Laboratório da Fibria. Foto: Flávio Pereira
Berço do etanol nos anos 70, a Região Metropolitana do Vale
do Paraíba concentra atualmente iniciativas promissoras na promissora
área dos ‘combustíveis verdes’; Embaer e Fibria lideram frentes de
pesquisa
Xandu Alves/OVale
São José dos Campos
O desafio de produzir combustíveis limpos (não poluentes) e de fontes renováveis movimenta uma indústria bilionária em todo o mundo e alimenta uma corrida pela liderança ambiental e econômica.
São José dos Campos
O desafio de produzir combustíveis limpos (não poluentes) e de fontes renováveis movimenta uma indústria bilionária em todo o mundo e alimenta uma corrida pela liderança ambiental e econômica.
Em algumas décadas, o petróleo deixará de ser a principal fonte energética do planeta, por ser finito e poluente, e as chamadas fontes alternativas deixarão o papel de coadjuvantes.
O Brasil tem sido apontado como um dos principais candidatos a ator principal nesse enredo, mas terá que confirmar a indicação na prática, sob o risco de perder as excelentes condições naturais que tem.
Nesse contexto, a Região Metropolitana do Vale do Paraíba concentra iniciativas promissoras na área de combustíveis verdes.
A região foi palco, na década de 70, do desenvolvimento do primeiro motor a álcool do país, feito no DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), em São José dos Campos.
Hoje, motores ‘flex fuel’ (que suportam etanol e gasolina) estão na maioria dos carros vendidos no Brasil.
“A experiência do país e da região em pesquisas com biocombustíveis é uma credencial importante para qualquer debate sobre o tema”, diz Mauro Kern, vice-presidente Executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer.
A fabricante de aviões desenvolve, em parceria com a Boeing, um plano para incentivar a produção de biocombustíveis no país, que poderão abastecer aeronaves.
Madeira. A empresa Fibria, de Jacareí, líder mundial na produção de celulose, investe em torno de R$ 20 milhões para desenvolver biocombustíveis a partir da madeira e de outras biomassas, em parceria da empresa norte-americana Ensyn Corporation.
Em 2014, a Fibria vai construir uma fábrica para fazer a pirólise (decomposição térmica) rápida da madeira, transformando-a em óleo. O produto pode servir como combustível e substituir o óleo pesado em caldeiras e motores de navios e o gás natural.
“Ele pode ser refinado com o óleo pesado para se obter gasolina e querosene”, afirma Paulo César Pavan, gerente de Desenvolvimento de Processo e Produto do Centro de Tecnologia da Fibria.
A empresa aposta ainda no desenvolvimento de produtos nobres a partir do óleo de madeira. “Podemos fazer combustíveis e insumos de produtos químicos de alto valor”.
Equipe do Inpe dá retaguarda a projetos
São José dos Campos
Água, sol e vento. Eis os elementos que podem tornar o Brasil a ‘Arábia Saudita’ do século 21. Isso por causa das fontes renováveis de energia, abundantes no país.
Ao contrário do petróleo, que é finito, os combustíveis do futuro terão necessariamente que vir de fontes renováveis.
Nesse aspecto, o Brasil tem as condições naturais favoráveis para assumir a liderança no desenvolvimento de combustíveis verdes.
Coordenador do setor de Energias e Fontes Renováveis do Centro de Ciências do Sistema Terrestre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José, o físico Enio Bueno Pereira conta que a instituição se mobiliza para fornecer dados confiáveis para validar projetos de energias renováveis, que necessitam de projeções a longo prazo, de no mínimo de 20 anos.
Segundo ele, a região Nordeste concentrará até 2100 as melhores condições para produção de energia eólica e solar. Esta última também será abundante em uma faixa entre o Sudeste e o Nordeste.
“Temos tudo para ser líderes nesse desenvolvimento”, disse Pereira.
SAIBA MAIS
Energia eólica
A produção de energia a partir do vento tem no Nordeste brasileiro uma das melhores condições do mundo. Hoje, os equipamentos exigem ventos entre 25 e 80 km/h para conseguirem produzir energia. O Inpe prevê que o regime de ventos no Nordeste vai aumentar até 2100
Energia solar
Na previsão do Inpe, uma faixa de território entre o Sudeste e o Nordeste do país, passando pelo Centro-oeste, será a melhor área para produzir energia solar em larga escala
Hidrogênio
Uma das fontes mais promissoras para geração de combustível limpo é o hidrogênio, um dos componentes da água junto com o oxigênio. Ele vem sendo usado em células combustíveis em satélites e protótipos de veículos. O hidrogênio pode ser produzido por energia solar e eólica, e tem como resíduo a água. Não é poluente
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