segunda-feira, 9 de setembro de 2013

'A paralisia acabou', diz Roberto Azevêdo ao assumir a Organização Mundial do Comércio


BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA


Em sua estreia como diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), o brasileiro Roberto Azevêdo prometeu nesta segunda-feira (9) dar fim à "paralisia" que, segundo ele, ameaça afundar a entidade na irrelevância. 

O embaixador cobrou urgência dos 159 países membros para destravar a rodada Doha de liberalização do comércio global. Ele disse que buscará resultados concretos na Conferência de Bali, em dezembro. 

"A paralisia acabou. Nós caímos nessa paralisia e nos acomodamos a ela. Isso acabou", afirmou. "Desde 1999 a OMC não consegue fechar nenhum acordo multilateral. É hora de mudar isso." 

Em discurso na sede da OMC, em Genebra, Azevêdo disse que a entidade corre o risco de ficar para trás caso não consiga avanços concretos nos próximos meses. 

"O mundo não vai esperar indefinidamente pela OMC. Ele vai seguir adiante", alertou.
"Nossa capacidade de responder às demandas de um mundo em transformação estão sob ameaça. O futuro do sistema multilateral de comércio está em jogo." 


3.set.13/G20 Rússia/AFP
Roberto Azevêdo, novo diretor-geral da OMC
Roberto Azevêdo, novo diretor-geral da OMC  

O brasileiro disse estar preocupado com o avanço de negociações bilaterais às margens da OMC. Ele sugeriu que isso pode esvaziar ainda mais a entidade. 

"O multilateralismo está deixando de ser a opção mais interessante. Minha preocupação é com o sistema, que não está funcionando." 

O enviado da CNI (Confederação Nacional da Indústria) a Genebra, Carlos Eduardo Abijaodi, disse que o Brasil pode perder com as negociações para um acordo de livre comércio entre os EUA e a União Europeia. 

"Se fizerem esse acordo, será um baque muito grande para o Brasil", afirmou. Ele disse que a entidade brasileira apoia as negociações multilaterais.

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