segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Empresas retomam o otimismo, aponta pesquisa do IBEF

Levantamento feito com executivos de finanças de companhias de todos os portes mostra um 4º trimestre promissor

Por Luís Artur NOGUEIRA

 Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF SP) mostra que 63,6% das empresas projetam crescimento das vendas no quarto trimestre deste ano. Por conta da demanda aquecida, 45,4% planejam expandir a produção e 36,4%, as importações. “O ânimo das empresas melhorou”, diz Marco Aurélio de Castro e Melo, primeiro vice-presidente do IBEF SP. “A sazonalidade no fim do ano ajuda.”

Outros resultados positivos do levantamento são a decisão de investir mais apontada por 54,5% dos executivos entrevistados e de aumentar o quadro de funcionários (36,4%). “Há uma expectativa de que o cenário vai melhorar em 2014”, diz Castro e Melo, que também é sócio da PwC.

A pesquisa também coletou estimativas para alguns indicadores macroeconômicos. A grande maioria (91,6%) projeta dólar entre R$ 2,10 e R$ 2,30 neste fim de ano. Segundo os executivos de finanças, a inflação oficial encerrará o ano ao redor de 6% e o PIB deve crescer entre 2% e 2,5%.

Quando o assunto é a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em novembro, as opiniões se dividem. Uma parte (41,7%) acredita numa nova alta de 0,5 ponto percentual na Selic, que subiria para 10% ao ano, enquanto outra parte (33,3%) prevê uma elevação menor, de 0,25 ponto percentual. O IBEF SP tem 800 associados de empresas de todos os portes e setores. Somado, o faturamento dessas companhias totaliza quase R$ 1 trilhão.

Exploração em Libra não vai afetar nenhum projeto em andamento, diz Petrobras


Queda de lucro no trimestre teve relação com aumento de custo e paradas programadas

Por Luiz Gustavo PACETE
Dois aspectos foram predominantes nos resultados na Petrobras referente ao terceiro trimestre de 2013: aumento de custos de exploração em 9,7% e paradas programadas de manutenção. Esses fatores impactaram o lucro da companhia, que caiu 39%, para R$ 3,3 bilhões. No mesmo período de 2012, o lucro foi de R$ 5,5 bilhões.

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Queda de lucro no trimestre teve relação com aumento de custo e paradas programadas
 
Em conferência com investidores, realizada na manhã desta segunda-feira 28, José Miranda Formigli Filho, diretor de exploração e produção da Petrobras, disse que a queda na produção de 1.924 milhões de barris no terceiro trimestre, contra 1.931 no segundo trimestre, esteve relacionada a atrasos de projetos ocorridos por causa de paradas programadas. 
 
Já a produção isolada do mês de setembro, em comparação com agosto, cresceu 3,7% para 1,98 milhões de barris por dia devido à entrada em operação de quatro novas plataformas. Com a retomada de produção de mais três plataformas como a P58, P55 e P61, previstas para novembro, Formigli estima normalidade de produção a partir de dezembro. “Em relação aos custos registrados no período, destacamos duas razões principais: a variação cambial que teve impacto nos insumos dolarizados e a provisão de acordo coletivo de trabalho”, disse Formigli. 
 
Leilão de Libra
 
Formigli considerou o Leilão de Libra, realizado na semana passada, como “extremamente bem sucedido”. Nele, a Petrobras terá 40% de participação no consórcio junto com Shell, Total e as chinesas CNPC e CNOOC. “No caso da Shell e Total são empresas com grande experiência em projetos de água profundas. Já as chinesas, entram com a robustez financeira que um projeto dessa estrutura demanda.” O executivo garantiu que a participação na exploração do Pré-sal não vai prejudicar outros projetos em andamento. 
 

Mercado financeiro reduz projeção de crescimento do PIB de 2014

Edifício-Sede em Brasília

Segundo Boletim Focus, divulgado nesta segunda (28) pelo Banco Central, estimativa de expansão da economia caiu de 2,20% para 2,13% no ano que vem

REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA BRASIL

As instituições financeiras consultadas semanalmente pelo Banco Central (BC) reduziram suas projeções para o crescimento da economia brasileira em 2014 no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (28). A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 2,20% para 2,13%. Para este ano, a estimativa permanece em 2,5%. 


Outras estimativas


No Boletim Focus desta semana, o mercado financeiro reforçou a expectativa de que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feche este ano em 5,83%. Para 2014, houve mudança na projeção, que passou de 5,94% para 5,92%.

Os analistas também mantiveram a projeção para a taxa básica de juros, a Selic, em 10% ao ano, no final de 2013, e em 10,25% ao ano, no fim de 2014. Atualmente, a Selic está em 9,5% ao ano.
A estimativa para a expansão da produção industrial caiu de 1,84% para 1,80%, este ano, e de 2,50% para 2,39%, em 2014.

A projeção do mercado financeiro para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB foi ajustada de 34,55% para 34,50%, tanto para 2013 quanto para o próximo ano.
Ainda de acordo com a pesquisa do BC a instituições financeiras, o dólar deve fechar este ano cotado a R$ 2,25, e a R$ 2,40, em 2014.

A estimativa para o superávit comercial, saldo positivo de exportações menos importações, caiu de US$ 2 bilhões para US$ 1,97 bilhão, este ano, e foi ajustada de US$ 8,2 bilhões para US$ 8,5 bilhões, em 2014.

A previsão das instituições financeiras para o saldo negativo em transações correntes (registro das transações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior) segue em US$ 79 bilhões, este ano, e foi alterada de US$ 74,4 bilhões para US$ 73,35 bilhões, em 2014.

A expectativa para o investimento estrangeiro direto (recursos que vão para o setor produtivo do país) foi mantida em US$ 60 bilhões tanto para 2013 quanto para o próximo ano. /NT

Dívida e geração de caixa da Petrobras preocupam mercado

Empresa mais endividada do mundo, segundo um relatório do Bank of America, a Petrobras saiu "aliviada" do leilão

Dívidas e uma incerteza sobre geração de caixa alimentam o ceticismo do mercado sobre os fundamentos da Petrobras para levar adiante a tarefa hercúlea de explorar a maior bacia petrolífera do país, o campo de Libra.

Empresa mais endividada do mundo, segundo um relatório do Bank of America, a Petrobras saiu "aliviada" do leilão, consideram analistas. O governo tachou a concessão de um "sucesso".

Mas os desafios no médio e no longo prazo permanecem. Com um volume recuperável (o óleo disponível) estimado em 8 a 12 bilhões de barris, Libra deve requerer investimentos da ordem de US$ 80 bilhões nos dez primeiros anos, segundo estimativas de mercado.

Ao longo dos 35 anos de contrato, calcula-se que Libra necessite de cerca de US$ 200 bilhões em investimentos. A Petrobras afirma que "as estimativas sobre volume de óleo recuperável, custos e investimentos e cronograma dos sistemas de produção desse bloco serão oportuna e paulatinamente divulgados".

Mas se a estatal trabalhar com estimativas semelhantes, isso significa que lhe caberia desembolsar US$ 32 bilhões só na próxima década (proporcionais à sua participação de 40% no consórcio vencedor). A empresa também terá de pagar à União R$ 6 bilhões referentes ao bônus de assinatura do contrato. 


Altos investimentos, grandes dívidas

 
Para lidar com os desafios do pré-sal, a Petrobras divulgou um ambicioso plano de investimentos de US$ 237 bilhões nos próximos cinco anos, época que compreenderá a fase de exploração do campo de Libra.
Três em cada cinco dólares (mais de US$ 147 bilhões) do plano de investimento 2013-2017 serão direcionados para a área da produção e exploração. Mas a presidente da empresa, Graça Foster, disse que os recursos a serem desembolsados nos dois primeiros anos serão pequenos.

"Por estar ligada à União, é difícil a empresa não cumprir com esses investimentos. Um dos temores do mercado é que a empresa não sustente esse modelo e precise de mais caixa para tocar os seus planos", disse à BBC Brasil o analista da corretora Ativa, Marcelo Torto.

No início deste mês, a agência de avaliação de risco Moody's rebaixou os títulos da Petrobras - e os colocou em perspectiva "negativa" - citando fatores como alto endividamento e problemas de caixa para balizar sua decisão.

O vice-presidente sênior da agência, Thomas Coleman, apresentou estimativas de endividamento da empresa que incluem uma relação dívida-lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortização (o resultado operacional da companhia) de 3,8 vezes.

Esse significa, em outras palavras, que as dívidas da empresa são quase quatro vezes mais altas que a sua capacidade de gerar caixa - o indicador mais alto entre as petroleiras, enfatizou a Moody's.

Segundo um relatório do Bank of America, a Petrobras é a empresa mais endividada do mundo - mais do que qualquer outra corporação não-financeira em países emergentes ou industrializados. Sua dívida de US$ 112,7 bilhões supera as da China State Grid (US$ 104 bilhões) e Verizon (US$ 98).

Em uma observação positiva, a agência disse que a empresa conta a seu favor com grandes reservas de petróleo, um significativo potencial de crescimento e "apoio implícito" do governo.


Peso no balanço

 
Completando a equação das dificuldades da empresa, estão as preocupações sobre como a corporação vai gerar caixa para pagar essas dívidas e implementar o plano de investimentos.

O fator que os analistas mais acompanham são os prejuízos da empresa na área de abastecimento do mercado interno, já que a estatal, com infraestrutura de refino já perto da capacidade máxima, precisa comprar combustível no mercado externo a preços internacionais e revender dentro do Brasil a valores mais baixos, para obedecer à política de controle de preços.

No primeiro semestre deste ano, enquanto a área de exploração e produção registrou um lucro de R$ 18,9 bilhões, por exemplo, a área de abastecimento deu prejuízo de R$ 6,8 bilhões.

Por causa de reajustes de combustíveis desde meados do ano passado, além de um maior processamento nas refinarias, o prejuízo da área de abastecimento foi 40% menor no primeiro semestre deste ano que no mesmo período do ano passado.

Mas essa continua sendo uma pulga na orelha, e os analistas permanecem atentos a sinais de que o governo possa permitir novos repasses de preços para o consumidor - um tema delicado no momento em que a inflação já beira o teto da meta.

Graça Foster disse que o governo "não tem data" para reajustar combustíveis. Ela frisou ainda que a empresa tem capacidade de pagar os R$ 6 bilhões do bônus de assinatura sem necessidade de reajuste nem aportes do Tesouro.


Escrutínio

 
As preocupações devem manter a Petrobras sob escrutínio do mercado nas próximas décadas. Em 2010, a Petrobras fez uma captação recorde de US$ 70 bilhões no mercado, e os analistas creem que, se for necessária, uma nova captação poderia ser entendida como um sinal das dificuldades financeiras da empresa.

O leilão de Libra foi considerado um bom resultado para a empresa porque foi, relativamente, menos oneroso do que poderia ter sido. Mas a analista de petróleo e gás da corretora Itaú BBC, Paula Kovarsky, ainda assim observou que a exploração de Libra "inevitavelmente deslocará projetos mais lucrativos" para a Petrobras.

Antes do leilão, o temor do mercado era que a companhia fosse obrigada a entrar em um consórcio com uma participação acima de 40% e possivelmente pagando mais do chamado "petróleo-lucro" que o mínimo de 41,65% estipulado nas regras. "Foi dos males o menor para a Petrobras, o que justifica a reação positiva do mercado", escreveu Paula Kovarsky no seu relatório para investidores.

Há consenso no mercado que, sem mudar o atual formato, a exploração do pré-sal será lenta - mais que o necessário, dizem os críticos - para que a empresa tenha de tempo de pôr os projetos em marcha. Calcula-se que toda a área do pré-sal demande investimentos da ordem de R$ 500 bilhões para ser explorada. A ANP afirmou que não tem planos de realizar nenhum outro leilão no ano que vem, só em 2015.

Fundação de Bill Gates concede US$ 100 mil a três pesquisadores brasileiros

 
FABIO BRISOLLA
DO RIO


Um projeto para acelerar a produção de medicamentos para parasitoses ainda comuns no Brasil e na África e dois para facilitar o plantio com técnicas de baixo custo receberão financiamento da fundação do bilionário Bill Gates, da Microsoft. 

Cada um dos três pesquisadores brasileiros responsáveis pelos planos vai ganhar um patrocínio de US$ 100 mil (R$ 219 mil) que pode ser estendido a US$ 1 milhão (R$ 2,19 milhões) se a execução da ideia for bem-sucedida. 

A indicação deles será anunciada em uma conferência promovida pela Fundação Bill e Melinda Gates, que começa hoje no Rio. 

O encontro, realizado pela primeira vez no país, vai até quarta (30) e promete reunir mais de 600 pesquisadores já contemplados com o apoio financeiro dos programas batizados de Grand Challenges (grandes desafios), criados pela organização de Gates. 

De 2.700 inscritos, 80 foram selecionados, entre eles o farmacêutico carioca Floriano Paes Silva Júnior, o engenheiro agrônomo paulista Mateus Marrafon e o engenheiro mecânico mineiro Ricardo Capúcio de Resende. 

"O projeto vai ajudar na produção de medicamentos para doenças causadas por parasitas, como esquistossomose e filariose", disse Silva Júnior, 35, que trabalha na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio.

Daniel Marenco/Folhapress
O farmacêutico Floriano Paes Silva Júnior, 35, da Fiocruz, que receberá financiamento para pesquisas sobre parasitoses
O farmacêutico Floriano Paes Silva Júnior, 35, da Fiocruz, que receberá financiamento para pesquisas sobre parasitoses 

O farmacêutico propôs o desenvolvimento de um software capaz de interpretar imagens de parasitas feitas com microscópio para avaliar quais medicamentos já existentes podem ser úteis para combatê-los. Essa análise automatizada da reação do parasita à substância poderia ajudar até a dizer qual será a dose ideal para matá-lo. 

Até agora, essa avaliação se dá por meio da observação e da interpretação, feitas por um pesquisador, das características do causador da doença, o que leva a conclusões nem sempre consistentes. "Hoje o método é manual e subjetivo", disse Silva Júnior. 

Mateus Marrafon, 29, pesquisador do Instituto Kairós, desenvolveu protótipos de uma fita biodegradável que envolve as sementes selecionadas para uma determinada plantação. Dentro da fita, que é enterrada no solo, as sementes são distribuídas de acordo com o espaçamento ideal para o crescimento. 

"As máquinas agrícolas que distribuem sementes com o espaçamento adequado são caras. A fita é uma opção de baixo custo que vai ajudar o pequeno agricultor", disse Marrafon, que começou a pensar no projeto em 2006, quando estava na faculdade. 

"Tentei de todas as formas buscar parceiros para desenvolver meu projeto, mas não consegui. Foi preciso recorrer a uma instituição de fora do Brasil para levar minha ideia adiante." 

Ricardo Resende, 47, da Universidade Federal de Viçosa, também pensou em uma ferramenta que ajudasse no plantio. Projetou uma máquina com duas rodas, capaz de criar buracos no solo e, simultaneamente, lançar sementes. Seria a opção artesanal às semeadoras automatizadas usadas em grandes propriedades.
"É como um carrinho de mão que pode ser usado inclusive pelas mulheres, uma ferramenta ideal para a agricultura familiar." 

A Fundação Bill e Melinda Gates também firmou parceria com o governo brasileiro. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, deve ir hoje à abertura da conferência para formalizar um acordo entre a Fiocruz e a instituição americana para a produção de um vacina dupla viral contra sarampo e rubéola.
Segundo a fundação, a vacina deverá ser exportada para países africanos.

BRF tem lucro líquido de R$ 287,015 milhões no terceiro trimestre


A BRF informou há pouco que teve um lucro líquido de R$ 287,015 milhões no terceiro trimestre, ante o lucro de R$ 90,872 milhões registrados no mesmo intervalo do ano passado. O resultado ficou abaixo das estimativas do mercado.

Entre julho e setembro, a receita líquida da BRF totalizou R$ 7,578 bilhões, avanço de 7% ante os R$ 7,192 bilhões apurados no mesmo período de 2012. Na mesma comparação, a receita com as vendas da empresa no mercado interno cresceu 4%, para R$ 4,269 bilhões. Já a receita no mercado cresceu subiu 7%, para R$ 3,309 bilhões.

No terceiro trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da BRF foi de R$ 754 milhões, incremento de 58% na comparação com o Ebitda de R$ 476 milhões apurado no terceiro trimestre de 2012.

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Petrobras lidera entre maiores empresas brasileiras; veja10 fotos

A Petrobras é a melhor colocada entre as empresas brasileiras no ranking de maiores companhias do mundo elaborado pela revista norte-americana "Forbes". A petrolífera ocupa a 20ª posição Leia mais Antonio Lacerda/Efe

Brasil agora cobra 'calotes' da Venezuela

VALDO CRUZ
RENATA AGOSTINI
DE BRASÍLIA



Depois de estimular negócios com a Venezuela, o governo do Brasil agora cobra do país vizinho "calotes temporários" de exportações de empresas brasileiras feitas neste ano. 
 
Em alguns casos, o atraso nos pagamentos de produtos vendidos ao mercado venezuelano, que vive um momento de escassez, chega a quatro meses. 
 
A situação já preocupa os empresários brasileiros, especialmente os que começaram a negociar mais recentemente com a Venezuela, e levou o governo a enviar uma missão ao país para tentar solucionar o problema. 
 
Na segunda-feira passada, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e o assessor especial da presidente para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, viajaram a Caracas para conversar com autoridades venezuelanas sobre os atrasos, segundo apurou a Folha
 
Oficialmente, a missão brasileira teve como objetivo reforçar a disposição brasileira de ajudar o parceiro comercial a superar sua crise de abastecimento, mas os pagamentos atrasados foram um dos temas principais. 
 
Nesta semana, a Venezuela informou que terá de importar 400 mil toneladas de alimentos de países latino-americanos em novembro e dezembro, sendo que 80 mil toneladas de carne e grãos virão do Brasil. 
 
O calote temporário está sendo provocado principalmente pela crise econômica na Venezuela, que faz o governo local exercer forte controle sobre a saída de dólares, o que tem atrasado o pagamento de suas importações. 
 
O total dos pagamentos em atraso não é revelado, mas o montante em jogo é significativo: o Brasil exportou para a Venezuela US$ 3,1 bilhões até setembro. 
 
Segundo um empresário ouvido reservadamente, o maior problema está na exportação de alimentos, setor que recebeu estímulo do governo brasileiro para aumentar as vendas à Venezuela diante do quadro de escassez. 
 
A Folha apurou que os atrasos no pagamento de exportações de carnes bovinas e de frango estão na casa de quatro meses. Até setembro, as vendas destes produtos à Venezuela somaram US$ 737 milhões. A BR Foods e a JBS são algumas das empresas que exportam para lá.
 
Há um histórico de atrasos. Eles, entretanto, nunca foram tão grandes. O problema começou com o setor de construção pesada. 
 
Neste ano, representantes das empreiteiras reclamaram às autoridades venezuelanas e os pagamentos, que estavam suspensos, foram parcialmente retomados. 
 
A Odebrecht, que possui obras importantes no país, como as do metrô de Caracas, já enfrentou problemas no passado recente. 
 
A relação Brasil/Venezuela ganhou impulso no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e seguiu no mesmo ritmo no de Dilma Rousseff, estimulando parcerias e defendendo politicamente a administração de Hugo Chávez (1954-2013) e de seu sucessor Nicolás Maduro. 
 
Parcerias que nem sempre foram bem-sucedidas, como a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O negócio era para ser uma sociedade entre a Petrobras e a venezuelana PDVSA, que até hoje não colocou dinheiro no projeto. 
 

Editoria de Arte/Folhapress
O DINHEIRO NÃO VEIO Sem acesso a dólares, importadores venezuelanos seguram pagamentos
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VIÉS
 
 
Casos como esse levaram críticos da oposição a apontar o viés ideológico do favorecimento à Venezuela. Lula e Chávez foram expoentes da guinada à esquerda na América Latina nos anos 2000. 
 
A Venezuela inclusive foi integrada ao Mercosul justamente quando o país que se opunha à sua entrada, o Paraguai, estava suspenso do bloco aduaneiro. 
 
Em 2012, as exportações brasileiras para a Venezuela foram de US$ 5 bilhões. Este ano, apesar das vendas totais à Venezuela terem caído 17%, os cinco principais produtos exportados pelo Brasil cresceram quase 30%. 
 
São produtos essenciais em tempos de crise de abastecimento: carne bovina, bois vivos, carne de frango, açúcar e medicamentos. Produtos como preparação para elaboração de bebidas também deram um salto de 93%. 
 
Uma crise com os fornecedores brasileiros não interessa aos venezuelanos, já que o Brasil é o quarto principal fornecedor, atrás de EUA, China e Reino Unido. No ano passado, o país forneceu quase 10% de tudo o que a Venezuela comprou.