terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Produção industrial recua em dezembro, mas fecha 2013 com alta de 1,2%


Por Marta Nogueira | Valor
Ty Wright/Bloomberg

RIO  -  (Atualizada às 9h36) A produção industrial brasileira caiu 3,5% em dezembro, na comparação com novembro, na série com ajustes sazonais, o pior resultado negativo desde dezembro de 2008, apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2013 como um todo, a indústria brasileira teve crescimento de 1,2%, após queda de 2,5% um ano antes (dado revisado).

A previsão de 20 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data apontava, em média, queda de 1,6% na produção industrial em dezembro. 

O recuo da indústria no último mês de 2013 foi fortemente influenciado pela queda de 17,5% na produção de veículos automotores, segundo o IBGE. No período, todas as categorias de uso e 22 dos 27 ramos pesquisados pela entidade apresentaram baixa.

Entre novembro e dezembro passado, bens de capital declinaram 11,6%, refletindo a menor produção de caminhões. Bens intermediários cederam 3,9% e bens duráveis diminuíram 3%. Bens semi e não duráveis tiveram queda de 2,5%.

Perante dezembro de 2012, a produção industrial brasileira declinou 2,3%, com 16 dos 27 ramos avaliados com recuo. Mais uma vez, veículos automotores se sobressaíram, com decréscimo de 16,3%. Indústria farmacêutica também foi destaque de baixa, com recuo de 22,7%.

Em 2013 completo, a expansão de 1,2% foi sustentada pelo avanço nos seis primeiros meses do ano, de 2,1%, em comparação com mesmo período do exercício anterior. Na segunda metade do calendário, a indústria apresentou pequeno avanço, de 0,3%.

No comparativo anual, veículos automotores chamaram a atenção positivamente, com crescimento de 7,2%, exercendo a maior influência positiva na formação da média da indústria, apontou o IBGE.


Desempenho da produção industrial

Fonte: IBGE
período variação (%)
dezembro 2013 / novembro 2013 -3,5
dezembro 2013 / dezembro 2012 -2,3
acumulado 2013 1,2
acumulado 2012 -2,5

(Marta Nogueira | Valor)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

CEO mais sexy do mundo vendia roupas em brechó antes de ter império no e-commerce


Sophia Amoruso, fundadora da loja on-line Nasty Gal, deixou a casa dos pais e a faculdade aos 17 anos para empreender; conheça sua história
 
 
CEO mais sexy do mundo vendia roupas em brechó antes de ter império no e-commerce

SÃO PAULO - Sophia Amoruso estampou diversos tabloides pelo mundo ao ser nomeada pelo Business Insider a CEO mais sexy do mundo. Aos 28 anos de idade e fundadora da loja on-line Nasty Gal, que vende mais de US$ 100 milhões por ano, a executiva mostrou em seu livro recém-lançado “#GirlBoss” que vai muito além de apenas um "rostinho bonito".

No livro, que deve chegar às prateleiras norte-americanas em maio deste ano, a empresária conta um pouco sobre trajetória profissional e pessoal, relacionando-as com insights de empreendedorismo e sucesso profissional para as mulheres jovens. “O mais óbvio era fazer um livro sobre moda, mas eu estava muito animada para fazer um livro de empreendedorismo”, disse Sophia ao site WWD.

Com uma trajetória nada convencional das demais “It girls” - termo usado para jovens mulheres que criam tendências de moda -, a executiva afirma que saiu de casa dos pais aos 17 anos, abandonou a faculdade e começou um pequeno negócio em 2006, vendendo suas roupas em uma loja on-line no eBay, um "brechó" especializado em roupas vintages.

Segundo o Business Insider, a empreendedora chegou a vender roupas em lojas como o Exército da Salvação, recebendo uma grande margem de lucro. Tudo, porém, com poucas perspectivas.

A sorte de Sophia começou a mudar quando decidiu ter seu próprio domínio e lançou oficialmente a Nasty Gal. Em pouco tempo, o site ficou famoso pela constante presença da executiva nas redes sociais, como MySpace e o Facebook. Hoje, quase nove anos mais tarde, o site emprega mais de 350 pessoas e tem mais de 2,5 milhões de seguidores nas mídias sociais.

O site também vende coleções assinadas por estilistas famosos, como Sam Edelman e Jeffrey Campbell. “Eu fui das portas dos fundo a CEO da minha própria empresa”, disse ela. Recentemente, a marca Urban Outfitters manifestou interesse em adquirir a Nasty Gal. Questionada sobre um possível acordo, Amoruso não quis comentar sobre o assunto.

Pão de Açúcar corta preços, mas queixas de clientes crescem


Grupo inicia o ano com o desafio de seguir cortando custos, mas lidando com uma maior insatisfação dos consumidores

Marcela Ayres, da
Marcos Issa/Bloomberg
Homem fazendo compras em um supermercado do Grupo Pão de Açúcar em São Paulo

Supermercado Pão de Açúcar: segundo levantamento, foram 86,6 mil reclamações relacionadas às empresas do grupo no ano passado

São Paulo - O Grupo Pão de Açúcar inicia o ano com o desafio de seguir cortando custos, lidando, ao mesmo tempo, com uma maior insatisfação dos consumidores, algo que poderá colocar a qualidade do serviço ofertado em xeque e abrir oportunidades para a concorrência, afirmam analistas e executivos do setor de varejo.

Segundo levantamento do site Reclame Aqui, foram 86,6 mil reclamações relacionadas às empresas do grupo no ano passado, contra 49,3 mil em 2012, um aumento de 75,6 por cento.

Embora a maior parte das queixas sejam sobre operações online, abordando principalmente problemas com entregas, as reclamações em lojas físicas do grupo também cresceram: no Extra, o avanço foi de 34,3 por cento no ano, chegando a 74,3 por cento no Pão de Açúcar. Consumidores apontaram desde o tamanho das filas nos supermercados a produtos fora de validade e prateleiras desabastecidas.

Enquanto isso, no ranking estadual de atendimentos do Procon-SP, compilado pela primeira vez em 2013, o GPA aparece como sétima empresa mais reclamada de São Paulo e única varejista a figurar na lista das 10 mais, seguida pelo grupo Carrefour na 17a posição.

O avanço das queixas se deu no primeiro ano do Casino no controle do GPA, com o grupo francês aumentando sua influência sobre a maior varejista do país após Abilio Diniz negociar sua saída da presidência do Conselho de Administração, em setembro.

A companhia nega que o aumento das reclamações em 2013 seja reflexo de sua política de corte de despesas, elemento-chave da estratégia do Casino para manter a agressividade nos preços nos países onde o grupo atua e, com isso, atrair mais movimento nas lojas sem ter que sacrificar a rentabilidade das operações.

Mas segundo um ex-gerente da divisão de alimentos da companhia brasileira que pediu anonimato, "na intenção de fazer corte de gastos, (o GPA) acabou cortando algo de forma até um pouco mais drástica e que acabou influenciando no atendimento, principalmente em relação ao número de pessoas nas lojas".

E após a nomeação de Ronaldo Iabrudi como novo presidente-executivo da empresa, no fim de janeiro, analistas citaram possibilidade da redução de despesas no GPA ganhar ainda mais força.

Contratado como representante do Casino no Brasil em junho, Iabrudi já comandou a Telemar, atual Oi, e a Magnesita, de materiais refratários. Em ambas, implementou planos de reestruturação envolvendo demissões representativas e rígido controle financeiro.
Espaço para Rivais




Um alto executivo do setor que pediu para não ser identificado disse que o corte de custos arrisca prejudicar a qualidade e variedade nos supermercados do GPA. "Isso pode abrir oportunidade para outras empresas, como St Marché, Mambo ou outra", afirmou ele, em referência a redes de menor musculatura no país, mas com apelo ao atendimento e sortimento diferenciado.

Em nota, o GPA negou que a estratégia de corte de custos esteja afetando a qualidade das operações e afirmou que mantém o cliente no centro das decisões da companhia. "Não há nenhuma orientação ou movimento que represente a diminuição no nível de serviço das lojas, ou seja, redução de pessoal no 'front office', e que possa comprometer a experiência de compra", disse a companhia, em referência à equipe que lida diretamente com o público.

Segundo último dado público do GPA, a média de colaboradores por loja do grupo caiu para 79,4 em setembro, ante 81,5 no mesmo mês de 2012. À Reuters, o GPA afirmou que fechou 2013 com um índice de rotatividade de pessoal de 39 por cento, abaixo da média de mercado de 45 por cento.

"O GPA ... vem melhorando seus níveis de competitividade e ganhando participação de mercado", disse a empresa. Além dos supermercados Pão de Açúcar, Extra e Assaí, o GPA também é dono da Via Varejo, divisão de móveis e eletrodomésticos que opera as bandeiras Ponto Frio, Casas Bahia e Nova Pontocom, esta última de comércio eletrônico.
Tesoura na Mão, Vendas no Bolso 



A decisão de diminuir custos para compensar a prática de preços mais baixos vem ganhando força no Brasil, nos moldes da orientação adotada em hipermercados franceses do Casino e nas operações da companhia na Colômbia e Tailândia.

Nos nove primeiros meses de 2013, o peso das despesas com vendas, gerais e administrativas sobre a receita líquida do GPA caiu para 19,6 por cento, ante 20,2 por cento em igual etapa de 2012. No mesmo intervalo, as vendas líquidas da companhia cresceram 12,4 por cento, a 40,8 bilhões de reais.

O desempenho foi reconhecido pelo mercado. Em 2013, ano em que o Ibovespa caiu 15,5 por cento, as ações do GPA avançaram 17 por cento.

A empresa tem a meta de reduzir as despesas gerais e administrativas e com vendas para 17 por cento da receita líquida em 2016.

Porém, para o consultor de varejo José Lupoli Jr., da Lupoli Jr. & Consultores Associados, estratégias de baixo custo exigem padronização, o que pode implicar menos opções de marcas e produtos para concentração nos itens de maior giro, além de diminuição no nível de serviços ao cliente, com o potencial de impactar o crescimento das vendas.

O consultor afirma que os brasileiros são fundamentalmente atraídos por grandes promoções, mas não mostram a mesma sensibilidade para diferenças diárias de preço nas grandes redes de varejo.

"O principal critério de escolha de um ponto de venda pelo consumidor é a conveniência, nem mesmo o Walmart consegue repetir aqui (Brasil) a mesma reputação de líder em custo como ocorre nos Estados Unidos", afirmou Lupoli Jr.

Na semana passada, a rede norte-americana reduziu sua previsão de lucro para 2013, citando o impacto do fechamento de lojas e encargos fiscais trabalhistas no país.

Skol combate o "drama" com rebolado de Carnaval


A propaganda segue o conceito “A vida manda quadrado, você devolve redondo”

Reprodução/YouTube/fnazcasp
Skol combate o "drama" com rebolado de Carnaval em comercial

Skol combate o "drama" com rebolado de Carnaval: o comercial “Drama” vai ficar no ar até 4 de março em TV aberta

São Paulo - A F/Nazca Saatchi & Saatchi e Skol escolheram o final da novela Amor À Vida para estrear um novo filme publicitário para o Carnaval.

O comercial “Drama” vai ficar no ar até 4 de março em TV aberta e mostra o drama de foliões que, mesmo em situações complicadas de carnaval, não perdem o jogo de cintura.
Dessa maneira, a propaganda segue o conceito “A vida manda quadrado, você devolve redondo”. Filmado em Diamantina, a direção de cena é assinada por André Godoy, da Pródigo.



Confira o filme:

 http://www.youtube.com/watch?v=Tm3e0h4_x6w

Ficha técnica:
AGÊNCIA: F/Nazca Saatchi & Saatchi
CLIENTE: Ambev
PRODUTO: Skol
TÍTULO: Drama
DURAÇÃO: 30"
1a VEICULAÇÃO: 31/01/2014
DIREÇÃO GERAL DE CRIAÇÃO: Fabio Fernandes | Eduardo Lima
CRIAÇÃO: Fabio Fernandes | Leonardo Claret | Toni Fernandes
ATENDIMENTO: Marcello Penna | Carmen Rodriguez | Rafael Pontes
PLANEJAMENTO: José Porto | Guilherme Pasculli | Felipe Santini | Gabriel Morais
MÍDIA: Sandro Cachiello | Cristina Omura | Vivian Simões | Caroline Pascuinelli
RTV: Victor Alloza | Renato Chabuh | Gisele Campos | Maira Massullo | Rafael Paes
PRODUTORA DO FILME: Prodigo Films
DIREÇÃO: André Godoi
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Francesco Civita
ATENDIMENTO: Chico Pedreira
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Pedro Cardillo
DIREÇÃO DE ARTE: José Vicente Vaqueiro Saldanha
ASSISTENTE DE DIREÇÃO (1): Mayra Ferro
DIRETOR DE PRODUÇÃO: Monica Viesi
MONTAGEM: André Dias
Finalizador: Georges Sakamoto
PÓS PRODUÇÃO/FINALIZAÇÃO: Prodigo Films
PRODUTORA DE SOM: Satélite Áudio
PRODUTOR: Equipe Satélite
ATENDIMENTO: Fernanda Costa E Marina Castilho
APROVAÇÃO CLIENTE: Jorge Mastroizzi | Fábio Baracho | Maria Fernanda Albuquerque | Pedro Adamy

O que as pessoas bem-sucedidas fazem durante o horário de almoço


Aqui estão dicas para elevar sua energia e a produtividade, fazendo com que você aproveite ao máximo esse horário, muitas vezes perdido olhando para o computador

Redação, Administradores.com, Compar29
Shuttertock.com
 
"Não separar um momento para descansar é uma receita para precisar de vários “breaks” não-oficiais e ineficientes"
 
 
Utilizar o horário de almoço como lazer não é um costume popular em empresas, segundo pesquisas. Laura Vanderkam, em artigo escrito para a Fast Company, aponta algumas, como a feita em 2012 pelo Carreer Builder, que mostrou que 10% dos entrevistados compravam seu almoço em máquinas de venda automática ao menos uma vez por semana, e outra realizada pela Monster, a qual apontou que 21% dos entrevistados almoçavam em suas mesas de trabalho, 7% não almoçavam e 32% só paravam durante o almoço se julgassem que tinham tempo sobrando.

O problema é que não separar um momento para descansar pode ter um efeito contrário ao desejado: geralmente quem faz isso precisará de vários “breaks” que podem comprometer sua produtividade, como, por exemplo, usar a internet para assuntos não-relacionados ao trabalho, em outro horário, ou mesmo se levantar várias vezes sem propósito claro. Segundo Tom Rath, autor de livros sobre hábitos de vida saudáveis, não se pode pular o horário de almoço. “O que fazemos nesse horário pode beneficiar ou prejudicar completamente o resto do dia”, diz ele.

A fundadora do Tranquil Space, um espaço para a prática de yoga, Kim Wilson, concorda com Rath e afirma que “pessoas bem-sucedidas sabem que, se usado da maneira certa, o horário de almoço pode fazê-los bem mais produtivos”.

Aqui estão algumas formas de aproveitar ao máximo esse tempo:


Leve sua equipe para almoçar


Matt Hall, co-fundador da Hill Investimet Group, diz que, para sua equipe, o almoço é o momento em que as pessoas melhor se relacionam, criando laços. A empresa paga o almoço, desde que dois ou mais da equipe estejam presentes. Matt conta que os funcionários se divertem enquanto resolvem assuntos de trabalho, e não precisam perder tempo em reuniões convencionais. Os custos do almoço, segundo ele, valem a pena, pois evitam retrabalhos e deixam os funcionários satisfeitos.


Movimente-se

Há muitas razões ruins para comer na sua mesa, mas uma boa é ganhar tempo para sair e se exercitar. O estúdio de yoga de Kim Wilson, por exemplo, oferece aulas durante o período de almoço, com uma hora de duração. “São muito poulares”, diz ela. Mesmo fazer apenas 50 ou 55 minutos de exercício é um diferencial na rotina dessas pessoas, segundo Wilson. “Eles saem daqui completamente diferentes, ficam tão mais felizes, é incrível”, completa.

Se você não tem acesso a atividades desse tipo, uma caminhada pode fazer toda a diferença. Tim Rath afirma que frequentemente faz pequenas caminhadas nos arredores de seu local de trabalho e, só de estar lá fora, respirando ar fresco, seu humor já muda.

Faça do almoço um encontro

Greg Moore, funcionário de uma universidade na Carolina do Norte, costuma almoçar com sua esposa uma vez por semana. No início, eles discutiam orçamentos da casa, organização de horários e coisas do tipo, mas resolveram transferir essas atividades para outro dia, deixando o almoço semanal livre para que eles se divertissem e aproveitassem a presença um do outro. O dia e local costumam mudar, mas uma vez por semana eles almoçam juntos, voltando para os seus respectivos trabalhos muito mais leves.

Conheça uma pessoa nova

Peça a seus amigos para lhe apresentarem a pessoas diferentes, ou convide alguém que conheceu recentemente para almoçar com você. Isso vai gerar uma quebra na sua rotina, o que renovará suas energias, com a vantagem de possivelmente aumentar sua rede de contatos.


Personalize seu tempo de almoço

Jessica Roscoe trabalha como consultora alguns dias da semana, e comanda a The Creative Mumma, uma escola online que foca em escrita e coaching. Ela também é uma aspirante a escritora, de romances, principalmente. Nos dias em que trabalha como consultora, ela diz levar seu laptop e o caderno que utiliza para tudo relacionado ao seu negócio pessoal. No horário de almoço ela escolhe algum lugar tranquilo no prédio em que trabalha e escreve coisas que precisa, ou adianta alguma coisa pendente do dia anterior.

“Trabalho o mais rápido que posso. Sempre penso ‘o que posso fazer com esse curto espaço de tempo que tenho para avançar no meu negócio? O que trará mais impacto?’, diz ela. Trinta minutos podem não parecer muito, mas ao longo de uma semana de trabalho são duas horas e meia economizadas. Além disso, se você tem dois trabalhos, ou vários projetos acontecendo ao mesmo tempo, esta meia hora representa meia hora que você ganha para descansar durante a noite ou ficar com a sua família.

Com informações de Fast Company

Mantega não pode apagar lembranças dos compradores de dívida


O Ministro da Fazenda do Brasil não está conseguindo acalmar os detentores de títulos sobre os riscos de investir dentro do Brasil

Matthew Malinowski, da
Abr
O ministro da Fazenda, Guido Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega: Mantega declarou que ele eliminaria um imposto de 6% sobre as compras de títulos domésticos por parte dos estrangeiros

O Ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, não está conseguindo acalmar os detentores de títulos sobre os riscos de investir dentro do Brasil, pois seus títulos locais possuem o maior rendimento em oito meses comparados a valores similares vendidos fora do País.

A brecha entre os rendimentos da dívida do Brasil em moeda local com vencimento em 2023 e suas notas globais denominadas em reais com vencimento em 2024 superou 3 pontos porcentuais na semana passada pela primeira vez desde maio.

Pouco antes daquele pico, no começo de junho, Mantega declarou que ele eliminaria um imposto de 6 por cento sobre as compras de títulos domésticos por parte dos estrangeiros, o que ajudou a levar a brecha para um recorde negativo sete semanas mais tarde.

Desde então, os rendimentos subiram à medida que o pessimismo sobre a gestão econômica do Brasil se aprofundou, disse Michael Roche, estrategista de mercados emergentes do Seaport Group LLC. Os detentores dos títulos locais continuam vulneráveis a mudanças na política, disse ele.

“Há implicações regulatórias e de risco político”, disse Roche em entrevista por telefone. “A pessoa ficaria sujeita aos caprichos e fantasias dos incentivos e desincentivos das políticas para investidores estrangeiros”.

Em outubro de 2009, Mantega impôs o imposto sobre aquisições de títulos locais para investidores estrangeiros para reduzir a pressão ascendente sobre o real. Em julho de 2011, ele implementou um imposto de 1 por cento sobre as apostas contra o dólar no mercado de futuros, e em março de 2012 ele estabeleceu um imposto de 6 por cento sobre alguns empréstimos externos.

Reduzindo impostos


No ano passado, Mantega começou a reduzir os impostos depois que o real afundou pela preocupação com que a redução do estímulo monetário nos EUA e na Europa faça com que o capital passe dos mercados emergentes para os países desenvolvidos. 

O real se desvalorizou 13 por cento em 2013, o pior desempenho entre as moedas de mercados emergentes acompanhadas pela Bloomberg depois da Argentina, da Indonésia, da África do Sul e da Turquia.

Neste ano até 31 de janeiro, a moeda se desvalorizou 2,1 por cento para 2,4128 por dólar americano.
Para conter a inflação, os responsáveis políticos brasileiros aumentaram as taxas de juros de referência em sete reuniões consecutivas para 10,5 por cento, o que por sua vez fortaleceu a demanda dos investidores pela dívida do País. Para a maioria dos investidores é mais fácil comprar a dívida no exterior do que no Brasil, disse o estrategista do Citigroup Inc. Kenneth Lam, em entrevista por telefone.

Em 31 de janeiro, a secretaria de imprensa do Ministério da Fazenda não quis comentar sobre o risco percebido na compra de dívida doméstica. Em 28 de janeiro, Mantega disse em uma entrevista que ele não via que o capital estivesse abandonando o País.

A volatilidade nos mercados emergentes poderia gerar preocupação em alguns investidores com que os responsáveis políticos implementem medidas que prejudicariam os detentores estrangeiros de títulos, disse Flávia Cattan-Naslausky, estrategista de mercados locais da RBS Securities Inc.

“Seria esperado que os títulos locais tivessem um rendimento ainda maior para fazer com que os investidores comprassem e assumissem esses riscos”, disse ela em resposta por e-mail a questões.

PERNAMBUCO QUER SE INTERNACIONALIZAR

Número de estudantes estrangeiros no Brasil cresce, mas continua muito abaixo do desejável.

O número de alunos de outros países no Brasil cresce a cada ano. É o que indicam os dados do Itamaraty. Entre os anos de 2012 e 2013, o número de vistos temporários emitidos para estudantes estrangeiros (Vitem IV) subiu 5%. Para se ter uma ideia, no ano de 2005, o número de Vitem IV emitidos foi de 5.770; em 2013, oito anos depois, esse número subiu para 12.547. A expectativa é que o ano de 2014 traga ainda mais alunos, desde o ensino fundamental até para programas de pós-graduação.

Existem muitas maneiras de ingressar no Brasil para estudar. Uma delas é através dos programas de mobilidade estudantil da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Entre 2011 e 2012, 1.576 estudantes de instituições ligadas ao Ministério da Educação (MEC) deram entrada no país pela Capes. Alguns países, através de programas de convênio, trazem alunos para o Brasil para fazer graduação e pós-graduação. Sulei Mali, 26, está cursando Turismo há 1 ano e 8 meses na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) através do programa Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PECG). Natural de Guiné-Bissau, Sulei queria ir para o Marrocos, mas a oportunidade de estudar no Brasil era mais acessível. “O programa PECG oferecia mais vagas para estudar no Brasil”, afirma.

Em Pernambuco, a situação segue favorável. Segundo dados da Diretoria de Relações Internacionais da UFPE, no ano de 1999 apenas um estudante estrangeiro veio para a universidade, contra 137 em 2012, ano com  maior número de alunos de outros países. Alguns intercambistas de ensino fundamental e médio também estão na rede pública de ensino do Estado. Atualmente, 46 alunos de países como Portugal, El Salvador, França, Argentina, Armênia e Japão estudam em escolas estaduais.

Quando veio estudar música no Brasil, em 1997, Alcides Lopes só sabia tocar o que tinha aprendido com uma pequena revista de cifras. Natural de Cabo Verde, chegou ao Brasil através do PECG, oferecido pelo governo cabo-verdiano para os estudantes do país. Escolher o Brasil foi quase natural. A começar pela língua, portuguesa, Cabo Verde tem uma afinidade cultural muito grande com o Brasil. Lá se vê novelas produzidas aqui, escuta-se música brasileira. “Existem muito mais coisas em comum entre Brasil e Cabo Verde do que a gente desconfia”, comentou.

Somente em 2006, nove anos após começar a graduação na UFPE, Alcides se formou. “Esse atraso teve várias razões. Uma delas foi porque os estudantes africanos que vêm para o Brasil sofrem muito com o atraso de bolsas. Eu já fiquei três meses sem receber, tive que trancar um semestre todo para poder trabalhar, pra me virar na vida”, conta. Permaneceu no Brasil até o ano de 2010, trabalhando como professor de música e de inglês. Ao ensinar em escolas públicas e particulares, presenciou parte dos problemas do Brasil. “Quando eu trabalhei em escola pública, existia um descaso muito grande. As escolas eram muito sucateadas, havia muita criminalidade em certas áreas.

Eu já tive que ficar trancado dentro de uma escola porque tinha alguém atirando do lado de fora querendo matar um aluno”, lembra Alcides, que voltou ao Brasil em 2012 e agora faz mestrado em Antropologia. “Acredito que o que me fez voltar para o Brasil foi ter conhecido minha atual esposa. Eu tinha planos de ir para a Noruega, que oferece programas de apoio a estudantes africanos, mas acabei preferindo ficar no Brasil. Hoje, não tenho planos para voltar nem tão cedo”, completa.

Ao ser questionado sobre a forma com que Brasil o acolheu, Alcides afirma que a “Afinidade com o Brasil e a receptividade do brasileiro foi muito grande. Eu não tive dificuldade de me integrar à cultura brasileira, muito pelo contrário. Fiz uma banda, conheci o Nordeste inteiro, aprendi muito da cultura local. As pessoas eram muito receptivas, principalmente quando eu dizia que era da África”.

Ser negro e vindo de um país africano nunca trouxe para ele problema ou motivo para discriminação ou racismo.  “Uma coisa interessante é que quando eu cheguei todo mundo queria me levar em um terreiro, mas eles não entendiam que no meu país a religião era católica, não temos essas manifestações religiosas. A formação da África na consciência coletiva brasileira é meio mitológica, se cultiva uma África que já não existe”, avalia o mestrando.

A cultura brasileira também atraiu o jovem franco-suíço Quentin Jaques, de 19 anos. Natural de Genebra, Suíça, morava em Lyon, na França, onde estudava cinema na Université Lumìere Lyon 2. Veio ao Brasil atraído pelo cinema brasileiro. “Desde que entrei na faculdade, eu queria sair da França e já gostava da cultura brasileira porque conheci alguns brasileiros lá”, relembra Jaques, que está no Brasil há quatro meses estudando cinema na UFPE.

Para o estudante de cinema, as principais dificuldades foram a língua e problemas para se estabelecer na cidade. “Para resolver os meus documentos, o CPF, a matrícula da faculdade, não me deram muitas informações, não explicaram muito bem. Eu tinha que me deslocar muito de um lado para o outro sem saber para onde ir.”

O Brasil recebeu bem Quentin, que tem planos de voltar após o intercâmbio. “Fui surpreendido. Os brasileiros são muito calorosos, muito receptivos. Eu rapidamente fiz muitos amigos por aqui. Pretendo voltar, gostei muito do país”, diz. O franco-suíço também comentou a atitude de algumas pessoas quanto a França. “Geralmente as pessoas têm uma imagem supervalorizada de lá. É verdade que é um país mais desenvolvido, mas nem tudo lá é tão bom quanto se pensa”, completa.


Danilo Galindo
(Leia Já – 02/02/2014)