Sílvio Guedes Crespo
Depois
de um período de forte queda, o real foi a moeda que mais subiu desde o
início do mês, entre 31 selecionadas, incluindo os mercados
desenvolvidos e os principais emergentes. O levantamento foi elaborado
pela CMA, empresa de tecnologia e informações financeiras.
A moeda
brasileira avançou 5,21% em relação ao dólar, do início de setembro até
o dia 18. A trajetória de alta, no entanto, já estava acentuada desde
que o Banco Central anunciou, no dia 22, que faria leilões diários de
venda de dólares no mercado futuro.
Vale lembrar que, antes desse
surto de alta, o real estava caindo fortemente em relação ao dólar. Do
início de agosto até o dia 22, recuou 5,53%, tendo a maior perda entre
as 31 moedas analisadas pela CMA.
Se
considerarmos um prazo mais longo, vemos uma desvalorização do real. A
moeda brasileira caiu 10,05% desde o início do ano até o dia 18 – mais
do que, por exemplo, os pesos mexicano, peruano e colombiano. Nesse
período, a maior queda entre os 31 países foi a do peso argentino, de
17%, conforme o gráfico abaixo.
Entrevista
O economista-chefe da CMA, Carlos Lima, autor do levantamento, concedeu a entrevista abaixo ao blog
Achados Econômicos.
Por que o real subiu mais do que as outras moedas?
Foram dois fatores. Primeiro, o impacto da decisão do BC em entrar pesadamente no mercado de câmbio. Na época [22 de agosto], o BC foi claro: quem estaria entrando para especular, sofreria um impacto devido a um grande player [o BC] vendendo.
Depois, passou a haver uma desconfiança em relação à possibilidade de o Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA]
retirar os estímulos. A meu ver, o mercado, que antes acreditava que o
Fed iria retirar, passou a avaliar se ia retirar mesmo e se, caso
retirasse, em quanto seria essa redução.
Então o real continua sendo uma das moedas mais voláteis, entre as maiores economias?
Sim.
Existe um peso enorme da variável dólar na nossa economia, e isso está
sendo demonstrado na variação do real. Entre 80% e 90% das empresas
listadas no Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo)
sofrem impacto do dólar.
Na sua visão, o real deve continuar subindo mais que as outras moedas?
A ideia do Fed de prorrogar a decisão [de retirar os estímulos] joga,
para o mercado, uma certa especulação, o que gera volatilidade. Num
curto prazo, me parece que o real encontrou um certo parâmetro, variando
entre R$ 2,20 e R$ 2,25. Mas, quando o Fed começar a retirar os
estímulos, o real tende a voltar a se desvalorizar.
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