segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Petrobras foi espionada por agência dos EUA, diz TV


A denúncia, feita em reportagem veiculada no Fantástico da TV Globo, tem por base documentos vazados pelo ex-analista da NSA, Edward Snowden

Fabrício de Castro, do
GettyImages
Instalações da Petrobras, em Recife

Instalações da Petrobras: dependendo das informações da Petrobras acessadas pela NSA, participantes do leilão de exploração do Campo de Libra podem ter vantagens

São Paulo - A Petrobras, uma das maiores empresas do Brasil, foi espionada pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. A denúncia, feita em reportagem veiculada no "Fantástico" da TV Globo, na noite de hoje, tem por base documentos vazados pelo ex-analista da NSA, Edward Snowden, atualmente exilado na Rússia.

De acordo com a reportagem, apresentação da própria NSA, usada em treinamento de novos agentes, mostra que a agência espiona redes privadas de computador, como a da Petrobras. O nome da companhia brasileira surge logo no início da apresentação. Além da companhia, aparecem listados como alvos o Google, a diplomacia francesa e a rede Swift, que regula transações financeiras internacionais.

Conforme a reportagem, pelo documento não é possível determinar há quanto tempo a Petrobras vem sendo espionada e nem mesmo que tipo de informações foram acessadas pela NSA. O "Fantástico" lembra, porém, que a companhia possui informações sensíveis, que valem bilhões de reais, como as que se referem ao pré-sal.

A reportagem diz ainda que, no próximo mês, o governo brasileiro vai promover o leilão de exploração do Campo de Libra, na Bacia de Santos, que faz parte do pré-sal. Segundo a TV Globo, dependendo das informações da Petrobras acessadas pela NSA, participantes da disputa podem ter vantagens na disputa.

O documento da NSA é classificado como "ultrassecreto" e, de acordo com a reportagem, liberado apenas para cinco países aliados - além dos EUA, a Inglaterra, a Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia.

Oficialmente, a NSA não espiona empresas estrangeiras com o objetivo de favorecer companhias norte-americanas. A apresentação usada para treinamento de novos agentes da agência, no entanto, coloca em xeque esta versão.

Em nota à Rede Globo, a NSA negou o roubo de informações de companhias estrangeiras. A Petrobras não comentou.


Dilma


A denúncia de espionagem à Petrobrás surge uma semana após o Fantástico veicular reportagem mostrando que a presidente Dilma Rousseff e seus principais assessores foram monitorados pela NSA. Conforme a reportagem, documentos secretos revelam que Dilma teve conversas telefônicas, e-mails e sua rede de comunicação interceptados pela NSA.

A revelação gerou uma crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos. Durante a última semana, o Brasil pediu explicações a representantes norte-americanos e a presidente Dilma Rousseff cancelou o envio de uma equipe aos EUA, que prepararia sua visita de outubro ao país. O cancelamento da visita da equipe, no entanto, não significa que a presidente desistiu de viajar aos EUA.

Além disso, durante reunião do G-20 em São Petersburgo, na Rússia, Dilma afirmou na sexta-feira que o Brasil quer saber "tudo o que há" sobre o País nos serviços de espionagem dos EUA. O presidente norte-americano, Barack Obama, após ter conversado com Dilma, afirmou que buscaria informações sobre as acusações contra a NSA. Obama afirmou ainda que levava à sério as alegações de espionagem contra o Brasil e o México - outro país envolvido nos monitoramentos.

Soma do caixa das empresas brasileiras bate recorde em junho


Com 275,4 bilhões de reais à disposição, companhias de capital aberto do país registram maior valor desde 2008

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Notas de dólar
Dólar: moeda americana em alta não impediu bom desempenho das empresas do país em junho


São Paulo – Em junho, a soma do caixa das 262 companhias brasileiras de capital aberto alcançou o maior valor desde janeiro de 2008: 275,4 bilhões de reais. Os dados são da Economatica. Os números surpreendem, se levados em conta fenômenos como a desaceleração do crescimento, o dólar alto e a inflação. Ao que tudo indica, apesar da crise, as empresas brasileiras têm gordura para queimar.

De acordo com a Economatica, 30 empresas tiveram caixa recorde em junho de 2013 – entre elas, a Petrobras, que faturou 73 bilhões de reais naquele mês. Os demonstrativos usados no levantamento foram disponibilizados pela Comissão de Valores Mobiliários.

Embora o caixa das empresas tenha aumentado, a alta do dólar diminuiu o valor de mercado das companhias brasileiras. Segundo números do Economatica, elas valiam cerca de 930 bilhões de dólares no começo de agosto – voltando aos patamares de julho de 2009.



'A paralisia acabou', diz Roberto Azevêdo ao assumir a Organização Mundial do Comércio


BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA


Em sua estreia como diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), o brasileiro Roberto Azevêdo prometeu nesta segunda-feira (9) dar fim à "paralisia" que, segundo ele, ameaça afundar a entidade na irrelevância. 

O embaixador cobrou urgência dos 159 países membros para destravar a rodada Doha de liberalização do comércio global. Ele disse que buscará resultados concretos na Conferência de Bali, em dezembro. 

"A paralisia acabou. Nós caímos nessa paralisia e nos acomodamos a ela. Isso acabou", afirmou. "Desde 1999 a OMC não consegue fechar nenhum acordo multilateral. É hora de mudar isso." 

Em discurso na sede da OMC, em Genebra, Azevêdo disse que a entidade corre o risco de ficar para trás caso não consiga avanços concretos nos próximos meses. 

"O mundo não vai esperar indefinidamente pela OMC. Ele vai seguir adiante", alertou.
"Nossa capacidade de responder às demandas de um mundo em transformação estão sob ameaça. O futuro do sistema multilateral de comércio está em jogo." 


3.set.13/G20 Rússia/AFP
Roberto Azevêdo, novo diretor-geral da OMC
Roberto Azevêdo, novo diretor-geral da OMC  

O brasileiro disse estar preocupado com o avanço de negociações bilaterais às margens da OMC. Ele sugeriu que isso pode esvaziar ainda mais a entidade. 

"O multilateralismo está deixando de ser a opção mais interessante. Minha preocupação é com o sistema, que não está funcionando." 

O enviado da CNI (Confederação Nacional da Indústria) a Genebra, Carlos Eduardo Abijaodi, disse que o Brasil pode perder com as negociações para um acordo de livre comércio entre os EUA e a União Europeia. 

"Se fizerem esse acordo, será um baque muito grande para o Brasil", afirmou. Ele disse que a entidade brasileira apoia as negociações multilaterais.

BRASIL DIFICULTA VINDA DE REFUGIADOS SÍRIOS

 

 

 

Desde 2010, Brasil concedeu refúgio a  258 sírios. A Suécia, em menos de 2 anos (desde 2012), acolheu mais de 15.000 sírios – com direito à residência permanente. O Itamaraty alega motivos de segurança nacional. Aparentemente, a Suécia não se preocupa com a sua segurança nacional!

Quando, há três meses, seu cunhado foi morto e teve o corpo atirado em frente à casa dos filhos na cidade de Homs, Mohamad encorajou sua família na Síria a fugir para o Brasil.

Em São Paulo há 14 anos, ele temia que outros parentes se somassem aos cerca de cem mil sírios que, segundo a ONU, morreram desde a eclosão dos conflitos no país árabe, em 2011.

Desde então, porém, diz que nenhum deles conseguiu deixar a Síria – segundo ele, por causa de exigências irreais feitas pelo Brasil para lhes conceder vistos. “Os brasileiros estão com os braços abertos, mas o governo está complicando tudo”, diz o sírio à BBC Brasil.

O Itamaraty afirma que as exigências buscam resguardar a segurança nacional.

Sede de uma das maiores colônias sírias fora do Oriente Médio, o Brasil concedeu refúgio a 258 sírios desde 2010, segundo o Ministério da Justiça. O número equivale a 0,01% dos 2 milhões de sírios que, de acordo com a ONU, fugiram desde o início dos confrontos.

Para analisar pedidos de refúgio, o governo determina que o solicitante esteja em território nacional. O problema, segundo Mohamad e outros sírios ouvidos pela BBC Brasil, é que muitos não têm conseguido sequer cumprir a etapa anterior: obter um visto para o Brasil. E, sem o documento, eles não podem voar até o país.

Membro da Coordenação da Revolução Síria no Brasil, grupo no Facebook que defende a queda do presidente sírio, Bashar al-Assad, o comerciante Amer Masarani diz que o número de refugiados no Brasil seria muito maior se as regras para o visto fossem menos rígidas.

Masarani, que vive em São Paulo há 17 anos, afirma ter sido procurado por ao menos seis compatriotas que tiveram pedidos de visto negados.

Junto de outros pequenos empresários árabes de São Paulo e de duas associações islâmicas, Masarani tem auxiliado sírios que tentam vir ao Brasil desde o pedido de visto até sua chegada e regularização.

Como o Brasil não emite vistos específicos a candidatos a refúgio, a alternativa aos que querem fugir para o Brasil são vistos de turista. Para concedê-los, o governo exige dez requisitos, entre os quais comprovante de emprego, extrato bancário dos últimos seis meses, certificado de antecedentes criminais e uma carta convite.
Para Masarani, as exigências não levam em conta o conflito. “A economia síria entrou em colapso, os bancos pararam de funcionar, muitos perderam o emprego, os prédios públicos fecharam. É impossível conseguir esses documentos.”

“O governo brasileiro está tratando esses sírios como turistas, mas eles são refugiados que estão correndo risco de vida. Muitos fogem só com a roupa do corpo”.


Joias por comida


Ao testemunhar a agonia de um sírio incapaz de obter um visto para o Brasil, a agente de turismo carioca A.A.C. passou a considerar um plano radical.

Ela diz ter conhecido o homem – morador de Alepo, segunda maior cidade síria – pela internet há um ano. Desde então, afirma que passaram a dialogar diariamente, tornando-se “amigos íntimos”.
No período, ela foi apresentada a seus parentes, consolou-o quando um amigo foi morto e habituou-se a ouvir explosões durante suas conversas. Em março, estimulou-o a fugir para o Brasil.

“Ele quer muito vir. Lá está faltando luz, água, comida. Quem tem joias troca por uma dúzia de ovos.”
A agente de turismo diz, no entanto, que ele jamais conseguiu reunir a documentação exigida. Além dos dez requisitos, ela diz ter sido informada por uma funcionária da embaixada brasileira na Síria de que ele precisaria comprovar movimentação bancária de ao menos US$ 2 mil (R$ 4,6 mil) mensais.

Desempregado – ela diz que a indústria em que trabalhava fechou por causa da guerra –, ele não pôde cumprir as exigências. Foi então que ela teve a ideia de se casar com ele, para que o sírio pudesse viajar com um visto familiar.

O matrimônio ocorreria por procuração, sem que ela precisasse estar na Síria, e reduziria as exigências para o visto. Ela diz estudar formas de tirar os planos do papel. “Eu seria capaz de fazer isso por ele, mas tenho que planejar tudo com cuidado”.


‘Riscos à segurança nacional’


Desde julho de 2012, a embaixada brasileira na Síria mantém apenas funcionários locais, que encaminham os pedidos de visto para o consulado em Beirute, no Líbano. Segundo Amer Masarani, da Coordenação da Revolução Síria no Brasil, a análise dos pedidos leva entre três e quatro meses.

Para agilizar o processo, ele diz que muitos sírios têm viajado para Beirute ou para Amã, na Jordânia, onde os serviços consulares brasileiros operam normalmente. Ele afirma, porém, que mesmo nas duas cidades muitos pedidos têm sido negados.

Masarani diz que o governo brasileiro dificulta a vinda de sírios porque, segundo ele, apoia Bashar al-Assad. “O Brasil não quer dar mais visibilidade ao conflito”.

Já o Itamaraty diz que as exigências feitas aos sírios se aplicam a qualquer estrangeiro de países com os quais o Brasil não tenha acordo de isenção de vistos. Além disso, segundo um assessor de imprensa do órgão, “numa circunstância como a presente (na Síria), temos que tomar cuidado para não aceitar pessoas que possam pôr em risco a segurança nacional”.

O órgão diz recusar vistos apenas quando uma série de requisitos é descumprida. A pasta se recusou a responder quantos pedidos de visto de sírios foram negados desde o início dos conflitos.

Para Masarani, o argumento da segurança nacional não se sustenta. Ele cita o caso da Suécia, que recebeu cerca de 15 mil refugiados sírios desde 2012, quase 60 vezes mais que o Brasil. A maioria ingressou no país com vistos de entrada regulares; outros, por uma cota de refugiados acordada com a ONU.
“Será que a Suécia não se preocupa com sua segurança nacional?”, indaga.

João Fellet
(BBC Brasil – 09/09/2013)

domingo, 8 de setembro de 2013

Brics vão abrir Banco conjunto com capital de US$ 50 bilhões, diz fonte

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul fariam contribuições de mesmo valor, encerrando disputas sobre o financiamento e administração do banco 

NOVA DÉLHI - O grupo de países emergentes conhecido como Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, chegou a um acordo para a estrutura de capital de um futuro banco conjunto.

Ficou acertado que a instituição terá um capital total de R$ 50 bilhões, para o qual todos os integrantes do grupo contribuirão igualmente, afirmou nesta quarta-feira uma autoridade sênior indiana ao jornal The Wall Street Journal.

O acordo provavelmente encerrará disputas anteriores sobre o financiamento e administração do banco. A princípio, a China havia proposto um aporte de capital de US$ 100 bilhões e uma participação maior na instituição.

Outras questões importantes, como propostas para que o grupo ofereça uma participação minoritária no banco a nações desenvolvidas como os EUA, ainda precisam ser melhor discutidas. Segundo o oficial indiano, o Brics está considerando a possibilidade de oferecer uma parcela de 40% a 50% a países de fora do grupo.

A presença de economias desenvolvidas na instituição a ajudaria a garantir ratings maiores e captar fundos mais baratos no mercado. Os ratings dos Brics são variados.

A fonte indiana disse também que a localização do futuro banco conjunto também não foi definida ainda. De acordo com o oficial, as questões pendentes deverão ser discutidas às margens das reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, marcadas para 11 a 13 de outubro.

A proposta do banco conjunto foi apresentada pela primeira vez durante uma reunião de cúpula dos Brics, em março de 2012.  
Fonte: Dow Jones Newswires.

‘Privatização à moda do PT’, editorial do Estadão


 


Publicado no Estadão deste sábado

Com a decisão de duplicar com recursos públicos parte das rodovias cujas operações e obras de manutenção e melhoria serão transferidas para empresas privadas em leilões de concessão que começam daqui a duas semanas, o governo Dilma mostra, mais uma vez, que ainda não conseguiu definir um modelo adequado para a participação do setor privado na infraestrutura de transportes. Mais de um ano depois de anunciado pela presidente Dilma Rousseff, o Programa de Investimentos em Logística, que previa a transferência de 7,5 mil quilômetros de rodovias federais (número revisto para 7 mil km) e de 10 mil km de ferrovias para o setor privado, ainda não saiu do papel.

Se o cronograma inicial tivesse sido cumprido, os nove lotes rodoviários que compõem o programa já teriam sido leiloados. O primeiro leilão de rodovias chegou a ser marcado para o início do ano, mas as condições definidas pelo governo não atraíram investidores privados. Diante do risco real de que não haveria interessados, o empreendimento foi cancelado. Só no próximo dia 18 será realizado o primeiro leilão, para a concessão da BR-050, que liga os Estados de Goiás e Minas Gerais, e da BR-262, entre o Espírito Santo e Minas Gerais. O segundo leilão, da BR-101, na Bahia, está programado para 23 de outubro. Mas as regras continuam sendo alteradas, porque o governo não tem conseguido compatibilizar seus próprios interesses com os dos investidores e dos usuários.

Como noticiou o Estado (1/9), depois de constatar que os investimentos exigidos dos consórcios vencedores de três dos nove lotes a serem leiloados exigiriam pedágios bem mais altos do que o máximo que havia sido definido, o governo decidiu duplicar esses trechos com dinheiro do Tesouro Nacional. Serão duplicados pelo governo 221 km da BR-101 (BA), 180,5 km da BR- 262 (ES) e 281,1 km da BR-163 (MT).

O governo do PT demorou vários anos para, afinal, se dar conta de que os investimentos em infraestrutura de transporte, necessários para evitar crises e assegurar o crescimento do país, ultrapassam a capacidade do setor público. Admitiu, com relutância, a entrada do capital privado no setor, mas vem tentando impor aos investidores condições que não asseguram a remuneração do investimento no prazo concedido. Para evitar o fracasso dos leilões, vem modificando as regras com frequência ─ e nem sempre tem tido êxito, pois as mudanças geram insegurança e incerteza entre os investidores. O resultado é o atraso na execução de seu programa de logística.

O primeiro leilão tinha sido marcado para 30 de janeiro, mas, por causa da falta de interessados, o governo o suspendeu. Em fevereiro, foram anunciadas regras mais favoráveis para os investidores, como a possibilidade de obtenção de financiamentos oficiais a juros mais baixos, a revisão do aumento do tráfego nas rodovias a serem leiloadas e mudanças não muito claras na taxa de retorno do investimento.

Esperava-se que o leilão fosse, afinal, realizado em maio, mas as mudanças anunciadas em fevereiro não foram suficientes para atrair investidores. Só então, o governo anunciou de maneira clara que a taxa interna de retorno do investimento para os leilões de rodovias passaria de 5,5% para 7,2% – como está definido nos editais para os dois leilões que já têm data definida.

Mas as pressões para mudanças nas regras continuam fortes. Ironicamente, no momento, elas estão concentradas num ponto que o governo do PT considerava básico em seu programa de concessões, a chamada modicidade tarifária, isto é, a cobrança de tarifas baixas pelos serviços prestados. No caso das concessões rodoviárias, o governo federal insinuava que seu programa era muito melhor do que o do governo do Estado de São Paulo, ao qual acusava de impor pedágios caros aos usuários. Para evitar o aumento nos pedágios das rodovias federais a serem concedidas, o governo usará dinheiro público para aliviar os ônus do investidor privado, mas, ainda assim, em alguns postos de pedágio, os usuários desembolsarão até R$ 12. Não é uma tarifa módica.

Fundação BB dá R$ 36 milhões a ONGs ligadas ao PT


A lista de organizações não governamentais, associações e prefeituras beneficiadas está sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal

Fausto Macedo, do
Ben Tavener/Creative Commons
Sede do Banco do Brasil em Brasília

Sede do Banco do Brasil em Brasília: o banco faz auditoria nos contratos e parcerias


São Paulo - Controlada pelo PT, a Fundação Banco do Brasil firmou convênios de R$ 36 milhões com entidades ligadas ao partido e familiares de seus dirigentes. A lista de organizações não governamentais, associações e prefeituras beneficiadas está sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal. O banco faz auditoria nos contratos e parcerias.

A posse na fundação, em junho de 2010, foi prestigiada por quadros importantes da sigla, entre eles cinco parlamentares e o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci.

Streit sucedeu a Jacques Pena, filiado ao PT do DF, cuja administração foi marcada por repasses a entidades ligadas aos seus parentes, agora sob investigação. Com sede numa sala sem placa de identificação em Brasília, que fica trancada em horário comercial, só a Associação de Desenvolvimento Sustentável do Brasil (Adesbra) firmou parcerias de R$ 5,2 milhões desde 2003. O diretor executivo da entidade, Joy de Oliveira Penna, é irmão de Jacques e tem ligações com outras entidades contempladas com recursos.

Os irmãos Pena são conhecidos por levar para a fundação a República de Caratinga, sua cidade de origem. Com a Associação dos Produtores Rurais e Agricultores Familiares de Santo Antônio do Manhuaçu, sediada no município, a fundação firmou convênio de R$ 1,05 milhão. A associação é comandada por dois primos de Jacques e Joy. "Tem razão de estar desconfiando, porque é parente, né?", admite o ex-presidente, atual tesoureiro da associação e primo da dupla, Sérgio Pena de Faria.

Segundo ele, o projeto desenvolvido na cidade, para aperfeiçoar técnicas de produção agrícola, foi apresentado por outra entidade, mas a fundação não a aceitou, pois a proponente tinha só dois anos de existência. Os dirigentes, então, pediram que a associação a substituísse.

"Cedi os documentos, mandaram para lá, onde que foi aprovado", conta Pena, negando favorecimento. "Essa associação não é igual a gente ouve falar aí que é só para desviar dinheiro. Pode dormir 'sono solto' que os documentos estão direitinho. Esse projeto foi o mais vigiado do Brasil", assegura, acrescentando que os fiscais da fundação fiscalizaram a execução e que houve prestação de contas.

Para Caratinga, a fundação mandou mais R$ 1,3 milhão para construir o Centro de Excelência do Café na gestão do ex-prefeito João Bosco Pessine (PT). A atual administração, do PTB, diz que teve de fazer obras adicionais para completar o projeto. Pessine não foi localizado.

A investigação da Polícia Civil começou a partir de denúncia de uma servidora da fundação, que está sob proteção policial e da área de segurança do Banco do Brasil. O órgão explica que as apurações são da sua alçada, e não da Polícia Federal, pois a fundação recebe recursos do banco, uma empresa de economia mista.


Denúncia


A funcionária teria recebido ameaças após delatar suposto esquema de desvio de recursos. Ela contou à polícia que a prestação de contas de algumas entidades não era analisada adequadamente. Não está descartado o afastamento do atual presidente da fundação, Jorge Alfredo Streit. A expectativa no Banco do Brasil é de que as primeiras conclusões da auditoria saiam neste fim de semana.

As denúncias sob investigação integram processo sob sigilo que tramita no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. A fundação explica que não teve acesso aos autos. Recentemente, atendendo à solicitação, enviou informações ao Ministério Público do DF. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo