segunda-feira, 10 de novembro de 2025

PlatôBR: Frente Parlamentar Nuclear pede conclusão de Angra 3, após estudo do BNDES

 

Com o novo estudo do BNDES apontando que abandonar Angra 3 custaria mais caro do que concluí-la, aumentou a cobrança por uma decisão do governo. O deputado Julio Lopes, do PP do Rio de Janeiro, defendeu que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) precisa deliberar a questão ainda em novembro.

“Não dá mais para postergar”, afirmou o presidente da Frente Parlamentar da Tecnologia Nuclear.

O relatório entregue ao Ministério de Minas e Energia mostra que encerrar o projeto representaria uma perda de R$ 22 bilhões a R$ 26 bilhões, valor superior ao necessário para concluí-lo, estimado em R$ 24 bilhões. A Eletronuclear estima a entrada em operação comercial da usina em 2033.

Segundo o estudo, a tarifa de equilíbrio ficaria entre R$ 778 e R$ 817 por MWh, abaixo do custo médio das térmicas de grande porte, reforçando a competitividade da energia nuclear. O projeto já consumiu cerca de R$ 12 bilhões e custa R$ 1 bilhão por ano apenas para ser mantido. Desde o esgotamento dos recursos da ENBPar em 2024, a Eletronuclear tem usado receitas das usinas Angra 1 e 2 para sustentar o empreendimento.

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COP30: financiamento, transição e adaptação são centro das negociações

 Ficheiro:COP30 Official Logo.png – Wikipédia, a enciclopédia ...

A partir desta segunda-feira (10), Belém passa a ser a capital temporária do Brasil, mas será principalmente o centro mundial das negociações sobre mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas, e os investimentos necessários para atingir esses objetivos. A 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) prossegue até o próximo dia 21 de novembro. Realizada pela primeira vez na Amazônia – bioma com a maior biodiversidade do planeta e um regulador do clima global -, a COP30 tem o enorme desafio de recolocar o tema das mudanças climáticas no centro das prioridades internacionais.

Delegações de 194 países mais a União Europeia (UE) se inscreveram para participar, segundo informações da presidência da COP30. A capital paraense estima receber mais de 50 mil visitantes, entre negociadores diplomáticos, observadores, cientistas, representações de governos, organizações da sociedade civil e movimentos sociais.

O evento ganhou impulso, nos últimos dias, com a realização, também em Belém, da Cúpula do Clima, com a presença chefes de Estado, de governo e representantes de alto nível de cerca de 70 países. Anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou engajar as nações em torno do consenso para ações práticas que possam frear o risco iminente de o planeta passar a conviver de forma permanente com temperaturas 1,5ºC.

 “A COP30 é a COP da verdade”, destacou o líder brasileiro, que reafirmou, em diferentes momentos, a urgência da necessidade de financiamento para adaptação e transição energética, de se afastar de forma planejada e acelerada da dependência dos combustíveis fósseis.

“A cúpula de líderes foi bastante positiva porque tocou num ponto que é fundamental, quando a gente discute clima, que é o fim do uso de combustíveis fósseis. O presidente Lula disse que quer ver, no fim da conferência, os países acordando um mapa do caminho, uma espécie de roteiro de como a gente vai fazer a transição, porque ela não vai acontecer da noite para o dia. Como essa transição vai acontecer? Quais países começam primeiro? Qual é a linha de tempo disso, o tamanho do esforço, quanto de financiamento? Esse recado foi fundamental”, afirma à Agência Brasil o secretário executivo da Observatório do Clima, Márcio Astrini. O Observatório do Clima é uma rede da sociedade civil brasileira, com mais de 130 integrantes, entre organizações ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais para debater e pressionar por ações de mitigação e adaptação à crise climática.

O representante do Observatório do Clima, Márcio Astrini, diz que fim dos uso de combustíveis fósseis é discussão fundamental – Foto José Cruz/Agência Brasil

O uso de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, representa 75% das emissões de gases que causam o efeito estufa e aumentam a temperatura do planeta, segundo dados da plataforma Climate Watch. Em seguida, aparecem agricultura (11,7%), resíduos (3,4%), processos industriais (4%), desmatamento e mudanças de uso da terra e das florestas (2,7%).

Conjuntura desafiadora

Apesar desse quadro, a urgência da agenda climática nunca esteve tão em xeque, em meio a conflitos armados persistentes, a saída dos Estados Unidos (EUA) do Acordo de Paris – com retorno da postura negacionista sobre o tema -, e até um repique no aumento das emissões de gases de efeito estufa ocorrido ano passado, especialmente por causa das emissões de CO2, o principal poluidor da atmosfera.

Até o momento, menos de 80 países atualizaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês). As NDCs são metas de mitigação, ou seja, compromissos adotados pelos países para redução de emissões de gases de efeito estufa, e foram implementadas desde o Acordo de Paris, há exatos 10 anos. Juntas, as NDCs publicadas respondem por 64% das emissões globais. Entre os países que mais emitem esses gases, EUA (antes da posse de Donald Tump), China e União Europeia apresentaram suas metas, mas a Índia, terceira maior emissora, ainda não entregou. Países que representam mais de um terço das emissões globais seguem sem atualizar seus compromissos.

“A gente não sabe o que os países prometeram fazer, porque eles não entregaram essas promessas. Então, você esperava que eles apresentassem ali durante a cúpula, pelo menos alguns deles, mas as promessas não vieram e isso daí foi um lado muito ruim”, critica Márcio Astrini.

Em sua décima e última carta à comunidade internacional, divulgada no sábado (9), o presidente-designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, fez um chamado aos países para que Belém se torne “um ciclo de ação” no enfrentamento da crise climática. Para o embaixador, este é o momento de implementar uma agenda de mudanças focada na união e na cooperação.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, na abertura da Pré-COP30 – Foto Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Ao longo do último ano de preparação, uma série de discussões prévias buscou alinhar a convergência entre os países, como a Conferência de Bonn, em junho, na Alemanha, e a Pré-COP, em Brasília, realizada no mês passado. Vale lembrar que os pactos nas COP por consenso, entre as 198 partes da Convenção do Clima e do Acordo de Paris, tornam o processo negociador extremamente completo.

Adaptação e transição

Na avaliação de negociadores, três temas deverão guiar as negociações da conferência: adaptação climática, transição justa e a implementação do Balanço Global do Acordo de Paris (GST, na sigla em inglês).

A adaptação se refere à forma como cidades e territórios devem se preparar para lidar com eventos climáticos extremos, como o tornado que destruiu Rio Novo do Iguaçu, no interior do Paraná. Nesse caso, a COP30 deve definir indicadores para o Objetivo Geral de Adaptação Climática, uma forma de medir o progresso dos países.

O tema da transição justa deve ganhar um programa de trabalho oficial na estrutura da COP, com diretrizes para a implementação de políticas que atendam às pessoas impactadas pela transição rumo a economias de baixo carbono. Nesse caso, somado ao tema da transição energética, a meta é criar condições para que trabalhadores impactados pelas transformações em setores poluidores, por exemplo, tenham condições de atuar em novas áreas da economia.

A outra prioridade é a implementação do Balanço Global do Acordo de Paris. O primeiro foi há dois anos, na COP28, em Dubai, e apresentou uma série de recomendações para orientar os países na superação dos desafios da mudança do clima e no combate ao aquecimento global.

Financiamento

Além de todas as questões práticas está o gargalo do financiamento, sem o qual a guinada necessária para que o planeta possa consolidar uma economia de baixo carbono será inatingível. Essa é a principal armadilha nas negociações da COP30, avalia Márcio Astrini, do Observatório do Clima.

“Os países ricos, há muito tempo, prometeram que iriam colocar dinheiro em cima da mesa. Eles são os que mais devem dentro dessa conta do clima e prometeram financiar uma saída para que os países pudessem ali se desenvolver, sem perder sua economia, sem gerar pobreza, implementando novas tecnologias. Só que o dinheiro prometido para fazer essa transição nunca apareceu, na verdade. E isso gerou uma crise de confiança, que piorou na última conferência do clima [a COP29, em Baku, no Azerbaijão]”.

Para tentar impulsionar a resolução desse problema, foi apresentado um plano estratégico com o objetivo de viabilizar US$ 1,3 trilhão por ano de financiamento climático. Elaborado pelas presidências da COP29 e COP30, o documento batizado de “Mapa do Caminho de Baku a Belém” foi apresentado na última semana para tentar dar contornos mais concretos sobre como materializar esses recursos 

Fundo Florestas Tropicais para Sempre tem aportes prometidos de mais de US$ 5,5 bilhões – Frame TV Brasil

Na agenda de ação brasileira, um dos instrumentos financeiros prioritários é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Lançado na última quinta-feira (6) durante a Cúpula do Clima, o projeto conta com aportes prometidos de mais de US$ 5,5 bilhões para financiar a manutenção e proteção das florestas tropicais presentes em cerca de 70 países. Ao menos 20% desses recursos deverão ser destinados a comunidades tradicionais e povos indígenas.  

Sociedade civil

Se o resultado das negociações da COP30 ainda são incertos, a conferência certamente será marcada por uma exuberante participação da sociedade civil brasileira e internacional. Muito além da Zona Azul (Blue Zone), onde ocorrerão os eventos oficiais e o acesso é restrito a negociadores e pessoal credenciado, uma série de atividades espalhadas por toda a cidade pretende mobilizar a atenção em torno de diversas facetas da questão climática. O epicentro será a Zona Verde (Green Zone), a área pública da COP30, de entrada gratuita, que também fica no Parque da Cidade, em Belém.

O espaço é administrado pelo governo federal, mas sociedade civil, instituições públicas e privadas, comunidades tradicionais, juventude e demais atores não governamentais poderão se conectar, dialogar e apresentar projetos de tecnologia e inovação em soluções para a crise climática. É também um espaço de convivência e lazer gratuito par a população. No Pavilhão do Círculo dos Povos, por exemplo, povos indígenas, comunidades tradicionais, pequenos agricultores e outras populações consideradas essenciais na proteção dos biomas, terão uma extensa agenda. A COP30 deverá receber a maior mobilização indígena da história de todas as outras edições, com mais de 3 mil pessoas.

“Clima não é conversa de ambientalista ou de diplomata. Clima tem a ver com o nosso dia a dia – quando sobe o preço do café, por exemplo, é porque a safra, o plantio, teve prejuízo no Brasil, na Indonésia, no Vietnã, por questões climáticas. Quando a gente tem a tarifa vermelha [na conta de luz], é porque não choveu direito no local certo, as hidrelétricas não foram abastecidas, a energia ficou mais cara. Clima é uma coisa que tem a ver com o nosso prato de comida, com o nosso dia a dia”, diz Márcio Astrini, ao celebrar a ampla participação social prevista nesta COP.

“Essa já é a COP vitoriosa, porque o fato de ser realizada no Brasil movimentou diversos setores, muitos deles que nunca tinham conversado, se aproximado da agenda de clima, pessoal da religiosidade, do movimento negro, nós tivemos juízes, a área da saúde, da educação, são muitos movimentos que foram ficando mais próximos, mais íntimos do problema, se apropriando mais da agenda do clima”.

Outro grande destaque em Belém será a Cúpula dos Povos, de organização autônoma dos movimentos sociais, que começa na quarta-feira (12) na Universidade Federal do Pará (UFPA). Uma barqueata no Rio Guamá, que banha a capital paranese, deve dar início à mobilização. O evento vai reunir movimentos sociais, indígenas, quilombolas e ribeirinhos de mais de 62 países para discutir uma transição justa do clima. No sábado (15), uma grande marcha dos povos pelas ruas de Belém também está prevista.

O coordenador executivo da APIB, Dinamam Tuxá, diz que acodos firmados devem ser cumpridos – Foto Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

“Em todas as COPs, saíram acordos que não foram cumpridos na sua totalidade. O que precisamos é que esses acordos firmados, de fato, sejam efetivados e cumpridos. E chamar quem de fato lida com a proteção territorial, a preservação e a conservação para a mesa de negociação. De igual para igual”, afirma Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

O que a COP30 tem que entregar para não fracassar e o que está no centro das negociações

Na sede que vai abrigar as próximas duas semanas de Conferência do Clima da ONU, a partir desta segunda-feira, 10, as obras ficaram prontas a tempo. O Parque da Cidade de Belém nasceu do zero a um custo estimado de quase R$ 1 bilhão para receber a 30° rodada de negociações diplomáticas.

Dentro dos prédios mais caros construídos como parte dos preparativos paraenses são aguardadas decisões para deixar a vida da humanidade mais adaptada a um planeta que aquece. Elas serão tomadas na zona azul, centro diplomático da COP30 onde as negociações acontecem em salas fechadas e as credenciais são mais concorridas.

Não se sabe bem o que sairá de concreto. Se a métrica de avaliação for limitar o aquecimento do planeta a 1,5 °C a missão será praticamente impossível, prevê Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.

“Os países não podem só jogar para a frente. Não é sobre daqui a dez anos, não é sobre 2050 – é sobre o que a gente está fazendo agora, já que estamos muito perto de 1,5 °C”, argumenta, lembrando que a edição atual marca os dez anos do Acordo de Paris, que estabeleceu a meta global para limitar o aquecimento do planeta a este patamar.

O tornado que matou seis pessoas e arrasou uma cidade pequena na outra ponta do país, no Paraná, é também um lembrete do tipo de evento extremo que será mais frequente no planeta com temperatura média em ascendência.

Antes de chegar a Belém, Joab Okanda, um observador da COP do Quênia, viu mais de trinta pessoas morrerem vítimas de um deslizamento de terra provocado pelas tempestades cada vez mais frequentes na região onde vive. “O governo está tendo que tirar dinheiro que iria construir hospitais, por exemplo, para responder às emergências. Nós estamos agora constantemente em crise”, explica.

Zona liberada para o greenwashing

Dentro da estrutura construída para a COP também estarão representantes de setores que mais contribuem para a degradação ambiental e crise climática. Há indícios de que a mineradora Vale, envolvida em tragédias socioambientais recentes do país, foi até uma das financiadoras do parque, diz Mario Tito Almeida, da Universidade da Amazônia (Unama).

“Temos receio de que a Conferência em Belém seja um grande momento de greenwashing”, diz Almeida, que coordena o grupo de pesquisa Observatório da COP30, destacando a estratégia de marketing utilizada para que um serviço ou produto venda sua imagem como sendo melhor para o meio ambiente do que realmente é.

É na zona verde, um dos dois grandes espaços físicos oficiais da conferência, que empresas, instituições públicas e demais organizações apresentam ao público suas contribuições contra a emergência climática. A equipe de Tito mapeou pelo menos 342 iniciativas, com a maioria delas capitaneadas por instituições públicas.

O que seria um fracasso

Os países mais vulneráveis, incluindo os africanos, esperam que Belém entregue uma meta global de adaptação. E mais: estabeleça fontes confiáveis de dinheiro para que governos não precisem tirar de onde não têm para amenizar a emergência climática. “Estamos falando de doações, previsíveis e estáveis, e não de empréstimos ou promessas que acabam não sendo cumpridas”, diz Okanda sobre o financiamento climático.

Ainda não há uma definição de sucesso, mas a derrota nesta COP seria a falta de decisões claras em torno da adaptação e a conta a ser paga pelos países mais ricos, que emitem os gases de efeito de estufa há muito mais tempo que as nações em desenvolvimento.

“Isso não quer dizer que as negociações vão abandonar as outras coisas, que está dispensando a transição energética, não tem absolutamente nada a ver com isso. Mas, sim, esse é o assunto que tem que entregar. Se ele não entregar, será um fracasso completo”, avalia Unterstell.

Exuberância e contradições da Amazônia

A primeira COP no Brasil terá uma presença massiva de populações indígenas. A maior floresta tropical do mundo também é casa para mais de 250 povos, muitos deles têm se colocado há tempos contra grandes empreendimentos que ameaçam toda a região com grilagem de terras, desmatamento e poluição.

“Uma conferência bem-sucedida em Belém seria aquela em que nossos direitos estejam presentes de forma concreta no texto final das negociações e não apenas como sugestões ou pontos a serem definidos em contextos nacionais”, afirma Toya Manchineri, coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Trazer o mundo para a Amazônia não é importante apenas para mostrar sua força e magnitude, mas para revelar quem realmente a protege, complemente Manchineri, referindo-se aos indígenas.

A Belém que recebe a COP também é um ponto vital da logística para a indústria petroleira que busca o combustível fóssil na bacia marítima da foz do Amazonas. Dali costumam partir suprimentos e o apoio às operações em alto mar, liberadas pelo governo brasileiro semanas antes do início da conferência.

Quem vem de fora se deslumbra com a biodiversidade que vê ao chegar na capital paraense, confia na presidência brasileira da COP, mas está consciente das contradições latino-americanas.

“No caso do Brasil, por exemplo, observa-se as cartas da presidência da COP e o discurso oficial, mas, em paralelo, continuam avançando projetos de exploração, inclusive de novos blocos na Amazônia. Então, essas contradições começam a se tornar evidentes”, diz Camila Mercure, coordenadora de Política Climática da Fundação Ambiente e Recursos Naturais, da Argentina, presidida pelo negacionista climático Javier Milei.

Cartas para o mundo

Com longa carreira na diplomacia climática, o embaixador André Corrêa do Lago inaugurou um estilo brasileiro nesta presidência. Ele escreveu cartas à comunidade global no intuito de mobilizar negociadores e a população num mutirão contra as mudanças do clima.

A estratégia causou estranhamento entre algumas entidades e diplomatas mundo afora, não acostumados à licença poética que a gramática e a língua portuguesa sabem oferecer. No geral, o tom e o conteúdo das dez cartas publicadas desde março foram bem avaliados.

“Normalmente, o país que preside a COP dá as prioridades e ponto. O Brasil não se colocou nesse lugar em nenhum momento. Ele se colocou no lugar de um mediador, de um facilitador, e eu acho isso brilhante”, avalia Unterstell.

Marcele Oliveira, jovem nomeada Campeã do Clima pela presidência da COP30, sentiu partes geralmente invisíveis nas negociações mais representadas desta vez. O mutirão, diz ela, é parte da resiliência das periferias, das comunidades indígenas, dos quilombos. “É sobre fazer junto, e não deixar para depois. Propor isso no contexto multilateral é um chamado a ação no sentido da negociação e também o reconhecimento da mobilização local como reflorestamento, hortas comunitárias, parques verdes e limpeza de rios e praias”, explica.

A conferência de Belém seria a maior mobilização por justiça climática da geração de Oliveira, que luta pelo fim das desigualdades e do racismo ambiental. “Se a procura por COP30 já aumentou em 400% nos últimos meses, queremos ver para o próximo ano a educação ambiental em todas as escolas e o Brasil, como saiu do mapa da fome, trilhando caminhos para liderar a saída do Sul Global do mapa do risco climático”, diz a jovem ativista.

 

Mercado mantém projeção para a inflação inalterada após 6 semanas de quedas, mostra Focus

 

Os economistas do mercado financeiro mantiveram inalteradas suas expectativas para a inflação e para a taxa básica de juros Selic para 2025 e 2026, mostrou pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira, 10.

Esta é a primeira pesquisa Focus após a reunião da semana passada em que o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu manter a Selic em 15% e disse que manterá o juros neste patamar por período bastante elevado, sem dar sinalizações sobre possíveis cortes à frente.

Os cerca de 100 economistas consultados pelo BC mantiveram a projeção para a inflação medida pelo IPCA, referência para o regime de metas, em 4,55% para 2025, interrompendo uma sequência de seis quedas semanais seguidas. Também foram mantidas as expectativas de 3,80% para 2026 e de 3,50% para 2027 e 2028.

A meta para a inflação é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. O resultado do IPCA de outubro será divulgado nesta terça-feira, 11.

Projeções atualizadas do Focus
Projeções atualizadas do Focus (Crédito:Reprodução/Instagram)

Selic e PIB

Para a Selic, as projeções permanecem em 15,00% ao final de 2025, 12,25% em 2026, 10,50% em 2027 e 10,00% ao término de 2028. Foi a vigésima semana seguida em que os analistas consultados mantiveram a estimativa para a Selic terminal deste ano.

As expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto também ficam inalteradas: 2,16% em 2025 e 1,78% para 2026.

Para o câmbio, as projeções foram mantidas em R$ 5,41 por dólar no final de 2025 e cotação de R$ 5,50 no final de 2026.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.

Com informações da Reuters

Governo do PR sanciona auxílio de R$ 50 mil para famílias atingidas pelo tornado

 


A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou por unanimidade a alteração na lei para que os recursos sejam repassados diretamente às pessoas que tiveram suas casa destruídas


Cidade Rio Bonito do Iguaçu - PR
Estimativa que quase 90% da cidade Rio Bonito do Iguaçu tenha sido destruída pelo tornado
Foto: Ari Dias/Agência de Notícias do Paraná

O governador do Paraná Ratinho Júnior (PSD) sancionou na noite de domingo, 9, uma lei que prevê fornecer auxílio de R$ 50 mil para famílias atingidas pelo tornado que deixou seis pessoas mortas na sexta-feira, 7.

Isso ocorreu após aprovação unanime na Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) para alteração do Fecap (Fundo Estadual para Calamidades Públicas). O texto autoriza que recursos sejam repassados diretamente para famílias com casas destruídas na região de Rio Bonito do Iguaçu, no centro-oeste do estado. Até então, a lei permitia apenas as transferências “fundo a fundo” entre estado e os municípios.

Cerca de 40 pessoas afetadas pelo tornado encontram-se em um abrigo em Laranjeiras do Sul, cidade vizinha que fica a 18km de Rio Bonito. Outras mil foram provisoriamente para residências de parentes e amigos.

Segundo o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), os ventos chegaram a 250 km/h em Rio Bonito na sexta-feira. Isso significa um tornado de intensidade nível 3 na escala Fujita, que vai de 0 a 5.

Há estativa que quase 90% da cidade tenha sido destruída. Por conta disso, o governo do Paraná decretou estado de calamidade pública. O domingo foi voltado principalmente para a remoção de destroços. Segundo a gestão Ratinho Júnior, cerca de 200 engenheiros da Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná) e do Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná) iniciaram as avaliações dos prejuízos e também das condições estruturais das construções.

Passagem do tornado

Um tornado provocou a destruição da cidade de Rio Bonito na sexta-feira. Até o momento, seis pessoas morreram — sendo uma em Guarapuava. De acordo com a Defesa Civil, mais de 700 pessoas ficaram feridas.

Também há um desaparecido até o momento. Outras duas pessoas que foram dadas como desaparecidas já foram localizadas.

 

 https://istoe.com.br/governo-do-pr-propoe-auxilio-de-r-50-mil-para-familias-atingidas-pelo