O presidente do STF criticou o constante aumento da máquina judiciária brasileira como solução para a produtividade da justiça
Joaquim Barbosa no EXAME Fórum: "o sistema ser organizado em quatro instâncias é apostar na não funcionalidade"
São Paulo - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa,
fez duras críticas à morosidade do sistema judiciário brasileiro que,
segundo ele, criam um ambiente de insegurança jurídica para os negócios
no país. O ministro criticou especialmente o sistema ser organizado em quatro instâncias. "É apostar na não funcionalidade", disse.
Falando a empresários no EXAME Fórum,
que acontece nesta segunda-feira em São Paulo, o ministro afirmou que
para fomentarmos o desenvolvimento econômico é necessário que a justiça
seja mais célere, previsível e eficiente, de modo a assegurar a
segurança jurídica.
Segundo o ministro, uma empresa pode gastar até mais de mil horas
por ano apenas para preencher declarações para provar ter pago os
tributos por ela devidos. Não é sem razão que o Brasil ficou no 133º
lugar no quesito de facilidade de fazer negócios no ranking do Banco
Mundial.
Barbosa atribuiu essa morosidade ao congestionamento dos tribunais em
razão das demandas acumuladas. O problema, segundo ele, é que a solução é
sempre a mesma: aumentar os cargos públicos, construir novos tribunais e
adicionar novos cargos no judiciário.
"O aumento da máquina judiciária não é nem nunca foi a solução para a produtividade da justiça", afirmou o ministro.
Segundo ele, entre os processos estocados nos tribunais, destacam-se os
processos de execução fiscal, que sozinhos representam 39% de todos os
processos pendentes no Brasil - embora sejam apenas 15% dos casos novos.
"A cada 100 processos de execução fiscal, apenas 10 são finalizados por
ano", disse Barbosa.
A solução para essa "robustez barroca do judiciário", na opinião da
autoridade máxima da justiça brasileira, situa-se na alta política.
Segundo ele, é preciso a racionalização do processo e uma reavaliação
profunda do modelo atual. "Temos que dar prioridade para a primeira
instância, para soluções mais simples e duradouras, como os juizados
especiais, e reduzir o número excessivo de recursos que permitem que se
passe mais de uma década sem a solução do litígio", explicou Barbosa.
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