quarta-feira, 22 de outubro de 2025

China supera EUA como principal parceiro comercial da Alemanha

 

A China ultrapassou os Estados Unidos como o maior parceiro comercial da Alemanha nos primeiros oito meses de 2025, recuperando o primeiro lugar uma vez que as tarifas mais altas pesaram sobre as exportações alemãs para os Estados Unidos, mostraram dados preliminares do escritório de estatísticas alemão.

As importações e exportações alemãs com a China totalizaram 163,4 bilhões de euros de janeiro a agosto, enquanto o comércio com os EUA totalizou 162,8 bilhões de euros, de acordo com cálculos da Reuters.

Contêineres no Porto de Nanjing, na província de Jiangsu, no leste da China – AFP


Maior parceiro da Alemanha passa de EUA para China

Os EUA foram o principal parceiro comercial da Alemanha em 2024, encerrando uma sequência de oito anos para a China. A mudança ocorreu quando a Alemanha procurou reduzir sua dependência da China, com Berlim citando diferenças políticas e acusando Pequim de práticas injustas.

No entanto, a dinâmica comercial mudou novamente este ano, com o retorno de Donald Trump à Casa Branca e suas tarifas.

As exportações alemãs para os Estados Unidos caíram 7,4% nos primeiros oito meses do ano em comparação com 2024, para 99,6 bilhões de euros. Em agosto, as exportações para os EUA tiveram queda de 23,5% em relação ao ano anterior, mostrando que a tendência está acelerando.

“Não há dúvida de que a política tarifária e comercial dos EUA é uma razão importante para o declínio nas vendas”, disse Dirk Jandura, presidente da associação de comércio exterior BGA.

Jandura disse que a demanda dos EUA por produtos clássicos de exportação alemã, como carros, máquinas e produtos químicos, recuou.

Com a ameaça contínua de tarifas e o euro mais forte, é improvável que as exportações alemãs para os EUA se recuperem tão cedo, disse Carsten Brzeski, chefe global de macro do ING.

Bandeiras da China e dos Estados Unidos
Bandeiras da China e dos Estados Unidos – Foto: AFP (Crédito:AFP)

Aumento das importações da China

As exportações para a China caíram de forma ainda mais acentuada do que as exportações para os Estados Unidos, recuando 13,5% nos primeiros oito meses de 2025 em relação ao ano anterior, para 54,7 bilhões de euros.

Em contrapartida, as importações da China aumentaram 8,3%, para 108,8 bilhões de euros.

“O novo boom de importações da China é preocupante”, disse Brzeski. “Especialmente porque os dados mostram que essas importações são feitas a preços de dumping.”

Ele alertou que isso não só aumentou a dependência alemã em relação à China, mas também pode aumentar o estresse em setores importantes nos quais a China se tornou um grande rival.

“Na ausência de dinamismo econômico no país, alguns na Alemanha podem agora estar preocupados com quaisquer mudanças nos mercados mundiais”, disse o economista do Berenberg Salomon Fiedler.

China e Estados Unidos travam uma guerra comercial com tarifas de importação elevadas – AFP

PlatôBR: os planos B e C de Haddad caso o Congresso não aprove pacote para tapar rombo

 

 

Antonio Temóteo - do PlatôPRi


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixou claro nesta terça-feira, 21, que já tem um plano B e um plano C caso o Congresso não aprove os dois projetos de lei enviados pelo governo para tentar reduzir despesas e elevar receitas.

Os textos em parte repetem o conteúdo da medida provisória nº 1.303, derrubada pela Câmara, que tributava aplicações financeiras. O objetivo do governo é tapar o rombo de cerca de R$ 35 bilhões aberto pela derrubada da MP.

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O plano B prevê o contingenciamento de emendas parlamentares em 2025 e 2026. Segundo Haddad, o número de R$ 7 bilhões previsto inicialmente por técnicos do governo está subestimado e o congelamento dos recursos que os parlamentares distribuem para os estados pode ser ainda maior.

O plano C do ministro da Fazenda prevê reeditar no próximo ano uma MP com as propostas que agora reenvia ao Congresso na forma de projeto de lei. Como a MP 1.303 caducou, não pode ser reeditada no mesmo ano. Em 2026, entretanto, isso pode ser feito.

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Vale tem maior produção de minério de ferro desde 2018

 

A Vale registrou entre julho e setembro sua maior produção trimestral de minério de ferro desde 2018 e afirmou nesta terça-feira, 21, que está no caminho para atingir a faixa superior da meta para o ano em seus três principais negócios.

Uma das principais mineradoras de ferro do mundo, a Vale apurou produção de 94,4 milhões de toneladas da commodity entre julho e setembro, um aumento de 3,8% em relação ao ano anterior, com impulso de um novo recorde trimestral da mina S11D, no Pará, e pelo avanço dos principais projetos.

“A Vale apresentou um forte desempenho operacional no terceiro trimestre. No minério de ferro, a produção atingiu seu maior nível desde 2018 e a realização de preços melhorou, refletindo a execução bem-sucedida da nossa estratégia de portfólio de produtos”, afirmou a companhia em relatório de produção e vendas.

A Vale planeja produzir entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas de minério de ferro em 2025, reafirmou a empresa. Nos primeiros nove meses do ano, a produção da mineradora foi de 245,7 milhões de toneladas do material.

Segundo a empresa, seus negócios de minério de ferro, cobre e níquel “estão progredindo em direção ao limite superior do ‘guidance’ de produção para 2025”.

Em S11D, a Vale produziu 23,56 milhões de toneladas no terceiro trimestre, alta de 6,7% na comparação com mesmo período de 2024, com suporte de melhorias contínuas de desempenho e na confiabilidade dos ativos, disse a empresa.

As vendas de minério de ferro da companhia, por sua vez, cresceram 5,1% na mesma comparação, para 86 milhões de toneladas, com melhora da realização de preços, suportada por prêmios mais elevados de finos de minério de ferro.

Do total, as vendas de finos de minério de ferro somaram 75 milhões de toneladas, alta de 8,2% ante o mesmo período do ano passado. O preço médio realizado dos finos da companhia foi de US$94,4 por tonelada entre julho e setembro, alta de 4,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Por outro lado, a produção de pelotas da Vale no terceiro trimestre totalizou 8 milhões de toneladas, queda de 22,8% versus igual período do ano anterior, refletindo as condições de mercado, segundo a Vale.

As vendas de pelotas caíram 13,5% no terceiro trimestre versus o mesmo período do ano passado, para 8,8 milhões de toneladas.

NÍQUEL E COBRE

Do lado dos metais básicos, a produção de cobre totalizou 90,8 mil toneladas no terceiro trimestre, alta de 6% ante o mesmo período do ano passado, devido principalmente à produção “consistente” de Salobo e maiores volumes de concentrado provenientes de Voisey’s Bay e Sudbury, no Canadá.

Já a produção de níquel totalizou 46,8 mil toneladas, com variação praticamente estável na mesma comparação e produção recorde na refinaria de Long Harbour, compensando a manutenção realizada na refinaria de Copper Cliff, em Sudbury.

Vale a pena investir em ações de empresas em recuperação judicial?

 

Quando uma empresa entra em recuperação judicial ou extrajudicial, o investidor precisa redobrar a atenção. Esses processos são mecanismos legais que permitem às companhias renegociar dívidas e tentar evitar a falência, mas também trazem implicações importantes para quem possui ou pretende adquirir ações dessas empresas. Entender como funcionam esses procedimentos, quais são os riscos envolvidos e o que observar antes de tomar decisões é essencial para investir com mais segurança e consciência.

Isso traz impactos para o investidor, que precisa avaliar a situação, as oportunidades e os riscos antes de decidir pela compra ou venda das ações.

O que é a recuperação judicial e extrajudicial?

“Primeiro, precisamos entender um processo de recuperação judicial ou extrajudicial é um meio que as empresas têm de evitar sua falência. Esse processo permite que as companhias suspendam e negociem parte de suas dívidas, evitando encerrar suas atividades”, diz Arnóbio Durães, professor da FIA Business School.

E há diferenças entre os processos de recuperação judicial e extrajudicial, explica Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial e Direito Societário. “Na extrajudicial, a empresa devedora já faz um acordo com alguns dos credores, às vezes consegue estender o prazo ou reduzir juros, por exemplo, e depois leva o acordo assinado para o juiz homologar”, diz. Se o pedido não for aceito ou se a empresa vier a ter mais problemas posteriormente, ainda há a possibilidade de entrar com o pedido de recuperação judicial.

Na recuperação judicial, a companhia inicia o processo na Justiça antes de fazer o acordo com os credores. “Ela vai apresentar um plano de recuperação a ser deliberado pelos credores em assembleia, e você entra em uma zona de incerteza maior”, diz.

Vale a pena investir em empresas em recuperação judicial?

“Investir em ações de empresas que estão em recuperação é uma oportunidade, porque os preços desses ativos normalmente são muito baixos, com potencial de expressiva valorização”, diz Durães. Isso pode ocorrer caso a empresa consiga se reestruturar, pagar suas dívidas e voltar a operar normalmente. Por outro lado, há “riscos consideráveis” de que esse cenário não se concretize, diz o professor, “o que exige prudência e profundo conhecimento do mercado”.

Ou seja: se a empresa conseguir se reerguer depois da recuperação judicial ou extrajudicial, suas ações podem se valorizar, o que pode trazer grandes lucros para quem comprar na baixa. Mas o risco de perder o valor investido também existe, e é maior do que se comparado à compra de ações de empresas sem problemas financeiros.

Se o investidor está pensando em comprar ações de uma empresa em recuperação, Durães alerta: “como o risco de perda total é alto, invista aquilo que não comprometa a segurança financeira, e diversifique em ativos e setores, para reduzir o risco total da carteira”.

Mas se a pessoa já tinha as ações e a empresa entrou em recuperação, é preciso analisar a carteira como um todo. Em primeiro lugar, o professor indica estudar e entender o momento da empresa e as razões que a levaram a ter dificuldades. “Se realmente se sentir confortável com essas informações e acreditar que é algo passageiro, avalie manter as ações”, desde que sabendo que a recuperação pode demorar. Caso o valor investido seja representativo na carteira, pode ser interessante vender as ações ou parte delas e realizar as perdas, para evitar um prejuízo ainda maior. “Tudo depende do contexto geral”, diz Durães.

Prazo de investimento é longo

Mesmo se a empresa tiver sucesso na reestruturação, todo esse processos pode demorar. Assim, o preço da ação pode levar anos até se recuperar.

“Investimento em renda variável já é de médio e longo prazo. Ainda mais no caso das empresas em recuperação, não espere nada de curto prazo, é no mínimo dois anos para cima”, diz Durães.

Risco de diluição de capital

Para quem já era acionista de uma empresa que entrou em recuperação, há ainda o risco ver sua participação na empresa ser diluída. Isso pode acontecer de duas formas: ou quando a empresa emite novas ações, com o objetivo de levantar capital, ou quando a empresa converte dívidas em ações, para reduzir o nível de endividamento.

“Se o aumento de capital da empresa dobrar o número de ações, todo mundo vai ter metade da participação que tinha. Mas por outro lado, o investidor pode ter sua participação diluída, mas em uma empresa que se salvou”, lembra Godke.

Mantenha-se informado sobre a situação da empresa

Informação é essencial para qualquer um que investe em renda variável, mas quando as empresas estão em recuperação judicial ou extrajudicial, é mais importante ainda manter-se atento às novidades.

‘Mona Lisa’ foi roubada do Louvre em 1911; relembre a história que deu fama ao quadro

 

Como quase todos os museus do mundo fecham nas segundas-feiras, o Louvre estava fechado em 21 de agosto de 1911. Somente uns poucos funcionário faziam trabalhos de manutenção e reforma nos salões do importante acervo artístico em Paris. Entre eles, o pintor de paredes Vicenzo Peruggia.

Sem testemunhas por perto, o italiano vai até a obra-prima de Leonardo da Vinci. Naquela época, o quadro Mona Lisa, de 1503, era conhecido apenas por alguns entendidos em arte, tanto que ocupava um lugar discreto no Louvre. Peruggia retirou a tela da moldura e deixou o museu sem chamar a atenção. O roubo só se tornaria público no dia seguinte.

Dois anos depois, a informação de um comerciante de antiguidades levou a polícia de Florença à província de Como, no norte da Itália. Lá, o decorador Peruggia estava vendendo a pintura. Ao ser detido, ele confessou o crime e o justificou com um motivo incomum: patriotismo.

O pintor queria apenas levar de volta a seu país um dos maiores tesouros da arte italiana e, assim, vingar-se de Napoleão, que no século anterior teria confiscado a obra. Um engano de Peruggia, condenado a um ano e 15 dias de prisão.

Retrato foi vendido a rei francês

Na verdade, o próprio Da Vinci vendera o retrato Mona Lisa ao rei francês Francisco 1º, em 1516, por 4 mil táleres de ouro, um valor significativo para a época.

Reencontrada a pintura, especialistas do Louvre a levaram à Galleria degli Uffizi, em Florença, para verificar sua autenticidade. Eles identificaram o retrato como original. Desde então, Mona Lisa passou a ser bem vigiada. Hoje, a moça sorri para o público através de uma proteção especial.

O mistério de Mona Lisa e seu sorriso

Com seu “sequestro”, que quase provocou uma crise cultural na Europa, Mona Lisa tornou-se famosa em todo o mundo. Numerosos entendidos passaram a discutir cada detalhe da pintura. Eles remeteriam ao local onde Leonardo pintou a mulher e à identidade da retratada. Seria ela Isabella Gualanda, uma cortesã do Vaticano, ou realmente a esposa do mercador florentino Francesco del Giocondo, motivo pelo qual o quadro também é conhecido como La Gioconda?

Outros afirmaram tratar-se, na verdade, de um autorretrato de Da Vinci, enquanto em 1914 um estudioso francês defendeu a opinião de que Mona Lisa não deveria ser vista como uma florentina histórica, mas como uma representação artística idealizada, sem necessidade de identificação da pessoa.

Os entendidos são também implacáveis no debate sobre o sorriso de Mona Lisa. Dois médicos franceses o consideraram doentio. A mulher teria sofrido uma atrofia muscular. Outros viram uma paralisia facial e há ainda quem acredite em esquizofrenia. A artista canadense Suzanne Giroux enxergou na boca atrofiada as costas nuas de um belo rapaz, quando se gira a imagem a 90 graus, e fundamentou com isto sua tese de que Da Vinci teria tendência homossexual. Até mesmo o psicanalista Sigmund Freud intrometeu-se no debate e interpretou o sorriso como sendo inspirado no da mãe do pintor, falecida precocemente.

Que Leonardo tenha talvez simplesmente retratado uma moça sorridente parece profano demais para os especialistas oficiais e os assim autodenominados.

Não bastasse a discussão teórica sobre a modelo do mestre italiano, Mona Lisa foi reinterpretada também através de novas obras, inspiradas nela. Assim, Marcel Duchamps acrescentou à figura feminina um bigode idêntico ao do ditador soviético Josef Stalin. Já Salvador Dalí instalou sobre sua cabeça um capacete prussiano. Andy Warhol não aguentou. Para o artista pop, uma Mona Lisa é pouco, ele pintou 30.

Hoje, ela segue se multiplicando. E não só como obra de arte. Degradada a ícone da cultura kitsch, ajuda a vender roupas, queijos e cigarros. Já foi vista inclusive espiando os frequentadores do banheiro de um bar, pendurada numa parede. Os tempos em que Mona Lisa decorava apenas o quarto de Napoleão são mesmo páginas viradas da história.

Termina nesta quarta prazo para brasileiros solicitarem cidadania espanhola pela ‘Lei dos Netos’

 

Os brasileiros têm até esta quarta-feira, 22, para solicitar a cidadania espanhola com base na com base na Lei de Memória Democrática, conhecida como a Lei dos Netos. A legislação permite que filhos, netos – e até bisnetos e trinetos – de cidadãos espanhóis tenham sua cidadania reconhecida sem precisar sair do país de origem.

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A lei foi sancionada em 2022 com vigência de dois anos e, posteriormente, prorrogada por mais um ano. Conhecida como Lei dos Netos, ela concede o direito da cidadania originalmente a filhos e netos de espanhóis.

Mas, na prática, bisnetos e trinetos também estão conseguindo o reconhecimento por meio do “efeito cascata”. Ou seja, com algum de seus avós ou pais sendo reconhecido como espanhol, o bisneto passa a ser considerado filho ou neto de espanhol, se encaixando também na lei.

Devido ao prazo de análise dos pedidos por parte dos consulados, que estão levando cerca de dois a três anos serem concluídos, os bisnetos não precisam esperar sair a cidadania de seus pais ou avós para solicitar a sua. Apenas com o número de protocolo do antecessor anexado, é possível dar entrada no pedido, que será condicionado ao reconhecimento do pai ou avô (filho ou neto do espanhol que migrou para o Brasil).

A lei também abarca filhos e filhas de mulheres espanholas que perderam a nacionalidade por se casarem com estrangeiros antes da entrada em vigor da Constituição de 1978, depois do fim da ditadura na Espanha.

A Lei da Memória Democrática também eliminou a necessidade de comprovar vínculos culturais ou conhecimento da língua espanhola, além de permitir que descendentes de espanhóis já maiores de idade possam reaver a cidadania, algo que antes não era permitido pela legislação da Espanha.

Veja quem pode adquirir a nacionalidade espanhola graças à Lei da Memória Democrática:

– Os nascidos fora da Espanha de pai ou mãe, avô ou avó, originalmente espanhóis;

– Filhos e filhas nascidos no exterior de mulheres espanholas que perderam a nacionalidade por matrimônio com estrangeiros antes da entrada em vigor da Constituição de 1978;

– Os filhos maiores de idade daqueles que adquiriram a nacionalidade espanhola pela Lei da Memória Histórica, também conhecida como Lei dos Netos.

Como solicitar?

Para solicitar o documento na Espanha, é preciso, primeiro, descobrir o local de nascimento do ascendente – o que pode ser feito com ajuda de sites de pesquisa de árvore genealógica. Sabendo a cidade de origem, é possível pedir o documento:

– pelo site do Ministério da Justiça da Espanha, se estiver digitalizado (o que é raro);

– enviando e-mail ao registro civil da cidade onde o ascendente nasceu, se a certidão de nascimento não estiver digitalizada;

– ou na igreja onde o descendente foi batizado, nos casos da certidão de batismo (que pode substituir a certidão nascimento, já que muitos livros de registro civil foram queimados durante a Guerra Civil Espanhola).

Alguns registros civis ou igrejas enviam os documentos da Espanha ao Brasil; outros enviam apenas para endereços espanhóis. Nessa etapa, é possível contratar o serviço de profissionais ou assessorias especializadas, que encontram os documentos na Espanha e os enviam para o Brasil.

O processo de pedido da cidadania espanhola é simples, mas conseguir o documento que comprova o nascimento do antepassado tem sido a parte mais trabalhosa.

Além da certidão do documento espanhol, é preciso levar ao consulado documentos pessoais e certidões da linhagem de descendentes, que podem ser solicitadas nos cartórios brasileiros, e formulários preenchidos (todos descritos neste link).

Após comparecer ao agendamento consular, outros documentos podem ser solicitados pelo Consulado no Brasil por meio de um segundo agendamento ou envio pelos Correios.

Outros caminhos para solicitar a cidadania espanhola

A Lei de Nacionalidade Tradicional abarca filhos de espanhóis nascidos na Espanha, permitindo o pedido da cidadania por netos apenas até os 21 anos de idade.

Outra opção é a cidadania por residência legal na Espanha: brasileiros têm uma vantagem nessa modalidade, podendo solicitar a cidadania depois de dois anos de residência legal (em vez dos dez exigidos para outras nacionalidades). Esse tempo cai para um ano em caso de casamento com cidadão espanhol ou em caso de vínculo direto com ascendentes espanhóis.

Como será depois de 22 de outubro?

Com o fim da norma, voltam a valer as regras gerais do Código Civil espanhol. Isso significa que apenas os filhos de espanhóis de origem continuarão a ter direito automático à cidadania. Já netos e bisnetos terão de atender a critérios mais rígidos, como o de comprovar residência legal na Espanha por determinado período.

Projeto de R$ 3 bi no RS prevê fabricação de 50 aviões por ano e modelo movido a etanol

 

O Rio Grande do Sul receberá uma nova fábrica de aviões: um grande complexo industrial construído pela brasileira Aeromot, com previsão de produzir 50 aeronaves por ano até 2032. Batizado como AeroCITI (Aerocentro Integrado de Tecnologia e Inovação), o local prevê ainda abrigar um museu, hangares, um centro de pesquisa e até a fabricação do primeiro modelo de transporte de passageiros movido a etanol no mundo.

O primeiro avião a ser fabricado será o Diamond DA62, bimotor apelidado de “SUV dos ares” pelo luxo oferecido em um modelo compacto, capaz de carregar até sete passageiros. O modelo é desenvolvido pela Diamond Aircraft, empresa de origem austríaco-canadense, atualmente sob controle do grupo chinês Wanfeng Auto Holding Group.

Representante exclusiva da Diamond Aircraft no Brasil desde 2016, a Aeromot já importou mais de 100 aeronaves Diamond DA62 que agora pretende produzir dentro do país. Com o novo passo, o prazo para aquisição de um DA62 pode cair de uma média atual de 27 meses para cerca de nove quando a fábrica estiver em funcionamento.

Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha, explica que a nova fábrica irá abastecer demandas do Brasil e de países do Mercosul.

“Hoje, a Diamond tem uma capacidade produtiva limitada”, explica. “A gente trabalhou em uma estratégia de transferência de tecnologia para uma base aqui na América do Sul suportar todos esses países.”

A metrópole do avião

Com investimento total estimado em R$ 3 bilhões – cerca de R$ 1 bilhão virão da AeroCITI e o restante de empresas parceiras -, o espaço de 540 hectares no município de Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre, irá abrigar hangares para diferentes empresas, alguns construídos com recursos das próprias companhias. Estará ainda apto a receber pousos comerciais em casos de problemas com o Aeroporto Salgado Filho.

O projeto recebeu grande apoio ainda do poder público: uma lei estadual para doação de parte do terreno à empresa, e duas com incentivos fiscais municipais.

Na fábrica, a Diamond Aircraft não está sozinha. A Aeromot afirma que já tem parceria para fabricar aviões de outra grande empresa, a ser oficialmente anunciada durante a inauguração da pedra fundamental do AeroCITI na quinta-feira (23).

A fabricação do DA62 deve iniciar em janeiro de 2027, ainda em um modelo de montagem de componentes importados e com a conclusão de três aeronaves no ano. A empresa pretende a partir daí instalar a tecnologia para ter toda a linha de produção instalada até 2032.

Imagem de um avião azul do modelo DA62, da Diamond Aircraft
O modelo DA62, da Diamond Aircraft (Crédito:Divulgação)

Sobre os possíveis compradores, o CEO da Aeromot espera que, com a produção nacional, amplie-se o interesse em até financiamentos e assim cresça a demanda. Ele adiciona que mais de 80% da utilização desse modelo é para viagens de trabalho, seja como veículo privado ou de empresas, e que o Brasil, apesar de ocupar o posto de segundo maior mercado de aviação executiva no mundo, conta com uma frota relativamente velha, com média de 40 anos.

“Hoje, 90% das vendas que a gente faz são à vista. Não tem nenhum tipo de incentivo. A ideia de trazer [a fabricação para cá], inclusive, é fomentar e transformar isso no produto brasileiro com financiamento local”, afirma Guilherme Cunha. 

O primeiro avião de transporte movido à etanol

Em outra frente, a Aeromot investe em pesquisa. Há mais de um ano a empresa desenvolve em parceria com a em parceria com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) uma aeronave bimotora para ser a primeira de transporte movida a etanol no mundo. Atualmente, o uso mais frequente do combustível ocorre em aeronaves agrícolas. O objetivo é iniciar sua produção em cerca de cinco anos.

“A gente entende que é um pilar importantíssimo para as próximas gerações. Sabemos que a aviação vai passar por uma transformação muito grande nos próximos 30 anos com a necessidade da descarbonização, e obviamente a gente tem que se preparar para isso”, afirma Cunha.

Guilherme Cunha, CEO da Aeromot
Guilherme Cunha, CEO da Aeromot (Crédito:Divulgação)

Na frente de pesquisa, a Aeromot também mantém parcerias com diversas universidades que poderão fazer uso do espaço, como a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o Instituto BI0S (Brazilian Institute of Data Science) da Unicamp (Universidade de Campinas), a Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o Parque Tecnológico de São José dos Campos e a PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

O espaço do AeroCITI contará ainda com um Museu do Avião a céu aberto, com área de 24 mil m², área de playground para crianças, pista de caminhada e atividades recreativas.

Aeromot já fabricou aviões antes

Com 58 anos desde sua fundação, o foco da Aeromot virou-se na última década para as operações de distribuição e de modificações de aeronaves. Nesta segunda frente, a empresa acumula projetos como a instalação de sistemas médicos, blindagem e monitoramento de vigilância em modelos para polícias militares de diferentes estados e Policia Federal. Durante a Copa do Mundo de 2014, a empresa colaborou com o sistema de segurança e logística aérea.

Entre a década de 1980 e começo dos anos 2000, no entanto, a empresa fabricou os modelos Guri e Ximango. Com algumas variações, eram modelos para até duas pessoas, comercializados sobretudo para forças aéreas de diferentes países. Cada um contabiliza mais de 100 aeronaves vendidas.

Os números, no entanto, são modestos perto de outras brasileiras no setor, como a Flyer Indústria Aeronáutica, que divulga mais de 2,3 mil aeronaves vendidas em 40 anos, e a líder Embraer, mais focada em aviões comerciais, com produção de algumas centenas no ano.

Hangar da Aeromot em Minas Gerais
Hangar da Aeromot em Minas Gerais (Crédito:Divulgação)