segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Autometal busca fusão enquanto BMW e Audi aumentam produção

A fornecedora de autopeças está estudando aquisições de concorrentes de médio porte que sofrem com a falta de expertise para trabalhar com marcas de alto padrão

Christiana Sciaudone, da

Akos Stiller/Bloomberg
Trabalhadores na produção de um Audi A3 na fábrica da montadora em Gyor, na Hungria

Trabalhadores na produção de um Audi: a produção doméstica de carros sobe para um patamar recorde neste ano, aumentando a demanda por autopeças de produção nacional

São Paulo - Os planos de fabricantes globais de automóveis como a BMW e a Audi AG para a produção brasileira estão levando a empresa fornecedora de peças com maior venda no país, a Autometal SA, a buscar aquisições em um mercado pronto para a consolidação.

A Autometal está estudando aquisições entre oito a 10 concorrentes de médio porte que sofrem com a falta de expertise para trabalhar com marcas de alto padrão e não têm sido capazes de atingir a demanda de forma lucrativa, enquanto a produção doméstica de carros sobe para um patamar recorde neste ano, disse o diretor financeiro Fernando Mearim.

“Nem todas as empresas continuarão a operar nesse mercado”, disse Mearim, em um seminário com executivos de fabricantes de carros e peças, em São Paulo, em 5 de dezembro. “A torta está ficando do mesmo tamanho e apenas será dividida em pedaços menores”.

Os fornecedores brasileiros estão sendo pressionados enquanto empresas como a Daimler AG, fabricante dos modelos de luxo Mercedes-Benz, e a produtora chinesa de carros compactos Chery Automobile Co. correm para a sétima maior economia do mundo.

Embora as vendas domésticas tenham desacelerado em 2013, o mercado cresceu a um ritmo médio anual de cerca de 10 por cento entre 2002 e 2012, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Fabricantes menores de peças com pouco poder financeiro estão tendo dificuldades para se manterem com as demandas técnicas cada vez maiores dos fabricantes e estão se tornando alvo de aquisições à medida que seus preços de venda caem, disse Mearim.

  
Movimento de consolidação
Existem quase 700 empresas de autopeças no Brasil. Mearim não identificou nenhum alvo potencial para a Autometal, que tem sede em Diadema. Ele disse apenas que não está interessado em “nada menor que R$ 20 milhões” (US$ 9 milhões).

“Muitas delas não são eficientes em termos de controle e gerenciamento de custo”, disse Gustavo Pérez, analista em São Paulo da Fator Corretora SA, em entrevista por telefone. “Existe um movimento em direção à consolidação”.

Alguns fornecedores menores não sobreviverão à desaceleração do setor neste ano, disse Pérez. As vendas de veículos no Brasil caíram 2,8 por cento em novembro em relação ao ano anterior e foram 0,8 por cento mais baixas nos 11 primeiros meses de 2013, segundo a Anfavea, a associação das montadoras.

Ao mesmo tempo, os potenciais compradores de carros estão sendo eliminados por exigências mais restritas de crédito bancário após enfrentarem uma série de não pagamentos e as famílias estão carregando cargas mais pesadas de dívida.

As empresas se deparam com custos trabalhistas que aumentam acima do nível de inflação e com o desemprego a 5,2 por cento em outubro, a maior baixa em 10 meses. No terceiro trimestre, a economia do Brasil encolheu 0,5 por cento.


Encolhimento das ações


Embora a queda de 17 por cento da Autometal nesse ano, até 6 de dezembro, possa ser comparada com o declínio de 16 por cento do Ibovespa, o índice de referência do Brasil, as vendas cresceram a uma taxa de 36 por cento, em torno de três vezes a média do setor, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Autometal é uma unidade da Cie Automotive SA, da Espanha.

“Os estoques do setor automotivo estão em alta, as fabricantes interromperam a produção e deram férias aos trabalhadores a partir de meados de dezembro, então não é um cenário otimista de médio prazo”, disse Mearim.

As novas medidas de nacionalização, que incluem um imposto de 30 por cento sobre carros importados, entram em vigor em janeiro, e as vendas de empresas locais de autopeças tendem a subir, disse Paulo Butori, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças, no evento da semana passada.

O grupo prevê um aumento da produção de carros para 4,8 milhões de veículos em 2018. O total do ano passado foi de 3,36 milhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Até 2016, o número de fábricas crescerá de 29 para 42, incluindo plantas construídas pela Bayerische Motoren Werke AG (BMW) e pela Jaguar Land Rover Automotive Plc, disse Butori. A Audi disse em setembro que retomaria a fabricação de carros no Brasil no ano que vem.

Essas fábricas produzirão alguns modelos que poderão ser exportados, disse Mearim, da Autometal, e exigirão um nível mais alto de capacidade tecnológica, que muitas empresas de autopeças não terão.

“Eu vejo um futuro interessante para aqueles que investem, que têm capacidade técnica”, disse ele.

FMI avalia hoje se inflação continua manipulada na Argentina


Órgão se reúne para avaliar se Argentina conseguiu melhorar credibilidade dos seus dados depois de receber uma moção de censura em fevereiro

Pablo Porciúncula/AFP/Chip Somodevilla/Getty Images
Cristina Kirchner e Christine Lagarde

Cristina Kirchner, presidente da Argentina, e Christine Lagarde, presidente do FMI

São Paulo - O dia de hoje será decisivo para a relação entre Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que está estremecida há meses por causa da suspeita de manipulação dos números de altas de preços.

Em fevereiro, o FMI emitiu uma moção de censura contra o governo argentino criticando o cálculo da inflação e recomendando que uma reforma fosse feita na metodologia. Hoje é o dia do veredicto.

Os dados estatísticos da Argentina têm sido questionado por economistas há anos, mais exatamente desde que o ex-presidente Kirchner retirou algumas pessoas de cargos chave do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do governo em 2007. 

Em 2008, o INDEC parou de publicar o índice nacional para focar apenas no Índice de Preços da Grande Buenos Aires.

As estatísticas oficiais registraram uma inflação de 10,8% na Argentina em 2012, menos da metade dos 25,6% estimados por consultorias privadas.

Em uma reunião hoje, o órgão vai avaliar a validade do novo Índice de Preços Nacional, que abarcaria as 23 províncias e já foi apresentado pelo governo argentino.

Há cerca de um mês, Christine Lagarde, diretora do FMI, disse que a Argentina estava fazendo progresso mas se recusou a antecipar qual seria a avaliação final.

A Argentina saldou em 2005 sua dívida com o FMI por 9,5 bilhões de dólares e, desde então, não aceita a supervisão de suas contas por parte do organismo.

O BNDES prejudica o país: uma analogia familiar


Rodrigo Constantino







Está em foco o debate sobre o papel do BNDES na economia brasileira. Seu presidente, Luciano Coutinho, disse que fará um “esforço” para moderar o volume de empréstimos ano que vem:

Coutinho evitou dar detalhes sobre as novas diretrizes para concessão de financiamentos, mas afirmou que, em linhas gerais, elas combinarão uma “proporção menor em TJLP e mercado”. Disse ainda que a carteira na área de infraestrutura, apesar das restrições previstas para o próximo ano, deve crescer em 2014, já que a demanda nessa área segue “muito firme em função do sucesso que vem ocorrendo nas concessões”. Coutinho confirmou ainda que o aporte de R$ 24 bilhões que será feito pelo Tesouro ao banco público será usado para fechar as contas de 2013 e honrar os contratos firmados no segundo semestre. “Temos uma carteira bastante grande neste ano, por conta do primeiro semestre muito forte”. 

Outra reportagem do jornal Valor mostra que especialistas, escutados pelo jornal, concordam que o BNDES deve reduzir seus desembolsos:

Para os especialistas, a redução do tamanho do BNDES, que este ano deve liberar volume recorde de R$ 190 bilhões, é necessária, e deve ajudar o governo a reduzir sua dívida pública, avaliada em 60% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, enquanto a média observada nos países emergentes é de 35% do PIB. Outro benefício será dar espaço à iniciativa privada e ao mercado de capitais, para que assumam parte da demanda por crédito que hoje é atendida pelo banco de fomento. 

Os especialistas, porém, acreditam que é necessário um processo de redução do papel do banco, que não pode sofrer um corte abrupto para não afetar os investimentos:

O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, disse, recentemente, que dois anos é o período que os bancos privados e o BNDES devem levar para se ajustar ao atendimento da demanda por financiamento. O ex-secretário de política econômica do ministério da Fazenda, Júlio Gomes de Almeida, concorda com o prazo, e afirma que o BNDES deve levar de dois a três anos para ajustar seus recursos e fazer frente aos desembolsos sem necessidade de novos aportes do Tesouro. Segundo ele, esse deve ser também o intervalo necessário para que o banco de fomento eleve a taxa de juros de algumas linhas a um percentual mais adequado, sem que haja perda da capacidade de investimento das empresas.

Qualquer tentativa do governo de acelerar esse processo, segundo Almeida, pode impactar a modernização industrial. “Os recursos do BNDES têm sido fundamentais para o investimento industrial. A indústria precisa disso para aumentar sua produtividade e ter maior capacidade de concorrer com o produto importado. Senão, ela vai depender mais do câmbio do que seria razoável”, disse. 

Já Mansueto Almeida, do Ipea, acredita que não traz crescimento sustentável um banco que insiste em financiamentos tão subsidiados, e pensa que o BNDES deveria aumentar sua taxa de juros. Mansueto não parece muito preocupado com a eventual queda dos investimentos no curto prazo:

“Mesmo que ocorra queda na taxa de investimento em um período de adaptação, eu não vejo problema. Porque se um país não tem como cobrar taxa de juros positiva para emprestar, então tem alguma coisa muito errada”, observou Mansueto. 

Outros especialistas escutados pelo jornal, em outra matéria, atestam que o BNDES poderia reduzir seu papel em maior velocidade. É o caso de Sérgio Lazzarini, do Insper, e autor do excelente livro “Capitalismo de Laços”: 

Professor do Instituto de Pesquisa e Ensino (Insper) e especialista na relação entre empresas privadas e setor público, Sergio Lazzarini diz que o BNDES está sendo conservador em suas mudanças, e que há espaço, inclusive, para alterações mais fortes no papel do banco. “Tenho dito que o BNDES distribui recursos para corporações que têm caixa e poderiam buscar recursos no mercado. Ano que vem será difícil, e o governo tem que demonstrar segurança fiscal. Reduzir ainda mais [os desembolsos] seria ótimo e deixaria mais recursos à infraestrutura”, defendeu.

O vice-presidente do BNDES, Wagner Bittencourt, disse, recentemente, que 80% das grandes empresas têm recursos do banco de fomento. Para Lazzarini, essas empresas têm um bom balanço, conseguem oferecer garantias suficientes e, portanto, não precisam do banco de fomento para se financiar. Se a mudança no BNDES atingir essas empresas que têm facilidade de crédito, a restrição de recursos não deve afetar a formação bruta de capital fixo (FBCF), diz Lazzarini. “Se a mudança atingir projetos mais difíceis, no entanto, afetará a FBCF, sem dúvida”. 

Eu poderia entrar no jargão do economês, explicar porque o BNDES acaba distorcendo o mercado de capitais, tentar quantificar isso e tudo mais. Não farei nada disso. Os argumentos acima já indicam o problema, e o BNDES, nos últimos anos, expandiu sua carteira de forma assustadora, sempre com o argumento de que isso era necessário para os investimentos.


Desembolsos anuais do BNDES. Fonte: BNDES

O resultado está aí: além de fiascos como o Grupo X de Eike Batista nessa escolha dos “campeões nacionais”, temos uma dívida bruta chegando a 70% do PIB, perda de credibilidade das contas públicas após os malabarismos contábeis que tem o BNDES em seu epicentro, e baixo investimento com crescimento econômico medíocre, apesar de alta inflação. Só um petista mesmo pode comemorar um resultado desses!

Em vez de caminhar pela economia, portanto, vou usar uma analogia familiar. Nunca é o ideal, pois o governo não é pai de ninguém, e lhe falta o básico da relação entre pai e filhos: o amor legítimo por sua prole, a preocupação sincera com seu futuro. O governo, ao contrário, é formado por burocratas e políticos, quase sempre voltados para seus próprios interesses mesquinhos e imediatos.

Ainda assim, vamos assumir que o governo é um papai, e que o BNDES é sua carteira. O argumento dos seus defensores é que, sem o BNDES, os investimentos pesados não vão acontecer. O mercado de capitais não teria condições de atender essa demanda. Mas isso inverte a lógica dos acontecimentos.

Não há mais financiamento privado porque existe o BNDES com suas enormes tetas ofertando subsídios para os “amigos do rei”. Na analogia familiar, é como um pai que vive soltando dinheiro para os filhos, mesmo quando esses não entregam os resultados esperados ou prometidos.

Que filho iria correr atrás de um emprego para pagar suas contas? Quem, em sã consciência, vai buscar financiamento no setor privado sabendo que o BNDES está logo ali, oferecendo taxas que chegam a 3,5% ao ano, ou seja, quase a metade da inflação?

Naturalmente, os empresários preferem “investir” em lobby e se aproximar dos tomadores de decisão do governo e do BNDES. Como os filhos puxa-sacos que elogiam os pais só para ganhar aumento de mesada. E os bancos privados nem ousam competir com o BNDES. O mercado de capitais acaba subdesenvolvido por culpa do BNDES, assim como crianças mimadas acabam imaturas e despreparadas para a vida.

O BNDES não tem sido a locomotiva necessária para os investimentos que fazem nossa economia crescer. Ele tem sido um entrave para que o mercado possa funcionar de forma mais livre e sustentável. Chegou-se ao ponto em que nem faz mais sentido discutir quanto o BNDES deveria reduzir de desembolso nos próximos anos. O banco deveria ser privatizado ou extinto de vez! Do jeito que está, prejudica muito nosso capitalismo e, por tabela, nosso país.

OMC: Ativistas dizem que acordo de Bali favorece grandes corporações


Ministros de 159 países fecharam modesto pacote que prevê desburocratização do comércio global e incentivo às trocas agrícolas.


Da Redação
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Bali, Indonésia – A Organização Mundial do Comércio (OMC) conseguiu fechar neste sábado (7) o seu primeiro acordo global em quase 20 anos, ao obter apoio de ministros de 159 países para um modesto pacote que prevê desburocratização do comércio global, incentivo às trocas agrícolas e foco no desenvolvimento dos países pobres.

Foi uma vitória pessoal do diretor geral da organização, o brasileiro Roberto Azevêdo, no cargo desde setembro de 2013. “Pela primeira vez na história, a OMC verdadeiramente entregou o que promete”, comemorou Azevêdo.

O encontro em Bali foi marcado pela disputa entre Estados Unidos e Índia. Os norte-americanos queriam que os indianos pusessem limite em seu programa de compra de alimentos, que visa garantir renda e soberania alimentar a milhões de pequenos agricultores do país.

Diante da recusa da Índia, os ministros negociaram deixar a questão para mais tarde, permitindo a assinatura do acordo. Na OMC, tudo tem de ser feito por consenso e a recusa de apenas uma delegação pode interromper o processo.


Críticas


Para ONG Focus on the South Global, com forte atuação no sudeste asiático, o acordo aprovado na OMC é ruim para trabalhadores e pequenos produtores rurais.

Segundo documento divulgado pela organização e apoiado por diversas entidades indonésias e indianas, “a proposta de facilitação do comércio vai beneficiar principalmente grandes corporações, e os compromissos de longo prazo para os países menos desenvolvidos foram diluídos em promessas vagas”.

A Focus on the South Global apontou ainda a incoerência dos países ricos, que cobram o fim de políticas públicas nos países menos desenvolvidos, ao mesmo tempo em que mantêm bilionários programas de subsídios para seus agricultores.

“Os subsídios agrícolas nos países desenvolvidos continuam a devastar a nossa agricultura, e as táticas de pressão estão a minar a unidade dos países em desenvolvimento para que se chegue a acordo com soluções verdadeiramente justas”, afirma o manifesto.


Vigilância


Em sua análise sobre o acordo de Bali, o Trade Game, um observatório mantido pelas organizações italianas Confederazione Generale Italiana del Lavoro (Cgil), Arcs/Arci, Fairwatch e Legambiente, também denunciou a atuação das delegações dos EUA e da União Europeia.

Segundo o Trade Game, “EUA e UE desempenharam um jogo perigoso em Bali: não assumiram qualquer compromisso vinculativo para um maior equilíbrio no comércio global, e quiseram impor medidas pesadas para os países emergentes”.

A partir de agora, as negociações sobre o acordo em Bali continuarão na sede da OMC, em Genebra. “Os sindicatos e a sociedade civil precisam continuar críticos e vigilantes”, disse manifesto divulgado pelo Trade Game.


Lançamento de foguete em parceria com China fracassa


Ministério da Ciência e Tecnologia confirmou que o lançamento do satélite CBERS-3, feito em parceria entre o Brasil e a China, não obteve sucesso

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Foguete
Foguete: satélite melhoraria a observação do desmatamento na Amazônia

Rio de Janeiro - O Ministério da Ciência e Tecnologia confirmou que o lançamento do satélite CBERS-3, feito em parceria entre o Brasil e a China e que melhoraria a observação do desmatamento na Amazônia, não obteve sucesso.

O lançamento foi iniciado dentro do horário previsto, às 1h26 da madrugada de hoje da base de Taiyuan, na província de Shanxi - a 700 km de Pequim. Informações preliminares indicam que houve problemas com o foguete Longa Marcha 4B, responsável por levar o satélite ao espaço.

Inicialmente, o Inpe informara que o lançamento fora um sucesso. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, viajaram para a China para acompanhar a operação.

Por meio do CBERS, um projeto de cooperação especial com duas décadas de história, Brasil e China desenvolveram e já lançaram três satélites (CBERS-1, CBERS-2 e CBERS-2B). O objetivo do satélite que deveria entrar em órbita era substituir o CBERS-2, que deixou de funcionar.

O lançamento de hoje aconteceu três anos após a data prevista inicialmente pelo Inpe, que desenvolveu o projeto em parceria com a Cast (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial).

O CBERS-3 é dotado de equipamentos que permitiriam ao satélite fotografar, rastrear e registrar atividades agrícolas, desmatamento das florestas, incêndios, mudanças na vegetação, recursos hídricos e expansão urbana com uma resolução muito superior à dos anteriores aparelhos.

Futuro da América Latina depende de união dos dois oceanos


Dilma Rousseff disse que o futuro da América Latina depende da capacidade da região para unir as regiões dos dois oceanos que banham suas costas


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Dilma Rousseff durante discurso

Dilma Rousseff durante discurso: "o futuro da América Latina depende de nossa capacidade de unir esses mares", disse

Rio de Janeiro - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que o futuro da América Latina depende da capacidade da região para unir tanto física como politicamente as regiões dos dois oceanos que banham suas costas.

"Nosso continente tem a sorte de ser banhado por dois oceanos. O futuro da América Latina depende de nossa capacidade de unir esses mares", disse a governante na cerimônia inaugural do primeiro encontro regional para a América Latina da Iniciativa Global Clinton (CGI, por sua sigla em inglês), no Rio de Janeiro.
De acordo com a chefe de Estado, a integração entre o Atlântico e o Pacífico exige obras de infraestrutura para conectar os países da região, uma estratégia para integrar as cadeias produtivas e esforços políticos de articulação.

"A união dos oceanos dará passagem a um continente integrado que deixará de ser objeto passivo de novas conquistas", afirmou perante os líderes políticos e empresariais convocados pelo ex-presidente dos EUA Bill Clinton para discutir estratégias de ação para resolver os problemas da América Latina.

Segundo Dilma, a integração permitirá que a América do Sul se assuma como uma região soberana e apta para ter um papel relevante em um mundo multipolar em construção. "Um mercado consumidor de 400 milhões de sul-americanos confere à região uma importância maiúscula", assegurou.

A chefe de Estado rejeitou que o Brasil possa ser qualificado como líder regional já que o projeto do país se baseia na solidariedade e não em posições hegemônicas.

"As iniciativas supranacionais exigem prudência para que não se sacrifiquem os ritmos próprios de um país em detrimento de outro", disse, após advertir que a região necessita reduzir as assimetrias internas para poder crescer e se integrar de forma harmônica.

A presidente afirmou que a América Latina conseguiu superar a crise econômica internacional graças às políticas de redução da pobreza, que permitiram a criação de um mercado de consumo de massas.

"Graças a esse novo mercado consumidor, atravessamos a crise global de 2008 e 2009 e achamos condições para que houvesse na região um forte dinamismo para o comércio entre nossos países", disse.

Na opinião de Dilma, as melhoras na América Latina nos últimos anos também são consequência do crescimento do comércio intrarregional no Mercado Comum do Sul (Mercosul), a União Sul-Americana de Nações (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).

"No Mercosul foi registrada uma extraordinária expansão comercial, desde US$ 4,8 bilhões há alguns anos até US$ 58 bilhões em 2012", disse.

"Somos conscientes da importância do comércio, mas também temos claro que temos que integrar nossas cadeias produtivas para reduzir as assimetrias", acrescentou.

Dilma afirmou que desde que assumiu o poder, em janeiro de 2011, manifestou sua disposição de associar o destino do Brasil ao da América Latina sem perguntar por preferências políticas ou ideológicas com os demais países.

O primeiro encontro regional para a América Latina da CGI, com a participação de Clinton, se estenderá até terça-feira e contará com a presença de vários líderes políticos, empresariais e da sociedade civil da região.