sábado, 21 de setembro de 2013

Alemanha e Brasil – entre tantas diferenças, algumas semelhanças

Alemanha e Brasil – entre tantas diferenças, algumas semelhanças

Apesar da diferença abissal dos indicadores sócio econômicos, a economia alemã vive momento turbulento parecido com o da brasileira em alguns aspectos. Como a macroeconomia tem afetado os mercados acionários dos dois países?

Leia os trechos a seguir:
“Os debates entre a esquerda e a direita têm se concentrado em redistribuição – aumentos de impostos sobre os ricos e gastos sociais”. Não parece uma discussão entre políticas do PT e as do PSDB?
“Um programa intensivo de gastos em infraestrutura é uma coisa em torno da qual poderia haver consenso”. Qualquer brasileiro concorda que nossa infraestrutura é precária o que prejudica a competitividade de nossos produtos.
“A questão crucial para mais crescimento será mais investimento”. Um dos poucos consensos entre os economistas brasileiros é o de que o país precisa aumentar sua taxa de investimento.
“O problema econômico mais imediato com que se defronta a indústria é o forte aumento dos preços da energia”. Não foi à toa que a presidente Dilma Rousseff empenhou-se para a adoção de novas regras na renovação das concessionárias de geração e de distribuição.
Contudo, as afirmativas acima não se referem à economia brasileira, mas à alemã. Foram retiradas da reportagem “Alemanha deve votar por mais do mesmo”, do Financial Times, publicada no Valor Econômico de 19 de setembro de 2013, que trata da eleição nesse fim de semana. As razões para os países terem chegado a algumas situações semelhantes, porém são distintas. Por exemplo, no caso alemão, o aumento do custo da energia ocorreu devido ao desligamento das usinas nucleares. Por outro lado, no Brasil, o incremento do custo foi devido à desvalorização do real, às estiagens, ao uso mais intenso da geração térmica e a encargos setoriais.
Outro dado interessante é o de que apesar da melhor situação econômica da Alemanha dentro da Comunidade Econômica Europeia (CEE), sua taxa de investimento é inferior à da zona do euro. Hoje o indicador alemão se encontra ao redor de 17,5% cerca de 1 p.p inferior ao da CEE. Essa diferença já foi maior – de 3 p.p em 2008. A solução para elevar a taxa, tanto lá como cá, é investir em infraestrutura de forma a aumentar a competitividade das empresas em relação a seus pares internacionais.
Apesar de algumas situações semelhantes no âmbito macroeconômico, o principal índice acionário alemão se mostra mais consistente do que o Ibovespa desde a crise de 2008. Enquanto o Ibovespa tem apresentado altos e baixos nos últimos anos, o DAX apresentou crescimento contínuo no período (com exceção de agosto de 2011 quando os Estados Unidos tiveram sua nota de rating rebaixada pela S&P). Isso ocorreu devido à composição do Ibovespa concentrada em empresas de commodities e ao aumento da maior aversão ao risco após a crise com a migração dos recursos para países mais estáveis. Apesar da fraqueza recente do Ibovespa, o índice brasileiro apresentou maior valorização – 234% versus 155%, ambas em moeda local – nos últimos dez anos.
ibovespa dax
A comparação dos dois indicadores acionários mostra que os países emergentes ainda pagam mais caro por desarranjos econômicos. Problemas em países desenvolvidos são vistos de forma mais condescendente pelos investidores. Por isso, o cuidado dos governantes dos países periféricos com as questões macroeconômicas deve ser redobrado sob pena de afetar negativamente o mercado de capitais.
Termos de Uso
As análises, opiniões, premissas, estimativas e projeções feitas neste blog são baseadas em julgamento do analista responsável e estão, portanto, sujeitas à modificação sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado. O analista de investimento responsável por este blog declara que as opiniões contidas neste espaço refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre a companhia analisada ou fundos e foram realizadas de forma independente e autônoma. As opiniões contidas neste espaço podem não ser aplicáveis para todos os leitores devido aos diferentes objetivos de investimento e situação financeira específica. O autor não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizados por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Toda e qualquer decisão de investimento baseada nas opiniões aqui expostas é de exclusiva responsabilidade do investidor.
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Alemanha e Brasil – entre tantas diferenças, algumas semelhanças

Apesar da diferença abissal dos indicadores sócio econômicos, a economia alemã vive momento turbulento parecido com o da brasileira em alguns aspectos. Como a macroeconomia tem afetado os mercados acionários dos dois países?

Leia os trechos a seguir:
“Os debates entre a esquerda e a direita têm se concentrado em redistribuição – aumentos de impostos sobre os ricos e gastos sociais”. Não parece uma discussão entre políticas do PT e as do PSDB?
“Um programa intensivo de gastos em infraestrutura é uma coisa em torno da qual poderia haver consenso”. Qualquer brasileiro concorda que nossa infraestrutura é precária o que prejudica a competitividade de nossos produtos.
“A questão crucial para mais crescimento será mais investimento”. Um dos poucos consensos entre os economistas brasileiros é o de que o país precisa aumentar sua taxa de investimento.
“O problema econômico mais imediato com que se defronta a indústria é o forte aumento dos preços da energia”. Não foi à toa que a presidente Dilma Rousseff empenhou-se para a adoção de novas regras na renovação das concessionárias de geração e de distribuição.
Contudo, as afirmativas acima não se referem à economia brasileira, mas à alemã. Foram retiradas da reportagem “Alemanha deve votar por mais do mesmo”, do Financial Times, publicada no Valor Econômico de 19 de setembro de 2013, que trata da eleição nesse fim de semana. As razões para os países terem chegado a algumas situações semelhantes, porém são distintas. Por exemplo, no caso alemão, o aumento do custo da energia ocorreu devido ao desligamento das usinas nucleares. Por outro lado, no Brasil, o incremento do custo foi devido à desvalorização do real, às estiagens, ao uso mais intenso da geração térmica e a encargos setoriais.
Outro dado interessante é o de que apesar da melhor situação econômica da Alemanha dentro da Comunidade Econômica Europeia (CEE), sua taxa de investimento é inferior à da zona do euro. Hoje o indicador alemão se encontra ao redor de 17,5% cerca de 1 p.p inferior ao da CEE. Essa diferença já foi maior – de 3 p.p em 2008. A solução para elevar a taxa, tanto lá como cá, é investir em infraestrutura de forma a aumentar a competitividade das empresas em relação a seus pares internacionais.
Apesar de algumas situações semelhantes no âmbito macroeconômico, o principal índice acionário alemão se mostra mais consistente do que o Ibovespa desde a crise de 2008. Enquanto o Ibovespa tem apresentado altos e baixos nos últimos anos, o DAX apresentou crescimento contínuo no período (com exceção de agosto de 2011 quando os Estados Unidos tiveram sua nota de rating rebaixada pela S&P). Isso ocorreu devido à composição do Ibovespa concentrada em empresas de commodities e ao aumento da maior aversão ao risco após a crise com a migração dos recursos para países mais estáveis. Apesar da fraqueza recente do Ibovespa, o índice brasileiro apresentou maior valorização – 234% versus 155%, ambas em moeda local – nos últimos dez anos.
ibovespa dax
A comparação dos dois indicadores acionários mostra que os países emergentes ainda pagam mais caro por desarranjos econômicos. Problemas em países desenvolvidos são vistos de forma mais condescendente pelos investidores. Por isso, o cuidado dos governantes dos países periféricos com as questões macroeconômicas deve ser redobrado sob pena de afetar negativamente o mercado de capitais.
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por Estrategista em sexta-feira, 20 de setembro de 2013 


Apesar da diferença abissal dos indicadores sócio econômicos, a economia alemã vive momento turbulento parecido com o da brasileira em alguns aspectos. Como a macroeconomia tem afetado os mercados acionários dos dois países?

Leia os trechos a seguir:

“Os debates entre a esquerda e a direita têm se concentrado em redistribuição – aumentos de impostos sobre os ricos e gastos sociais”. Não parece uma discussão entre políticas do PT e as do PSDB?
“Um programa intensivo de gastos em infraestrutura é uma coisa em torno da qual poderia haver consenso”. Qualquer brasileiro concorda que nossa infraestrutura é precária o que prejudica a competitividade de nossos produtos.

“A questão crucial para mais crescimento será mais investimento”. Um dos poucos consensos entre os economistas brasileiros é o de que o país precisa aumentar sua taxa de investimento.

“O problema econômico mais imediato com que se defronta a indústria é o forte aumento dos preços da energia”. Não foi à toa que a presidente Dilma Rousseff empenhou-se para a adoção de novas regras na renovação das concessionárias de geração e de distribuição.

Contudo, as afirmativas acima não se referem à economia brasileira, mas à alemã. Foram retiradas da reportagem “Alemanha deve votar por mais do mesmo”, do Financial Times, publicada no Valor Econômico de 19 de setembro de 2013, que trata da eleição nesse fim de semana. As razões para os países terem chegado a algumas situações semelhantes, porém são distintas. Por exemplo, no caso alemão, o aumento do custo da energia ocorreu devido ao desligamento das usinas nucleares. Por outro lado, no Brasil, o incremento do custo foi devido à desvalorização do real, às estiagens, ao uso mais intenso da geração térmica e a encargos setoriais.

Outro dado interessante é o de que apesar da melhor situação econômica da Alemanha dentro da Comunidade Econômica Europeia (CEE), sua taxa de investimento é inferior à da zona do euro. Hoje o indicador alemão se encontra ao redor de 17,5% cerca de 1 p.p inferior ao da CEE. Essa diferença já foi maior – de 3 p.p em 2008. A solução para elevar a taxa, tanto lá como cá, é investir em infraestrutura de forma a aumentar a competitividade das empresas em relação a seus pares internacionais.

Apesar de algumas situações semelhantes no âmbito macroeconômico, o principal índice acionário alemão se mostra mais consistente do que o Ibovespa desde a crise de 2008. Enquanto o Ibovespa tem apresentado altos e baixos nos últimos anos, o DAX apresentou crescimento contínuo no período (com exceção de agosto de 2011 quando os Estados Unidos tiveram sua nota de rating rebaixada pela S&P). Isso ocorreu devido à composição do Ibovespa concentrada em empresas de commodities e ao aumento da maior aversão ao risco após a crise com a migração dos recursos para países mais estáveis. Apesar da fraqueza recente do Ibovespa, o índice brasileiro apresentou maior valorização – 234% versus 155%, ambas em moeda local – nos últimos dez anos.

ibovespa dax

A comparação dos dois indicadores acionários mostra que os países emergentes ainda pagam mais caro por desarranjos econômicos. Problemas em países desenvolvidos são vistos de forma mais condescendente pelos investidores. Por isso, o cuidado dos governantes dos países periféricos com as questões macroeconômicas deve ser redobrado sob pena de afetar negativamente o mercado de capitais.

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As análises, opiniões, premissas, estimativas e projeções feitas neste blog são baseadas em julgamento do analista responsável e estão, portanto, sujeitas à modificação sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado. O analista de investimento responsável por este blog declara que as opiniões contidas neste espaço refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre a companhia analisada ou fundos e foram realizadas de forma independente e autônoma. As opiniões contidas neste espaço podem não ser aplicáveis para todos os leitores devido aos diferentes objetivos de investimento e situação financeira específica. O autor não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizados por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Toda e qualquer decisão de investimento baseada nas opiniões aqui expostas é de exclusiva responsabilidade do investidor.

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