segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Bancos devem avisar clientes sobre conversão para reais em compras estrangeiras


 
 
 
Bancos podem passar a bloquear a conversão imediata para reais em compras estrangeiras, que terão de ser fechadas na moeda local, mas terão que avisar os clientes com 30 dias de antecedência. A informação é da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito (Abecs).

Bancos como Santander, Itaú e Bradesco seguirão a diretiva da associação. No Itaú, a medida passa a valer no próximo dia 30. Já o Bradesco informou que está avisando seus clientes de forma gradativa. Banco do Brasil, Caixa e HSBC afirmaram que estão avaliando a questão. Segundo o diretor executivo da Abecs, Ricardo Vieira, a recomendação surgiu com base no crescimento das reclamações de consumidores, que com frequência levavam sustos na hora de conferir a fatura do cartão - o valor era sempre maior do que o esperado.

"Você visita um site ou uma loja e a pessoa te oferece a possibilidade de pagar em reais - mas não te avisa nada. Você acha que vai pagar ao banco aquele valor, mas não é verdade", diz. " Quando essa transação vem ao Brasil, o cliente vai pagar em reais o equivalente ao valor em dólar da data do pagamento da sua fatura - acrescido de 6,38% de IOF. É um ruído, o cliente não entende nada."

O diretor diz que muitos estabelecimentos não informam sobre o IOF, imposto de 6,38% sobre a compra no exterior, e muito menos que aquele valor em reais é uma estimativa - por vezes duvidosa -, ainda sujeito à variação cambial. "Sob o ponto de vista do consumidor, é uma desinformação tremenda, porque em quase nenhum site ou loja lá fora eles te avisam que o câmbio é o do fechamento da fatura, e não o da compra", diz.

A associação nega que a diretiva é fruto da recente escalada da moeda norte-americana, mas assume que "quando a diferença não era muita, era menos perceptível" para o cliente. "Na conta sempre vinha uma diferença, mas ninguém se dava conta disso. Agora, se o sujeito viu o valor em reais com dólar a R$ 2,10 e, no fechamento do cartão, estava R$ 2,45, imediatamente pensa que alguém o está roubando", aponta o economista Mauro Calil.

Renan Ferracioli, assessor chefe do Procon-SP, lembra que parte da variação cambial vinha sendo absorvida pela indústria dos cartões, que por vezes assumia a diferença para evitar problemas com o cliente. "O consumidor não pode ser prejudicado. Há muitos sites e lojas que não são sérios, colocam uma cotação da cabeça deles e omitem informações - tudo para induzir o consumidor ao erro", diz.

Alternativas. Para evitar uma oscilação cambial entre a compra e o pagamento, o cliente pode solicitar ao banco a antecipação da fatura. No Bradesco, por exemplo, as bandeiras Visa, MasterCard e Elo permitem antecipação em até dois dias antes do vencimento; a Amex, em até dez. "O consumidor também pode usar um cartão pré-pago no exterior, que já tem o dólar travado na compra", diz Mauro Calil. Além disso, os pré-pagos 
cobram IOF de 0,38% sobre as transações, enquanto a taxa do cartão de crédito é de 6,38%.
Fonte: Abecs

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