segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Vale pede registro para emissão de até R$ 1 bilhão em debêntures


Por Daniela Meibak e Renato Rostás | Valor
 
Agência Vale

SÃO PAULO  -  (Atualizada às 8h33) 

A mineradora Vale submeteu à aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o registro da oitava emissão de debêntures, no montante de até R$ 1,01 bilhão, conforme antecipou o Valor. A operação foi aprovada em reunião do conselho de administração da empresa no dia 28 de novembro. Os recursos obtidos com a oferta serão destinados ao projeto Ramal Ferroviário Sudeste do Pará, projeto de infraestrutura da companhia.

Inicialmente, a companhia pretende colocar no mercado 750 mil papéis simples, não conversíveis em ações, em até quatro séries, com valor unitário de R$ 1 mil, totalizando R$ 750 milhões. O montante pode ser aumentado em até R$ 35%, ou R$ 262,5 milhões, com colocação de lotes suplementar e adicional.

O lote inicial será distribuído sob regime de garantia firme de colocação, prestada pelos coordenad ores Banco Bradesco BBI, BB Banco de Investimento e Banco Itaú BBA. Os lotes extras serão distribuídas sob o regime de melhores esforços de colocação pelos coordenadores. 

Para a primeira série, o prazo será de 7 anos, com vencimento em 15 de janeiro de 2021. A segunda série terá prazo de 10 anos, a terceira vencerá em 12 anos e a quarta, em 15 anos. Os coordenadores vão apurar a demanda em diferentes níveis de taxas de juros e vão definir a taxa aplicável à remuneração das debêntures em sistema de “vasos comunicantes”.

As três principais agências de classificação de risco atribuíram nota de crédito "AAA" em escala nacional à oitava emissão de debêntures da Vale, o maior patamar considerando apenas o Brasil. A Moody’s, por sua vez, divulgou rating "Baa2" em âmbito global para os papéis, com perspectiva estável.

A avaliação leva em conta a posição de liderança da companhia em minério de ferro e sua base diversificada de produtos, diz o relatório. Para Moody’s e Fitch, a mineradora tem capacidade de apresentar bom desempenho mesmo em cenário de queda dos preços de sua principal commodity comercializada e manter os indicadores de dívida atuais.

As agências acreditam que o fato de a Vale ter afastado uma incerteza sobre suas operações, que era o pagamento de impostos sobre o lucro que suas controladas e associadas no exterior, sustenta o rating. A empresa aderiu ao Refis, programa de refinanciamento dos tributos, no mês passado.

Na opinião da Standard & Poor’s (S&P), contudo, é exatamente esse forte nível de gastos previstos com a tributação — R$ 22,3 bilhões em 15 anos — que deixa a perspectiva do rating da companhia negativa. Hoje, a nota da S&P para a Vale é de "A-".

O relatório da Moody’s explica ainda que a nota em escala global reflete a instabilidade dos preços do minério de ferro e a expectativa de salto nos custos — principalmente de mão de obra e com royalties. Além disso, a instituição vê como elevado o nível de investimentos e dividendos a serem pagos atualmente.

Mesmo assim, a agência ressalta que a Vale tem feito bom trabalho em seu programa de eficiência, cujas medidas “devem ajudar a minimizar o impacto do avanço nos custos”. A instituição também lembra que a companhia já anunciou paulatina redução em seu nível de dispêndio de capital para os próximos anos.

Segundo a Fitch, o lucro da mineradora vai continuar dependendo do minério de ferro e do apetite do mercado chinês. “Os consideráveis investimentos da Vale em níquel, carvão, fertilizantes e cobre atenuarão apenas parcia lmente o impacto do aumento global da capacidade [do produto]”, afirma o relatório.

Piauí tem PIB per capita africano, e Distrito Federal, europeu; compare


Sílvio Guedes Crespo


O Distrito Federal é a única unidade federativa do Brasil onde a população tem um nível médio de riqueza comparável a um país rico. Seu PIB per capita foi de US$ 34.500 em 2011, muito próximo ao da França, de US$ 34.900.

Em todas as demais 26, o indicador é próximo ao de nações emergentes ou pobres. O Piauí, Estado com o PIB per capita mais baixo (US$ 4.300), nesse quesito é comparável à República Popular do Congo (US$ 4.500).

Clique nas imagens abaixo para ver a que países corresponde o PIB per capita de cada Estado Brasileiro.
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PIB per capita do Brasil, por Estado

A região mais rica do país, o Sudeste, tem um PIB per capita de US$ 15.500 por ano, como a Malásia. Na mais pobre, o Nordeste, o valor é de US$ 5.700, como na Suazilândia Leia mais Arte/UOL
 
A comparação foi elaborada pelo blog Achados Econômicos a partir da base de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

A conversão para dólares foi feita a partir da taxa de câmbio por paridade do poder de compra calculada pelo FMI. Nesse caso, dizer que o PIB per capita no DF é igual ao da França significa afirmar que, nos dois locais, a população tem, em média, o mesmo poder aquisitivo. Os dados citados são os mais recentes para as contas estaduais, referentes a 2011.

Deve-se tomar cuidado ao observar os valores, pois são números médios. Isso quer dizer que, sendo a desigualdade econômica maior no Brasil do que, por exemplo, na França, provavelmente a camada mais pobre do DF tem um poder aquisitivo menor do que do país europeu.

Também não se pode esquecer que Brasília foi criada para abrigar a elite política do país. Se por um lado ela fica longe das maiores cidades brasileiras, por outro ela deixa em evidência a distância entre a remuneração dos altos funcionários públicos e o rendimento médio do restante da população. Se a capital federal ainda fosse no Rio de Janeiro, as estatísticas não deixariam tão nítida essa diferença.

PIB PER CAPITA DOS ESTADOS BRASILEIROS COMPARADO COM O DE PAÍSES

Estado/RegiãoPIB per capita (US$)País comparadoPIB per capita
NORTE7.610Guiana7.491
Rondônia9.676Equador9.693
Acre6.456Iraque6.550
Amazonas9.997Peru9.950
Roraima8.277China8.305
Pará6.298Egito6.388
Amapá7.181Namíbia7.360
Tocantins7.064Argélia7.062
NORDESTE5.687Suazilândia5.775
Maranhão4.303Cabo Verde4.220
Piauí4.294Rep. pop. do Congo4.496
Ceará5.652Sri Lanka5.618
Rio Grande do Norte6.185Paraguai6.124
Paraíba5.123Guatemala5.042
Pernambuco6.453Egito6.388
Alagoas4.975Marrocos5.022
Sergipe6.869Micronésia6.982
Bahia6.214Paraguai6.124
SUDESTE15.534Malásia15.890
Minas Gerais10.725África do Sul10.942
Espírito Santo15.092Uruguai15.055
Rio de Janeiro15.724Líbano15.289
São Paulo17.780Argentina17.477
SUL13.360Bulgária13.669
Paraná12.477Romênia12.390
Santa Catarina14.663México14.748
Rio Grande do Sul13.459Bulgária13.669
CENTRO-OESTE15.249Líbano15.289
Mato Grosso do Sul10.891Sérvia10.725
Mato Grosso12.722Venezuela12.735
Goiás10.027Colômbia10.208
Distrito Federal34.532França34.860
BRASIL11.800Costa Rica11.861
  • Fonte: IBGE e FMI

As lições do filme “Intocáveis” para a sua carreira


A comédia que alcançou cerca de 30 milhões de espectadores mostra os contrastes, muitas vezes politicamente incorretos, entre um milionário branco, rico e tetraplégico e um cuidador negro, pobre e ex-presidiário


 
 
Divulgação


Além de ser um forte candidato ao Oscar, “Intocáveis” é o filme francês mais visto até hoje, quebrando recordes de bilheteria em diversos países. Tanto sucesso não é por acaso. De forma divertida, ele conta a história de um milionário francês que, tetraplégico, passa a ser ajudado por um ex-presidiário sem experiência ou mesmo interesse pelo emprego de cuidador.

Do encontro surge uma comédia com a sensibilidade típica dos filmes franceses e a inteligência de tratar a natureza humana através de uma perspectiva leve e bem humorada. No caso, a combinação das realidades – e marginalidades – opostas, como observada na relação entre os protagonistas, faz brotar questões pertinentes e carregadas de lições valiosas aos negócios, à carreira e principalmente à forma de conduzir a própria vida. Alguns desses ensinamentos seguem adiante.

As frustrações podem ser uma matéria prima para as realizações

 

A noção de viver para evitar os fracassos e as frustrações chega a ser um axioma do pensamento ocidental. Talvez o princípio de “nunca perder” seja a fórmula objetiva que construímos para atingir aquilo que entendemos como sendo a felicidade, mas que na prática não se justifica. As perdas sofridas pelos personagens lhes abriram portas: deram origem a um novo caminho, repleto de oportunidades para a realização pessoal.

Ao se perceber dependente de outras pessoas, Philippe, o milionário, é obrigado a abandonar sua arrogância característica em prol da construção de relações sinceras, fazendo delas um bom motivo para continuar vivendo, ou talvez o grande motivo para viver. Enquanto seu assistente, Driss, expulso de casa e excluído da sociedade, se depara com a chance de ser verdadeiramente útil e crescer como indivíduo ao cuidar do patrão tetraplégico. Depende de você encontrar o que as crises têm a oferecer.

As realizações pessoais estão em expressar os seus talentos

 

O espaço de tempo entre o nascimento e a morte de um indivíduo é essencialmente uma oportunidade a ser aproveitada. Por outro lado, a dúvida sobre como aproveitá-lo é uma característica própria do ser humano, cuja resposta reside no sentimento de estabelecer e alcançar objetivos relevantes, de acordo com as suas próprias vontades e habilidades. Ou visto de outra forma, a realização pessoal, que é a sensação de ter aproveitado a vida da forma certa, surge quando os seus talentos são empregados no exercício de algo significativo para os demais.

Você decide o que é importante e isso faz toda a diferença

Quanto você pagaria por um quadro branco manchado de vermelho, desses que qualquer criança pode pintar acidentalmente? Apesar de brincar com o valor que atingem algumas obras de arte, a pergunta feita no filme nos leva a pensar sobre a importância que damos às coisas, os esforços que fazemos por elas e o preço que pagamos para obtê-las.

No fim das contas, é uma questão de saber se os nossos objetivos realmente valem o sacrifício ou se precisamos encontrar outros, mais dispostos a contribuir com a realização pessoal de cada um.

Pedro Henrique Souza é aficionado por aikido e acha que a filosofia alemã deveria ser material de escritório. Fundou a consultoria Hëd River e fundamentou a ciência do stakeholding. @phsouza_


Presidente do TST pede honorários justos para trabalhistas















O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, defendeu durante aula magna na seccional mineira da Ordem dos Advogados do Brasil a garantia de valores justos para os honorários dos advogados trabalhistas. O ministro aproveitou o evento para destacar a importância da Justiça do Trabalho, que ele classificou como essencial para o bom andamento do país.

A definição de critérios fixos para a indicação dos honorários pode ocorrer por meio do Projeto de Lei da Câmara 33/2013, que trata exatamente deste assunto. O PLC 33 está tramitando na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e já motivou um encontro entre representantes da OAB, da Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que defendeu a agilidade na tramitação do projeto na Casa.

Recordando que tem a honra de presidente o TST no ano em que a Consolidação das Leis do Trabalho completa 70 anos, Carlos Alberto Reis de Paula afirmou que os advogados são fundamentais para a Justiça, que não funciona sem eles, e pediu respeito e admiração especiais em relação aos profissionais que atuam na área trabalhista.


Após homenagear o jurista e professor Antônio Alves da Silva, que chamou de uma das pessoas mais importantes para a Justiça do Trabalho, principalmente por provocar debates ricos, o presidente do TST citou a Lei do Ventre Livre e a Lei do Sexagenário para explicar a importância da CLT. De acordo com ele, a regulamentação das leis trabalhistas foi uma conquista da sociedade, e não um presente ao povo. Com informações da Assessoria de Imprensa da OAB.

Mulheres avançam no poder na América Latina, rumo à 'maturidade política'



Matthei e Bachelet, candidatas à Presidência chilena (AFP)

Matthei e Bachelet disputam neste domingo o segundo turno das eleições presidenciais chilenas

O Chile elege uma nova presidente neste domingo - seja a socialista Michelle Bachelet ou Evelyn Matthei, de centro-direita -, que vai se somar a outras três governantes mulheres na América Latina: Dilma Rousseff, a argentina Cristina Kirchner e a costarriquenha Laura Chinchilla.

Será um feito inédito: quatro mulheres governando simultaneamente. Mas cabe a pergunta: será que a presença feminina representa maturidade política ou é uma brecha momentânea na tradicional hegemonia masculina - uma concessão tácita a uma mulher quando é conveniente?
Em uma época de grande descrédito de políticos tradicionais, em geral homens, as mulheres surgem como uma nova fonte de esperança. Para muitos partidos, elas representam renovação e ter maior poder de captação de votos, além de enfrentar menos resistência que o candidato típico.
Mas será que elas realmente trazem mudanças concretas?

Damas de ferro

Até relativamente pouco tempo, e em sociedades de tradição democrática, esperava-se apenas que as mulheres - que passavam a maior parte do tempo em casa - participassem de ações como eventos beneficentes ou debates.

Os políticos dominantes cediam a mulheres cuidadosamente selecionadas alguns postos de acordo com suas "virtudes femininas", mas sem poder real.

Se a mulher superasse esse obstáculo e alcançasse um cargo de responsabilidade pública, deveria passar, de maneira deliberada, uma imagem de energia intransigente e falta de escrúpulos para "compensar" as virtudes atribuídas a ela de solidariedade e compaixão - que um setor considerável do eleitorado (inclusive o feminino) considerava mostras de debilidade.

Cristina Kirchner e Dilma Rousseff

Argentina e brasileira fazem parte do seleto grupo de presidentes mulheres do continente

Líderes da estatura de Indira Gandhi (Índia), Golda Meir (Israel) e Margaret Thatcher, a "dama de ferro" britânica, costumavam destacar a necessidade de se mostrar mais energéticas do que às vezes consideravam prudente, para sufocar a desconfiança instintiva sobre elas. Esse traço acabou sendo incorporado definitivamente à sua imagem pessoal.

Essa necessidade começa a desaparecer, e se multiplicam os exemplos de mulheres que facilitam a ação política melhor do que seus colegas homens.

Já é evidente que a mulher superou a etapa de mero acesso ao processo público e tem credibilidade eleitoral e margem de ação política, requisitos essenciais para exercer o poder de fato.

Presidentes latino-americanas

Isabel Martínez de Perón: companheira de chapa de seu marido, Juan Domingo Perón, assumiu a Presidência argentina após a morte dele, em 1974. Foi derrocada por um golpe militar, em 1976.
Lidia Gueiler Tejada: presidente interina da Bolívia entre 1979-80. Fora presidente da Câmara dos Deputados. Acabou destituída por um golpe militar liderado por seu primo, o general Luis García Meza Tejada.
Ertha Pascal-Trouillot: presidente interina do Haiti entre 1990-91, na transição entre as Presidências de Herard Abraham e Jean-Bertrand Aristide.
Violeta Chamorro: presidente da Nicarágua entre 1990-97. Foi a primeira mulher eleita presidente pelo voto direto na América Latina.
Rosalía Arteaga Serrano: presidente interina do Equador durante três dias, em fevereiro de 1997. Chocou-se com Fabián Alarcón, presidente do Congresso, que a destituiu com o apoio do Exército até agosto de 1998.
Mireya Moscoso: presidente do Panamá entre 1999 e 2004. Herdeira política de seu primeiro marido, Arnulfo Arias, três vezes presidente do país, mas chegou ao poder graças a seu próprio esforço, mais de uma década depois de se tornar viúva.
Michelle Bachelet: presidente do Chile entre 2006-2010.
Cristina Kirchner: presidente da Argentina desde 2007; reeleita em 2011.
Laura Chinchilla: presidente da Costa Rica desde 2010.
Dilma Rousseff: presidente do Brasil desde 2011.

'Adultas de Washington'

Um caso exemplar é o papel de 20 senadoras americanas (16 democratas e quatro republicanas) na superação da paralisação parcial do governo, uma grave crise de governabilidade que afetou os EUA em meados de outubro.
A revista Time escreveu que "as mulheres são as últimas pessoas adultas de Washington".
A senadora democrata Amy Klobuchar disse que "as mulheres são uma força incrivelmente positiva, porque nos gostamos mutuamente. Podemos trabalhar juntas e encontrar terreno comum".
Claro que mulheres e homens estão expostos a pressões e equívocos semelhantes, e não há provas de que tenham enfoques éticos distintos. Mas se a descrição de Klobuchar convencer o eleitorado, pode ter um efeito considerável.

Cálculo eleitoral

Laura Chinchilla
Laura Chinchilla preside a Costa Rica desde 2010

O que cada vez mais homens reconhecem é que a presença feminina não é necessariamente uma concorrência indesejável, mas sim um recurso extra da máquina política: afinal, metade do eleitorado é formado por mulheres.

No cálculo eleitoral, chega um momento em que uma mulher oferece mais vantagens do que desvantagens: quando a porcentagem de homens predispostos contra elas não for alta o bastante para sufocar sua candidatura em outros setores sociais.

A candidata também pode ser mais convincente que seu par masculino em promessas de atenção à educação, à saúde e aos serviços sociais - temas de cada vez mais relevância em campanhas. Representa, dessa forma, a possibilidade de uma mudança real, em vez de mais do mesmo.

Tudo isso são impressões, às vezes meras sombras (políticos e políticas também mudam de acordo com as circunstâncias) e não há experiência acumulada o suficiente. Mas, na política eleitoral, as impressões têm grande peso.

Antecedentes

Nos últimos 40 anos, houve dez presidentes mulheres na América Latina. A primeira herdou o poder de seu companheiro; outras tiveram papel institucional em determinado momento e um terceiro grupo, como as que estão atualmente no poder, batalhou por seu próprio destino político.

Bachelet e Matthei fizeram carreiras políticas independentes, mas a lembrança de seus pais - ambos generais das Força Aérea, em polos políticos opostos - tem uma influência inegável.

Em países europeus, seja por hereditariedade (as rainhas britânica e dinamarquesa, por exemplo) ou ação política (Margaret Thatcher, a alemã Angela Merkel, as irlandesas Mary Robinson e Mary MacAleese), é mais comum a presença feminina nas chefias de governo ou de Estado, com maridos que passam quase despercebidos.

Mas, ainda que muitas partes do mundo tenham dado passos inegáveis pela integração das mulheres às instâncias de poder, ainda não se pode falar de uma maturidade definitiva - que chegará só quando não for mais notícia o fato de uma mulher candidata ou eleita.

A participação feminina também teria de crescer em outras instâncias. No Brasil, por exemplo, apenas 12% das parlamentares são mulheres, disse à BBC Brasil a ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.

Mas a evolução se acelera, rumo à igualdade plena de gêneros.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Consumidor brasileiro é o mais impaciente com call center


BÁRBARA LIBÓRIO
DE SÃO PAULO
FELIPE MAIA
EDITOR-ADJUNTO DE CARREIRAS
 

Os consumidores brasileiros são os mais impacientes com os sistemas de atendimento ao consumidor, segundo uma pesquisa da consultoria Loudhouse, de Londres. 

Quando o contato é feito por e-mail, 90% deles querem que o problema seja resolvido em até um dia. Nas redes sociais, 79% querem respostas em até duas horas. 

Esses são os maiores índices medidos entre os sete países em que a pesquisa foi realizada (Estados Unidos, Austrália, Brasil, França, Alemanha, Japão e Reino Unido). Foram entrevistados mil consumidores em cada país. 

Quando o contato é feito por telefone, o país só perde para os franceses: 68% dos brasileiros querem uma solução em até 30 minutos, ante 73% dos europeus. 

"O brasileiro é muito exigente e impaciente. Se ele tem um problema com uma empresa, tenta resolvê-lo por todos os meios possíveis: telefone, e-mail, redes sociais etc.", afirma Marcio Arnecke, diretor da companhia de tecnologia Zendesk, que encomendou o estudo. 

Para solucionar um problema, são 62% os brasileiros que dizem tentar todos os canais disponíveis -a média global é de 45%. 

A coordenadora de eventos Vivian Martins, 29, costuma fazer isso. "Já tive casos em que liguei, mandei e-mail, reclamei nas redes sociais e não fui atendida", diz. 

Na visão dela, "quando a empresa quer resolver seu problema, ela resolve por telefone, na hora".
Se isso não acontece, a saída é recorrer a sites de reclamação, que têm visibilidade. 

Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, diz que um dos motivos dessa impaciência é a existência de diversos órgãos de defesa do consumidor, como os Procons, e uma legislação forte sobre o tema, algo que não existe nos EUA e na Europa, de acordo ela. 

Outro fator é a deficiência das empresas no pós-venda. "Se o produto vem com defeito, a pessoa tem de procurar uma assistência técnica, que às vezes não tem peça para reposição", diz Dolci.

Ensino contribuiu pouco para expansão econômica do Brasil


ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

A educação, uma das principais alavancas do desenvolvimento econômico, ainda contribui pouco para o crescimento do Brasil. 

A expansão da economia vem sendo puxada principalmente pela expansão da força de trabalho, na esteira da expansão da população jovem nas últimas décadas. 

Esse movimento respondeu por 60% do crescimento brasileiro entre 1990 e 2012, de acordo com cálculos da consultoria McKinsey com base em estatísticas do Conference Board. 

Já o aumento da produtividade dos trabalhadores contribuiu para 40% da expansão. O nível educacional da mão de obra de um país é considerado um dos motores dessa eficiência no trabalho. 

No caso do Brasil, especialistas afirmam que houve um aumento relevante nos anos de estudo da população, mas a qualidade do ensino avança em ritmo lento. 

"O Brasil não tem a mão de obra barata da China nem trabalhadores qualificados como os dos países desenvolvidos. Então, ou você educa a população ou não conseguirá atuar no mercado global", afirma Renato da Fonseca, gerente da CNI (Confederação Nacional da Indústria). 


Editoria de Arte/Folhapress

Pesquisas recentes mostram que há um roteiro de ações parecidas adotadas por países que deram saltos importantes na qualidade de seus sistemas educacionais. 

Estudo publicado em 2010 pela McKinsey conclui, no entanto, que o conjunto de estratégias eficazes varia de acordo com o nível do qual cada nação está partindo. 

"Um país com qualidade de ensino pobre não terá bons resultados se tentar implementar o que foi feito em nações com níveis melhores de educação depois que elas já atingiram esse status", diz Mona Mourshed, diretora mundial de práticas de ensino da McKinsey. 


PASSO A PASSO

 
A consultoria mapeou as iniciativas de 20 países e Estados ou províncias que conseguiram progresso substancial na área da educação, medido por resultados em avaliações nacionais e internacionais de desempenho de alunos desde 1980. 

A McKinsey analisou transições na qualidade do ensino de cada nação ou região segundo quatro categorias: pobre, razoável, bom e ótimo. 

Pela metodologia da consultoria, o Brasil se encontra no nível pobre. O principal objetivo dos países ou regiões nesse estágio é que os alunos atinjam um nível básico de desempenho em leitura, redação e matemática. 

No Chile, a promoção do nível pobre ao razoável ocorreu com a ampliação dos estudos para tempo integral. Segundo o relatório, isso acresceu dois anos à formação dos estudantes, permitindo a ampliação do currículo. 

A adoção de roteiros fixos para que o professor siga a cada dia de aula também ajuda na transição de um sistema pobre para o razoável. 

Segundo a consultoria, a passagem para o estágio bom envolve ampliar o leque de habilidades dos estudantes. 

A Polônia, que começou essa transição no início da década passada, decidiu, por exemplo, criar dois estágios de educação secundária. O primeiro com conteúdo generalista, e o segundo, com foco mais vocacional. 

"As evidências sugerem que, em comum, esses países optaram por uma melhora do ambiente educacional como um todo", afirma o relatório.