sábado, 7 de dezembro de 2013

Brasil ganhará com acordo comercial da OMC em Bali, diz Figueiredo

Por Assis Moreira | Valor
 
 


BALI  -  O ministro de Relações Exteriores, Luis Alberto Figueiredo, confia na conclusão hoje do primeiro acordo comercial global em quase duas décadas e diz que o Brasil sai ganhando com o que está sendo acertado.

Para ele, o ganho começa com o acordo de facilitação de comércio, para reduzir procedimentos aduaneiros e custo Brasil. Os brasileiros mencionam estudos internacionais, segundo os quais cada dia de atraso no desembaraço nas aduanas custa 0,8% do valor da mercadoria.

“Tudo o que facilita e torna mais rápido (o comércio) é um ganho”, afirmou o ministro. Figueiredo estima também, ao contrário de analistas do agronegócio, que o Brasil ganha no pilar agrícola acertado em Bali.

“Ganhamos na administração de cotas tarifárias”, acredita ele, fazendo referência ao mecanismo para levar os países a realmente preencher as cotas de importação de produtos agrícolas.

Além disso, ele avalia que o Brasil tem benefícios com a solução definitiva de segurança alimentar trazida pela Índia. “Isso dá tranquilidade a exportadores de commodities, como nós. A solução que está sendo encontrada nos atende plenamente”, afirmou.

Segundo o ministro, é um ganho real para o Brasil “ter a certeza de que os estoques de alimentos que um país faz por razões de segurança alimentar não sejam desovados no comércio internacional e, portanto, não deprimam os preços das commodities”.

Figueiredo destaca o programa de trabalho pós-Bali na Organização Mundial do Comércio (OMC). “A agricultura deverá estar no centro, para corrigir distorções”, disse. Ficará acertado um prazo para definir a agenda de negociações, que continuarão em Genebra.


Dinheiro estrangeiro alimenta onda de condomínios novos em Miami



Miami, a cidade que personificou o colapso do mercado imobiliário americano, vive agora uma nova onda de construção de condomínios alimentada por estrangeiros querendo investir em imóveis nos Estados Unidos. 

Durante vários anos depois do estouro da bolha imobiliária, muitos prédios de condomínio permaneceram praticamente vazios. O valor dos condomínios despencou quase 60% em relação ao seu pico, segundo a Associação dos Corretores de Miami. Financiamentos para compradores e construtoras secaram. 

Reuters

Agora, quase todas as outrora vazias unidades estão ocupadas e a demanda já está ultrapassando a oferta. Há 118 novos condomínios propostos para a área de Miami, incluindo 35 em construção, segundo a Condo Vultures LLC, uma consultoria do setor imobiliário.

Os 41 condomínios propostos para o centro da cidade vão adicionar 12.100 unidades — bem abaixo das 22.200 unidades construídas durante o boom de 2003 a 2008, mas ainda assim uma notável recuperação tendo em vista que as construções ficaram virtualmente paradas até 2011.

"Este boom é muito parecido com a situação de dez anos atrás", disse Peter Zalewski, diretor da Condo Vultures. 

Apesar das semelhanças, os incorporadores ressaltam que uma demanda internacional robusta criou um novo modelo de financiamento que eles acreditam ser mais seguro que os generosos empréstimos bancários que alimentaram o último boom. As imobiliárias geralmente exigem o pagamento de no mínimo 50% do valor do imóvel antes de fechar a venda, o que significa que o comprador perderia dinheiro se desistisse da compra.

Com essas novas condições de pagamento, os incorporadores passaram a depender mais dos depósitos dos compradores e menos dos empréstimos para financiar as construções, o que, dizem, dá aos projetos uma base financeira mais sólida. E como os bancos se tornaram mais rigorosos na escolha dos projetos que financiam, construtoras com menos experiência acabaram ficando de fora, acrescentam. 

O incorporador Carlos Melo usou o novo modelo de financiamento para construir, no ano passado, o edifício de 17 andares 23 Biscayne Bay, o primeiro projeto do novo ciclo. Ele diz que o edifício já foi inteiramente vendido e que cerca de 90% dos proprietários compraram os apartamentos como investimento, para alugá-los depois. "Eles querem colocar seu dinheiro num lugar seguro", diz Melo. 

Miami é apenas um exemplo maior da tendência recente nos Estados Unidos de se construir imóveis com várias unidades em vez das casas que dominaram os anos pré-recessão. Embora a maioria dos imóveis residenciais sendo construídos no país ainda seja de uma unidade, essa recuperação recente do setor de construção vem se concentrando em edifícios de apartamentos. 

Dados divulgados na semana passada pelo Departamento de Comércio dos EUA mostram que o número de alvarás para imóveis residenciais no país cresceu no ritmo mais rápido desde junho de 2008, um aumento puxado por um salto de 15% nos alvarás para imóveis de mais de uma unidade. 

"À medida que o setor imobiliário se recupera e mais pessoas querem pagar aluguel, as construtoras responderam com mais edifícios de apartamentos", disse Kolko.

Os números são ainda mais impressionantes em Miami e arredores. Na região do sul da Flórida, composta pelos condados de Miami-Dade, Boward e Palm Beach, cerca de 70% dos alvarás de construção concedidos este ano até outubro foram para imóveis de mais de uma unidade. 


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O boom de condomínios na própria Miami vem se mostrando particularmente forte, impulsionado por investidores estrangeiros que geralmente pagam em dinheiro e planejam alugar os imóveis. Cerca de 85% a 90% dos compradores de novos imóveis são estrangeiros, a maioria da América Latina, estima Alicia Cervera Lamadrid, sócia-gerente da imobiliária Cervera Real Estate, que está vendendo apartamentos em 16 projetos de condomínios. 

De fato, segundo pesquisa da Associação dos Corretores de Imóveis de Miami, divulgada em novembro, os venezuelanos representam a maior parte dos compradores estrangeiros de imóveis na cidade, com14% do total. Brasileiros e argentinos ocupam o segundo lugar, cada um com 11%. A Colômbia e o Canadá vêm em terceiro, com 8% cada.

Os compradores se dizem atraídos pela atmosfera cada vez mais cosmopolita e as crescentes opções culturais de Miami. Eles também consideram esses investimentos mais seguros do que deixar seu dinheiro em países de economia mais instável, como Argentina e Venezuela. 

Mesmo assim, alguns recomendam cautela. Incorporadores começam às vezes a construir só com os depósitos dos compradores, sem garantir o financiamento necessário para completar o projeto, alerta John Sumberg, sócio-gerente do escritório de advocacia Bilzin Sumberg, que assessora incorporadoras. "Eles pensam: Pegarei [o financiamento] quando precisar", diz ele. Mas "num certo ponto do ciclo, os bancos talvez digam que já há ofertas demais e essa não é uma boa aposta." 

Carlos Rosso, responsável pela área de condomínios da Related Group, uma incorporadora que foi duramente atingida no último ciclo, diz que dessa vez é muito improvável que haja uma bolha. "Enquanto o dinheiro vier dos compradores e os bancos forem disciplinados o suficiente para não cometer excessos, acredito que será um mercado duradouro porque há tão pouca oferta", disse ele, cuja empresa tem dez projetos em andamento.

O dilema da América Latina: muitas firmas e pouca inovação


    Por
  • IVÁN ROTHKEGEL - The Wall Street Journal

A América Latina se beneficiou da ascensão dos mercados emergentes nos últimos anos para crescer a taxas aceleradas e manter a inflação sob controle na maior parte dos países, gerando um clima de estabilidade que ajudou milhões de pessoas a deixar a pobreza e se juntar às fileiras da classe média. Mas há uma questão premente ainda não resolvida na região: a falta de inovação.

Esse é o desafio enfatizado pelo relatório mais recente do Banco Mundial: "Empreendedorismo na América Latina: muitas empresas e pouca inovação."

[image] Banco Mundial
 
Augusto de la Torre, do Banco Mundial, defende apoio a jovens empresários
A organização alerta que o elevado número de empresas que se formam na região não é necessariamente sinônimo de sucesso, mas um sintoma da falta de dinamismo. "Nós temos muitas pequenas empresas porque as grandes empresas não estão crescendo ou gerando empregos suficientes", diz Augusto de la Torre, economista-chefe para a América Latina e Caribe do Banco Mundial, que dirigiu a equipe que produziu o estudo.
O que o banco identificou como uma "lacuna" de inovação abrange todo o espectro, desde pequenas empresas a multinacionais latino-americanas e subsidiárias de multinacionais. "Nossas empresas [...] primeiro não têm o tipo de investimento em P&D que empresas similares de outras regiões emergentes têm e, segundo, quando elas cruzam as fronteiras [...] normalmente vendem em outros mercados o mesmo produto que vendem no mercado local", diz Torre.
Em geral, além de investir menos em pesquisa e desenvolvimento, as empresas da região lançam produtos com menos frequência, têm menos patentes e uma gestão pior que companhias de países com um nível comparável de desenvolvimento econômico, aponta o relatório.
Uma das recomendações do Banco Mundial é que os governos complementem a ênfase que têm dado em ajudar as pequenas empresas com políticas voltadas para apoiar empreendedores jovens com grande potencial. "É onde está o potencial de crescimento e geração de empregos", diz Torre.
O caso de dois empresários peruanos oferece uma esperança. Gary Urteaga e Manuel Olguín rece em agosto de 2011 fundos do Fidecom, um programa do governo peruano, para desenvolver um portal de informações sobre filmes e venda de entradas de cinema, o CinePapaya.
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Eles percorreram um ecossistema formado nos últimos anos na região que tenta adaptar as condições do Vale do Silício à América Latina. Diferentemente do que ocorre nos EUA, os governos desempenham um papel importante, mas há também uma presença cada vez maior de universidades, centros de pesquisa e do setor privado para fornecer financiamento, espaço de trabalho, consultoria e uma rede de contatos para as empresas com alto potencial de crescimento. O sistema também está conectado ao próprio Vale do Silício e outros centros mundiais de inovação.

O CinePapaya contou, entre outras fontes, com financiamento e assessoria da Wayra, iniciativa do grupo de telecomunicações espanhol Telefónica S.A., além do 500 Startups, fundo do Vale do Silício, e do Start-Up Chile, programa do governo chileno criado para atrair empresários do mundo ao país, diz Urteaga. A empresa tem 14 funcionários e estima receita de US$ 1 milhão este ano, mas sua passagem por esse ecossistema não terminou.

O CinePapaya foi um dos finalistas, mas não chegou à reta final na Ideia, iniciativa do Departamento de Estado dos EUA e da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional para conectar empresários da região com seus pares americanos e fornecer financiamento e assessoria. Ele também participa do fórum de empreendedorismo e inovação LAB4+, organizado por agências de promoção de exportações do Chile, Colômbia, México e Peru, parte da Aliança do Pacífico que termina hoje em Santiago.

"Em 2010, todos os empreendedores do mundo tinham o Vale do Silício na mira, mas enfrentavam muita dificuldade para obter vistos. Então surgiu a ideia: por que não selecionamos o melhor [...] para que possam vir se instalar aqui", diz Carlos Honorato, diretor da ProChile, a agência de promoção de exportações do país, sobre a origem da Start-Up Chile. O programa oferece às empresas US$ 40.000 por seis meses sem pedir em troca uma participação acionária.

O ecossistema inclui não apenas plataformas digitais. Após se formarem como engenheiros em biotecnologia, Diego Belmar, Nicolás Ferreira e Hans Pieringer começaram a desenvolver um aditivo em pó para o controle de bactérias que batizaram de Milkeeper. Eles trabalharam por dois anos em conjunto com o Centro de Biotecnologia da Fundação Ciência e Vida, do Chile, ligado a Pablo Valenzuela, um dos fundadores da firma de biotecnologia americana Chiron Corporation, comprada pela farmacêutica suíça Novartis AG por US$ 5,1 bilhões em 2006.

Os engenheiros tentaram, sem sucesso, lançar o produto para o consumo humano em supermercados e restaurantes. "Nosso problema foi que fizemos um produto pensando em nós mesmos, não no mercado", diz Belmar.

Eles receberam o apoio do governo e de investidores privados até que se conectaram com um pecuarista com quem trabalharam para adaptar o Milkeeper para uso na criação de bezerros. A empresa agora tem sete funcionários e o Milkeeper é distribuído nacionalmente. E há planos de internacionalização.

Torre, do Banco Mundial, chama este tipo de esforço de "promissor", mas alerta para o risco de pensar que eles são uma varinha mágica que vai resolver os problemas do dia para a noite. "Os governos também têm que atacar os problemas subjacentes cujas soluções são de longo prazo e comuns em toda a região", incluindo a falta de competitividade dos setores não relacionados ao comércio internacional e a escassez de engenheiros e cientistas, acrescenta.

Tuma Jr. conta como ministros do STF foram grampeados

Gilmar Mendes não foi o único ministro do Supremo Tribunal Federal que teve escutas instaladas em seus telefones e no seu computador. Quando o episódio veio a público, em 2007, as apurações da Polícia Federal não conseguiram constatar que todos os ministros do STF estavam com seus telefones grampeados ou com escutas ambientais instaladas em seus computadores. E isso tudo feito por delegados da Polícia Federal.

As informações estão no livro Assassinato de reputações: um crime de Estado, um depoimento do ex-delegado de classe especial da Polícia Civil de São Paulo Romeu Tuma Jr. ao jornalista Claudio Júlio Tognolli. O livro é uma coleção de memórias de Tuma Jr., ex-secretário de Segurança Nacional do Ministério da Justiça, a respeito de relações suas e de seu pai, o senador Romeu Tuma, morto em 2010, com o governo petista. O lançamento do livro é previsto para as próximas semanas.

O grampo ao ministro Gilmar Mendes foi o único que de fato chegou a vazar e ficar comprovado. Mas, já em 2008, informações a respeito de escutas feitas aos outros juízes do Supremo rondavam as apurações e chegaram à imprensa. Em setembro daquele ano, uma comitiva de ministros do Supremo foi até ao gabinete do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamar do uso indiscriminado das escutas ilegais, cobrando que a Presidência da República desse uma resposta enérgica ao que estava se tornando costume.

A primeira informação de grampo ao ministro Gilmar Mendes foi vazada em agosto de 2007. Policiais federais disseram que haviam interceptado uma ligação que comprovava que o então presidente do STF havia recebido “mimos” da construtora Gautama, investigada pela operação navalha, da PF. As informações, à época, eram que a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, era quem estava comandando as escutas e as operações de grampo. O episódio custou o cargo do então diretor da Abin, Paulo Lacerda.

Mas o que Tuma Jr. contou a Tognolli é que eram delegados e agentes da Polícia Federal que estavam no comando das operações. Ele cita, por exemplo, Protógenes Queiroz, então delegado e responsável por grandes operações, e o agente Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. “Protógenes, Dadá e seus gansos e agentes fizeram uso dessa maleta para grampear todos os ministros do STF e o Lacerda pagou o pato”, resume o livro.

A carta

Tuma Jr. contou a Tognolli em seu livro que soube do grampo indiscriminado a ministros do Supremo por meio de uma carta enviada a ele pelo amigo Edson Oliveira, ex-diretor da Interpol no Brasil, no dia 2 de maio de 2011. Na carta, Oliveira diz que ficou sabendo do caso sem querer, numa conversa informal com o então presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Rio de Janeiro, Telmo Correia, no fim de 2008. Eles trabalhavam juntos no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

O ex-presidente do Sindicato da PF no Rio contou que um amigo delegado da PF o procurou logo depois de a imprensa divulgar a descoberta de escutas telefônicas no STF, que tinham como alvo principal o ministro Gilmar Mendes. Seu amigo estava desesperado, pois tinha a certeza de que a história chegaria a ele a qualquer momento — e quando chegasse, não saberia o que fazer.

Edson Oliveira, então, passa a narrar que, preocupado com o teor da revelação, foi apurar o ocorrido. A partir de um cruzamento de dados, feito por ele e pelo agente da PF Alexandre Fraga, segundo a carta, chegou-se a um agente Távora, reputado como autor dos grampos aos ministros do STF. Na época, ele trabalhava na Delegacia Fazendária da PF no Rio. Era um policial com pouco tempo de casa, segundo Oliveira, “mas muito experiente em análise financeira e documental”.

“Távora participou de operações em Brasília, recebendo diárias, tendo passado vários meses naquela cidade, convocado para participar da equipe do delegado Protógenes [Queiroz, hoje deputado federal pelo PC do B]”, diz a carta. “Durante o levantamento feito, ficou evidente que a escuta realizada no STF foi feita com a utilização de equipamentos de gravação digital sem fio, de origem francesa, produto de um acordo feito entre o governo da França e o do Brasil.”

Aqui cabe uma explicação, contida no livro. Esse equipamento de grampo funciona dentro de uma maleta com se fosse uma estação de recepção e emissão de sinal de telefonia. Ela fica apontada à direção de onde está o telefone que será grampeado e a tela do equipamento mostra todos os números naquele raio de distância.

De acordo com Tognolli e Tuma Jr. no livro, essa “mala francesa”, como é chamada, entra no lugar da operadora de telefonia, funcionando como uma substituta. Dessa forma, o operador do grampo tem acesso a todas as operações feitas com o telefone e pode controlá-las. Ele pode, por exemplo, apagar o registro de uma ligação, ou fazer uma ligação a partir da máquina.

Segundo o depoimento de Tuma Jr., esse equipamento foi usado pelos arapongas da Polícia Federal no caso das escutas no Supremo. “Não só Gilmar Mendes foi grampeado como também todos os outros ministros do STF”, diz o livro. O ex-delegado relata ainda que, após fazer essa denúncia, Edson Oliveira foi alvo de perseguições na Polícia Federal.

Leia abaixo a carta de Edson Oliveira a Romeu Tuma Jr:

“Rio, 2 de maio de 2011

Caro Romeu: recebi uma informação no final de 2008 por volta do mês de outubro, dando conta de que a escuta telefônica feita no Supremo Tribunal Federal teria sido feita por um agente federal lotado na Superintendência do DPF no Rio de Janeiro, o qual, na ocasião da realização do grampo, estaria cumprindo missão em Brasília. Essa informação me foi passada pelo presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Rio de Janeiro, o agente Telmo Correia.

Segundo Telmo, após a publicação da notícia da descoberta da realização da escuta no STF, o agente o procurou na condição de presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Rio de Janeiro para pedir aconselhamento, alegando que havia feito a escuta e que estava apavorado e preocupado, sem saber o que dizer caso fosse descoberto.

Para melhor compreensão, Telmo era um dos agentes que compunha uma das equipes que trabalhava comigo no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e deixou escapar essa informação durante uma conversa informal, quando falávamos da existência de inúmeros valores nos quadros da PF e Telmo procurava exaltar as qualidades de um dos seus amigos, com o qual já trabalhara na Delegacia Fazendária e que o procurara recentemente para expressar sua preocupação e pedir apoio e aconselhamento.

Insisti com Telmo para que me fornecesse o nome do agente, entretanto este se recusou, alegando que recebia inúmeras pessoas em sua sala como presidente do Sindicato, e que esse caso era somente mais um. Alertei a Telmo para o fato de que ele não era padre para ouvir confissão e guardar segredo mas sim, antes de tudo, um agente federal e que como tal tinha o dever de informar oficialmente o conhecimento de um crime e de sua autoria. Disse ainda que levaria o caso ao conhecimento da autoridade que presidia inquérito e que, fatalmente ele, Telmo, seria convocado a depor. Telmo, na ocasião, me disse que, caso fosse realmente chamado, negaria tudo.

Investigando o assunto juntamente com o agente federal Alexandre Fraga, outro componente de uma das equipes de plantão naquele aeroporto, chegamos ao autor do delito, através do cruzamento de vários dados que foram vazados por Telmo durante inconfidências que fazia ao longo do dia durante os seus plantões. A investigação nos conduziu ao agente federal Távora, na época lotado na Delegacia Fazendária da PF do Rio de Janeiro.

Távora participou de operações em Brasília, recebendo diárias, tendo passado vários meses naquela cidade, convocado para participar da equipe do delegado Protógenes. Segundo os levantamentos feitos, Távora é um agente federal com pouco tempo de polícia mas muito experiente em análise financeira e documental, pois foi analista de empresas de consultoria por muito tempo antes de ingressar na PF.

Ao iniciar a investigação, no início de novembro de 2008, entrei em contato através do agente Fraga com o delegado William, presidente do inquérito policial que apurava o crime.

Dias após, o agente Fraga recebeu uma ordem de missão para comparecer em Brasília, onde se reuniu com o delegado e o informou que o levantamento estava sendo feito, tendo recebido sinal verde para continuar a operação.

Nessa mesma época, comuniquei pessoalmente ao então superintendente da PF no RJ, delegado Angelo Gioia, a respeito da investigação que realizava com o conhecimento da direção geral.

Posteriormente prestei declarações dos autos do inquérito, tendo inclusive passado por acareação com o presidente do Sindicato, agente Telmo, o qual na ocasião negou o fato e alegou que eu estava mentindo.

Não bastasse esse fato, Telmo, imediatamente após ter sido informado por mim de que o assunto estava sendo levado oficialmente às esferas superiores, convocou o delegado Protógenes para alertá-lo a respeito. Protógenes veio ao Rio de Janeiro e se reuniu com Telmo na sede do Sindicato dos Policiais Federais.

No início de janeiro de 2009, toda a equipe de policiais lotados no aeroporto Santos Dumont, inclusive esse delegado, foi dispensada e transferida para diferentes setores da PF do RJ.

Durante o levantamento feito, ficou evidente que a escuta realizada no STF foi feita com a utilização de equipamentos de gravação digital sem fio, de origem francesa, produto de um acordo feito entre o governo da França e o do Brasil.

Além disso, a maior parte dos componentes da equipe que trabalhou nessa escuta e em outras, legais ou não, fez curso de especialização nessa área na França.

Surpreendentemente, já em outubro de 2009 o mesmo agente Fraga recebeu um e-mail que o informava do cancelamento da viagem que havia realizado a Brasília por determinação da Direx/DPF, alegando que o motivo do cancelamento é que havia se tratado apenas de uma simulação.

Conversei hoje com o agente federa Fraga, o qual não se opôs a que o nome dele fosse citado, bem como se colocou à disposição para fornecer mais detalhes sobre esse caso e outros que tem conhecimento. Estou à disposição para qualquer outra informação.

Um grande abraço, Edson Oliveira”

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Acionistas aprovam mudar nome da OGX para Óleo e Gás Participações

 
 
Por Rodrigo Polito | Valor
Divulgação

RIO  -  Os acionistas minoritários da petroleira OGX aprovaram nesta sexta-feira, em assembleia geral extraordinária, a alteração do nome da companhia para Óleo e Gás Participações. A mudança de nome foi aprovada por maioria, com apenas um voto contrário.

O acionista minoritário que votou contra a proposta, cujo nome ainda não foi divulgado, disse que a medida vai gerar custos para a companhia, que passa por dificuldades financeiras e está em processo de recuperação judicial. “Não entendi porque mudar o nome da companhia. Isso não resolve nada”, disse ele.

Na assembleia também foi aprovada, por maioria e com um voto contrário, a ratificação do pedido de recuperação judicial da empresa.

A proposta de grupamento de ações, conforme recomendação da administração, foi retirada da pauta da assembleia.

No encontro foi aprovada ainda a alteração do endereço da sede da empresa.

Países bolivarianos rejeitam acordo de Bali e abrem nova crise na OMC

 
 
Por Assis Moreira | Valor
Divulgação OMC

BALI  -  (Atualizada às 19h10) Nova crise na conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) às 3h da madrugada de sábado: Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua, membros da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) rejeitaram o pacote inteiro do que deve ser o primeiro acordo comercial global em duas décadas.

Isso aconteceu pouco depois de os grupos de países da África, países árabes, dos mais pobres do mundo, do grupo ACP (África, Caribe e Pacífico) e outros terem endossado inteiramente o pacote que inclui medidas de facilitação de comércio, agricultura e medidas de desenvolvimento para os mais pobres.

As 4h45, a OMC suspendeu sua reunião final para continuar as consultas. As delegações dos 160 países-membros voltam a se reunir neste sábado, às 10h, na expectativa de que uma solução tenha sido alcançada. 

Parece claro que agora é a articulação política, com telefonemas para Havana, La Paz, Manágua e Caracas, que deve resolver o problema. Por outro lado, também se espera algum movimento dos Estados Unidos. O diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo, reuniu representantes de Cuba e EUA na madrugada, em busca de solução.


Revolta de Cuba


Antes de a reunião começar, Cuba reclamou que o processo de negociação não foi inclusivo. Isso irrita várias delegações, que consideram que nunca antes na história da OMC Cuba participou tanto das reuniões negociadoras em Genebra. Foi convidada inúmeras vezes para conversas e consultas com o diretor-geral.

Roberto Azevêdo agora vai engajar novas consultas com os países da Alba. As decisões na OMC sao tomadas por consenso.

Mais cedo, na reunião de apresentação do pacote de Bali, Azevêdo destacou que o acordo sobre segurança alimentar beneficiará todos os países em desenvolvimento, e ao final de sua exposição foi aplaudido por quase dois minutos, segundo participantes.

Foi quando a embaixadora de Cuba pegou a placa com o nome do país e começou a bater sobre a mesa, exigindo falar. O presidente da reunião, o ministro de Comércio da Indonésia, nao lhe deu a palavra, dizendo que ela podia então se manifestar mais tarde, na reunião na qual os paises vão opinar sobre os textos.

A representante cubana começou a gritar, enquanto Azevedo voltou a ser aplaudido pelas delegações.
A inquietação a partir daí aumentou sobre o que Cuba poderia fazer em seguida. Os cubanos reclamam que o embargo dos EUA contra a ilha não facilita o comércio, já que um navio que atraca em Cuba logo depois não pode atracar em território americano.

Já os grandes beligerantes da conferência ministerial, os Estados Unidos e a Índia, dizem estar satisfeitos com o acordo até agora obtido.

Acordo da OMC em Bali está perto de acontecer


Por Assis Moreira | Valor
Divulgação

BALI  -  O primeiro acordo comercial global em quase 20 anos está perto de ser adotado na conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), com base em textos apresentados pelo diretor-geral Roberto Azevêdo.

O dirigente destacou que o acordo sobre segurança alimentar beneficiará todos os países em desenvolvimento, e, ao final de sua exposição, foi aplaudido por quase dois minutos, segundo participantes.
No entanto, durante a ovação a embaixadora de Cuba pegou a placa com o nome do país e começou a bater sobre a mesa, exigindo falar. O presidente da reunião, o ministro de comércio da Indonésia, não lhe deu a palavra, dizendo que ela poderia falar mais tarde, na reunião em que os países vão se manifestar sobre os textos. A representante cubana começou a gritar, enquanto Azevedo voltou a ser aplaudido pelas delegações. 

A reação da representante do país centro-americano reacende uma inquietação que parecia ter ficado para trás: de Cuba bloquear todo o acordo de Bali. Os cubanos reclamam do embargo dos EUA contra a ilha. Dizem que não facilita o comércio, já que um navio que atraca em Cuba logo depois não pode atracar em território americano.

Já os grandes beligerantes da conferência ministerial, os Estados Unidos e a Índia, dizem estar satisfeitos com o acordo até agora obtido.

A conferência ministerial deveria ser concluída às 15h, mas vai continuar e novo encontro de chefes de delegação ocorrerá a meia-noite.