Não é segredo que o Brasil está entre os piores países do mundo quando o
assunto é custo, burocracia ou infraestrutura. É notório que empresas
globais, ao se instalarem por aqui, encontram nessas dificuldades um
obstáculo ao desenvolvimento de seus negócios.
Tome-se o caso da Zara, companhia têxtil espanhola que se
internacionalizou com coleções de giro rápido e custo acessível, o que
demanda eficiência na gestão de estoques e na distribuição em escala
mundial. Presente em 86 países, a empresa teve que repensar seu modelo
para poder operar no Brasil.
Percebeu, para começar, que a burocracia nos portos e os altos impostos
tornavam impossível gerir a distribuição centralizada na Espanha. Por
isso, teve que nacionalizar 40% de sua produção.
Pela criação de empregos no Brasil, tal solução parece boa. É preciso
considerar, porém, que o custo de produção interna mais alto, somado aos
impostos, deixa os preços até 76% maiores. Marca popular em outros
países, a Zara se fixou em um nicho mais rico no Brasil.
Esse é o padrão. A americana GAP, popular mundialmente, acaba de abrir
sua primeira loja no país com produtos entre 30% e 40% mais caros que
nos EUA. A diferença, segundo a empresa, decorre de elevados custos de
importação e logística. No fim das contas, o consumidor paga mais, e o
empresário lucra menos.
Tais exemplos evidenciam outro problema grave: o isolamento das empresas
brasileiras. A competitividade passa pela integração às cadeias globais
de produção, o que demanda tarifas de comércio baixas, logística
eficiente e simplicidade tributária.
Nada disso existe no modelo atual. Como a competitividade é baixa,
busca-se proteger a indústria com mais isenções pontuais --que pouco
adiantam-- e barreiras tarifárias --que terminam prejudicando o
consumidor.
A questão dos impostos assume lugar central na lista de problemas. Não
só pelo nível elevado, mas sobretudo pela complexidade. No ano passado, a
indústria de transformação gastou R$ 24,6 bilhões somente com
burocracia para pagar tributos --o dobro do que investiu em inovação.
O Banco Mundial põe o Brasil em 156º lugar, entre 185 países, no quesito
da dificuldade para saldar impostos. Uma empresa típica gasta nada
menos que 2.600 horas por ano para quitar as obrigações tributárias,
contra 176 horas na média dos países mais desenvolvidos.
O Brasil jamais será competitivo se não se integrar ao mundo. O desafio é
gigantesco, e não parece haver nos formuladores da política econômica
determinação para alcançar esse objetivo.
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