Sobre a mesa de negociação está a possibilidade de escalonamento da regra de segurança
ABS e Airbag: hoje 60 por cento dos veículos que saem das fábricas têm que ter instalados airbag e freios ABS
Brasília - O eventual adiamento da exigência para que as montadoras instalem freios ABS e airbag em todos os veículos fabricados no país a partir de 2014 será decidido na terça-feira, em Brasília, informou o Ministério da Fazenda.
Na terça-feira, ocorrerá uma reunião em Brasília entre o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, e representantes da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para definir a questão.
Sobre a mesa de negociação está a possibilidade de escalonamento da
regra. Hoje 60 por cento dos veículos que saem das fábricas têm que ter
instalados airbag e freios ABS.
O percentual subiria para 100 por cento em 2014, segundo a norma
estabelecida em 2009. Isso atingiria modelos como Kombi e Gol G4, da
Volkswagen; e Mille, da Fiat, segundo a consultoria Jato Dynamics.
De acordo com o Ministério da Fazenda, uma das possibilidade é
estabelecer uma obrigatoriedade intermediária de 80 por cento para que
os fabricantes tenham tempo maior para fazer adaptações nas fábricas, de
forma a afastar risco de demissão de trabalhadores pela desativação de
algumas linhas de montagem.
Outra possibilidade, conforme informou o ministério é a redução do
Imposto de Importação (II) e do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) que incidem sobre os equipamentos de segurança como freio ABS e
airbag.
Mantega já havia afirmado esta semana que o assunto seria discutido com
as montadoras na próxima terça-feira. Na ocasião, o ministro afirmou
que o custo dos equipamentos eleva o preço do carro entre 1.000 e 1.500
reais.
A avaliação do governo sobre a possibilidade de concessão de mais
benefícios tributários ao setor automotivo ocorre diante necessidade de
obtenção de mais receitas para cumprir a meta ajustada de superávit
primário de 2,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor
público consolidado (governo central, Estados e municípios).
Em 12 meses encerrados até outubro, a o superávit estava em 1,44 por
cento do PIB, distante da meta ajustada e um dos fatores desse resultado
ruim é o elevado peso das desonerações tributárias.
A avaliação do governo em dar mais benefícios ocorre, também, em meio
às indicações da Fazenda de que as alíquotas reduzidas do IPI de
automóveis não serão integralmente recompostas, conforme sinalizado
anteriormente.
Segundo a Anfavea, a redução do IPI, em vigor desde o final de maio do
ano passado, gera arrecadação adicional de outros impostos em âmbito
federal, estadual e municipal, como PIS/COFINS, ICMS e IPVA.
A entidade
afirmou no início de novembro que o incremento das vendas de veículos
após a redução do IPI gerou arrecadação adicional de mais de 6 bilhões
de reais.
Um dos segmentos mais fortes e expressivos da base industrial
brasileira, o setor automotivo foi responsável pela remessa de 2,692
bilhões de dólares em lucros e dividendos ao exterior entre janeiro e
outubro deste ano, 59 por cento superior ao remetido em igual período de
2012. Foi o segmento com o maior volume de remessa entre os subsetores
industriais, conforme dados do Banco Central.
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