domingo, 15 de dezembro de 2013

Ensino contribuiu pouco para expansão econômica do Brasil


ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

A educação, uma das principais alavancas do desenvolvimento econômico, ainda contribui pouco para o crescimento do Brasil. 

A expansão da economia vem sendo puxada principalmente pela expansão da força de trabalho, na esteira da expansão da população jovem nas últimas décadas. 

Esse movimento respondeu por 60% do crescimento brasileiro entre 1990 e 2012, de acordo com cálculos da consultoria McKinsey com base em estatísticas do Conference Board. 

Já o aumento da produtividade dos trabalhadores contribuiu para 40% da expansão. O nível educacional da mão de obra de um país é considerado um dos motores dessa eficiência no trabalho. 

No caso do Brasil, especialistas afirmam que houve um aumento relevante nos anos de estudo da população, mas a qualidade do ensino avança em ritmo lento. 

"O Brasil não tem a mão de obra barata da China nem trabalhadores qualificados como os dos países desenvolvidos. Então, ou você educa a população ou não conseguirá atuar no mercado global", afirma Renato da Fonseca, gerente da CNI (Confederação Nacional da Indústria). 


Editoria de Arte/Folhapress

Pesquisas recentes mostram que há um roteiro de ações parecidas adotadas por países que deram saltos importantes na qualidade de seus sistemas educacionais. 

Estudo publicado em 2010 pela McKinsey conclui, no entanto, que o conjunto de estratégias eficazes varia de acordo com o nível do qual cada nação está partindo. 

"Um país com qualidade de ensino pobre não terá bons resultados se tentar implementar o que foi feito em nações com níveis melhores de educação depois que elas já atingiram esse status", diz Mona Mourshed, diretora mundial de práticas de ensino da McKinsey. 


PASSO A PASSO

 
A consultoria mapeou as iniciativas de 20 países e Estados ou províncias que conseguiram progresso substancial na área da educação, medido por resultados em avaliações nacionais e internacionais de desempenho de alunos desde 1980. 

A McKinsey analisou transições na qualidade do ensino de cada nação ou região segundo quatro categorias: pobre, razoável, bom e ótimo. 

Pela metodologia da consultoria, o Brasil se encontra no nível pobre. O principal objetivo dos países ou regiões nesse estágio é que os alunos atinjam um nível básico de desempenho em leitura, redação e matemática. 

No Chile, a promoção do nível pobre ao razoável ocorreu com a ampliação dos estudos para tempo integral. Segundo o relatório, isso acresceu dois anos à formação dos estudantes, permitindo a ampliação do currículo. 

A adoção de roteiros fixos para que o professor siga a cada dia de aula também ajuda na transição de um sistema pobre para o razoável. 

Segundo a consultoria, a passagem para o estágio bom envolve ampliar o leque de habilidades dos estudantes. 

A Polônia, que começou essa transição no início da década passada, decidiu, por exemplo, criar dois estágios de educação secundária. O primeiro com conteúdo generalista, e o segundo, com foco mais vocacional. 

"As evidências sugerem que, em comum, esses países optaram por uma melhora do ambiente educacional como um todo", afirma o relatório.

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