CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Apesar das desonerações tributárias concedidas pelo governo e da
economia mais fraca neste ano, a carga tributária brasileira deve
encerrar 2013 em alta e subir ainda com mais força em 2014.
A carga fiscal (soma de todos os tributos pagos em relação ao PIB) já
subiu mais nos três primeiros anos do governo Dilma (2,20 pontos
percentuais) do que nos oito do governo Lula (1,58 ponto).
Em 2014, o cenário é de ainda maior pressão. Mudanças tributárias feitas
neste ano (e outras em tramitação no Congresso que podem entrar em
vigor) terão impacto no bolso dos brasileiros e no caixa das empresas, o
que deve contribuir para elevar a carga de 0,3 a 0,5 ponto percentual,
segundo previsão de economistas e tributaristas.
A pedido da Folha, o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação) calculou a carga para 2013 considerando o resultado do PIB
até o terceiro trimestre e a arrecadação até novembro. A previsão é que o
país feche o ano com carga de 36,42% ante 36,37% em 2012.
Ou seja: de cada R$ 100 gerados pela economia neste ano, R$ 36,42 viram
tributos e vão parar nos caixas dos governos. No cálculo, o instituto
inclui valores de multas, juros e correção pagos, além de contribuições.
"Antes de a Receita divulgar o dado [de arrecadação] de novembro,
estimávamos queda de 0,45 ponto neste ano. Com o aumento na arrecadação,
impulsionada pelo ingresso de R$ 20,3 bilhões de receitas extra com o
Refis [parcelamento de débitos], prevemos alta já neste ano", diz
Gilberto Luiz do Amaral, coordenador de estudos do IBPT.
Os dados da Receita mostram que, pela primeira vez, a arrecadação de
impostos atingiu a marca de R$ 1,019 trilhão em novembro, alta real de
3,63% sobre 2012.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) também refez suas
projeções. Até outubro estimava carga de 35,5% do PIB (taxa média dos
últimos 12 meses encerrados no mês) ante 35,6% em 2012.
Com a arrecadação extra do Refis, já estima carga de 35,8%. O resultado
difere do IBPT porque o Ipea, assim como a Receita, não considera os
valores de multas e contribuições no cálculo.
"O PIB veio mais fraco do que o previsto, mas a arrecadação federal e
dos Estados veio acima do previsto", diz Rodrigo Orair, do Ipea.
Com a previsão do fim do IPI reduzido para a linha branca (geladeira,
fogão) e o retorno gradual da alíquota do imposto para os carros, a
carga deve crescer mais ainda em 2014. A perda de receita com
desonerações neste ano é estimada em 1,6% do PIB -o dobro do alcançado
no auge da crise de 2009.
"Boa parte da elevação da carga em 2014 e em 2015 será a devolução das
desonerações", diz Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de
Economia da FGV.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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