Climatescope: grupo chave de nações emergentes constrói 18%
mais capacidade de energia renovável que países mais ricos, e quatro
entre cinco nações já estabeleceram metas nacionais de energia limpa.
De
acordo com a última edição do Climatescope, os países em
desenvolvimento assumiram compromissos sem precedentes para consumir
mais energia limpa no futuro, mesmo sendo os atuais líderes no
desenvolvimento de energias renováveis, com recorde de instalações de
novos projetos eólicos e solares.
O Climatescope, índice e ferramenta
on-line que avalia a competitividade no mercado de energia limpa entre
países em desenvolvimento, apoiado pelos governos do Reino Unido e dos
Estados Unidos, oferece um retrato abrangente da atividade de energia
renovável em 58 mercados emergentes na África, Ásia e América Latina e
Caribe. O grupo inclui os principais países em desenvolvimento: China,
Índia, Egito, Paquistão, Brasil, Chile, México, Quênia, Tanzânia e
África do Sul, além de dezenas de outros países. Visitantes do
www.global-climatescope.org podem usar o site para saber mais sobre
políticas e atividades de cada país com foco em energia limpa, fazer
download de bancos de dados e comparar os países baseado em seu
desempenho.
Este é o terceiro ano em que o Climatescope é realizado
globalmente e reflete a atividade em 2015, um ano que culminou na
assinatura do Acordo Climático de Paris nas discussões organizadaspela
ONU em dezembro. No período que antecedeu essas negociações, três
quartos das nações do Climatescope apresentaram ou reiteraram
compromissos para reduzir suas futuras emissões de CO2. Um número ainda
maior declarou suas metas para alcançar determinados objetivos de
consumo de energia limpa nos próximos anos.
No entanto, esses países
não estão esperando para começar a aumentar a participação da energia
renovável em suas matrizes. As nações do Climatescope adicionaram ao
todo 69,8 gigawatts de energia eólica, solar, geotérmica e outras fontes
de geração renovável em 2015 – o mesmo que a capacidade total instalada
hoje na Austrália. Entre eles, a China representou a maior parte da
atividade, mas os países menores também desempenharam papéis
importantes. Em comparação, os países mais ricos da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) construíram 59,2 gigawatts
no ano passado.
Entre as demais principais conclusões do Climatescope estão:
A
queda acentuada dos custos dos equipamentos solares está catalisando as
construções e estimulando o crescimento dessa fonte. O investimento em
energia solar em países do Climatescope aumentou em 43%, chegando a US$
71,8 bilhões em 2015. Os leilões realizados para contratação de energia
destacaram que, em questão de custo, a energia fotovoltaica (FV) agora
pode competir e derrotar projetos de combustíveis fósseis em alguns
países.
Energia solar barata, modelos de negócios inovadores e uma
nova geração de empresários estão revolucionando a forma como as
questões de acesso à energia são abordadas em nações menos
desenvolvidas. Novos participantes focados em soluções “off-grid” ou
“mini-grid” estão desafiando a suposição de que apenas uma rede elétrica
interconectada pode atender às necessidades dos 1,2 bilhão de
habitantes mundiais sem acesso adequado à energia. Uma grande quantidade
dessas start-ups é financiada por fundos privados, e ao todo
conseguiram angariar mais de US$ 450 milhões ao longo de 2015.
As
economias desenvolvidas estão acelerando o financiamento da energia
limpa em mercados emergentes. Investidores privados, instituições de
financiamento do desenvolvimento e credoresdos países da OCDE
representaram quase metade de todo o capital dos países do Climatescope
(excluindo a China, onde praticamente todo o capital foi disponibilizado
localmente). Em comparação, em 2012, investimentos provenientes das
nações da OCDE representaram apenas um terço de todo o capital destinado
à energia renovável nos países do Climatescope.
Alguns países do
Climatescope com as maiores taxas de penetração de energia renovável
estão começando a enfrentar desafios de integração. Alguns concluíram
projetos antes que redes de transmissão adequadas pudessem ser
construídas. Outros não priorizaram energia limpa de projetos eólicos ou
solares em suas redes em detrimento a usinas a carvão.
Melhorias de
condições e crescente aumento de ambições são refletidos em pontuações
mais altas alcançadas pela maioria dos países pesquisados no
Climatescope. O projeto classifica os países de 0 a 5 com base nas
condições que eles criam para promover o desenvolvimento de energia
limpa. A média geral subiu de 1,14 no ano passado para 1,35, enquanto o
número de países com pontuação acima de 2 saltou de dois para 10. Assim
como nos últimos dois anos, a China mais uma vez lidera o ranking geral
do Climatescope. Entre os dez países no topo do ranking, Chile,
Honduras, Quênia, México e Uruguai registraram o maior aumento de
pontuação.
A América Latina continua na liderança em termos de
desenvolvimento de energia renovável entre as nações analisadas no
Climatescope. Mandatos ambiciosos de energia limpa e leilões agressivos
estão estimulando a implantação de projetos renováveis na região e
pressionando a redução dos preços de energia solar e eólica. A América
Latina garantiu US$ 21,9 bilhões em energia limpa em 2015, o que
representa uma queda de US$ 1,5 bilhão em relação a 2014.
Pela primeira vez em todas as edições do Climatescope, o Brasil não obteve o primeiro
lugar na região da América Latina e do Caribe. A pontuação do país
aumentou em relação ao ano passado, mas não subiu no mesmo ritmo de
outras nações da região. Este ano, pela primeira vez, o Chile ocupa a
primeira posição na América Latina, principalmente devido ao
investimento recorde, que saltou de US$1,3 bilhão em 2014 para US$3,2
bilhões em 2015.
O Departamento para o Desenvolvimento Internacional
do Governo do Reino Unido (DFID, na sigla em inglês) está focado em
promover oportunidades de desenvolvimento econômico para ajudar os
países emergentes a sair da pobreza e, junto com a Agência dos Estados
Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), incumbiu a
Bloomberg New Energy Finance (BNEF) a responsabilidade de analisar e
classificar a perspectiva de desenvolvimento das tecnologias solar,
eólica, hidroelétrica, geotérmica, biomassa e outras tecnologias que não
emissoras de carbono (com exceção de grandes hidroelétricas). Em muitos
países em desenvolvimento, a falta de energia confiável inibe o
crescimento econômico. O relatório fornece a pesquisa necessária para
impulsionar investimentos em economias em desenvolvimento e garantir
fontes de energia limpas e estáveis para milhões das pessoas mais pobres
do mundo.
A classificação de um país depende de vários fatores: sua
política de investimento em energia limpa, suas condições de mercado, a
estrutura de seu setor elétrico; o número e composição de empresas
locais que operam no setor deenergia limpa; e os esforços para redução
de emissões de gases de efeito estufa. O resultado final é a fonte mais
abrangente e única para os tomadores de decisão aprenderem mais sobre as
condições de mercado para energia limpa nessas regiões.
A pesquisa
completa é facilmente acessada no site global-climatescope.org, que
inclui uma ferramenta interativa para os usuários identificarem
informações específicas, dos mínimos detalhes por país até a análise
específica do setor. O site também permite downloads completos dos dados
do Climatescope no formato Excel.
Sobre o Climatescope
O
Climatescope foi desenvolvido em 2012 pelo Fundo Multilateral de
Investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento e BNEF, e
avaliou inicialmente 26 países na América Latina e Caribe. Em 2014, foi
ampliado para incluir 19 países na África, 10 na Ásia, bem como as 15
províncias na China e 10 estados da Índia, graças ao apoio adicional do
DFID e USAID. Em 2015, o projeto foi novamente expandido com a inclusão
do Egito, Jordânia e Marrocos na lista.
Para mais informações:
global-climatescope.org ou climatescope@bloomberg.net (Bloomberg,
15/12/16)