O Brasil já responde por 19% das vendas da Electrolux no mundo. Mas a companhia acha que dá para ampliar ainda mais essa fatia – com inovação
Por Ricardo Lacerda
Na cozinha de casa, a geladeira exibe na porta uma moderna tela touch screen equipada com sistema operacional Linux. Nela, além de um e-book com mais de 600 receitas, rodam diversos aplicativos desenvolvidos para facilitar o dia a dia dos donos de geladeira. Ao lado, o fogão traz uma tecnologia capaz de cozinhar os alimentos apenas no vapor, o que permite conservar até 85% das vitaminas B e C dos alimentos. Esses e outros equipamentos, que parecem saídos de um episódio dos Jetsons, estão chegando à vida real graças à visão de negócios da Electrolux. Maior do setor de Eletroeletrônicos no sul do país, a companhia vem apostando alto na inovação como forma de se distanciar dos concorrentes. A partir de seu centro de desenvolvimento em Curitiba, a marca sueca cria itens de alto apelo tecnológico – que chegam às lojas agrupados na linha conhecida como “i-Kitchen”.
Por trás da iniciativa está uma estratégia elaborada para ampliar o espaço da Electrolux no mercado brasileiro – de onde vem cerca de 19% de seu faturamento global. Depois de comprar a Prosdócimo, em 1996, a companhia percebeu que o melhor caminho para se firmar no Brasil era se manter um passo à frente da concorrência. “Cada produto é desenvolvido com base nos desejos e necessidades reais dos nossos consumidores, sempre com o objetivo de oferecer funcionalidades e diferenciais relevantes”, afirma Adriano Moura, diretor financeiro da Electrolux para América Latina.
A cada ano, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento da empresa passam dos R$ 100 milhões. E dão resultados. Só em 2012, a receita bruta da empresa cresceu 15,6% e chegou a R$ 6,5 bilhões. “Atribuímos o crescimento a vários fatores. Mas, basicamente, é o retorno sobre um investimento constante em inovação de produtos e serviços”, explica Moura. Em 2012, diz ele, a Electrolux lançou mais de 70 produtos no varejo brasileiro.
O bom momento também reflete a realidade do mercado brasileiro em 2012, quando as vendas de fogões cresceram 20% e as de refrigeradores 16%, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). A alta foi estimulada, principalmente, pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que vigorou entre dezembro de 2011 e janeiro deste ano. Com o fim do benefício, as vendas de refrigeradores e fogões já caíram 5% e 6%, respectivamente, no primeiro semestre do ano. “O ano está complicado. É provável que se recupere no segundo semestre, mas não chegaremos aos níveis do ano passado”, afirma Lourival Kiçula, presidente executivo da Eletros.
Para que o setor não perca o dinamismo, diz Kiçula, é importante que o governo imponha regras para preservar o índice de nacionalização dos produtos da linha branca – segmento em que mais de 90% dos componentes são feitos no Brasil. “O governo poderia criar algum tipo de desoneração da folha de pagamento para indústrias que fabricam componentes”, sugere.
A boa notícia é que o IPI ainda não retornou aos patamares em que estava antes da redução. A alíquota das lavadoras de roupas, por exemplo, costumava ser de 20% e, hoje, está em 10%. “Esperamos que os refrigeradores fiquem em 7,5%, e não mais nos 15%. E que os fogões fiquem em 3%, e não 4%”, diz Kiçula. Outro elemento que traz boas perspectivas é o programa Minha Casa Melhor, que concede crédito de R$ 5 mil a juros subsidiados para quem quer mobiliar uma casa comprada pelo Minha Casa, Minha Vida. “É uma oportunidade para que as pessoas troquem seus produtos com prazo de pagamento e juros reduzidos”, destaca Kiçula.
Nesse cenário, a Electrolux planeja lançar cerca de 40 produtos até o Natal de 2013. As novidades se dividem entre linhas tradicionais, como refrigeradores, máquinas de lavar roupa e fogões, e novas categorias como purificadores de ar, bebedouros, umidificadores e balanças de precisão. A inovação não pode parar.
Eletroeletrônicos
As maiores por receita
Setor | 500 | Grupo/Empresa | UF | Receita Bruta | Cres, Receita |
R$ milhões | % | ||||
1 | 21 | Electrolux do Brasil e Controlada | PR | 6.504,05 | 15,60 |
2 | 127 | Furukawa Ind. S/A Prod. Elétricos | PR | 712,93 | 34,96 |
3 | 140 | Intelbras S/A Ind. Telecom. Eletr. | SC | 634,87 | 11,43 |
4 | 204 | Romagnole Prod. Elétricos | PR | 433,41 | 8,92 |
5 | 200 | Irmãos Fischer S/A | SC | 417,49 | 15,45 |
Setor | 500 | Grupo/Empresa | UF | Rent, Receita | Lucro Líquido |
% | R$ milhões | ||||
1 | 140 | Intelbras S/A Ind. Telecom. Eletr. | SC | 10,52 | 51,86 |
2 | 127 | Furukawa Ind. S/A Prod. Elétricos | PR | 9,73 | 53,07 |
3 | 162 | Grupo Digicon | RS | 8,72 | 20,23 |
4 | 21 | Electrolux do Brasil e Controlada | PR | 3,84 | 188,45 |
5 | 204 | Romagnole Prod. Elétricos | PR | 2,83 | 9,62 |
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