Sophia Camargo
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
No 1º Congresso Nacional de Educação Financeira nas Escolas (Conefe), encontro
realizado para discutir a introdução da educação financeira nas
escolas, realizado na quinta-feira (26), em São Paulo, o professor de
finanças do Insper, Ricardo Humberto Rocha, foi direto ao ponto. "O
Brasil precisa pensar mais em Matemática e menos em Copa", disse.
A afirmação foi uma resposta à pergunta como fazer o brasileiro
entender mais de educação financeira. O comentário mereceu aplausos da
plateia que reuniu educadores, economistas, especialistas em finanças e
gente interessada em aprender mais sobre o assunto.
Para ele, o principal problema do Brasil está na educação deficiente.
"O Brasil tem 5 copas do Mundo e nenhum prêmio Nobel. Quando vamos nos
preocupar em aumentar o quadro de medalhas das olimpíadas de
Matemática?"
O professor, que fez uma palestra sobre o uso inteligente do crédito,
acha que a população não está preparada para o crédito porque nem sequer
consegue entender os produtos financeiros como cheque especial, cartão
de crédito ou crédito imobiliário.
Filhos poderão ensinar os pais
O professor de Matemática Financeira, José Dutra Vieira Sobrinho,
também acha que o problema está na educação, e que as escolas podem
ajudar a reverter esse quadro. Para ele, muitas famílias nunca tiveram
acesso a qualquer tipo de crédito e, por isso, não sabem poupar.
"Se o filho aprende o básico da educação financeira na escola, pode
ajudar os pais a aprender, num caminho reverso." Para Dutra, somente
quando a população entender um pouco de finanças, é que vai cobrar a
simplificação dos produtos. "Hoje temos produtos excessivamente e
desnecessariamente complexos. Isso precisa mudar."
Sem educação, as pessoas aceitam taxas maiores e produtos inadequados
O professor de Finanças Fábio Gallo Garcia, da FGV/SP, fez coro aos
colegas. "Sem educação, as pessoas pagam maiores taxas e aceitam
produtos inadequados." O desafio, segundo ele, é melhorar o nível da
capacidade das pessoas de tomarem decisões financeiras.
Para o especialista, a culpa também é dos professores, que precisam
aprender a conversar com os jovens para falar a língua deles.
O professor Almir Ferreira de Souza, da USP, lembra que na década de 60 as aulas tinham 45 minutos por ser o tempo máximo que o professor conseguia prender a atenção de um aluno.
Atualmente, ele diz, pesquisas mostram que um jovem tem sua atenção
fixada por no máximo 6 minutos. Como ensinar num mundo tão dinâmico é
também um desafio para os professores.
Novas mídias são caminho para prender atenção do jovem
A resposta pode estar na utilização das diversas mídias. Conrado
Navarro, do canal Consumidor Consciente, mostrou o resultado de uma
pesquisa realizada jovens entre 18 e 30 anos realizada em 11 países da
América Latina e Caribe.
A pesquisa concluiu, entre outras questões, que 57% dos entrevistados
gostariam de procurar informação financeira em sites especializados e
53% gostariam de aprender como aproveitar melhor as ferramentas
financeiras por meio de e-learning, por exemplo.
Unir as novas mídias como jogos, aplicativos, mídias sociais, blogs, ao
conhecimento tradicional para facilitar o aprendizado é um dos caminhos
a seguir, concluíram os especialistas.
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