A presidente Dilma Rousseff, que reativou sua conta na plataforma de microblog Twitter nesta sexta-feira (27), rebateu as críticas feitas pela revista britânica "The Economist" à economia brasileira.
Em dois tweets, a presidente escreveu: "Eles estão desinformados. O
dólar estabilizou, a inflação está sob controle e somos o único grande
país com pleno emprego. Somos a 3ª economia que mais cresceu no mundo no 2º trimestre. Quem aposta contra o Brasil, sempre perde".
A presidente estava sendo entrevistada por sua sósia nas redes sociais,
a "Dilma Bolada" --na verdade, Jeferson Monteiro, que se encontrava no
Palácio do Planalto junto com a presidente. Com estilo irreverente, a
"Dilma Bolada" chamou a revista de "The Recalconomist":
Na quinta (26), a revista britânica "The Economist" voltou a estampar o
Brasil na capa de sua edição para a América Latina e a Ásia. Com uma
manipulação digital que mostra o Cristo Redentor afundando após um voo, a
revista questiona: "Será que o Brasil estragou tudo?". A capa é uma
referência da mesma revista, que, em 2009, mostrou o Cristo decolando como um foguete.
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Capa da revista "The Economist" que será publicada nesta semana
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Capa da mesma revista em matéria de novembro de 2009
"Uma economia estagnada, um Estado inchado e protestos em massa significam que Dilma Rousseff deve mudar o rumo", afirma a reportagem especial sobre o país.
A revista cita os protestos de junho, e se pergunta se a presidente
Dilma Rousseff vai conseguir recolocar o país nos eixos. Além disso,
pergunta se a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos vão ajudar a
recuperação do Brasil ou simplesmente trazer mais dívidas.
'Voo de galinha'
A revista relembra o cenário otimista há quatro anos: a economia tinha
se estabilizado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, nos anos
1990, e acelerado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no começo
dos anos 2000; sentiu pouco o colapso do banco Lehman Brothers, em 2008;
cresceu 7,5% em 2010; foi escolhida como sede da Copa do Mundo e das
Olimpíadas; e Lula ainda conseguiu eleger Dilma Rousseff como sua
sucessora.
"Desde então, o país tropeçou e voltou à realidade", diz. A reportagem
cita o crescimento de 0,9% em 2012 e as manifestações que encheram as
ruas do país em junho contra os altos custos de vida, a precariedade dos
serviços públicos e a corrupção política.
"Muitos agora perderam a esperança de que seu país estava fadado ao
sucesso e concluíram que foi apenas outro voo de galinha", afirma a
revista, usando a expressão em português.
Você concorda com a revista: o Brasil estragou tudo?
Investimentos em infraestrutura 'pequenos como biquíni fio-dental'
A revista afirma que muitas das políticas do ex-presidente Lula
-"notavelmente o Bolsa Família"- são admiráveis. "Porém, o Brasil fez
muito pouco para melhorar seu governo nos anos de crescimento."
A chance perdida não é exclusividade brasileira; aconteceu também com a Índia, segundo a reportagem.
No caso do Brasil, é pior, diz a "Economist", porque a carga tributária
é muito alta e pesa demais sobre as empresas, enquanto o governo "tem
seus gastos prioritários de cabeça para baixo".
Outro complicador, segundo a revista, é que, apesar de ser um país
jovem, gasta demais com aposentadorias, e de menos com infraestrutura.
"(...) apesar das dimensões continentais do país e péssimas conexões de
transporte, os investimentos em infraestrutura são tão pequenos como um
biquíni fio-dental", diz.
'Dilma interfere mais que pragmático Lula'
A revista faz, ainda, duras críticas à atuação da presidente Dilma
Rousseff em relação a interferências do governo em assuntos privados.
Segundo a revista, a atuação de Dilma teria afastado investidores dos
projetos de infraestrutura.
"Esses problemas vêm se acumulando há gerações. Mas Rousseff não quis
ou não conseguiu combatê-los, e criou novos problemas ao interferir
muito mais do que o pragmático Lula."
Em vez de assumir indicadores desfavoráveis, afirma a "Economist", o
governo lançou mão de "contabilidade criativa" e a dívida pública
avançou para entre 60% e 70% do PIB. "Os mercados não confiam em
Rousseff", diz.
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