Comércio exterior
A Casa Branca foi à OMC pedindo transparência do Brasil sobre quanto o governo tem de fato usado em esquemas de distribuição de alimentos que foram expandidos nos últimos anos
Os EUA pediram que o governo de Dilma forneça dados
completos sobre quanto foi usado para comprar a produção local e o
detalhamento dos setores beneficiados
(Ueslei Marcelino/Reuters)
O governo dos Estados Unidos questiona os programas sociais e de
ajuda alimentar a famílias pobres no Brasil, sob a suspeita de que sejam
estratégias e mecanismos de subsidiar de forma indireta a agricultura e
produtores rurais, violando regras internacionais.
Na quinta-feira, a Casa Branca foi à Organização Mundial do Comércio
(OMC) cobrar transparência do Brasil sobre quanto o governo tem de fato
usado em esquemas de distribuição de alimentos que foram expandidos nos
últimos anos. O governo americano questiona até mesmo o Programa
Nacional de Alimentação Escolar, que estabelece fundos para a merenda.
Não se trata, por enquanto, de uma disputa comercial nos tribunais da
OMC. Tanto o governo dos EUA quanto o do Canadá levantaram o debate
durante reuniões regulares do Comitê de Agricultura da OMC. Ottawa e
Washington já haviam questionado outros aspectos dos incentivos fiscais
que o Brasil dá a seus produtores.
A cobrança de Washington é direcionada ao programa expandido no
Brasil em 2009, quando a merenda escolar passa a utilizar um volume
maior da agricultura familiar. Por lei, governos municipais e estaduais
são obrigados a usar no mínimo 30% dos recursos repassados pelo governo
federal para alimentação escolar para comprar produtos da agricultura
familiar.
Na época, o Ministério do Desenvolvimento Agrário disse que a lei da
merenda escolar abriu mercado a produtos com dificuldades de
comercialização. Cerca de 3 bilhões de reais já foram usados para
atender a 44 milhões de crianças na rede pública. A suspeita, porém, é
de que essa seria uma forma indireta de apoio ao produtor agrícola.
Dados — O governo americano pediu que o Brasil forneça dados
completos sobre quanto foi usado para comprar a produção local e o
detalhamento dos setores beneficiados. Os EUA pediram explicações do
Brasil sobre o fato de que o volume de dinheiro público no Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA) tenha crescido de forma substancial em 2010
e solicitou que o país reapresente seus cálculos de quanto gasta à OMC.
O Itamaraty justificou que não havia por que reapresentar os dados e
disse que o aumento era apenas resultado de uma contabilidade que passou
a incluir os gastos do Ministério do Desenvolvimento Social.
Comunicados do governo indicam que, em dez anos, o PAA recebeu 5 bilhões
de reais em investimentos. A presidente Dilma já indicou que seu
governo comprou 830 mil toneladas de alimentos, com investimentos de
1,75 bilhão de reais. Para 2013, a previsão de investimento é de 1,4
bilhão de reais.
O governo do Canadá também insistiu em obter detalhes de como
funciona o Plano Brasil Maior e o fato de que produtores estariam sendo
beneficiados por isenções fiscais. Ottawa pediu uma explicação do Brasil
sobre o impacto financeiro dessa ajuda governamental.
(com Estadão Conteúdo)
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