ter mais problemas
posteriormente, ainda há a possibilidade de entrar com o pedido de
recuperação judicial.
Na recuperação judicial, a companhia inicia o
processo na Justiça antes de fazer o acordo com os credores. “Ela vai
apresentar um plano de recuperação a ser deliberado pelos credores em
assembleia, e você entra em uma zona de incerteza maior”, diz.
Vale a pena investir em empresas em recuperação judicial?
“Investir
em ações de empresas que estão em recuperação é uma oportunidade,
porque os preços desses ativos normalmente são muito baixos, com
potencial de expressiva valorização”, diz Durães. Isso pode ocorrer caso
a empresa consiga se reestruturar, pagar suas dívidas e voltar a operar
normalmente. Por outro lado, há “riscos consideráveis” de que esse
cenário não se concretize, diz o professor, “o que exige prudência e
profundo conhecimento do mercado”.
Ou seja: se a empresa conseguir
se reerguer depois da recuperação judicial ou extrajudicial, suas ações
podem se valorizar, o que pode trazer grandes lucros para quem comprar
na baixa. Mas o risco de
perder o valor investido também existe, e é maior do que se comparado à
compra de ações de empresas sem problemas financeiros.
Se o
investidor está pensando em comprar ações de uma empresa em recuperação,
Durães alerta: “como o risco de perda total é alto, invista aquilo que
não comprometa a segurança financeira, e diversifique em ativos e
setores, para reduzir o risco total da carteira”.
Mas
se a pessoa já tinha as ações e a empresa entrou em recuperação, é
preciso analisar a carteira como um todo. Em primeiro lugar, o professor
indica estudar e entender o momento da empresa e as razões que a
levaram a ter dificuldades. “Se realmente se sentir confortável com
essas informações e acreditar que é algo passageiro, avalie manter as
ações”, desde que sabendo que a recuperação pode demorar. Caso o valor
investido seja representativo na carteira, pode ser interessante vender
as ações ou parte delas e realizar as perdas, para evitar um prejuízo
ainda maior. “Tudo depende do contexto geral”, diz Durães.
Prazo de investimento é longo
Mesmo
se a empresa tiver sucesso na reestruturação, todo esse processos pode
demorar. Assim, o preço da ação pode levar anos até se recuperar.
“Investimento em renda variável
já é de médio e longo prazo. Ainda mais no caso das empresas em
recuperação, não espere nada de curto prazo, é no mínimo dois anos para
cima”, diz Durães.
Risco de diluição de capital
Para
quem já era acionista de uma empresa que entrou em recuperação, há
ainda o risco ver sua participação na empresa ser diluída. Isso pode
acontecer de duas formas: ou quando a empresa emite novas ações, com o
objetivo de levantar capital, ou quando a empresa converte dívidas em
ações, para reduzir o nível de endividamento.
“Se o aumento de
capital da empresa dobrar o número de ações, todo mundo vai ter metade
da participação que tinha. Mas por outro lado, o investidor pode ter sua
participação diluída, mas em uma empresa que se salvou”, lembra Godke.
Informação é essencial para qualquer um que investe em renda variável, mas quando as empresas estão em recuperação judicial ou extrajudicial, é mais importante ainda manter-se atento às novidades.