sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Inflação ao consumidor segue elevada e resistente, diz Hamilton do BC


Por Lucas Marchesini, Alex Ribeiro e Leandra Peres | Valor
 
BRASÍLIA  -  (Atualizada às 12h38) "A inflação ao consumidor segue elevada e ainda mostrando resistência” e, assim, houve a continuidade do ciclo de ajuste das condições monetárias, reiterou o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton, referindo-se à elevação dos juros, que voltaram aos dois dígitos neste ano, a 10%.

Ruy Baron/Valor

Em seu relatório de inflação, divulgado nesta sexta-feira, o Banco Central mostrou que, em seu cenário de referência, a inflação anual do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve recuar nos próximos dois anos, mesmo que não haja novas elevações da taxa básica de juros da economia brasileira. A queda, no entanto, não seria suficiente para trazê-la ao centro da meta, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 4,5%. 

As previsões indicam que, com a Selic estabilizada em 10% ao ano, a variação acumulada pelo IPCA em 12 meses recuaria de 5,8% para 5,6% de 2013 para 2014. Em 2015, cairia de novo, para 5,4%. As projeções pressupõem ainda uma taxa de câmbio estacionada em R$ 2,35 por dólar

Hamilton repetiu a análise contida no relatório de inflação de que está havendo um ajuste na demanda agregada da economia brasileira.

O diretor explicou que o consumo vem crescendo a taxas mais moderadas, tanto no caso do governo quanto no das famílias, enquanto o investimento dá sinais de recuperação. Segundo ele, isso indica “certo ajuste na demanda agregada”.

O diretor apontou ainda que as perspectivas são de aumento da competitividade da indústria e agronegócio em função da desvalorização do real.  Os custos da mão de obra, na avaliação de Carlos Hamilton, também apresentam “certa moderação”, assim como o crescimento do setor de serviços. 

De acordo com a explicação do BC, o comportamento da confiança e expectativas “está mais ou menos em linha com o que tínhamos por volta de 2007 e 2008”.


Cenário possível, mas não provável


O diretor de Política Econômica do BC avaliou que a “convergência [da inflação para o  centro da meta] é um evento possível”, mas o “cenário mais provável não aponta essa convergência, o que não implica que não seja possível, são coisas distintas”.

Para ele, a convergência “pode se tornar mais provável mais adiante à medida que economia comece a responder a ações que já foram tomadas”. Entre elas, Hamilton citou o ciclo de aumento da taxa Selic iniciado no primeiro sem estre deste ano As afirmações foram feitas em resposta a uma pergunta sobre se a convergência para o centro da meta era possível. Para responde-la, Hamilton voltou a afirmar que “ o Banco Central via permanecer de olho no combate a inflação.

Ele também disse que o cenário que o BC tem utilizado para trabalhar é o de inflação menor em 2013 do que em 2012.


Riscos externos


Segundo Hamilton, dentro do panorama da economia mundial, os riscos para estabilidade financeira continuam elevados, embora o crescimento tenha indicado ritmo moderado e alguma acomodação nos preços de commodities recentemente. Por outro lado, os mercados continuam voláteis e a tendência de apreciação do dólar se mantém.

O diretor do BC explicou que as previsões de mercado mostram que apesar de a inflação continuar baixa em diversos países, à medida em que a recuperação internacional se consolide, deve haver reflexo nos preços, com taxas mais elevadas em 2014 que 2013. Conforme o diretor, dados indicam crescimento maior na atividade global em 2014 e 2015. 



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