quarta-feira, 22 de outubro de 2025

China aposta em alta tecnologia como estratégia geopolítica

 Bandeira da China – Wikipédia, a enciclopédia livre

Partido Comunista se reúne em Pequim para decidir os rumos da economia chinesa pelos próximos cinco anos. Diante da atual situação geopolítica, consumo interno deve continuar em segundo plano.Aproximadamente 200 membros do Comitê Central do Partido Comunista Chinês se reúnem nesta semana em Pequim para a quarta sessão plenária do órgão. O encontro a portas fechadas de 20 a 24 de outubro tem no topo da agenda a discussão do próximo plano quinquenal, pensado para o período de 2026 a 2030 e com aprovação oficial prevista para o início do ano que vem.

Os planos quinquenais têm uma longa tradição, que remonta quase à fundação da República Popular da China, com o primeiro vigorando de 1953 a 1957. O próximo será o décimo quinto desses programas, cujo objetivo é regular o desenvolvimento econômico chinês em nível nacional.

Atualmente, há muitos problemas estruturais na economia chinesa que precisam ser resolvidos. Durante décadas, a segunda maior economia do mundo foi impulsionada pelo comércio exterior e pelo investimento em infraestrutura, ao tempo que o terceiro pilar — o consumo interno — foi constantemente negligenciado.

“Se observarmos os últimos anos, ainda vemos um crescimento de dois dígitos no investimento no setor manufatureiro”, afirma Alexander Brown, analista do think tank Instituto Mercator de Estudos da China (Merics), com sede em Berlim. “No entanto, os setores de serviços não estão recebendo tanto dinheiro. Essa é a razão do clima bastante pessimista entre os consumidores chineses. Mesmo assim, Pequim deverá continuar priorizando os gastos com política industrial, dada a atual situação geopolítica e o objetivo de resiliência da China.”

Foco na competição geopolítica

Essa resiliência — a de sua própria economia — é muito importante para Pequim. Tal meta ganha ainda mais apoio após episódios como o de dias atrás, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou novamente impor tarifas massivas sobre importações vindas da China e endurecer as restrições à exportação de produtos essenciais de alta tecnologia. Pequim vê isso como prova de que tais preocupações são justificadas.

Chen Bo, pesquisador no Instituto do Leste Asiático da Universidade Nacional de Singapura, explica que os chineses atualmente se preocupam mais com a competição geopolítica do que com problemas estruturais. “O novo plano quinquenal dará forte ênfase à promoção da pesquisa de alta tecnologia e do desenvolvimento industrial. A manufatura continua sendo o fator mais importante para o poder político do país. Em caso de conflito, afinal, seria a manufatura, e não o setor de serviços, que teria extrema importância”, afirmou em entrevista à agência de notícias Reuters

Em um discurso em julho, o presidente Xi Jinping enfatizou que “o mundo está vivenciando as mudanças mais profundas em um século, com a revolução científica e tecnológica e a competição entre as grandes potências se tornando cada vez mais interligadas”. Na ocasião, ele também reiterou seu objetivo de que a China assuma uma posição de liderança estratégica na competição científica e tecnológica global.

O país já ascendeu à vanguarda global em áreas como eletromobilidade e energias renováveis. Com exceção de alguns setores — como semicondutores e aviação comercial —, a China concentra quase toda a sua cadeia de suprimentos dentro de suas fronteiras. Pequim também tem aumentado continuamente seus investimentos em indústrias de alta tecnologia, a fim de fortalecer ainda mais sua soberania econômica e reduzir ainda mais sua dependência.

Quando o consumo será contemplado?

A China, contudo, não abandonou completamente os esforços para resolver seus problemas estruturais. Em uma reunião em setembro, o Congresso Nacional do Povo discutiu como aumentar a renda disponível das famílias e, consequentemente, a participação do consumo na economia. Atualmente, o consumo privado na China representa cerca de 40% da produção econômica, muito menos do que a média de 60% nos países ocidentais. Nos EUA, essa participação chega a 70%. Alguns think tanks chineses propõem aumentar o consumo privado para 50% em dez anos.

Nos últimos meses, Pequim já anunciou diversas medidas neste sentido, tais como subsídios ao consumo, aumentos de aposentadorias e auxílios para cuidados de crianças, além de modestas melhorias na seguridade social. Para o analista Alexander Brown, do Merics, está claro que tais ações foram praticamente “forçadas” diante de problemas como a mudança demográfica, excesso de capacidade produtiva e queda nas exportações. “Acredito que medidas desse tipo – ainda que não muitas – continuarão a surgir repetidamente nos próximos cinco anos. ”

Larry Hu, economista-chefe para a China do Macquarie Group, afirma que somente em um modelo de crescimento orientado pelo consumo poderiam ser criado empregos suficientes em setores de serviço altamente qualificados e bem remunerados, para os quais milhões de jovens chineses foram treinados. “Se depender exclusivamente da demanda externa, sem estimular o consumo interno, a China enfrentará desemprego e deflação. Se essa situação durar apenas um ou dois anos, é suportável. Mas a longo prazo, ela definitivamente causará problemas”, disse à Reuters.

No entanto, Larry Hu acredita que Pequim só considerará estimular o consumo interno quando a demanda externa cair de forma tão acentuada a ponto de comprometer suas metas de crescimento.

Primeiro o topo do mundo; depois o consumo interno

Com os motores de exportação e infraestrutura vacilantes, impulsionar o consumo interno é mais urgente do que nunca. Mas isso não é nada barato, especialmente em um momento em que a margem de manobra fiscal de Pequim já é limitada devido à crise imobiliária, à alta dívida e à menor taxa de crescimento.

De acordo com o Citigroup, um dos principais bancos americanos, o governo chinês precisaria investir 20 trilhões de yuans (aproximadamente R$ 15 trilhões) nos próximos cinco anos para lidar efetivamente com o desequilíbrio entre oferta e demanda na economia chinesa. Essa quantia corresponde a 15% do Produto Interno Bruto chinês em 2024.

Alexander Brown prevê, portanto, que os governantes em Pequim provavelmente darão continuidade à sua atual estratégia econômica. “Eles continuarão priorizando o investimento de recursos em setores tecnológicos, onde há chances de alcançar a liderança global. A expectativa é que essas conquistas gerem muito dinheiro. Esse dinheiro — ou melhor, a arrecadação fiscal resultante — poderá então ser distribuído por todo o sistema econômico.”

Paralisação nos EUA deixa 60 mil profissionais da segurança aérea sem salário

 

Os 60.000 homens e mulheres responsáveis por manter os céus dos Estados Unidos seguros ficaram sem receber seus salários em função da paralisação do governo.

Sem um acordo de financiamento no horizonte, muitos serão forçados a recorrer às economias, a acumular dívidas no cartão de crédito ou a aceitar empregos de meio período para sobreviver, disseram vários funcionários federais.

A paralisação já dura três semanas e se aproxima rapidamente do momento em que dezenas de milhares de funcionários públicos que mantêm as filas de segurança em movimento e o tráfego aéreo seguro perderão o salário integral. Esses trabalhadores receberam seus últimos salários em meados de outubro, e esses cheques estavam com até dois dias de pagamento faltando.

“As pessoas estão dizendo: ‘Bem, quando eu sair do trabalho, vou usar o Uber, o DoorDash, o Lyft ou algo assim porque preciso colocar comida na mesa e tenho uma criança em casa'”, disse Neal Gosman, tesoureiro da Federação Americana de Funcionários do Governo Local 899 em Minnesota, um sindicato que representa os trabalhadores da Administração de Segurança nos Transportes (TSA, na sigla em inglês).

Gosman, que também trabalha meio período como agente de segurança de transportes, além de suas funções sindicais, disse que recebeu cerca de 60% de seu salário normal da TSA no último contracheque, mas que um colega de trabalho ganhou apenas US$ 6,34.

Na quinta-feira, muitos controladores de tráfego aéreo serão notificados sobre quanto receberão na terça-feira da semana que vem. Muitos não esperam por pagamento algum.

A autoridade que opera o Aeroporto Internacional de Minneapolis-St. Paul planeja instalar uma plataforma para fornecer alimentos não perecíveis aos funcionários federais, como fez durante a paralisação do governo em 2018-19, de acordo com o porta-voz John Welbes. Se a paralisação se estender até novembro, a autoridade está considerando oferecer almoços embalados.

Mas isso não será suficiente. Um agente da TSA no Aeroporto de Dallas-Fort Worth, que pediu para ser identificado apenas como M., disse que fará um empréstimo de US$3.000 para ajudar a cobrir suas despesas.

“O empréstimo será para pagar as prestações do carro e o novo apartamento, porque não posso mais pagar o atual por causa de tudo o que está acontecendo”, disse M., que não quis ter seu nome completo divulgado devido a preocupações sobre ser demitido por se manifestar.

Em 2019, durante uma paralisação de 35 dias, o número de faltas de controladores de tráfego aéreo e agentes da TSA aumentou devido ao atraso nos salários, o que aumentou o tempo de espera dos passageiros nos pontos de controle do aeroporto.

As autoridades foram forçadas a reduzir o tráfego aéreo em Nova York, o que pressionou os legisladores a encerrar rapidamente o impasse.

No 31º dia de paralisação, 10% dos funcionários da TSA ligaram dizendo que estavam doentes — o triplo da taxa normal de ausência.

Na semana passada, o Departamento de Transportes dos EUA divulgou informações sobre como fazer doações de alimentos, roupas e outros itens para os mais de 50.000 agentes da TSA em todo o país, que ganham em média US$40.000 por ano. As diretrizes determinam que doações como donuts, pizza e café são permitidas, mas não em dinheiro, e que as pessoas nunca devem fazer doações em um posto de controle.

Os colegas republicanos do presidente dos EUA, Donald Trump, detêm maioria em ambas as casas do Congresso, mas precisam de pelo menos sete votos democratas para aprovar um projeto de lei de financiamento no Senado.

Os democratas defendem a continuidade e a expansão dos subsídios para pessoas que compram planos de saúde por meio do Affordable Care Act (Lei de Assistência Médica Acessível). Outra votação para aprovar um projeto de lei de gastos do governo é esperada para quinta-feira.

“Estou mais decepcionado por não haver negociações verdadeiras acontecendo”, disse outro agente da TSA em Dayton, Ohio, acrescentando que não entende por que o Congresso está jogando “xadrez político” com seu salário.

China supera EUA como principal parceiro comercial da Alemanha

 

A China ultrapassou os Estados Unidos como o maior parceiro comercial da Alemanha nos primeiros oito meses de 2025, recuperando o primeiro lugar uma vez que as tarifas mais altas pesaram sobre as exportações alemãs para os Estados Unidos, mostraram dados preliminares do escritório de estatísticas alemão.

As importações e exportações alemãs com a China totalizaram 163,4 bilhões de euros de janeiro a agosto, enquanto o comércio com os EUA totalizou 162,8 bilhões de euros, de acordo com cálculos da Reuters.

Contêineres no Porto de Nanjing, na província de Jiangsu, no leste da China – AFP


Maior parceiro da Alemanha passa de EUA para China

Os EUA foram o principal parceiro comercial da Alemanha em 2024, encerrando uma sequência de oito anos para a China. A mudança ocorreu quando a Alemanha procurou reduzir sua dependência da China, com Berlim citando diferenças políticas e acusando Pequim de práticas injustas.

No entanto, a dinâmica comercial mudou novamente este ano, com o retorno de Donald Trump à Casa Branca e suas tarifas.

As exportações alemãs para os Estados Unidos caíram 7,4% nos primeiros oito meses do ano em comparação com 2024, para 99,6 bilhões de euros. Em agosto, as exportações para os EUA tiveram queda de 23,5% em relação ao ano anterior, mostrando que a tendência está acelerando.

“Não há dúvida de que a política tarifária e comercial dos EUA é uma razão importante para o declínio nas vendas”, disse Dirk Jandura, presidente da associação de comércio exterior BGA.

Jandura disse que a demanda dos EUA por produtos clássicos de exportação alemã, como carros, máquinas e produtos químicos, recuou.

Com a ameaça contínua de tarifas e o euro mais forte, é improvável que as exportações alemãs para os EUA se recuperem tão cedo, disse Carsten Brzeski, chefe global de macro do ING.

Bandeiras da China e dos Estados Unidos
Bandeiras da China e dos Estados Unidos – Foto: AFP (Crédito:AFP)

Aumento das importações da China

As exportações para a China caíram de forma ainda mais acentuada do que as exportações para os Estados Unidos, recuando 13,5% nos primeiros oito meses de 2025 em relação ao ano anterior, para 54,7 bilhões de euros.

Em contrapartida, as importações da China aumentaram 8,3%, para 108,8 bilhões de euros.

“O novo boom de importações da China é preocupante”, disse Brzeski. “Especialmente porque os dados mostram que essas importações são feitas a preços de dumping.”

Ele alertou que isso não só aumentou a dependência alemã em relação à China, mas também pode aumentar o estresse em setores importantes nos quais a China se tornou um grande rival.

“Na ausência de dinamismo econômico no país, alguns na Alemanha podem agora estar preocupados com quaisquer mudanças nos mercados mundiais”, disse o economista do Berenberg Salomon Fiedler.

China e Estados Unidos travam uma guerra comercial com tarifas de importação elevadas – AFP

PlatôBR: os planos B e C de Haddad caso o Congresso não aprove pacote para tapar rombo

 

 

Antonio Temóteo - do PlatôPRi


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixou claro nesta terça-feira, 21, que já tem um plano B e um plano C caso o Congresso não aprove os dois projetos de lei enviados pelo governo para tentar reduzir despesas e elevar receitas.

Os textos em parte repetem o conteúdo da medida provisória nº 1.303, derrubada pela Câmara, que tributava aplicações financeiras. O objetivo do governo é tapar o rombo de cerca de R$ 35 bilhões aberto pela derrubada da MP.

+ O que está na mesa de Haddad

O plano B prevê o contingenciamento de emendas parlamentares em 2025 e 2026. Segundo Haddad, o número de R$ 7 bilhões previsto inicialmente por técnicos do governo está subestimado e o congelamento dos recursos que os parlamentares distribuem para os estados pode ser ainda maior.

O plano C do ministro da Fazenda prevê reeditar no próximo ano uma MP com as propostas que agora reenvia ao Congresso na forma de projeto de lei. Como a MP 1.303 caducou, não pode ser reeditada no mesmo ano. Em 2026, entretanto, isso pode ser feito.

Leia mais no PlatôBR

Vale tem maior produção de minério de ferro desde 2018

 

A Vale registrou entre julho e setembro sua maior produção trimestral de minério de ferro desde 2018 e afirmou nesta terça-feira, 21, que está no caminho para atingir a faixa superior da meta para o ano em seus três principais negócios.

Uma das principais mineradoras de ferro do mundo, a Vale apurou produção de 94,4 milhões de toneladas da commodity entre julho e setembro, um aumento de 3,8% em relação ao ano anterior, com impulso de um novo recorde trimestral da mina S11D, no Pará, e pelo avanço dos principais projetos.

“A Vale apresentou um forte desempenho operacional no terceiro trimestre. No minério de ferro, a produção atingiu seu maior nível desde 2018 e a realização de preços melhorou, refletindo a execução bem-sucedida da nossa estratégia de portfólio de produtos”, afirmou a companhia em relatório de produção e vendas.

A Vale planeja produzir entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas de minério de ferro em 2025, reafirmou a empresa. Nos primeiros nove meses do ano, a produção da mineradora foi de 245,7 milhões de toneladas do material.

Segundo a empresa, seus negócios de minério de ferro, cobre e níquel “estão progredindo em direção ao limite superior do ‘guidance’ de produção para 2025”.

Em S11D, a Vale produziu 23,56 milhões de toneladas no terceiro trimestre, alta de 6,7% na comparação com mesmo período de 2024, com suporte de melhorias contínuas de desempenho e na confiabilidade dos ativos, disse a empresa.

As vendas de minério de ferro da companhia, por sua vez, cresceram 5,1% na mesma comparação, para 86 milhões de toneladas, com melhora da realização de preços, suportada por prêmios mais elevados de finos de minério de ferro.

Do total, as vendas de finos de minério de ferro somaram 75 milhões de toneladas, alta de 8,2% ante o mesmo período do ano passado. O preço médio realizado dos finos da companhia foi de US$94,4 por tonelada entre julho e setembro, alta de 4,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Por outro lado, a produção de pelotas da Vale no terceiro trimestre totalizou 8 milhões de toneladas, queda de 22,8% versus igual período do ano anterior, refletindo as condições de mercado, segundo a Vale.

As vendas de pelotas caíram 13,5% no terceiro trimestre versus o mesmo período do ano passado, para 8,8 milhões de toneladas.

NÍQUEL E COBRE

Do lado dos metais básicos, a produção de cobre totalizou 90,8 mil toneladas no terceiro trimestre, alta de 6% ante o mesmo período do ano passado, devido principalmente à produção “consistente” de Salobo e maiores volumes de concentrado provenientes de Voisey’s Bay e Sudbury, no Canadá.

Já a produção de níquel totalizou 46,8 mil toneladas, com variação praticamente estável na mesma comparação e produção recorde na refinaria de Long Harbour, compensando a manutenção realizada na refinaria de Copper Cliff, em Sudbury.

Vale a pena investir em ações de empresas em recuperação judicial?

 

Quando uma empresa entra em recuperação judicial ou extrajudicial, o investidor precisa redobrar a atenção. Esses processos são mecanismos legais que permitem às companhias renegociar dívidas e tentar evitar a falência, mas também trazem implicações importantes para quem possui ou pretende adquirir ações dessas empresas. Entender como funcionam esses procedimentos, quais são os riscos envolvidos e o que observar antes de tomar decisões é essencial para investir com mais segurança e consciência.

Isso traz impactos para o investidor, que precisa avaliar a situação, as oportunidades e os riscos antes de decidir pela compra ou venda das ações.

O que é a recuperação judicial e extrajudicial?

“Primeiro, precisamos entender um processo de recuperação judicial ou extrajudicial é um meio que as empresas têm de evitar sua falência. Esse processo permite que as companhias suspendam e negociem parte de suas dívidas, evitando encerrar suas atividades”, diz Arnóbio Durães, professor da FIA Business School.

E há diferenças entre os processos de recuperação judicial e extrajudicial, explica Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial e Direito Societário. “Na extrajudicial, a empresa devedora já faz um acordo com alguns dos credores, às vezes consegue estender o prazo ou reduzir juros, por exemplo, e depois leva o acordo assinado para o juiz homologar”, diz. Se o pedido não for aceito ou se a empresa vier a ter mais problemas posteriormente, ainda há a possibilidade de entrar com o pedido de recuperação judicial.

Na recuperação judicial, a companhia inicia o processo na Justiça antes de fazer o acordo com os credores. “Ela vai apresentar um plano de recuperação a ser deliberado pelos credores em assembleia, e você entra em uma zona de incerteza maior”, diz.

Vale a pena investir em empresas em recuperação judicial?

“Investir em ações de empresas que estão em recuperação é uma oportunidade, porque os preços desses ativos normalmente são muito baixos, com potencial de expressiva valorização”, diz Durães. Isso pode ocorrer caso a empresa consiga se reestruturar, pagar suas dívidas e voltar a operar normalmente. Por outro lado, há “riscos consideráveis” de que esse cenário não se concretize, diz o professor, “o que exige prudência e profundo conhecimento do mercado”.

Ou seja: se a empresa conseguir se reerguer depois da recuperação judicial ou extrajudicial, suas ações podem se valorizar, o que pode trazer grandes lucros para quem comprar na baixa. Mas o risco de perder o valor investido também existe, e é maior do que se comparado à compra de ações de empresas sem problemas financeiros.

Se o investidor está pensando em comprar ações de uma empresa em recuperação, Durães alerta: “como o risco de perda total é alto, invista aquilo que não comprometa a segurança financeira, e diversifique em ativos e setores, para reduzir o risco total da carteira”.

Mas se a pessoa já tinha as ações e a empresa entrou em recuperação, é preciso analisar a carteira como um todo. Em primeiro lugar, o professor indica estudar e entender o momento da empresa e as razões que a levaram a ter dificuldades. “Se realmente se sentir confortável com essas informações e acreditar que é algo passageiro, avalie manter as ações”, desde que sabendo que a recuperação pode demorar. Caso o valor investido seja representativo na carteira, pode ser interessante vender as ações ou parte delas e realizar as perdas, para evitar um prejuízo ainda maior. “Tudo depende do contexto geral”, diz Durães.

Prazo de investimento é longo

Mesmo se a empresa tiver sucesso na reestruturação, todo esse processos pode demorar. Assim, o preço da ação pode levar anos até se recuperar.

“Investimento em renda variável já é de médio e longo prazo. Ainda mais no caso das empresas em recuperação, não espere nada de curto prazo, é no mínimo dois anos para cima”, diz Durães.

Risco de diluição de capital

Para quem já era acionista de uma empresa que entrou em recuperação, há ainda o risco ver sua participação na empresa ser diluída. Isso pode acontecer de duas formas: ou quando a empresa emite novas ações, com o objetivo de levantar capital, ou quando a empresa converte dívidas em ações, para reduzir o nível de endividamento.

“Se o aumento de capital da empresa dobrar o número de ações, todo mundo vai ter metade da participação que tinha. Mas por outro lado, o investidor pode ter sua participação diluída, mas em uma empresa que se salvou”, lembra Godke.

Mantenha-se informado sobre a situação da empresa

Informação é essencial para qualquer um que investe em renda variável, mas quando as empresas estão em recuperação judicial ou extrajudicial, é mais importante ainda manter-se atento às novidades.

‘Mona Lisa’ foi roubada do Louvre em 1911; relembre a história que deu fama ao quadro

 

Como quase todos os museus do mundo fecham nas segundas-feiras, o Louvre estava fechado em 21 de agosto de 1911. Somente uns poucos funcionário faziam trabalhos de manutenção e reforma nos salões do importante acervo artístico em Paris. Entre eles, o pintor de paredes Vicenzo Peruggia.

Sem testemunhas por perto, o italiano vai até a obra-prima de Leonardo da Vinci. Naquela época, o quadro Mona Lisa, de 1503, era conhecido apenas por alguns entendidos em arte, tanto que ocupava um lugar discreto no Louvre. Peruggia retirou a tela da moldura e deixou o museu sem chamar a atenção. O roubo só se tornaria público no dia seguinte.

Dois anos depois, a informação de um comerciante de antiguidades levou a polícia de Florença à província de Como, no norte da Itália. Lá, o decorador Peruggia estava vendendo a pintura. Ao ser detido, ele confessou o crime e o justificou com um motivo incomum: patriotismo.

O pintor queria apenas levar de volta a seu país um dos maiores tesouros da arte italiana e, assim, vingar-se de Napoleão, que no século anterior teria confiscado a obra. Um engano de Peruggia, condenado a um ano e 15 dias de prisão.

Retrato foi vendido a rei francês

Na verdade, o próprio Da Vinci vendera o retrato Mona Lisa ao rei francês Francisco 1º, em 1516, por 4 mil táleres de ouro, um valor significativo para a época.

Reencontrada a pintura, especialistas do Louvre a levaram à Galleria degli Uffizi, em Florença, para verificar sua autenticidade. Eles identificaram o retrato como original. Desde então, Mona Lisa passou a ser bem vigiada. Hoje, a moça sorri para o público através de uma proteção especial.

O mistério de Mona Lisa e seu sorriso

Com seu “sequestro”, que quase provocou uma crise cultural na Europa, Mona Lisa tornou-se famosa em todo o mundo. Numerosos entendidos passaram a discutir cada detalhe da pintura. Eles remeteriam ao local onde Leonardo pintou a mulher e à identidade da retratada. Seria ela Isabella Gualanda, uma cortesã do Vaticano, ou realmente a esposa do mercador florentino Francesco del Giocondo, motivo pelo qual o quadro também é conhecido como La Gioconda?

Outros afirmaram tratar-se, na verdade, de um autorretrato de Da Vinci, enquanto em 1914 um estudioso francês defendeu a opinião de que Mona Lisa não deveria ser vista como uma florentina histórica, mas como uma representação artística idealizada, sem necessidade de identificação da pessoa.

Os entendidos são também implacáveis no debate sobre o sorriso de Mona Lisa. Dois médicos franceses o consideraram doentio. A mulher teria sofrido uma atrofia muscular. Outros viram uma paralisia facial e há ainda quem acredite em esquizofrenia. A artista canadense Suzanne Giroux enxergou na boca atrofiada as costas nuas de um belo rapaz, quando se gira a imagem a 90 graus, e fundamentou com isto sua tese de que Da Vinci teria tendência homossexual. Até mesmo o psicanalista Sigmund Freud intrometeu-se no debate e interpretou o sorriso como sendo inspirado no da mãe do pintor, falecida precocemente.

Que Leonardo tenha talvez simplesmente retratado uma moça sorridente parece profano demais para os especialistas oficiais e os assim autodenominados.

Não bastasse a discussão teórica sobre a modelo do mestre italiano, Mona Lisa foi reinterpretada também através de novas obras, inspiradas nela. Assim, Marcel Duchamps acrescentou à figura feminina um bigode idêntico ao do ditador soviético Josef Stalin. Já Salvador Dalí instalou sobre sua cabeça um capacete prussiano. Andy Warhol não aguentou. Para o artista pop, uma Mona Lisa é pouco, ele pintou 30.

Hoje, ela segue se multiplicando. E não só como obra de arte. Degradada a ícone da cultura kitsch, ajuda a vender roupas, queijos e cigarros. Já foi vista inclusive espiando os frequentadores do banheiro de um bar, pendurada numa parede. Os tempos em que Mona Lisa decorava apenas o quarto de Napoleão são mesmo páginas viradas da história.