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Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
terça-feira, 7 de maio de 2013
Brasil quer 6 mil médicos cubanos para atender áreas carentes; CFM contesta
Brasil terá sistema para aprovação rápida de diplomas do exterior
Brasil terá sistema para aprovação rápida de diplomas do exterior | |||
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Para presidente da Vale, Brasil está com "o câmbio fora do lugar" - InfoMoney
Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/vale/noticia/2765095/para-presidente-vale-brasil-esta-com-cambio-fora-lugar
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Análise: Teste de fogo será já em dezembro
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
COLUNISTA DA FOLHA
O novo diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), o
brasileiro Roberto Azevêdo, enfrentará seu primeiro teste de fogo já em
dezembro, apenas três meses depois de tomar posse.
Será durante a 9ª Conferência Ministerial da organização, agendada para Bali, na Indonésia.
Conferências Ministeriais são a instância suprema da OMC, o que faz com
que cada uma delas se transforme num colossal happening e num
quebra-cabeças quase impossível de administrar.
É simples explicar o porquê: a conferência tem que produzir um documento
de consenso entre os 159 países-membros, desde gigantes como a China
até o pobre Paraguai, e ainda conviver com um punhado de Organizações
Não-Governamentais que fazem o máximo de ruído possível nos corredores,
com inevitáveis reflexos entre os delegados.
Para completar, a OMC cuida de praticamente tudo o que o mundo
comercializa transfronteiriçamente, de aviões a parafusos, de
agricultura a serviços.
Se cada conferência ministerial é esse espetáculo, a de Bali será
particularmente relevante porque o mundo "está se aproximando de 20 anos
de estagnação no 'front' das negociações comerciais", como fez questão
de lembrar Azevêdo, no pronunciamento com que apresentou sua
candidatura, em fevereiro.
Ajuda-memória: a OMC substituiu o GATT (Acordo Geral de Tarifas e
Comércio), em 1995, logo depois de terminar a chamada Rodada Uruguai, o
mais abrangente pacote de liberalização comercial até hoje aprovado.
De 1995 para cá, tudo o que a OMC conseguiu fazer foi lançar, em 2001, a
Rodada Doha, que derrrubaria os muros protecionistas remanescentes da
Rodada Uruguai. Doha deveria ser concluída em cinco anos, mas já se
passaram 12, e nada aconteceu.
É por isso que, na própria OMC, funcionários qualificados dizem que o
novo DG (como é tratado o diretor-geral na peculiar língua falada no
casarão às margens do lago Leman que abriga a instituição) terá que
atualizar o sistema ou vê-lo murchar.
É claro que a conferência de Bali não conseguirá destravar Doha. Mas é
importante, como deixou claro Azevêdo, que "ganhos materiais muito
tangíveis" em Bali "reforçarão nossa confiança em que, na OMC, ainda
podemos dialogar uns com os outros de um modo construtivo e produtivo".
O que, exatamente, são "ganhos materiais muito tangíveis" é um tema em
aberto, para ser debatido a partir da posse do novo chefe da OMC.
O grande desafio, na prática, será o de demonstrar que a OMC não é
apenas o xerife do comércio global, velando pela boa aplicação das
normas já definidas. Cuidar do acervo é relevante, claro, mas é muito
mais importante olhar para a frente e desemperrar o modo negociador.
Ainda mais que está na horizonte a negociação entre os dois gigantes do
comércio (Estados Unidos e União Europeia) para um acordo comercial que,
se concretizado, levaria a OMC à beira da irrelevância.
Como diz Hermínio Blanco, o candidato derrotado por Azevêdo, "as
inovações nas regras para eliminar obstáculos ao comércio entre Estados
Unidos e Europa estão bem avançadas e superarão, com folga, as regras
que foram estabelecidas pela OMC 20 anos atrás".
Brasileiro bate mexicano e é o novo diretor-geral da OMC
BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA (SUÍÇA)
NATUZA NERY
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA (SUÍÇA)
NATUZA NERY
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
O brasileiro Roberto Azevêdo, 55, foi eleito nesta terça-feira como
diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio). É a primeira vez
em que um latino-americano é eleito para um mandato completo de quatro
anos.
Na última fase da disputa, Azevêdo derrotou o mexicano Herminio Blanco,
62, e trouxe ao Brasil uma de suas maiores vitórias diplomáticas. A
decisão foi tomada em Genebra com a participação dos 159 países que
integram a entidade.
A presidente Dilma Rousseff e o Itamaraty fizeram campanha intensa pelo
brasileiro desde dezembro de 2012. O chanceler Antonio Patriota já
recebeu a notícia da vitória, e a delegação do México já reconheceu a
derrota.
O placar da votação ainda não foi divulgado. Ontem, a União Europeia
decidiu votar em bloco a favor do México, e com isso o Brasil
contabilizou ter perdido cerca de 12 votos. Mesmo assim, conforme fontes
diplomáticas, os votos mostram que o brasileiro conta com uma grande
margem de representatividade e teve vitória "inequívoca".
O resultado será anunciado oficialmente na quarta-feira (8) e a nomeação
de Azevêdo será oficializada no dia 14, durante reunião do Conselho
Geral da OMC. Ao todo, nove candidatos concorreram à sucessão do francês
Pascal Lamy, dono do cargo há oito anos. Azevêdo assume o posto em
setembro.
Nesta terça-feira, os três embaixadores que integram a comissão de
seleção do novo diretor-geral se reuniram com as delegações do Brasil e
do México para antecipar o resultado da disputa.
O embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevêdo, anuncia candidatura à diretoria-geral da OMC, em janeiro Leia mais
Representante permanente do Brasil na OMC desde 2008, Azevedo conta com
reputação de hábil negociador. Ele foi chefe de delegação em litígios
importantes vencidos pelo Brasil na OMC, como nos casos dos subsídios ao
algodão contra os EUA e ao açúcar contra a União Europeia (UE).
Participou de quase todas as conferências ministeriais desde o
lançamento, em 2001, das negociações de Doha sobre a liberalização do
comércio mundial.
Mesmo respeitado em círculos diplomáticos por sua capacidade de
construir consenso, Azevêdo foi criticado por seus esforços para levar a
OMC a discutir o impacto de flutuações cambiais sobre o comércio.
O diplomata começou a carreira no Itamaraty em 1984 e foi o principal
assessor econômico do então chanceler Luiz Felipe Lampreia de 1995 a
1997. Participou, em 2001, da criação da Coordenação-Geral de
Contenciosos do Itamaraty, que dirigiu por quatro anos.
Em 2005, ele se tornou o chefe do departamento econômico do ministério
e, de 2006 a 2008, foi subsecretário geral de assuntos econômicos.
Foi em 2009, quando já estava à frente da representação na OMC, que o
órgão autorizou o Brasil a retaliar os EUA pelos subsídios ao algodão.
O Brasil ganhou papel predominante na OMC a partir de 2003, durante o
governo Lula (2003-2010), e se tornou um dos maiores negociadores junto
da UE, do Japão, da China, da Índia, dos EUA e da Austrália.
O país defende um enfoque gradual para derrubar barreiras comerciais e
um grande papel para o governo na regulação do comércio, o que já
provocou queixas de países ricos, como os EUA e o Japão, e de
companheiros emergentes, como a China e a Coreia do Sul.
Os investimentos da União e a “Lei de Murphy”
Em teste sobre os efeitos da desaceleração rápida nos
pilotos das aeronaves, os sensores falharam e frustraram os resultados
esperados pelo engenheiro aeroespacial Edward Murphy. Descoberto o erro,
foi cunhado o adágio: “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar
errado, certamente dará”. Ao que parece, existe forte correlação entre a
chamada “Lei de Murphy” e os investimentos públicos no Brasil.
Nos últimos 18 anos, por exemplo, o porcentual médio de execução dos
investimentos da União foi de apenas 60%. De cada R$ 10 autorizados,
apenas R$ 6 foram efetivamente pagos. O montante aplicado, incluindo as
empresas estatais, beirou 3% do PIB.
A execução pífia dos investimentos públicos está relacionada ao
emaranhado de leis, decretos, portarias, bem como às exigências, prazos e
fiscalizações do Ministério Público, do Ibama, da Funai, do Iphan, da
Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União
(TCU). Acrescente-se à burocracia a formação inadequada dos gestores
públicos, o que resulta na má qualidade dos projetos, dos editais e das
próprias obras. A corrupção e os interesses políticos também contribuem
para a inapetência governamental. Afinal, como impedir o surgimento de
problemas em vários empreendimentos quando a empreiteira que mais
recebia recursos do Orçamento da União é declarada inidônea? Como evitar
lentidão nas obras rodoviárias, se a cada ano um novo ministro assume
nos Transportes?
Há 20 dias, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou aos
jornalistas do Estadão Raquel Landim e João Villaverde que “os
investimentos irão bombar em 2014″. A previsão não causou euforia nos
agentes econômicos, tendo em vista as frequentes discrepâncias entre as
expectativas do ministro e a realidade. No entanto, a futurologia sugere
que o governo já “jogou a toalha” no ano em curso.
Encerrado o primeiro quadrimestre, o marasmo continua. E não faltou
planejamento. No final do ano passado, o governo editou a Medida
Provisória n.º 598, criando créditos extraordinários de R$ 42,5 bilhões,
e inscreveu R$ 71,8 bilhões de restos a pagar de investimentos, criando
autorização legislativa para os gastos mesmo sem a aprovação do
Orçamento de 2013.
De janeiro a abril, contudo, foram investidos pela administração
direta R$ 12,3 bilhões, o que corresponde a somente 11% do previsto para
o exercício. O valor é superior ao que foi aplicado no início de 2012,
mas inferior aos desembolsos nos mesmos períodos em 2011 e 2010. No
Ministério dos Transportes, desconsiderada a inflação, os pagamentos são
os menores dos últimos três anos. Curiosamente, até o momento, o
ministério “campeão” não é, como costuma ser, o dos Transportes, das
Cidades ou da Integração. A pasta que mais investiu foi a da Educação,
com R$ 2,9 bilhões, sendo quase meio bilhão de reais proveniente de
restos a pagar do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
destinados à aquisição dos ônibus rurais escolares que estão sendo
entregues pela presidente Dilma, pessoalmente, em solenidades com os
prefeitos.
Será mesmo que os investimentos irão bombar em 2014? Entre o otimismo de
Mantega e o pessimismo de Murphy, façam as suas apostas.
Em relação aos investimentos das empresas estatais, o “espírito
animal” dos dirigentes também ainda não se manifestou. Como a
transparência das estatais deixa a desejar, os últimos dados disponíveis
ainda são do primeiro bimestre, período insuficiente para caracterizar
tendência para todo o exercício. No entanto, nesses dois primeiros
meses, foram aplicados R$ 13,7 bilhões, o que representa crescimento
real de somente 2,5% em relação aos meses de janeiro e fevereiro de
2012. A título de comparação, em valores atualizados, os investimentos
do conjunto das estatais em 2010 atingiram R$ 15,6 bilhões, ou seja, 14%
a mais do que o montante deste ano.
Em alguns casos a situação é crítica. Apesar do “engarrafamento” de
navios e das enormes filas de caminhões nos portos brasileiros, do
orçamento de R$ 1,5 bilhão autorizado para as Companhias Docas – dos
Estados do Maranhão, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Bahia,
Rio Grande do Norte, Ceará e Pará -, escassos R$ 26,4 milhões foram
investidos no primeiro bimestre, o que correspondeu a 1,8% do total.
Dentre as oito Companhias Docas – responsáveis por 18 dos 34 portos do
país -, a metade nem sequer realizou investimentos este ano.
Em meio a discussões sobre possíveis apagões durante a realização da
Copa das Confederações e da Copa do Mundo, o Grupo Eletrobrás, que
abrange 19 empresas no setor de energia elétrica, investiu no primeiro
bimestre apenas 6,6% dos R$ 10,2 bilhões autorizados para 2013. A
empresa Furnas – Centrais Elétricas, que garante o fornecimento de
energia em área onde estão situados 63% dos domicílios brasileiros,
investiu somente R$ 89,4 milhões. O montante equivale a 7,5% do R$ 1,2
bilhão previsto para 2013.
Na Petrobrás e na Infraero os investimentos também andam de lado. Na
maior estatal brasileira, dos R$ 89,3 bilhões orçados para este ano,
foram utilizados até fevereiro R$ 12,6 bilhões, montante apenas 1% maior
em valores constantes do que os R$ 12,4 bilhões desembolsados no mesmo
período em 2012. Na Infraero, da dotação de R$ 1,5 bilhão prevista para
2013, só R$ 92,5 milhões foram aplicados. Assim, é natural que os
aeroportos brasileiros estejam fora da lista dos cem melhores do mundo,
constatação da qual ninguém duvida.
Desta forma, resta ao governo a aceleração dos processos de
concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, em alguns casos
com horizonte de 25 a 30 anos. Os entraves, porém, são imensos e os
cronogramas dificilmente serão cumpridos. Basta verificar que a primeira
concessão de rodovia no governo Dilma, num trecho da BR-101, só foi
assinada no mês passado, depois de acirrada polêmica judicial que durou
um ano. A medida provisória dos portos sofreu 150 alterações no
Congresso, desfigurando a concepção inicial do governo. Nesse cenário,
será mesmo que os investimentos irão bombar em 2014? Entre o otimismo de
Mantega e o pessimismo de Murphy, façam as suas apostas.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 06/05/2013
Distribuição definirá futuro da Eletrobras
Por Rodrigo Polito | Do Rio
A solução definitiva para o
negócio de distribuição de energia é fundamental para o sucesso do
ousado, porém pouco detalhado, plano diretor da Eletrobras 2013-2017,
que prevê investimentos de R$ 52,4 bilhões e redução de custos de 30%,
para encarar a nova realidade do setor, após o impacto da prorrogação
das concessões. A avaliação é de especialistas consultados pelo Valor
sobre a iniciativa da estatal, cujo valor de mercado atual é de R$ 7,88
bilhões, o mais baixo dos últimos anos e oito vezes e meio menor que o
seu patrimônio líquido, de R$ 67 bilhões.
"É essencial que a empresa melhore o nível de rentabilidade das
distribuidoras. Até porque o nível de rentabilidade das geradoras e
transmissoras da companhia não é mais o mesmo, devido à renovação das
concessões. Essas áreas não terão mais capacidade para suprir o déficit
das distribuidoras", disse a analista Karina Freitas, da Concórdia.
De acordo com a Ativa Corretora, a melhor saída seria a venda dos
ativos de distribuição, que registraram prejuízo de R$ 1,3 bilhão e
Ebitda (lucro antes de juros impostos, depreciações e amortizações)
negativo em R$ 343 milhões em 2012.
Os últimos sinais dados pelo comando da estatal, porém, é de que isso
não deve ocorrer em curto prazo. "Eu diria que se tudo ficar como está,
que é uma possibilidade, o compromisso é que em 2015 elas
[distribuidoras] deem lucro. Em 2014 estarão quase equilibradas",
afirmou o presidente José da Costa Carvalho.
Embora também defenda uma rápida solução para o problema das
distribuidoras, o coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia
Elétrica (Gesel), da UFRJ, professor Nivalde Castro, vê dificuldades
para a Eletrobras se desfazer desses ativos. "Existe um forte componente
político inserido no setor elétrico e no tema da privatização, que
dificulta essa definição", avaliou.
Outro ponto que atrapalha a venda dos ativos é a indefinição com
relação ao prazo de concessão dessas distribuidoras. O contrato delas
vence em 2015, mas a Eletrobras já manifestou à Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) o interesse em prorrogá-los, como fez com os
ativos de geração e transmissão.
"Nossa expectativa é que se renovem todas as concessões das
distribuidoras sob nossa gestão", informou a estatal em nota. A Aneel
tem até 2015 para recomendar, ou não, a prorrogação da concessão das
distribuidoras ao Ministério de Minas e Energia.
Até o fim de junho, a Eletrobras deverá concluir e apresentar ao
conselho de administração um estudo de reestruturação do negócio de
distribuição. "Essas empresas [distribuidoras] já vêm dando uma melhora
de resultados significativa, mas sem dúvida nenhuma é preciso, pela
necessidade de capitalização de recursos, que a gente faça a análise de
alternativas para a reestruturação dessas empresas", disse o diretor de
Distribuição da Eletrobras, Marcos Aurélio Madureira.
Uma das propostas em estudo é a venda de uma fatia nessas empresas
para companhias privadas. "Estamos em fase de análise. Acredito que
possa haver alguma incorporação de algum participante. Mas é algo que
ainda é prematuro", explicou Madureira.
Castro, do Gesel/UFRJ, é favorável a essa alternativa. "Assim a
Eletrobras continuaria acionista dessas empresas, porque algumas delas
têm um potencial econômico muito bom. O ideal é que ela tivesse uma
participação minoritária, de até 49%, até para livrar a empresa das
obrigações da Lei 8.666 [Lei de licitações]".
Situadas no Amazonas, Acre, Alagoas, Piauí, Rondônia e Roraima, as
distribuidoras da Eletrobras atendem 3,6 milhões de clientes, ou 5% do
total do mercado. Em área atendida, porém, a Eletrobras responde por
cerca de 30% do mercado de distribuição, o que revela a baixa densidade
de sua área de atuação. Para se ter uma ideia, a Light, que atende
apenas a região metropolitana do Rio de Janeiro, tem 3,9 milhões de
consumidores.
Um dos maiores problemas enfrentados pelas distribuidoras da
Eletrobras é o elevado índice de perdas. Em 2012, porém, a estatal
conseguiu reverter a trajetória de alta das perdas. O índice médio caiu
de 34,28% para 31,01%, em relação a 2011. Segundo a empresa, a melhoria
foi obtida pelo aumento dos investimentos nessas empresas, para R$ 1
bilhão, no ano passado. Para 2013, a companhia prevê investir R$ 1,5
bilhão em distribuição.
Outro ponto positivo é o crescimento do consumo nas áreas atendidas
por essas distribuidoras. Segundo Carvalho Neto, enquanto o Produto
Interno Bruto (PIB) e o consumo de energia no país cresceram 0,9% e
3,5%, respectivamente, em 2012, a média do mercado elétrico das seis
distribuidoras da Eletrobras aumentou 12,1%. "Isso se deve a um
crescimento econômico maior do que a média brasileira, mas também a uma
redução das perdas", disse o executivo.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Mais Chile e menos Argentina
Por Samy Dana e Leonardo de Siqueira Lima
O ano era 1973, a
ditadura de Augusto Pinochet começava no Chile e, nas décadas seguintes,
o país passaria pela maior transformação econômica de sua história.
Os "Chicago Boys", como eram conhecidos os 25 jovens economistas
chilenos recém-chegados da Escola de Chicago, foram os pioneiros a
colocar em prática o pensamento neoliberal, antecipando no Chile em
quase uma década medidas que só mais tarde seriam adotadas por Margaret
Thatcher no Reino Unido e por Ronald Reagan nos Estados Unidos.
Para eles, a ideia mercantilista baseada na busca incessante de um
superávit comercial já não atendia mais às necessidades do capitalismo. A
crença agora era de que o neoliberalismo tornava a economia mais
competitiva, e por meio da livre concorrência os preços, as margens e a
inflação iriam cair.
Para tanto, foram tomadas algumas medidas: primeiro as
privatizações, em seguida a abertura comercial em conjunto com o rigor
fiscal. Mas, como tudo na vida, todo benefício tem seu custo.
Subir 0,25 a Selic ou 0,50 é importante para ancorar as expectativas de inflação no curto prazo. Mas no longo prazo são a competitividade da indústria e os incentivos ao setor privado que reduzirão os preços e farão o país crescer de maneira digna
Essas medidas liberais demoraram a surtir efeitos e o ajuste provocou
em um primeiro momento inflação, desemprego e outros problemas sociais.
O remédio foi amargo nos dezessete anos seguintes (1973-1990) com o PIB
crescendo menos do que nos anos anteriores ao golpe.
Apesar disso, 20 anos depois, de 2006 a 2010, a então presidente do
Chile, Michelle Bachelet, intensificou essas reformas liberais.
Continuou a mínima intervenção estatal na economia e no mercado de
trabalho; intensificou a abertura econômica; adotou medidas contra o
protecionismo; se manteve contra os impostos excessivos e se posicionou
contra o controle de preços por parte do Estado. Resumindo, defendeu com
unhas e dentes os princípios econômicos do capitalismo.
Foi exatamente nesse período que o amargor dos anos 70 deu lugar ao
maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita da América Latina, com uma
economia crescendo por volta dos 4,0% ao ano e uma inflação de apenas
1,9% de 2009 a 2012. Em termos de comparação, nesse mesmo período, o
Brasil atingiu míseros 2,7% e inflação média de 5,6%.
Na contramão do Chile estão nossos hermanos argentinos. Com um
governo cada vez mais populista e intervencionista, Cristina Kirchner
vem desenhando um manual de tudo o que não deve ser feito em termos
econômicos com um país. Após 10 anos de kirchnerismo, que começou com
Néstor Kirchner em 2003, Cristina não fala em outra coisa senão
restringir as importações, aumentar o controle de capital e manter (via
caneta) o controle de preço. Em resumo, em vez de curar a febre, o
governo argentino decidiu quebrar o termômetro.
Por um tempo funcionou, mas o que era uma popularidade alta foi
transformado em um pífio crescimento de apenas 2,4%, com uma inflação
exorbitante de 32%. Obra do acaso?
Talvez não. Medidas populares podem ser artifícios políticos para
contentar a população no curto prazo. Um governo que protege a indústria
nacional a qualquer custo equivale a uma mãe que mima seu filho até os
40 anos achando que essa é a solução para os problemas do mundo. O
resultado disso já sabemos: assim como a mãe fica com um filho
dependente e despreparado para vida, o governo cria uma indústria não
competitiva e dependente de intervenções.
Mais do que isso, entra-se em uma armadilha com cada vez mais
pressões populares e, à medida que atende essas demandas, o governo
isola comercialmente o país, Em outras palavras, o remédio além de não
surtir efeito, agrava o problema.
Mas porque toda essa comparação? Os veículos de mídia e nossos
governantes sempre discutem à exaustão se o Copom deve aumentar em 0,25
ou 0,50 a taxa de juros base da economia para controlar a inflação.
A grande questão é que tanto 0,25 como 0,50 não podem ser os
problemas centrais do país, a discussão dos motivos do crescimento baixo
e inflação a longo prazo está praticamente desconectada da taxa de
juros. E infelizmente, o modelo brasileiro adotado está mais para a já
comprovada ineficiente política argentina do que para a próspera visão
chilena.
As notícias não animam. Um estudo feito pelo Banco Mundial mostra que
o Brasil é o país mais fechado do G-20 e que desde 2008 vem
intensificando essas medidas protecionistas.
O governo exagera ao sustentar a qualquer preço as ineficiências das
empresas "ad eternum", mas também contribui pra isso. Um exemplo disso é
o tempo necessário para abrir uma empresa no Brasil de 119 dias. A um
custo médio de R$ 2.038. Já nosso vizinho, o Chile aprovou uma lei em
que a abertura de empresas passa a ser feita em um único dia, pela
internet, sem papelada e a custo zero.
Talvez isso explique o porquê temos o segundo Ipad mais caro do
mundo, atrás apenas dos nossos hermanos argentinos. Sem contar o Ipad,
ainda sofremos com a banda larga e os automóveis mais caros também. Para
ilustrar como sofremos com isso, uma Ferrari 458 Spider no Brasil custa
US$ 950 mil - com esse dinheiro um americano compra o mesmo carro (US$
250 mil), um apartamento (US$ 350 mil) e ainda um helicóptero (US$ 350
mil).
Portanto, subir 0,25 a Selic ou 0,50 é claramente importante para
ancorar as expectativas de inflação no curto prazo. Mas no longo prazo
será a competitividade da indústria e os incentivos ao setor privado que
irão tornar os preços mais baratos e farão o país crescer de maneira
digna.
Assim como no Chile, uma saída para promover o desenvolvimento é
apostar na fórmula empreendedorismo e inovação para não deixar morrer a
iniciativa privada e a livre concorrência. Posto de outra forma,
precisamos de mais Chile e menos Argentina para o Brasil.
Samy Dana é professor da Escola de Economia da FGV
Leonardo de Siqueira Lima é economista da FGVre4
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