Marcio Hannas, CEO da CCR Mobilidade (Crédito: Reprodução/Linkedin)
       
A
 CCR Mobilidade espera alcançar melhores resultados em 2025 após fortes 
investimentos em frota em São Paulo, mas a forte desvalorização do real e
 a alta de juros devem impor novas pressões à companhia, afirmou o 
presidente da divisão de trens de passageiros e metrô do maior grupo de 
concessões de transporte do país, Marcio Hannas.
A companhia 
recebeu este mês o último trem novo de uma encomenda de 36 composições 
para as linhas 8 e 9 da região metropolitana de São Paulo, que somou 
investimento de 2,6 bilhões de reais. Com isso, a empresa pode 
concentrar a atenção na reforma do sistema elétrico, um trabalho que 
deve se estender até 2026.
“Dos
 4 bilhões de reais de investimentos previstos no projeto (das linhas 8 e
 9), 2,6 bilhões foram para trens”, disse Hannas. “Para o ano que vem, o
 capex será menor…Além disso, os trens novos têm custo menor, são mais 
eficientes em termos de consumo de energia”, disse o executivo, evitando
 fazer projeções específicas.
Falhas ao longo de 2023
A 
CCR assumiu as linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens 
Metropolitanos (CPTM) em abril de 2021 e no ano passado o governador de 
São Paulo, Tarcísio de Freitas, chegou a ameaçar romper contrato com a 
companhia por uma série de problemas na operação.
Hannas
 afirmou que, além dos problemas nas cadeias de fornecimento gerados no 
período pós-pandemia, que provocam atrasos nas entregas de novos trens e
 itens para manutenção de composições, a companhia teve falha de 
avaliação da condição desses ativos. “Vieram em nível mais degradado do 
que esperávamos”, afirmou.
Mas com a chegada dos novos trens, a 
companhia conseguiu elevar o nível da operação, que atualmente apresenta
 um patamar de desempenho de entre 85% e 88%, afirmou o executivo, ante 
abaixo de 50% no início da concessão.
Com
 os novos trens, a CCR Mobilidade vai concluir em fevereiro a devolução à
 CPTM da última das 34 composições que foram trocadas pelos novos 
equipamentos, disse Hannas, citando que a frota da empresa nas linhas 
será de 57 trens ao final do processo.
Apenas no terceiro 
trimestre deste ano, por exemplo, a CCR apurou um impacto em custo de 
construção de 220 milhões de reais gerado pelas linhas 8 e 9 diante da 
implantação dos novos trens, segundo o balanço da companhia, divulgado 
no final de outubro.
Investimentos em energia
Ante
 a previsão de investimento de 4 bilhões nas duas linhas, após a entrega
 da última composição o restante dos recursos será aplicado 
“principalmente na parte de energia” até 2026, disse o executivo. Hannas
 citou como exemplo reformas de subestações e rede aérea que alimenta os
 trens com eletricidade.
“É um trabalho complexo, precisa desligar
 a energia para mexer e aí não podemos operar…Temos uma janela muito 
curta de apenas duas horas de manutenção” durante as madrugadas disse o 
executivo ao explicar o prazo.
Mas ao ser questionado sobre o 
impacto da desvalorização da moeda, Hannas afirmou sem detalhar que, 
como boa parte dos insumos metroferroviários é importada, “há, sim, um 
impacto de custo na manutenção porque as peças de reposição são 
importadas”.
Apesar disso, ele acrescentou que não espera “um 
impacto severo” nos negócios. Além do próprio câmbio, a alta da Selic 
deve atingir a última linha do balanço da empresa em função dos 
financiamentos contratados pela empresa, disse o executivo.
Nos 
nove primeiros meses de 2024, a CCR Mobilidade apurou um resultado 
operacional medido pelo Ebitda ajustado de 1,56 bilhão de reais, um 
crescimento de quase 10% sobre um ano antes. A margem, porém, ficou 
perto da estabilidade, passando de 51,9% para 52,1%.
Futuro da empresa
Para
 2025, um dos principais alvos de interesse da CCR Mobilidade, a maior 
operadora privada de trens de passageiros da América Latina e sétima 
maior do mundo, é o leilão das linhas 11, 12 e 13 de trens 
metropolitanos de São Paulo, disse Hannas.
O projeto, que teve 
edital publicado pelo governo de São Paulo neste mês, envolve mais de 
100 quilômetros de vias existentes e 14 bilhões de reais em 
investimentos. A entrega das propostas está prevista para 25 de março e o
 leilão para o dia 28 do mesmo mês.
“A decisão (de participar do 
leilão) ainda não foi tomada… Estamos estudando”, disse Hannas, citando 
ainda que no radar da companhia em trens metropolitanos de São Paulo 
está a eventual concessão das linhas 10 e 14, esta última que precisará 
ser construída.
A empresa também monitora eventual concessão da 
linha 3 do metrô do Rio de Janeiro ligando Niterói a São Gonçalo, disse o
 presidente da CCR Mobilidade.
“Tem tanta oportunidade nessa área 
no Brasil que não faz sentido esforço para irmos buscar fora do país”, 
disse Hannas ao ser questionado sobre eventuais focos da empresa no 
exterior. “No curto prazo, não temos intenção de ir para fora do 
Brasil.”
Como grupo, a CCR – que tem como principais acionistas os
 grupos Soares Penido, Mover, Itaúsa e Votorantim – tem operações fora 
do Brasil em sua divisão de aeroportos, com terminais em Curaçao, Costa 
Rica e Equador.
Segundo o executivo, a CCR Mobilidade tem 
observado o avanço de uma série de tecnologias para possível implantação
 em suas operações no futuro, incluindo trens a hidrogênio, sistemas de 
sinalização sem fio, bilhetagem por reconhecimento facial, robôs para 
limpeza de vias férreas e estações e mesmo transporte em composições que
 se movem por dutos a vácuo (hiperloop).
“Tem economia de energia 
porque o trem está em levitação dentro do tubo e recupera a energia na 
frenagem…não tem trilhos…são benefícios de custos que são relevantes”, 
afirmou se referindo ao hiperloop.