sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Novas imagens mostram suspeitos fugindo do Louvre após assalto

 


Furto cinematográfico de nove joias da antiga monarquia francesa aconteceu no último domingo

Novas imagens mostram suspeitos fugindo do Louvre após assalto

SÃO PAULO, 23 OUT (ANSA) – Novas imagens divulgadas nesta quinta-feira (23) pelas autoridades francesas mostram dois suspeitos do assalto milionário ao Museu do Louvre, em Paris, fugindo com a ajuda de um elevador de carga. O furto cinematográfico de nove joias da antiga monarquia francesa, avaliadas em cerca de 88 milhões de euros (R$ 550 milhões), aconteceu no último domingo (19) e chocou o país.
Em menos de sete minutos, uma equipe de três ou quatro pessoas invadiu a Galeria Apollo, onde são mantidos os diamantes da Coroa e outras joias históricas, cometeu o crime e conseguiu fugir do museu mais visitado do mundo. Nos novos registros é possível ver o momento em que os suspeitos aparecem descendo pelo elevador de carga do lado de fora do Louvre, revelando uma frieza e facilidade com que executaram o crime.

 

 https://twitter.com/i/status/1981107012076278261

 

Segundo a investigação, os criminosos quebraram duas vitrines que exibiam joias da era napoleônica, roubaram nove peças, desceram pela escada e fugiram de moto. O elevador de carga usado na operação foi identificado como um equipamento da empresa alemã Böcker, que, dias após o crime, usou o episódio de forma irônica em uma campanha publicitária.

Até agora, apenas uma coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III ? adornada com 1,4 mil diamantes e esmeraldas ? foi encontrada danificada logo após o roubo. O Ministério Público da França continua investigando o caso. (ANSA).

 

 

André Esteves passa a controlar indiretamente mais de 80% da Estapar

 

 

 Atual participação de Esteves na Estapar estaria avaliada em cerca de R$ 660,6 milhões

 Estacionamento da Estapar
 
 

A rede de estacionamentos Estapar informou que a participação indireta do presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves, na empresa passará de 55,56% para 81,41% do seu capital social.

Em comunicado ao mercado enviado na noite de quinta-feira, a empresa explicou que o fundo Valbuena, cujo único cotista é André Esteves, adquiriu a totalidade das cotas do Riverside Fundo de Investimento em Participações.

André Esteves, do BTG Pactual (Crédito:Pedro Dias/AG. ISTOé)


Participação na Estapar estaria avaliada em R$ 660 mi

Segundo a Estapar, o fundo Riverside detinha 25,85% do capital social da rede de estacionamentos.

Considerando que a ação da companhia fechou o pregão de quinta-feira a R$ 3,70, a atual participação de Esteves estaria avaliada em cerca de R$ 660,6 milhões.

Estacionamento da rede Estapar
Estacionamento da rede Estapar – Foto: Divulgação (Crédito:Divulgação)

Empresa alemã usa roubo no Louvre para promover elevador de carga usado por ladrões

 

A empresa alemã Böcker, fabricante do elevador de carga usado pelos ladrões que assaltaram o Museu do Louvre, em Paris, no último domingo, 19, lançou uma peça publicitária nas redes sociais lembrando da participação do equipamento naquele que muitos já consideram o roubo do século.

“Quando é preciso agir rápido. O Böcker Agilo transporta seus tesouros de até 400 quilos a 42 metros por minuto, silencioso como um sussurro graças ao seu motor elétrico de 230 V”, diz a mensagem publicada pela empresa familiar, com sede em Werne an der Lippe, no oeste da Alemanha.

A frase acompanha uma foto da área isolada próxima ao Louvre onde foi encontrado o elevador. Veja abaixo:

Entre centenas de comentários em reação à publicação, parte dos internautas elogiou o marketing da empresa. Em tom jocoso, alguns pediram um aumento de salário para a equipe responsável, enquanto outros criticaram a piada sobre o crime.

Segundo o jornal The Guardian, a chefe de marketing e comunicação da empresa reconhece que o roubo foi um “ato repreensível”, mas que “depois que ficou claro que ninguém havia saído ferido, nós começamos a fazer algumas piadas e pensar juntos em slogans que achávamos engraçados”, disse.

Amostras de DNA e impressões digitais

Investigadores franceses estão analisando dezenas de amostras de DNA e impressões digitais após o roubo de joias à luz do dia, informou um promotor nesta quinta-feira.

Até “150 amostras de DNA, impressões digitais e outros indícios” foram identificados, disse a promotora parisiense Laure Beccuau ao jornal local Ouest France.

Ela disse que a análise é uma prioridade e que os resultados nos próximos dias devem fornecer pistas, especialmente se os culpados tiverem antecedentes criminais.

O Museu do Louvre estima em 88 milhões de euros (aproximadamente 550 milhões de reais) o valor das oito joias da coroa francesa roubadas na Galeria de Apolo por um grupo de quatro pessoas. Uma das joias foi recuperada pela polícia, após os criminosos deixarem ela cair na rua durante a fuga.

Ladrões fugiram 7 minutos depois de terem chegado

Para o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, o incidente mostra uma imagem “muito negativa” da França. “É certo que falhamos”, ele disse à rádio France Inter.

A diretora do museu, Laurence des Cars, chamou nesta semana o roubo de “uma ferida imensa”. Ela admitiu que a vigilância externa por câmeras de vídeo é um ponto fraco do esquema de segurança.

Com os rostos cobertos para não serem identificados, os ladrões chegaram na ala sul do Louvre, às margens do rio Sena, às 9h30 da manhã do horário local. Eles tinham duas motos e um caminhão equipado com um elevador de móveis do modelo Böcker Agilo, com o qual dois deles subiram até o primeiro andar.

Após abrirem um buraco no vidro e quebrarem as vitrines das joias, eles fugiram de moto sete minutos depois de terem chegado. O grupo tentou sem sucesso incendiar o caminhão e o abandonou ao lado do Louvre.

Scharwatz disse ainda ao The Guardian que, em 2020, a Böcker vendeu o elevador de carga móvel para uma companhia na região de Paris, que o aluga. Recentemente, o equipamento foi roubado durante uma demonstração de funcionamento para clientes interessados no aluguel.

Receita abre consulta a novo lote de restituição do IR 2025; veja se você está

 

A Receita Federal abriu nesta sexta-feira, 24, a consulta a novo lote residual de restituição do Imposto de Renda 2025. O lote de restituições de outubro do IR 2025 contempla 248.894 contribuintes e soma R$ 602.957.179,71. O pagamento será feito na próxima sexta-feira, 31 de outubro.

FAÇA AQUI A CONSULTA

“Esse lote contempla restituições de declarações 2025 transmitidas fora do prazo e com pendências solucionadas pelos contribuintes, além de restituições residuais de exercícios anteriores”, informou a Receita.

Para saber quem entrou no lote, o contribuinte deve acessar a página da Receita na internet, clicar em “Meu Imposto de Renda” e, em seguida, em “Consultar a Restituição”.

Quem entrou no lote de outubro

  • 6.627 restituições para idosos acima de 80 anos
  • 36.714 restituições para contribuintes entre 60 e 79 anos
  • 5.040 restituições para pessoas com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave
  • 10.871 restituições para contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério
  • 158.775 restituições para quem optou pela declaração pré-preenchida e/ou por receber a restituição via Pix
  • 30.867 restituições a contribuintes não prioritários

Como saber se caí na malha fina

Cair na malha fiscal (“malha fina”) não significa que sua declaração esteja errada, mas talvez você tenha que comprovar algumas informações declaradas.

Se for encontrada alguma diferença entre as informações declaradas por você e as informações apresentadas pelas outras entidades, sua declaração será separada para uma análise mais profunda. É o que se chama de malha fiscal, ou “malha fina” como é popularmente conhecida.

Para verificar a situação, os contribuintes devem acessar a página da Receita Federal na internet, clicar em “Meu Imposto de Renda” , e depois “Extrato do Processamento”. O contribuinte também pode fazer a consulta pelo e-CAC.

No item “Pendências de Malha”, o contribuinte pode verificar se sua declaração está em malha e também verificar qual é o motivo pelo qual ela ficou retida. Caso identifique alguma pendência, o contribuinte pode retificá-la, corrigindo as informações. Corrigindo o erro ou pendência, basta enviar uma declaração retificadora, pelo Programa Gerador da Declaração ou pelo aplicativo.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Cade determina que CSN pague multa R$ 128,7 mi no caso das ações da Usiminas

 Cade avalia como proteger mercado digital do domínio das ...

O tribunal Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou na sessão desta quarta-feira, 22, a aplicação de multa à CSN, no valor de R$ 128.072.893,45. A determinação atende decisão da Justiça de Minas Gerais, que determinou ao Cade a eliminação das pendências do caso em que a CSN teve de vender ações compradas da Usiminas.

O principal ponto da decisão judicial era justamente que a autarquia deveria apresentar apuração, quantificação e aplicação da multa contratual devida pela CSN. O valor de R$ 128,7 milhões foi atualizado pela Selic desde 1º de agosto de 2024 até a presente data. O montante será restituído aos cofres públicos.

A história teve início em 2014, quando o Cade deu à CSN um prazo de cinco anos para vender as ações compradas da Usiminas que excederem a fatia permitida de 5% do capital da empresa. Em 2019, quando o prazo venceria, a instituição retirou esse limite de tempo para a venda.

Foi nesse momento em que a Usiminas entrou com processo na Justiça mineira, que determinou ainda em 2023 que a CSN vendesse as ações que ultrapassavam a fatia de 5% na concorrente em até um ano, prazo que venceu em 10 de julho de 2024.

Visto que a CSN só anunciou a venda dessas ações em 2025, a desembargadora federal Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 6ª Região, determinou que na reunião de 22 de outubro, entre outras coisas, o Cade apresenta a aplicação da multa cabível à CSN pelo descumprimento do prazo.

Desde agosto, o Cade encaminhou a apuração da multa à área técnica responsável, que teria 5 dias para fazer os cálculos. No entanto, a área não encaminhou a medida sob o argumento de que as ações haviam sido vendidas em 2025. O entendimento foi de não estava configurada “qualquer hipótese de inadimplemento perante o Cade que ensejasse aplicação de multa ou adoção de medidas coercitivas adicionais”.

A desembargadora intimou pessoalmente o presidente do órgão antitruste, Gustavo Augusto, para que fosse apresentada na sessão desta quarta Nota Técnica Conclusiva, deliberação plenária e organização da documentação comprobatória do caso.

O relator, Victor Fernandes, destacou que a autarquia estava apenas cumprindo a decisão, pois o não cumprimento das determinações poderia ensejar a responsabilização dos conselheiros. “Trata-se aqui de um verdadeiro decreto judicial”, sustentou. Ele ainda disse que a situação é inédita. Ele apresentou voto conjunto com os conselheiros Diogo Thomson, Camila Cabral e José Levi.

O conselheiro-relator também disse que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) são “cortes que poderão se debruçar sobre a matéria e, eu diria, muito provavelmente terão encontro marcado com esse assunto, se assim forem provocados”. Ou seja, ele entendeu que a decisão do TRF-6 poderá ser revista. Ainda assim, Fernandes ressaltou que cabia a ele e aos colegas “simplesmente o cumprimento da decisão”.

O presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, e o conselheiro Carlos Jacques votaram pela não aplicação da multa administrativa, por entenderem que ela não seria cabível. Eles defendiam o cumprimento da decisão, ressalvando seu entendimento divergente em relação ao TRF-6.

O processo estava sob acesso restrito no Cade, que foi retirado pelo presidente ao proclamar o resultado.

O que disseram as empresas

Em nota enviada ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) no dia 10 de outubro, a Usiminas afirmou que o Cade já decidiu que a compra de ações da Usiminas ocorreu de forma ilegal e contrária à legislação brasileira.

“A CSN somente vendeu as ações por causa de ordem judicial após mais de 11 anos. Nesse contexto, a aplicação da multa prevista em lei é consequência lógica após o descumprimento pela CSN do acordo firmado com o CADE. A Usiminas esclarece que os recursos provenientes da referida multa serão destinados aos cofres públicos”, destacou.

Em nota, a CSN disse ter cumprido integralmente a obrigação de desinvestimento de ações de emissão da Usiminas, firmada em 2014 no Termo de Compromisso de Desempenho (TCD). A empresa alega que o cumprimento integral foi reconhecido pelo próprio Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que entendeu, por unanimidade, nesta quarta-feira, 22, que a participação acionária da CSN na Usiminas foi reduzida para 4,99% do capital votante, atendendo ao que foi estabelecido no TCD.

“Mesmo assim, por determinação monocrática da desembargadora Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), contra a qual ainda pendem recursos, o Tribunal do CADE determinou que seja aplicada uma multa administrativa, em contraposição à conclusão da área técnica da Superintendência-Geral do CADE e aos votos de dois conselheiros da autarquia, incluindo o do seu presidente, de que não havia qualquer hipótese de inadimplemento do TCD por parte da CSN que ensejasse aplicação de penalidade”, diz a nota da CSN.

Por fim, a empresa disse que adotará todas as medidas cabíveis para assegurar seus direitos por entender que a decisão da desembargadora do TRF-6 coagiu os conselheiros do CADE à aplicação de uma multa injusta à companhia, sob pena de desobediência.

Consórcio Infraestrutura PR vence Lote 4 do leilão de rodovias do Paraná

 

O Consórcio Infraestrutura PR venceu nesta quinta-feira, 23, o leilão do Lote 4 de rodovias do Paraná, com oferta de desconto sobre a tarifa máxima de pedágio definida no edital de 21,30%, em um avanço de um programa de concessões elaborado em parceria com o governo estadual.

O lote adquirido pelo consórcio engloba oito rodovias estaduais, três federais que passam por 33 cidades do estado e ficarão sob administração da empresa por 30 anos. O contrato prevê investimento de R$ 18,1 bilhões na duplicação de 231 km, 87 km de faixas adicionais, além de correções de traçado.

Além dos investimentos nas estradas, estão previstas a instalação de 74 passarelas, 174 pontos de ônibus, oito passagens de fauna, 18 barreiras acústicas e obras de modernização e segurança.

As rodovias no Paraná são alvo de uma série de leilões desde 2023, com cinco de seis lotes já leiloados. Segundo o governo federal, é o maior programa de privatização de rodovias do mundo em andamento.

Na Ásia, Lula reedita a política dos ‘campeões nacionais’

 

De um jeito diferente, a política dos campeões nacionais” está de volta, com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pegando pela mão grandes empresas nacionais e ajudando-as a ampliar seus negócios no exterior.

Foi esse, pelo menos, o espírito predominante na cerimônia em que o brasileiro foi recebido no palácio presidencial da Indonésia, em Jacarta, pelo presidente Prabowo Subianto. Como indicou o PlatôBR na véspera, depois de Lula e do anfitrião o protagonismo da solenidade ficou por conta dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da J&F, a holding sob a qual está a JBS, maior produtora de proteína animal do planeta, fundada há pouco mais de sete décadas em Goiás.

Os irmãos estiveram no centro de casos rumorosos na história recente do país, especialmente no governo de Michel Temer, passaram em seguida por um longo período de discrição e há dois anos começaram a retornar à ribalta nas relações com o mundo da política. Nesta quinta-feira, 23, eles foram os únicos empresários brasileiros a ter assento nos encontros solenes oficiais em Jacarta com o presidente indonésio, ao lado de ministros e outras autoridades dos dois governos.

E mais: entre os vários memorandos assinados com a Indonésia e apresentados com pompa na cerimônia de recepção a Lula no palácio do governo, sob as vistas do presidente brasileiro e de Subianto, três foram firmados diretamente pelas empresas da família Batista com o país asiático. A assinatura desses atos ocorreu junto com os demais que foram negociados entre o governo brasileiro e o governo indonésio, em diversas áreas – agricultura, ciência e tecnologia e minas e energia, entre outras.

A JBS irá montar, em parceria com o fundo soberano da Indonésia, uma grande operação no país do sudeste asiático que tende a transformá-la, em pouco tempo, na maior produtora e fornecedora de proteína animal do arquipélago – um passo dado com as bênçãos do governo Lula, de quem os irmãos Batista se reaproximaram desde o início do atual mandato do petista.

O plano é expandir a oferta de carnes pela JBS no país para muito além do que ela já tem atualmente, avançando para uma produção local em larga escala e aproveitando para usar também a planta industrial que a companhia brasileira já possui na Austrália, país próximo do arquipélago indonésio.

“A Austrália exporta 500, 600 mil cabeças por ano de gado vivo para cá. O Brasil, não. A Austrália é mais próxima daqui. E nós temos uma plataforma aqui próximo, uma plataforma importante para nós, que é a plataforma nossa da Austrália. Então, a gente pretende aproveitar a plataforma para fazer uma extensão do que nós temos na Austrália para o sudeste asiático”, disse Wesley Batista ao PlatôBR ainda no palácio presidencial, demonstrando entusiasmo com o novo passo em um dos países mais populosos do planeta. “Quando você olha essa região, tem 700 milhões de habitantes”, emendou, realçando o tamanho do mercado que agora se abre, de forma ainda mais escancarada.

Protagonismo explícito

Coube ao próprio Wesley Batista assinar a parceria com os indonésios durante a cerimônia, assim como fizeram, cada um em sua área, os ministros de Lula e de Subianto. Joesley, igualmente acomodado entre os ministros e quase sempre de sorriso aberto, aplaudiu. Pouco antes, em uma reunião liderada pelos dois presidentes e da qual participaram apenas autoridades de alto escalão dos dois governos, lá estavam eles também, sentados na ponta da mesa em um dos salões do Merdeka, o palácio de Subianto.

Outro acordo firmado pelo grupo dos irmãos Batista nesta quinta em Jacarta prevê uma parceria da Âmbar, empresa de energia da holding J&F, com o governo da Indonésia. Esse, especificamente, foi assinado pelo executivo José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem que chegou a ser preso nos Estados Unidos no curso das investigações sobre a Odebrecht, da qual a empresa era subsidiária. Grubisich foi contratado pelos irmãos Batista e ficará responsável por tocar a operação no sudeste asiático.

Esta nova viagem de Lula à Ásia, a quarta do atual mandato, tem por objetivo justamente ampliar os mercados para as empresas brasileiras em uma região que cresce economicamente a passos largos e é tida como um mercado estratégico pelas potências mundiais.

Não é a primeira vez que a exportação de proteínas ganha destaque especial na agenda do presidente da República. Na viagem que fez ao Japão e ao Vietnã, no primeiro semestre deste ano, Lula priorizou negociações para liberar barreiras sanitárias impostas pelos países para a importação de carne de frigoríficos brasileiros – uma pauta de interesse direto da JBS, que àquela altura também tinha executivos seus entre os integrantes da comitiva.

‘Campeões 3.0’

Em seus dois primeiros mandatos (2003-2006 e 2007-2010), Lula pôs em curso a chamada política dos “campeões nacionais”, que tinha o objetivo expresso de ajudar empresas brasileiras a se tornarem grandes no mercado internacional, em muitos casos com financiamento facilitado pelo governo federal.

A JBS foi uma das beneficiárias e esse empurrão acabou sendo determinante para a expansão do grupo familiar fundado em meados do século passado pelo pai de Joesley e Wesley, José Batista Sobrinho. Nesta quinta, indagado se a companhia estaria de novo ganhando um empurrão de Lula com uma versão revisitada da política dos “campeões”, Wesley Batista negou. “Não necessariamente tem a ver com nada de governo do lado brasileiro”, desconversou o empresário, com o argumento de que os acordos assinados foram negociados diretamente com os indonésios. “O governo local quer desenvolver a indústria local”, disse.

Nas conversas com o governo de Prabowo Subianto, Lula costurou mais negócios que devem beneficiar outras empresas brasileiras, entre elas a Embraer, com o possível fornecimento de aviões civis e militares ao país. A Força Aérea da Indonésia já tem aviões de caça Super-Tucanos fabricados pela empresa brasileira e tem interesse de aumentar a frota. Também há possibilidade de comprar jatos para uso civil. As negociações estão em curso.

Honras de Estado

Lula foi recebido pela manhã no palácio presidencial em Jacarta com pompa e circunstância. Chegou ladeado por uma guarnição da cavalaria das Forças Armadas indonésias especialmente trajada para ocasiões especiais e passou tropas em revista. O governo local levou para a cerimônia representantes de comunidades tradicionais do arquipélago. Mais de uma centena de estudantes de escolas públicas de Jacarta agitavam bandeirinhas do Brasil e da Indonésia. Depois, o presidente teve conversas reservadas com Subianto no interior do palácio, cujos salões suntuosos revestidos em mármore são decorados por lustres de cristal e adornos dourados. O encontro a sós com líder indonésio duraria meia hora e acabou se estendendo para o triplo do tempo previsto.

Quando os dois apareceram para fazer uma declaração conjunta à imprensa, Lula surpreendeu ao improvisar e disse – pela primeira vez sem qualquer ressalva – que será candidato à reeleição no ano que vem. “Vou disputar o quarto mandato no Brasil”, afirmou, arrancando aplausos efusivos de Subianto e dos demais presentes. Até então, Lula tratava da possibilidade de candidatura sempre na condicional, dizendo que tudo irá depender de como estará sua saúde, por exemplo.

Trump e temas sensíveis

Embora esteja buscando superar a crise aberta com o governo de Donald Trump, na mesma declaração à imprensa o presidente brasileiro tocou em temas que costumam desagradar o norte-americano e seu governo. Na presidência temporária do Brics, o grupo de países em desenvolvimento que busca fazer frente à hegemonia dos Estados Unidos na política global, ele enalteceu a importância do alinhamento entre as nações do chamado “Sul Global” para enfrentar desafios comuns do atual cenário geopolítico – ainda que indiretamente, Lula mencionou o aumento de tarifas imposto por Trump a vários países, incluindo o Brasil e a própria Indonésia.

O presidente brasileiro ainda passou por outro assunto que incomoda o governo norte-americano: o plano de países dos Brics de fazer negócios entre si nas próprias moedas, driblando o dólar nas transações. “O que está acontecendo nesse momento na política e na economia demonstra que, cada vez mais, nós precisamos discutir as similaridades que existem entre os nossos dois países para que a gente possa, cada vez mais, fazer crescer a nossa relação comercial, a nossa relação científica e tecnológica, a nossa relação cultural, a nossa relação política, para que, cada vez mais, a gente seja menos dependente”, declarou.

“Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo”, afirmou Lula na sequência. “Indonésia e Brasil não querem uma segunda Guerra Fria. Nós queremos comércio livre. E, mais ainda: tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar”, disse.

Encontro na Malásia

As declarações foram feitas num momento em que o Planalto e a Casa Branca trabalham intensamente para que Lula e Trump se encontrem ainda durante esta viagem do presidente brasileiro à Ásia. Os dois são convidados da reunião de cúpula da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático, que ocorrerá a partir do fim de semana em Kuala Lumpur, capital da Malásia, para onde Lula seguirá assim que deixar Jacarta nesta sexta-feira, 24.

Tudo está ajustado para que a reunião aconteça no domingo, 27. O governo brasileiro evita confirmar oficialmente porque sempre existe a possibilidade de mudanças nos planos, especialmente em se tratando de Trump. Como o PlatôBR informou, o encontro já tem até horário: 18 horas de sexta, 7 da manha no fuso de Brasília, segundo fontes a par do assunto – essas mesmas fontes, porém, insistem na ressalva de que até lá o combinado pode mudar.

Banquete no palácio

À noite, Lula pôs uma batik, vestimenta estampada típica da Indonésia, para ir o banquete oferecido a ele e à comitiva brasileira por Prabowo Subianto. O banquete era parte da programação da visita de Estado. Os demais integrantes da comitiva também foram vestidos a caráter, com batiks que ganharam de presente dos indonésios. Na festa, como havia anunciado mais cedo, Subianto aproveitou para comemorar o próprio aniversário e o de Lula – o dele foi no último dia 17 e o do presidente brasileiro será na próxima segunda, 27, data que ele realmente considera, embora tenha o dia 6 de outubro registrado na certidão.

Houve parabéns, com direito a bolo. Três bandas se apresentaram, com música brasileira incluída no repertório. Janja dançou. Prabowo também. O presidente Lula foi homenageado pelos indonésios com imagens que repassaram a sua vida em revista, desde a infância no interior de Pernambuco até os tempos de líder metalúrgico no sindicato do ABC Paulista. Empresários que acompanham a comitiva, incluindo os irmãos Batista, também estavam entre os convidados.

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