SANTOS - Dos
23 portos anunciados que adeririam à paralisação de seis horas, na
manhã e tarde desta sexta-feira, 24, “entre 12 e 13” de fato suspenderam
as atividades administrativas, disse a Federação Nacional dos
Portuários (FNP), que organizou o movimento. “Cada sindicato tem sua
assembleia, estamos a mil quilômetros do porto mais próximo, foi a
informação que nos chegou”, disse o diretor de administração e finanças
da FNP, que fica em Brasília, José Renato Inácio de Rosa.
A FNP anunciou que os trabalhadores portuários das companhias docas
paralisariam as atividades, hoje, das 7 horas às 13 horas. Eles
reivindicam a implantação do plano de cargos, carreira e salários nas
estatais, uma solução para a dívida bilionária do Portus — o fundo de
previdência complementar da categoria — e a garantia de que a guarda
portuária não será privatizada.
A estimativa era de que oito mil profissionais cruzassem os braços
nesta sexta. Eles não atuam diretamente na movimentação de cargas, mas
em funções administrativas, como a permissão para atracação e
desatracação de navios e o controle de acesso de pessoas e veículos ao
cais.
Na maior administradora portuária, a Companhia Docas do Estado de São
Paulo (Codesp), não houve interrupção dos trabalhos. Segundo a
assessoria de imprensa da estatal, a Codesp já tem um plano de cargos e
salários e não houve tempo legal para dar publicidade ao ato.
Houve suspensão dos trabalhos nas administrações portuárias do Rio de
Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Pará, informou a
FNP.
Segundo o sindicalista, está mantida uma paralisação por 24 horas na
quinta, 30, e, foi marcada, para o dia 4, uma reunião na FNP. Caso os
portuários não consigam estabelecer um cronograma de ação com o governo,
até lá, há a possibilidade de deflagrar greve por tempo indeterminado.
O ponto mais nevrálgico das reivindicações é a dívida do Portus.
Desde agosto de 2011, o fundo de pensão complementar está sob
intervenção da Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(Previc) e tem visto suas reservas minguarem. O Portus se diz credor de
uma dívida de quase R$ 4 bilhões que seria fruto da inadimplência das
patrocinadoras (as companhias docas) e da União, como sucessora da
extinta Portobrás (antiga estatal federal).
A intervenção já foi renovada seis vezes e vence em 31 de janeiro.
Segundo a FNP, o Portus atende 11 mil portuários ativos e pensionistas.
Considerando os dependentes, são mais de 30 mil pessoas.