terça-feira, 15 de outubro de 2013

Mubadala e Trafigura controlarão porto da MMX

Acordo de 996 milhões de dólares tira dívidas das mãos de Eike Batista e assegura novo investimento no porto

Divulgação
Porto Sudeste da MMX

Obras da MMX: pelos termos do acordo, a Trafigura e o Mubadala , o maior credor individual de Eike, terão uma participação de 65% na MMX Porto Sudeste

São Paulo - O empresário Eike Batista cedeu o controle de seu porto de minério de ferro para a trading holandesa Trafigura Beheer e para o fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala, em um acordo de 996 milhões de dólares que tira dívidas de suas mãos e assegura novo investimento no porto.

O esforço mais recente do empresário para evitar o colapso do grupo EBX segue a venda de outros ativos importantes e vem em meio a negociações com os credores da petrolífera OGX, que não pagou juros de 44,5 milhões de dólares de títulos neste mês e, segundo analistas, corre o risco de ir à falência dentro de semanas.

Pelos termos do acordo, a Trafigura e o Mubadala , o maior credor individual de Eike, terão uma participação de 65 por cento na MMX Porto Sudeste, um porto em construção que está programado para começar a operar em meados de 2014.

O Mubadala, que também detém uma participação na EBX, e a Trafigura entraram em negociações exclusivas sobre os ativos com Eike e a MMX, no mês passado. A MMX vai manter a participação remanescente de 35 por cento no Porto Sudeste.

Trafigura e Mubadala planejam investir 400 milhões de dólares na empresa para financiar a conclusão do porto e do terminal de minério de ferro e irão assumir 1,3 bilhão de reais de dívida da MMX Sudeste Mineração, unidade MMX ligada ao projeto do porto, segundo comunicado da mineradora divulgado na noite de segunda-feira.

O grupo EBX, de Eike Batista, tinha valor de mercado de cerca de 60 bilhões de dólares no início do ano, mas o valor de suas empresas despencou depois de não atingirem metas de produção e lucro e acumularem dívidas.

Em julho, Eike cedeu o controle da empresa de energia MPX para o grupo alemão E.ON. A companhia foi então renomeada para Eneva. Em agosto, o empresário fechou acordo para vender a LLX Logística para a empresa de investimentos norte-americana EIG Global Energy Partners por 559 milhões de dólares.

O porto de minério de ferro, que está localizado no Sudeste do Estado do Rio de Janeiro, terá inicialmente capacidade para transportar até 50 milhões de toneladas métricas do insumo por ano. A empresa tem acordos de transporte de minério com a siderúrgica Usiminas.

A conclusão do negócio envolvendo o Porto Sudeste está sujeita à aprovação regulatória e à conclusão de um plano de refinanciamento da dívida.

A Trafigura e Mubadala também vão pagar aos detentores de units especiais da MMX royalties para o minério de ferro enviado após o porto começar a dar lucro.

Ambas as empresas também fornecerão à MMX Sudeste Mineração instrumento de financiamento de 100 milhões de dólares.

A MMX informou que fará uma teleconferência com investidores assim que possível, mas não quis dar uma data exata.

Conselho quer regulação da publicidade de alimentos

Um dos itens lembrados pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, dentro do Código de Defesa do Consumidor, é o que proíbe propaganda abusiva

Ayr Aliski, do
Cate Gillon/Getty Images
Pessoa comendo um lanche

Fast food: recomendação do Consea cita ainda dados sobre a ocorrência de sobrepeso e obesidade

Brasília - O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) encaminhou ao Congresso recomendação para que seja dada prioridade à tramitação dos projetos de lei que proponham a regulação da publicidade de alimentos não saudáveis.

O Consea defende tal sugestão ressaltando o direito humano à alimentação e os direitos básicos dos consumidores à informação e à proteção contra publicidades enganosas e abusivas.
A recomendação Consea 006/2013 aborda o impacto negativo à saúde provocado pelas massivas estratégias de comunicação mercadológica veiculadas em diversos meios e formatos para promoção de alimentos industrializados e ultraprocessados com altos teores de sódio, açúcar, gorduras e bebidas de baixo valor nutricional.

No texto, o conselho cita critério fixado pelo Código de Defesa do Consumidor que assegura o direito à informação, até mesmo veiculada por meio de propaganda, sobre as características de produtos e serviços de forma correta, clara, precisa, e também sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Um dos itens lembrados pelo Consea, dentro do Código de Defesa do Consumidor, é o que proíbe a propaganda abusiva, dentre elas a que tire proveito da deficiência de julgamento e experiência da criança e que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à saúde ou segurança.

A recomendação cita ainda dados sobre a ocorrência de sobrepeso e obesidade, destacando que a questão é verificada em todos os grupos de renda e em todas as regiões do Brasil e que tais dados já permitem considerar esta situação como epidêmica. 
 
Diante disso, o conselho alerta para o consequente aumento no número de pacientes, cada vez mais jovens, com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como câncer, hipertensão, enfermidades cardiovasculares e diabetes, havendo previsão que em 2030 essas moléstias respondam por 70% das mortes do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), "sendo urgente a adoção de estratégias para reversão desse quadro". 
 
O documento é assinado pela presidente do conselho, Maria Emília Lisboa Pacheco. O Consea é um conselho de assessoramento da Presidência da República. O grupo é formado por 19 representantes de ministérios e 38 da sociedade civil.

Eu avisei, diz Maddog a Dilma sobre espionagem da NSA

O evangelista do software livre Jon “Maddog” Hall diz que há anos vem alertando o governo brasileiro sobre a espionagem da NSA

Divulgação / Campus Party
Jon "Maddog" Hall fala na Campus Party 2011, em São Paulo

Madddog na Campus Party 2011, em São Paulo: o evangelista do software livre quer a atenção de Dilma Rousseff

São Paulo -- O evangelista do software livre Jon “Maddog” Hall tem um recado para Dilma Rousseff sobre a espionagem da NSA: “Desculpe-me por dizer isto mas, eu avisei”, diz, numa carta aberta à presidente.

O americano Maddog é diretor executivo da Linux International, organização que divulga o software livre. Ele esteve diversas vezes no Brasil participando de congressos.

“Durante pelo menos os últimos dez anos, falei a pessoas ao redor do mundo que eu amo meu país. Mas, se você não vive em meu país, qualquer dado armazenado em meu país ou que passe perto das fronteiras do meu país não é realmente privado”, diz ele.

Maddog diz que a raiz do problema está no chamado Ato Patriótico, de 2001, instituído em reação ao ataque de 11 de setembro. O ato deu poderes quase irrestritos aos arapongas americanos para espionar pessoas com o objetivo de combater o terrorismo. 

“Comecei a sentir certo frio na espinha. Eu sabia que esse poder amplo e descontrolado não era o que os patriotas que fundaram nosso país pretendiam. Na verdade, é o oposto”, comenta ele.

Para Maddog a disseminação da computação em nuvem só piora as coisas. “Nuvens vão esconder o software do controle das pessoas e torná-las ainda mais dependentes das grandes empresas de serviços online baseadas nos Estados Unidos”, afirma.

Sua receita para resolver o problema é criar serviços locais com base em software livre. Isso, em sua visão, daria ao país mais independência tecnológica, mais controle sobre as informações críticas e mais privacidade. Ele também prega o uso de hardware aberto fabricado no país.

Maddog já tem um projeto para isso: “O plano é um de que venho falando nos últimos três anos. É chamado Projeto Cauã e temos trabalhado duro para realizá-lo.”

Ele reclama que os brasileiros não têm dado atenção ao que ele diz: “Dizer que fomos recebidos com falta de cooperação tanto do governo brasileiro (federal, estadual e local) como da indústria brasileira é pouco.”

Nas próximas semanas, Maddog virá divulgar seu plano em duas palestras em Foz do Iguaçu e uma em Brasília. Ele tem esperança de que Dilma mande alguém do governo para ouvi-lo e discutir o projeto.

Considerando que o governo já trabalha num sistema de comunicações próprio com foco na privacidade, é possível que algumas de suas ideias encontrem respaldo. Mas isso é na esfera governamental.

Fora dela, as chances de o plano de Maddog avançar são muito menores. Afinal, não deve haver muitos cidadãos comuns interessados em trocar Google e Facebook por serviços locais construídos com software livre.

OGX demite presidente-executivo e um diretor, diz fonte


As demissões dos executivos devem-se ao processo de reestruturação da endividada petroleira do empresário Eike Batista, segundo a fonte

Sabrina Lorenzi, da
Divulgação
funcionário na plataforma da OGX
OGX: procurada, companhia disse que não comentaria o assunto


Rio de Janeiro - O Conselho de Administração da OGX demitiu nesta terça-feira o presidente-executivo da petroleira Luiz Eduardo Carneiro e o diretor jurídico José Faveret, disse à Reuters uma fonte a par do assunto.

As demissões dos executivos devem-se ao processo de reestruturação da endividada petroleira do empresário Eike Batista, segundo a fonte, que acrescentou que a Angra Partners --que assessora na reorganização do grupo EBX, de Eike-- assumirá com mais ênfase a gestão da petroleira.

Procurada, a OGX disse que não comentaria o assunto.
A diretoria liderada por Carneiro decidiu exercer no começo de setembro uma opção contra Eike para que ele injete até 1 bilhão de dólares na companhia, que está negociando com detentores de bônus para evitar o que seria o maior calote corporativo da história da América Latina. Eike está questionando a opção e disse que poderá recorrer à Câmara de Arbitragem.

Carneiro também foi voz contrária à demissão do ex-diretor financeiro da OGX Roberto Bernardes Monteiro, anunciada em 20 de setembro.

A derrocada da OGX, que já foi considerada o ativo mais precioso do grupo de empresas de Eike, ganhou força após sucessivas frustrações com o nível de produção da petroleira. No início de julho, a companhia decidiu não seguir adiante com o desenvolvimento de algumas áreas na bacia de Campos antes consideradas promissoras.

Com pouco dinheiro disponível e fracasso em sua campanha exploratória até agora, em agosto a OGX desistiu de adquirir nove dos 13 blocos que arrematou na última licitação de áreas de petróleo, evitando o pagamento de 280 milhões de reais ao governo por direitos exploratórios.

Em 1o de outubro, a OGX optou por não pagar juros sobre bônus no exterior no valor de cerca de 45 milhões de dólares, referentes à dívida de 1,1 bilhão de dólares em títulos com vencimento em 2022. A OGX tem até o início de novembro "para adotar as medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida".

No total, apenas em bônus no mercado internacional a OGX tem dívida de 3,6 bilhões de dólares.
A OGX contratou como assessores o banco Lazard e o grupo de investimentos Blackstone para coordenar as discussões com os detentores de bônus.

10 valores essenciais para a administração de um negócio

A universidade de Stanford perguntou e ex-alunos de sua Escola de Negócios responderam. Veja o que eles pensam sobre o assunto

Redação, administradores.com.br
Shutterstock


A universidade de Stanford, nos EUA, perguntou a vários ex-alunos de sua Escola de Negócios que conseguiram destaque no mercado quais os valores e princípios mais importantes para eles na carreira que estão trilhando. Abaixo você encontra uma compilação dessas máximas pessoais e profissionais, para se inspirar e relembrar aquilo que é fundamental, dentro da sua própria experiência em administração.
Veja os dez principais valores citados nas respostas:

1. Tratar os outros como queremos ser tratados

"Eu acredito muito nessa regra de ouro. Ela é o valor dominante nas minhas relações profissionais. Se você trata bem as pessoas, de modo geral elas também lhe tratarão bem. Esse princípio faz com que você durma bem à noite, com uma consciência tranquila, e lhe confere enorme respeito. De vez em quando alguém vai tirar vantagem de você por causa disso, mas é só decidir não trabalhar mais com essa pessoa"  (Andy Rachellf - CEO da Wealthfront)

2. Integridade

"Quer dizer se relacionar com as pessoas de forma autêntica e verdadeira. Na Pagatech nós mantemos as promessas que fazemos a parceiros e clientes, e buscamos fazer o nosso melhor para permanecermos transparentes na forma como conduzimos nossos negócios." (Jay Alabraba - Co-fundador da Pagatech)

"Eu tenho relacionamentos profissinais que já duram 30 anos e a maioria dos negócios que fechei com essas pessoas foi selada com um aperto de mão. Dependendo da pessoa, isso pode valer mais do que qualquer outro contrato." (Bob Moog - CEO da University Games)

3. Ser direto

"Comigo, o que você vê é o que eu sou. No mundo corporativo norte-americano isso não me favorecia. Como empreendedora, porém, eu gosto de selecionar meus clientes. Eu escolho trabalhar com pessoas que são diretas e que apreciam e valorizam essa minha característica". (Denise Brosseau - CEO da Thought Leadership Lab)

4. Confiança

"Um dos valores principais da Tiny Prints é o de tratar uns aos outros como família. Quando recrutamos novos funcionários procuramos pessoas que valorizem relacionamentos significativos. Nossa empresa busca criar conexões melhores e o ambiente de trabalho é bastante 'universitário'. Todos que trabalham aqui se tornaram bons amigos, padrinhos e madrinhas, colegas de apartamento. Eles têm lealdade uns para com os outros. Claro que toda família tem seus problemas, mas nós tentamos gerar confiança, para que cada funcionário se sinta à vontade para dar seu feedback, mesmo quando for difícil. Onde há confiança se sabe que as críticas estão vindo com boas intenções". (Laura Ching - Co-fundadora da Tiny Prints)

5. Comunicação aberta e honesta

"Problemas se espalham quando as equipes não são honestas, especialmente se tratando de times diversificados, onde há muitas opiniões diferentes. Enquanto líder, é preciso criar uma cultura que recompense e promova a honestidade, mesmo que isso gere desacordos. Também é importante ser ousado, especialmente se você é um empreendedor e quer impactar seu país e mudar o mundo. Isso requer coragem." (Steve Poizner - CEO da Empowered Carreers)

6. Gratidão/valorização

"Todos nós nos sentimos gratos pelos negócios que construímos juntos e pelas oportunidades que temos, por isso trabalhamos para transmitir esse sentimento para os nossos funcionários, clientes e parceiros." (Beth Cross - Fundadora e CEO da Ariat International)

7. Honestidade, simplicidade e fazer algo que você acredita ter um valor real

"Muitas empresas fazem pesquisas de mercado e tentam se antecipar em conhecer as necessidades do cliente. Eu prefiro simplesmente desenvolver grandes produtos e contar uma história honesta sobre eles. Todo o marketing excessivo no mundo comercial tem criado um desejo por autenticidade." (Rob Forbes - Fundador da Design Within Reach e da Public Bikes)

8. Paixão

"Eu só quero que as pessoas trabalhem na Stella & Dot se elas sentirem que isso se encaixa em sua missão de vida. A vida é muito curta para não amar o que você faz, o porquê do que você faz e com quem o faz. Quando você acordar precisa se perguntar 'O que eu estou fazendo é o meu melhor propósito? Eu amo o lugar onde moro, quem eu conheço, o meu trabalho?' Muitas vezes fazemos certas coisas porque precisamos pagar as contas ou porque a posição oferecida é uma 'oportunidade'. Eu respeito quem trabalha para pagar as contas, mas quem está nessa situação deve continuar na jornada para fazer isso enquanto trabalha em algo que ama." (Jessica Herrin - Fundadora da Stella & Dot)

9. Transparência e abertura

"Acredito que você deva compartilhar o que muitos consideram segredos sobre como a empresa realmente está se saindo, inclusive financeiramente, com todos os funcionários, absolutamente. Não deve haver contenção de informações. Também acredito que cada colaborador deva ser encorajado a fazer experimentos rápidos, que falharão com a mesma velocidade. Esses testes mostram as melhores ideias e estas devem prevalecer" James Gutierrez - (Fundador da Progreso Financiero)

10. Trabalhar para fazer diferença no mundo

"Você pode ver quem tem mais poder numa sociedade observando quem possui os maiores prédios. Há 200 anos eram as catedrais. Há 50 eram os prédios governamentais. Hoje, na maioria das áreas urbanas, o poder está nos negócios e seus arranha-céus. A administração e o empreendorismo são a influência mais forte e poderosa no mundo de hoje. 54 das 100 entidades mais poderosas do mundo atualmente são empresas, não países. Isso significa que é muito mais importante que os empreendimentos adotem uma perspectiva capitalista consciente para fazer a diferença. Eu acredito nisso em nível global. Empresas estão finalmente se perguntando 'qual  é a marca ecológica que deixaremos?' Elas também precisam olhar para a marca emocional que deixam em seus funcionários." (Chip Conley - Fundador da rede de hotéis Joie de Vivre)

Para ler as entrevistas na íntegra, acesse a matéria original, no Tumblr da Stanford Business.
E deixe sua opinião: quais são seus valores essenciais?

Leiloar o maior campo já descoberto do mundo é inaceitável

Enquanto no resto do mundo os países exportadores de petróleo ficam com 80% do óleo-lucro – uma média de 72% do óleo produzido –, o governo brasileiro fixou para o leilão de Libra o pagamento mínimo de 41,65% à União. Em um campo sem riscos, de óleo de excelente qualidade, não seria razoável menos de 80% 



Com as bênçãos do governo e do Poder Legislativo, um crime contra a soberania nacional está em andamento e já tem data marcada. O Campo de Libra, situado na província brasileira do pré-sal, na Bacia de Santos, que é a maior descoberta de petróleo convencional do século XXI, irá a leilão no dia 21 de outubro, na primeira rodada de licitações da camada do pré-sal. O pontapé inicial foi dado no dia 3 de setembro, com a publicação do edital. Todo o processo culminará, em novembro, na assinatura dos contratos com os consórcios vencedores, novos donos de um tesouro nacional desapropriado do povo brasileiro.
A pressão das majors(ou Big Oils, ou sete irmãs) sobre o governo brasileiro foi muito forte. O seminário sobre óleo e gás em fevereiro de 2013 no Riocentro teve como tema central a reabertura dos leilões. Depois veio o vice-presidente norte-americano Joe Biden pressionar, pessoalmente, a presidente Dilma Rousseff e a presidente da Petrobras, Graça Foster. A escolha de Libra para essa licitação sob o regime de partilha satisfez as exigências. A área é imensa, e não será necessária a atividade de exploração, pois o campo já foi descoberto. O ganhador só vai desenvolver o campo, que hoje já se sabe conter muito petróleo. De acordo com testes de curta duração feitos pela Petrobras, que perfurou o campo, os volumes in placesituam-se entre 28 bilhões e 42 bilhões de barris. Se considerarmos um fator de recuperação de 35% (média dos campos da Bacia de Campos), os volumes recuperáveis podem variar entre 10 bilhões e 15 bilhões de barris. Mas geólogos da Petrobras estimam em mais de 15 bilhões.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) fixou em 41,65% a parcela mínima da União no leilão de um campo já perfurado, testado e comprovado que abriga reservas fantásticas. Os dados que mais assustam, no entanto, estão relacionados às facilidades oferecidas pelo governo para que as empresas estrangeiras se apropriem de uma de nossas maiores e mais estratégicas riquezas. O governo vem causando um prejuízo crônico à Petrobras, reduzindo drasticamente seu caixa, obrigando-a, de forma ilegal, a comprar combustíveis no exterior e vender mais barato para as distribuidoras, suas concorrentes. Ao mesmo tempo, retoma o campo que estava com a Petrobras por conta da cessão onerosa e estabelece um bônus de assinatura de R$ 15 bilhões, que prejudica a Petrobras e impede a participação das demais empresas nacionais.
Enquanto no resto do mundo os países exportadores de petróleo ficam com 80% do óleo-lucro – uma média de 72% do óleo produzido –, o governo brasileiro fixou para o leilão de Libra o pagamento mínimo de 41,65% à União. Em um campo sem riscos, de óleo de excelente qualidade, não seria razoável menos de 80%. Estamos leiloando um bilhete premiado. Nenhum país soberano e independente faz esse tipo de leilão. “A ideia é atrair as empresas estrangeiras e não espantar investidores”, diz a ANP. As entidades nacionalistas buscam instrumentos jurídicos para impedir o leilão.
O Congresso Nacional defendeu, até o último minuto, a destinação mínima de 60% desse óleo-lucro para a União, mas foi vencido ao final. Após reunião dos ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, com os líderes do governo na Câmara, a exigência dos 60% caiu “em nome de uma maior segurança jurídica das empresas que disputarão a licitação”. A votação, em 14 de agosto, foi rápida após o acordo com o Planalto e sepultou de vez a garantia de retorno decente para o país. Os 41,65% são um valor irrisório para o que representa o manancial do Campo de Libra. Ora, os leilões já não têm sentido por termos autossuficiência para mais de cinquenta anos, quanto mais nas condições desse campo perfurado, com reservas de 15 bilhões de barris e risco zero. Se alguém arrematar por menos de 60%, o leilão representará um fabuloso prejuízo.
Pior é que a ANP e o governo enganam a nação quando dizem que a União ficará com, no mínimo, 75% do petróleo. Ora, o produtor fica com 40% do petróleo para remunerar seu custo de produção (esse custo é cerca de US$ 40 por barril); o contrato prevê que os royalties, de 15%, serão também ressarcidos ao produtor. Sobram 45% para a partilha. Se o vencedor oferecer 60%, a União ficará com 60% de 45%, ou seja, 27% do petróleo produzido. E o consórcio, este sim, ficará com 73% do petróleo. Absurdo!
De volta às privatizações
Em entrevista recente concedida ao jornalista Paulo Henrique Amorim, o ex-presidente da Petrobras do governo Lula, Sérgio Gabrielli, afirmou que leiloar Libra “vai na contramão da lei de partilha”. Ele destacou outro ponto sensível do edital: o bônus de R$ 15 bilhões pedido pela ANP à empresa vencedora do leilão. Segundo o ex-presidente, tais procedimentos estão “mais próximos da concessão de FHC do que da partilha”. Ele se refere à Lei das Concessões (Lei n. 9.478, de 1997), do presidente Fernando Henrique Cardoso, que era destinada a áreas de alto risco exploratório e exigia um bônus alto, uma vez que o concessionário passava a ser o proprietário do petróleo.
Na mesma entrevista, Gabrielli declarou: “Como diminui o risco de exploração, o grande elemento a definir passa a ser como partilhar o lucro futuro. Então, o grande elemento deve ser a participação no lucro-óleo que deverá voltar ao Estado. À medida que você coloca um bônus muito alto, a partilha do lucro no futuro é menor. Ao fixar o bônus alto, você tem uma visão de curto prazo na exploração e no desenvolvimento de um recurso que já tem o grau de confirmação muito alto. [...]. Mesmo com a certeza de que lá tem petróleo, você submete todo o ganho potencial futuro do Estado a uma parcela menor – o que é ruim, no novo conceito de partilha. [...] Nessa operação de R$ 15 bilhões, o governo vai receber de imediato, mas a consequência disso é que, no lucro do futuro, o governo vai ficar com uma fatia menor”. Ou seja, o governo cobre o buraco do presente, mas compromete seriamente o futuro.
Na verdade o governo estabeleceu um bônus alto com dois objetivos: 1) dificultar a participação de empresas nacionais, inclusive a Petrobras, estrangulada por ele; e 2) atingir a meta do superávit primário, que precisa de R$ 15 bilhões para se completar.
Conjuntura internacional aterradora
O momento em que o leilão ocorre é outro ponto relevante. A insegurança energética mundial é imensa. Estados Unidos, Europa e Ásia, além do cartel internacional, estão cada vez mais dependentes do petróleo das reservas mundiais, escassas, com cerca de 60% no Oriente Médio. Quando o pré-sal foi descoberto, imediatamente foi reativada a quarta frota norte-americana para “proteger o Brasil”, uma pressão militar óbvia. Ao mesmo tempo, o cartel internacional das petrolíferas vem agindo pelos bastidores. No setor, o lobbydo cartel está profundamente infiltrado dentro do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e da Organização Nacional dos Industriais do Petróleo (Onip). Todos eles juntos conseguem dobrar os três poderes do país. Só as manifestações do povo nas ruas poderão reverter essa submissão.
Fernando Siqueira

Ipea: cada R$ 1 gasto com Bolsa Família adiciona R$ 1,78 ao PIB

Por Camilla Veras Mota | Valor
 
 
SÃO PAULO  -  O Bolsa Família tem um dos menores custos entre os chamados programas de transferências sociais, mas é o que tem o maior efeito multiplicador sobre a economia, de acordo com dados apresentados nesta terça-feira, 15, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), durante balanço dos dez anos da iniciativa.

Para o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea, Marcelo Neri, um dos principais atributos do programa é seu bom custo-benefício. Os gastos com o Bolsa Família representam apenas 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), mas cada R$ 1 gasto com o programa “gira” R$ 2,4 no consumo das famílias e adiciona R$ 1,78 no PIB.

Para efeito de comparação, em outro programa de transferência, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é gasto 0,6% do PIB, com geração de R$ 1,54 em consumo e R$ 1,19 no PIB. O seguro-desemprego, cujos gastos alcançam também 0,6% do PIB, rende R$ 1,34 em consumo e R$ 1,09 no PIB.


Pró-pobre


“Isso ocorre porque o programa é pró-pobre, e os pobres costumam gastar maior percentual da renda familiar mensal do que outras faixas da população”, afirmou Neri.

De acordo com os dados do Ipea, o Bolsa Família reduziu a extrema pobreza em 28% entre 2002 e 2012. Caso o programa não existisse, o percentual da população vivendo com renda mensal inferior a R$ 70 seria de 4,9%, ante atuais 3,6%, dado calculado com base nos dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Entre 2002 e 2012, o Bolsa Família respondeu, de forma relativa, por 12,2% da queda na concentração de renda medida pelo índice de Gini. Nesse período, a renda real média entre os 10% mais pobres no país avançou 120%, contra 26% entre os 10% mais ricos.

Ainda segundo os dados mostrados pelo Ipea, cada real fiscal gasto pelo programa gera um benefício social 5,2 vezes maior.

O impacto do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que foca idosos e pessoas com deficiência, é de 2,7, e, da Previdência, 1,07. “Para quem, como eu, tem preocupações com o lado fiscal, o Bolsa Família é um bom programa, porque faz muito gastando pouco”, disse Neri.

O efeito macroeconômico, segundo o ministro, é o maior entre todos os meios de transferência social praticados, hoje, no Brasil, como seguro-desemprego e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), entre outros.

Neri frisou, ainda, que o valor gasto em percentual do PIB com o programa é bastante inferior ao despendido por países da Europa e pelos Estados Unidos — este último, de acordo com o Ipea, transferiu 2% do PIB no ano passado (US$ 315 bilhões) para programas chamados “focalizados”.

A ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), completou dizendo que ainda há espaço para ampliar o programa e deu como exemplo de inciativas recentes nesse sentido o Brasil Carinhoso, que beneficia crianças de zero a seis anos e cujos efeitos não foram aferidos pela pesquisa, que se deteve em dados colhidos até setembro do ano passado.
(Camilla Veras Mota | Valor)