segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O país do fogão esperto


O Brasil já responde por 19% das vendas da Electrolux no mundo.  Mas a companhia acha que dá para ampliar ainda mais essa fatia – com inovação

Por Ricardo Lacerda
Na cozinha de casa, a geladeira exibe na porta uma moderna tela touch screen equipada com sistema operacional Linux. Nela, além de um e-book com mais de 600 receitas, rodam diversos aplicativos desenvolvidos para facilitar o dia a dia dos donos de geladeira. Ao lado, o fogão traz uma tecnologia capaz de cozinhar os alimentos apenas no vapor, o que permite conservar até 85% das vitaminas B e C dos alimentos. Esses e outros equipamentos, que parecem saídos de um episódio dos Jetsons, estão chegando à vida real graças à visão de negócios da Electrolux. Maior do setor de Eletroeletrônicos no sul do país, a companhia vem apostando alto na inovação como forma de se distanciar dos concorrentes. A partir de seu centro de desenvolvimento em Curitiba, a marca sueca cria itens de alto apelo tecnológico – que chegam às lojas agrupados na linha conhecida como “i-Kitchen”.

Electrolux_Adriano-Moura-350Por trás da iniciativa está uma estratégia elaborada para ampliar o espaço da Electrolux no mercado brasileiro – de onde vem cerca de 19% de seu faturamento global. Depois de comprar a Prosdócimo, em 1996, a companhia percebeu que o melhor caminho para se firmar no Brasil era se manter um passo à frente da concorrência. “Cada produto é desenvolvido com base nos desejos e necessidades reais dos nossos consumidores, sempre com o objetivo de oferecer funcionalidades e diferenciais relevantes”, afirma Adriano Moura, diretor financeiro da Electrolux para América Latina.

A cada ano, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento da empresa passam dos R$ 100 milhões. E dão resultados. Só em 2012, a receita bruta da empresa cresceu 15,6% e chegou a R$ 6,5 bilhões. “Atribuímos o crescimento a vários fatores. Mas, basicamente, é o retorno sobre um investimento constante em inovação de produtos e serviços”, explica Moura. Em 2012, diz ele, a Electrolux lançou mais de 70 produtos no varejo brasileiro.

O bom momento também reflete a realidade do mercado brasileiro em 2012, quando as vendas de fogões cresceram 20% e as de refrigeradores 16%, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). A alta foi estimulada, principalmente, pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que vigorou entre dezembro de 2011 e janeiro deste ano. Com o fim do benefício, as vendas de refrigeradores e fogões já caíram 5% e 6%, respectivamente, no primeiro semestre do ano. “O ano está complicado. É  provável que se recupere no segundo semestre, mas não chegaremos aos níveis do ano passado”, afirma Lourival Kiçula, presidente executivo da Eletros.

Para que o setor não perca o dinamismo, diz Kiçula, é importante que o governo imponha regras para preservar o índice de nacionalização dos produtos da linha branca – segmento em que mais de 90% dos componentes são feitos no Brasil. “O governo poderia criar algum tipo de desoneração da folha de pagamento para indústrias que fabricam componentes”, sugere.

A boa notícia é que o IPI ainda não retornou aos patamares em que estava antes da redução. A alíquota das lavadoras de roupas, por exemplo, costumava ser de 20% e, hoje, está em 10%. “Esperamos que os refrigeradores fiquem em 7,5%, e não mais nos 15%. E que os fogões fiquem em 3%, e não 4%”, diz Kiçula. Outro elemento que traz boas perspectivas é o programa Minha Casa Melhor, que concede crédito de R$ 5 mil a juros subsidiados para quem quer mobiliar uma casa comprada pelo Minha Casa, Minha Vida. “É uma oportunidade para que as pessoas troquem seus produtos com prazo de pagamento e juros reduzidos”, destaca Kiçula.

Nesse cenário, a Electrolux planeja lançar cerca de 40 produtos até o Natal de 2013. As novidades se dividem entre linhas tradicionais, como refrigeradores, máquinas de lavar roupa e fogões, e novas categorias como purificadores de ar, bebedouros, umidificadores e balanças de precisão. A inovação não pode parar.

Eletroeletrônicos

As maiores por receita

Setor 500 Grupo/Empresa UF Receita Bruta Cres, Receita




R$ milhões %
1 21 Electrolux do Brasil e Controlada PR 6.504,05 15,60
2 127 Furukawa Ind. S/A Prod. Elétricos PR 712,93 34,96
3 140 Intelbras S/A Ind. Telecom. Eletr. SC 634,87 11,43
4 204 Romagnole Prod. Elétricos PR 433,41 8,92
5 200 Irmãos Fischer S/A SC 417,49 15,45
As mais rentáveis
Setor 500 Grupo/Empresa UF Rent, Receita Lucro Líquido




% R$ milhões
1 140 Intelbras S/A Ind. Telecom. Eletr. SC 10,52 51,86
2 127 Furukawa Ind. S/A Prod. Elétricos PR 9,73 53,07
3 162 Grupo Digicon RS 8,72 20,23
4 21 Electrolux do Brasil e Controlada PR 3,84 188,45
5 204 Romagnole Prod. Elétricos PR 2,83 9,62

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