- Operação seria desafio à manutenção da qualidade dos serviços prestados no país
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BRASÍLIA - A eventual compra do controle da Telecom Italia pela
Telefónica implicaria, além da complexa análise antitruste no Brasil, um
desafio à manutenção da qualidade dos serviços prestados no país,
afirmou à Reuters uma fonte da Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) nesta segunda-feira.
Pelas
regras do setor de telecomunicações no Brasil, não pode haver
sobreposições de outorga: ou seja, um mesmo grupo não pode ter duas
empresas que atuam no Serviço Móvel Pessoal (telefonia móvel) em uma
mesma região.
Se a Telefónica assumir o controle da Telecom Italia
na Europa, será indiretamente a sócia majoritária da TIM no Brasil,
onde já é dona da Vivo. Por isso, teria que se desfazer da outorga e das
faixas de frequência de uma das duas operadoras, potencialmente
unificando as bases de clientes de ambas as empresas em um único
espectro.
Essa unificação, porém, segundo a fonte da Anatel,
levaria a problemas na qualidade do serviço, já que a base de clientes
que hoje usa faixas de duas operadoras seria “afunilada” nas frequências
de apenas uma companhia.
“Se ela tiver devolvido as faixas de
frequência de uma empresa e colocar os clientes dessa empresa nas faixas
da outra, isso pode gerar problemas na qualidade. Mas é preciso ver o
caso concreto. Acho que as empresas têm consciência das limitações e já
devem ter algum tipo de solução”, disse a fonte da agência, que pediu
anonimato.
Fontes na Itália afirmaram à Reuters que a Telefónica
já teria chegado a um acordo para aumentar sua participação na Telco,
holding que controla a Telecom Italia, inicialmente para 65% com a opção
de estender para cerca de 70%.
No Brasil, a operação teria de ser
submetida também ao Conselho de Administrativo de Defesa Econômica
(Cade), onde seria analisada “com muito cuidado”, disse à Reuters uma
fonte do órgão antitruste. “Não se trata de um caso trivial”, afirmou.
Segundo
dados de julho da Anatel, a Vivo é a líder do mercado brasileiro de
telefonia móvel e a TIM aparece em segundo lugar. Somadas, as empresas
teriam mais de 55% de market share.
Em relatório divulgado nesta
segunda-feira, o Morgan Stanley ponderou, entretanto, que, de uma
maneira geral, os obstáculos regulatórios podem não ser tão grandes como
se pensa para esse setor.
O relatório notou, por exemplo, que, no
que se refere ao Cade, não haveria um patamar de market share que
poderia levantar uma bandeira vermelha e amarela, e citou que a própria
Vivo já tem mais de 60% do mercado em alguns Estados.
Quanto à
Anatel, o documento do Morgan Stanley avaliou que a agência pode estar
propensa a aprovar consolidações se for convencida de que isso pode
ajudar na qualidade dos serviços.
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