Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Resposta de Débora Bobra Arakaki Masson, advogada do escritório Mascaro Nascimento Advocacia Trabalhista
Cada vez mais o Brasil tem exportado mão de obra qualificada devido ao
grande estreitamento entre as nações e devido ao perfil do profissional
brasileiro, cuja flexibilidade e alta capacidade de adaptação são
competências destacáveis entre os executivos globais.
De acordo com as leis e
regulamentos vigentes (Lei n. 7.064/82, Decreto n. 89.339/84 e a
Resolução Normativa do Conselho de Imigração n. 104 de 2013), os
direitos básicos do empregado transferido são: salário-base
sujeito aos reajustes e aumentos compulsórios previstos na legislação
brasileira, aplicação da legislação brasileira sobre Previdência Social,
FGTS e PIS/PASEP.
A Lei n. 7.064/82 também menciona que após dois anos de permanência no
exterior, será facultado ao empregado gozar anualmente férias no Brasil,
ficando por conta da empresa empregadora o custo da viagem. Esse
custeio se estende ao cônjuge e aos demais dependentes do empregado com
ele residentes.
As normas mencionadas balizam as situações de trabalhadores contratados
ou transferidos para prestar serviço no exterior. Porém, poderão ser
livremente pactuados entre as partes, variando de acordo com cada
empresa, com base no “instrumento interno de política de expatriação”:
moradia, escola para o filho, carro, seguro de saúde e de vida, plano de
aposentadoria, entre outros direitos extras dos que já estão
assegurados pela lei brasileira.
Esse é também o caso das políticas de repatriação como: custo de
mudanças, hotéis por alguns meses para a família enquanto compra/loca
imóvel e alimentação.
Envie suas dúvidas de leis trabalhistas para o e-mail : alciprete63@hotmail.com
Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor
revela avanços nos quesitos escolaridade e geração de postos de trabalho
por parte dos empreendedores nordestinos
Empreendedores: para cada pessoa que abre um negócio por necessidade,
1,7 opta pelo empreendedorismo por encará-lo como uma oportunidade
Natal - O número de pessoas que identificam uma chance de negócio e decidem empreender, mesmo tendo alternativas de emprego e renda, registrou alta no Nordeste. Quase 63% dos empreendedores
iniciais da região são por oportunidade. Isso significa que para cada
pessoa que abre um negócio por necessidade, 1,7 opta pelo
empreendedorismo por encará-lo como uma oportunidade. No Brasil, a taxa
de emprendedorismo por oportunidade subiu para 71%. Os dados constam na
pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada nesta
segunda-feira pelo Sebrae.
Na avaliação do superintendente do Sebrae no Rio Grande do Norte, José
Ferreira de Melo Neto, esse avanço do empreendedorismo na região se deve
a fatores como a força do mercado brasileiro e o ambiente legal
favorável, que facilita e incentiva a formalização. Somente no Rio
Grande do Norte, são 51 mil autônomos enquadrados como
Microempreendedores Individuais (MEI). O diretor também atribui o
aumento do percentual de empreendedorismo por oportunidade, que em 2012
era de 60,4%, à melhoria da escolaridade.
O estudo, que é relativo ao ano de 2013, faz outra revelação positiva
para o Nordeste. Cerca de 42% daqueles que começaram um negócio possuem o
segundo grau completo. Esse é o maior índice registrado em todas as
regiões do país, chegando a ser sete pontos percentuais acima da média
nacional, que é de 35,1%. A GEM 2013, no entanto, também aponta dados
não tão positivos relacionados à região, onde 66% dos empreendedores
iniciais faturam menos de três salários mínimos. A região também
concentra a maior proporção de mulheres que empreendem por necessidade:
42,9%.
Em termos de gênero, os homens nordestinos ainda são maioria no quesito
abertura de negócio. Diferente do restante do país, a quantidade de
pessoas do sexo masculino (50,9%) é levemente superior a do feminino
(49,1%). Analisando o Brasil como um todo, 52,2% de todos aqueles que
empreendem são mulheres e 47,8%, homens.
Vem do Nordeste também o maior número de empreendedores iniciais com
funcionários contratados. Enquanto na região Sul, por exemplo, as
empresas com um funcionário contratado somam 13,4%, em solo nordestino
esse percentual é praticamente o dobro: 26,7%. Já em relação ao número
de empresas que não têm empregado, o Nordeste é a região com o menor
índice: 50,5%.
A GEM é uma iniciativa da London Business School e Babson College e é
realizado em 68 países. No Brasil, a pesquisa é patrocinada pelo Sebrae e
realizada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade
(IBQP), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foram
entrevistadas 10 mil pessoas de 18 a 64 anos, de todas as regiões, e 85
especialistas em empreendedorismo. Entre os ouvidos pela GEM estão desde
pessoas que estão se preparando para iniciar um empreendimento até os
que já estão estabelecidos no mercado. A pesquisa não revela dados por
estado, apenas por regiões brasileiras.
ÉPOCA passou o fim de semana de Finados num
campo de treinamento dos Black Blocs, em São Paulo. O que viu lá ajuda a
saber quem eles são, o que pensam, o que querem, como se organizam e
quem os financia
LEONEL ROCHA
Um sítio a 50 quilômetros de São Paulo abriga um centro de treinamentos
para a minoria que adotou o quebra-quebra como forma de manifestação
política e ficou conhecida como Black Bloc.
Dois homens na faixa dos 40 anos vigiavam o portão, fechado com
corrente e cadeado. Se não fosse por eles, um observador menos atento
poderia acreditar que o local, carente de manutenção, está abandonado.
Não tem animais, horta nem pomar. Não tem trator nem enxadas. É usado
somente nos finais de semana, como espaço para reuniões e ensino de
técnicas de resistência à polícia. Apenas uma das três casas erguidas há
50 anos está em condições de uso. As outras duas não têm água nem luz.
Servem de depósito. No primeiro final de semana de novembro, quando se
comemorou o Dia de Finados, pouco mais de 30 pessoas se reuniram nesse
sítio para organizar uma nova onda de protestos contra tudo e contra
todos – a presidente Dilma Rousseff, políticos em geral, bancos, empresas de transporte, telefonia e comunicação.
Fui admitido no encontro como repórter de ÉPOCA. O que vi ajuda a
compreender quem são, o que querem e o que pensam os Black Blocs. Mais:
desmente a concepção vigente entre órgãos de segurança federais e
estaduais. É voz corrente que eles não têm organização e aparecem nas
manifestações como que por geração espontânea. Ao contrário, eles têm
método, objetivos, um programa de atuação e acesso a financiamento de
entidades estrangeiras.
Foram necessárias três semanas de negociação até que os ativistas me
abrissem seus portões e me permitissem testemunhar seus treinamentos,
debates e decisões. Antes, apresentaram exigências e cobraram garantias.
Para ter acesso ao encontro, tive de me comprometer a não revelar a
localização do sítio, só identificar na reportagem os ativistas que se
dispusessem a declarar seus nomes e profissões e a tratar a todos com
respeito. Em nenhum momento soube o endereço do sítio. Marcamos um
encontro no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde os
Black Blocs se reúnem em dias de manifestação na capital paulista. De
lá, segui com dois guias até o sítio numa Kombi. Uma parte do caminho
foi feita em estrada de terra.
As primeiras horas foram para superar desconfianças. No começo, fui
chamado de “senhor”. Rompi parte das resistências com a ajuda de um
antigo sindicalista. Ex-funcionário da Rede Ferroviária Federal (RFFSA),
o jornalista Leonardo Morelli coordena a ONG Defensoria Social, um
braço visível e oficial que os apoia. Morelli me recebeu no sítio porque
acredita que os “blockers” precisam de visibilidade e reconhecimento
dos meios de comunicação. Só por meio deles, diz ele, podem superar a
rejeição de quase toda a sociedade, que condena o quebra-quebra
característico das aparições dos Black Blocs. O termo, segundo eles,
designa uma forma de atuação, não um grupo ou movimento organizado.
Aos 53 anos, Morelli é o mais velho do grupo. Participou de pastorais
católicas de direitos humanos. Integrou o grupo que originou a Comissão
Pastoral Operária. Militou com petistas como Luiz Gushiken (1950-2013),
ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, e o
advogado Luiz Eduardo Greenhalgh. Seu nome aparece em quatro relatórios
dos órgãos oficiais de espionagem. Datado de 1987, um documento do
extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) relaciona Morelli entre
punks e anarco-sindicalistas. Segundo o texto, Morelli propunha “furar
os pneus e quebrar os vidros dos ônibus” para parar São Paulo e provocar
uma greve geral dos trabalhadores. “Eu já era Black Bloc nos anos 1980,
antes de existir o movimento com esse nome”, diz.
Ele foi demitido da RFFSA por participar de uma greve nos anos 1980. No
fim da década, foi anistiado e aposentado. Agora, tenta influenciar os
Black Blocs com novas causas. Ergue bandeiras ambientais, denuncia os
lixões e a contaminação de áreas da periferia. Defende a
desmilitarização das polícias, a liberação de biografias não
autorizadas, o controle social das pesquisas científicas, combate o
Marco Civil da Internet e cobra as renúncias dos governadores de São
Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Os ativistas reunidos no interior paulista compartilham o credo
anarquista de Morelli, mesmo com pouca informação sobre o tema. O mais
jovem do grupo, com 17 anos, é um típico punk da periferia paulista, de
cabelo moicano. Tenta concluir o ensino médio. Num dos últimos
conflitos, foi fotografado quebrando a pontapés uma vidraça de uma
agência bancária. Distribuída por agências de notícia estrangeiras, a
imagem rodou o mundo.
Pouco mais velho que ele, um rapaz de óculos diz ter lido textos
anarquistas na internet e não compreender como todos de sua idade não
aderiram ao movimento. Morador da periferia paulistana, conta que
cresceu assistindo a amigos e vizinhos apanharem da polícia. Nunca votou
e afirma que jamais escolheria os candidatos preferidos por seus pais
na eleição presidencial de 2010 – Dilma Rousseff e José Serra. Na noite
de 26 de outubro, testemunhou o espancamento do comandante da Polícia
Militar de São Paulo, coronel Reynaldo Rossi. Relata que Rossi fora
“marcado” pelos “blockers”. A ordem era bater nele sem acertar a cabeça,
para evitar o risco de morte. “Vi muito amigo ser espancado pela
polícia lá no meu bairro. É assim que vamos responder daqui para a
frente”, diz o Black Bloc com pinta de nerd.
O grupo comprou a Kombi que me conduziu e um Jeep Willys com dinheiro
que recebeu de entidades nacionais e estrangeiras. Segundo Morelli,
desde o início deste ano, já ingressaram nos cofres da Defensoria Social
E 100 mil. Ele afirma que o dinheiro foi repassado pelo Instituto St
Quasar, uma ONG ligada a causas ambientais. Morelli também cita entre
seus doadores organizações como as suíças La Maison des Associations
Socio-Politiques, sediada em Genebra, e Les Idées, entidade ligada ao
deputado verde Jean Rossiaud. Procurados por ÉPOCA, ambos negaram ter
enviado dinheiro. Morelli diz que a Defensoria Social também foi
abastecida pelo Fundo Nacional de Solidariedade, da CNBB. A CNBB também
negou os repasses. Morelli ainda relacionou entre seus contatos os
padres católicos Combonianos e a Central Operária Boliviana.
O dinheiro financia os treinamentos dos militantes, como o ocorrido no
fim de semana de Finados e outro realizado em julho na cidade de
Cáceres, em Mato Grosso. Nessas ocasiões, os ativistas são informados de
que a precondição para ser Black Bloc é ter disposição para enfrentar a
polícia. Em Cáceres, aprenderam a se proteger das balas de borracha com
escudos feitos com tapumes. Foram orientados a formar paredes com os
escudos para se defender em bloco, como as tropas de choque fazem hoje –
e, no passado, fizeram as falanges gregas e legiões romanas. Em
Cáceres, havia rapazes que prestaram serviço militar.
Ex-recrutas do Exército, eles ensinaram aos colegas Black Blocs o que
aprenderam na caserna. Em Cáceres e no interior paulista, os ativistas
tiveram aulas com o ex-militante do MST Paulo Matos. Aos 36 anos, ele
acumula 21 anos de militância. Participou de cinco invasões, foi preso,
processado e ajudou a organizar o assentamento mato-grossense Antônio
Conselheiro, o maior do país. Deixou o MST quando passou a acreditar que
alguns de seus companheiros eram corruptos. Conta que, ameaçado por
eles, fugiu para a Bolívia, onde começou a estudar medicina. Diz que
trabalhou como enfermeiro e aprendeu a fazer pequenas cirurgias. Carrega
um kit com bisturi, agulha de sutura, pinça, tesoura e luvas para
socorrer quem se fere no combate das ruas. “Somos gladiadores sociais”,
afirma Paulo Matos.
Nos debates, o clima é de indignação, revolta e impaciência com as
promessas dos governantes. No sítio paulista, foram exibidos vídeos de
protesto para os ativistas. Fez sucesso Setembro negro: Estado, violência e reação,
produzido pela carioca 202 Filmes. Os ativistas também assistiram a um
vídeo gravado durante o treinamento de Cáceres. Produzido pela
desconhecida Aliança Latino-Americana de Ação Direta, ele pode ser
acessado pelo site da ONG Usina Brasil e ensina a manusear pistolas. Não
vi armas de fogo ou de qualquer outro tipo no sítio do interior
paulista onde os Black Blocs se reuniram no Dia de Finados. Havia lá
apenas facões e um pequeno machado. O máximo a que assisti foi uma
discussão sobre se deveriam ou não fazer atentados contra prédios
públicos, inclusive com o uso de dinamite. Essa hipótese foi aventada
por uma minoria exaltada, que cogitava incendiar carros durante as
manifestações.
O encontro de Black Blocs no sítio paulista foi marcado pela
improvisação. Na única casa habitável, o telhado exige reforma, e as
paredes clamam por pintura. Um gerador a gasolina forneceu energia
apenas por algumas horas. A mesa comprida da sala serviu mais para
discussão do que para refeição. Os Black Blocs não se reuniram para
comer. Ao fazê-lo, não se preocuparam com etiqueta. Saborearam churrasco
de carne de segunda e embutidos. Arroz e macarrão foram preparados num
fogão de quatro bocas. Para o café da manhã ou para a noite, reservaram
biscoitos, café e leite. Banho, só com água de poço, fria. Para beber,
levaram garrafas de água mineral. O dinheiro para as compras foi
racionado – sempre é.
Dispunham de uma geladeira e um micro-ondas.
Acesso a celular ou internet, só por milagre. Os maços de cigarro foram
compartilhados. Tarefas como faxina ou cozinha foram divididas por
habilidades ou disposição, na base do voluntarismo. Como havia poucas
camas, muitos dormiram no chão. Só vi duas mulheres. Ambas dormiram no
sítio. Uma fogueira na área externa espantou o frio.
Manifestante é pacífico.
O que nós fazemos é protesto"
Leonardo Morelli, da ONG Defensoria Social
Os Black Blocs disseram que o desconforto não era maior que em suas
próprias casas. Muitos vieram de fora de São Paulo. Havia gente do Rio
de Janeiro, do Paraná, de Mato Grosso, de Minas Gerais, de Pernambuco e
do Amazonas. Costumam adotar apelidos como Marmota, Irmão ou Jow, para
não ser identificados pelas autoridades. Piercings e tatuagens são quase
regra. Os que têm telefone celular mudam o número com frequência. Dois
militantes foram incumbidos de vigiar a área durante o dia. Se alguém se
aventurar a pular a cerca, pode ser surpreendido por armadilhas feitas
com pontas de madeira. Só entrou no sítio quem integra o grupo e eu, que
fui convidado. Os ativistas de Pernambuco e do Rio não permitiram que
eu assistisse a uma das reuniões. Por isso, dormi em São Paulo e voltei
no dia seguinte.
Nos cartazes pendurados na casa habitável, só havia espaço para teses
anarquistas e ambientalistas. Anticapitalistas, os Black Blocs defendem
uma genérica “solidariedade humana”. A formação intelectual da maioria é
quase primitiva. Definem-se como anarquistas porque são, genericamente,
contra a repressão do Estado, para eles encarnada pela polícia. A nata
do anarquismo é muito citada, mas pouco lida. Nos debates, ouvi os nomes
dos revolucionários Mikhail Bakunin (teórico anarquista) e
Pierre-Joseph Proudhon (político francês que comparava a propriedade a
um roubo), do escritor russo Liev Tolstói, do ucraniano Nestor Makhno
(anarquista durante a Revolução Russa) e de François Claudius
Koenigstein (conhecido como Ravachol, teórico do terrorismo). Como
anarquistas, dizem não ter líderes. As teses e ações do grupo são
decididas por consenso ou adesão. Dizem que são ativistas. “Manifestante
é pacífico. O que fazemos é protesto”, afirma Leonardo Morelli.
Ninguém é considerado traidor se não entrar no quebra-quebra, mas o
vandalismo é visto como ato de coragem. Equipamentos como orelhões são
quebrados, segundo eles, porque a telefonia é dominada por estrangeiros.
Também merecem condenação empreiteiras e multinacionais. Revoltados com
a privatização do campo de Libra, incluíram a Petrobras no rol de suas
potenciais vítimas. Dizem que queimam as lixeiras públicas nos protestos
porque consideram corruptas as concessionárias do serviço. Alguns
rejeitam programas sociais, como Bolsa Família, Mais Médicos e ProUni,
pois, segundo eles, mascaram as péssimas condições da população e
amortecem a revolta.
O discurso seduz gente como Daniela Ferraz, paulistana criada no
complexo de favelas do Capão Redondo. Aos 31 anos, mãe de um filho que
mora com o pai, ela cometeu dois assaltos e cumpriu cinco anos de
prisão. “Tinha filho para criar e uma irmã criança para ajudar a criar.
Não tive alternativa, e o desespero me levou a assaltar. Mas nunca me
envolvi com homicídios”, diz. “Quando os corruptos poderosos roubam
milhões, nada acontece. Quando o pobre assalta para comprar comida e
fraldas para o filho, vai preso.” Ainda cumprindo pena em liberdade,
Daniela armou-se de paus e pedras para atacar agências bancárias. Agora,
é conhecida como Dani, a Pantera dos Black Blocs.
No fim de semana de Finados, os 30 Black Blocs tomaram decisões
importantes. Acertaram protestar contra todos os candidatos que
disputarem a próxima eleição. Nenhum deles terá seu apoio. Interlocutor
do governo federal com os movimentos sociais, o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho,
reclamou da falta de interlocução. Os ativistas decidiram, então,
resolver o problema enviando uma carta a Gilberto Carvalho.
O documento
lista, entre outras reivindicações, a desmilitarização das polícias,
anistia aos Black Blocs presos, infraestrutura para assentamentos rurais
e suspensão da privatização do campo de Libra. O texto foi levado de
avião para o Planalto pelo ex-MST Paulo Matos. Ele invadira a Assembleia
Legislativa do Rio em junho e quebrou janelas em São Paulo no 7 de
setembro. Matos protocolou o texto no Palácio do Planalto na última
terça-feira. Na mochila, levava também a máscara de Black Bloc. O grupo
decidiu fazer uma nova onda de protestos nos próximos dias, caso não
seja atendido. Deixou endereço e telefone, para a eventualidade de
Carvalho se decidir a negociar com eles. Procurado por ÉPOCA, Carvalho
confirmou ter recebido o documento.
Os Black Blocs me receberam em seu refúgio. Concederam entrevistas, mas
não permitiram filmagens nem o uso de câmeras profissionais. Morelli e
Matos aceitaram que eu os fotografasse no sítio com o celular.
Escolheram um cenário neutro, de forma a evitar a identificação do
local. A meu pedido, fizeram outras imagens após o encontro do fim de
semana, para ilustrar esta reportagem. Quem foi ao encontro de Finados
ganhou um par de CDs. Eles contêm programas para sabotar redes de
computadores de órgãos públicos e empresas privadas. Desenvolvidos por
programadores vinculados à célula carioca do grupo hacker Anonymous,
esses programas já circulam na internet.
Os Black Blocs brasileiros seguem uma onda mundial. São uma
manifestação tardia de um fenômeno que tem origem na Alemanha dos anos
1980 e, gradualmente, começou a aparecer nas manifestações de ruas pelo
mundo. Primeiro, nos protestos antiglobalização dos anos 1990. Depois,
como parte das mobilizações que se seguiram à crise econômica de 2008.
Agora, quebram vitrines e enfrentam a polícia no Brasil. O cientista
político canadense e ativista Francis Dupuis-Déri, da Universidade de
Québec, afirma que os Black Blocs são mais uma tática que um movimento
político, mais uma demonstração de rua que uma ideologia. Envolveram-se
em protestos no Canadá, na Grécia, na Espanha e no Egito.
“Estão se
convertendo num fenômeno global, como a crise econômica”, diz
Dupuis-Déri, autor de Who’s afraid of the Black Blocs? Anarchy in
action around the world (Quem tem medo dos Black Blocs? Anarquia em ação
através do mundo), livro que sairá nos Estados Unidos pela editora
Between the Lines. Em toda parte, os Black Blocs são acusados de
promover quebra-quebras e espantar das ruas os demais manifestantes.
Como uma das missões dos Estados democráticos é combater a violência e
preservar a ordem, os Black Blocs frequentemente acabam na cadeia pelos
crimes que cometem durante as depredações. Em dez anos, 10 mil foram
presos, a maioria em protestos antiglobalização. A cadeia pune a
violência e pode coibi-la, mas não ajuda a compreender o que eles
querem, quem são, o que pensam, como se organizam – e, principalmente,
quem os financia. “Qualquer um no Brasil que deseje entender o que
querem os Black Blocs deveria tentar escutá-los”, diz Dupuis-Déri. É o
que ÉPOCA faz nesta reportagem.
Em documento submetido à Securities and
Exchange Commission (SEC), a ConAgra disse que o adiamento se deve ao
processo de aprovação regulatória e outros fatores
Fábrica da Cargill: para obter aprovação regulatória, a ConAgra Foods, a Cargill e a CHS precisam vender quatro moinhos
Nova York - A ConAgra Foods, a Cargill e a CHS adiaram novamente a criação da joint venture que irá combinar os moinhos das três companhias na América do Norte.
Em documento submetido à Securities and Exchange Commission (SEC, a
comissão de valores mobiliários dos EUA) na segunda-feira, 10, a ConAgra
disse que o adiamento se deve ao processo de aprovação regulatória e
outros fatores.
Inicialmente, a nova empresa, que se chamará Ardent Mills, seria criada no final de 2013.
Em novembro, a data foi postergada para o primeiro trimestre de 2014 e agora, para o segundo trimestre.
O negócio vai unir a ConAgra Mills e a Horizon Milling, uma joint
venture formada em 2002 entre a Cargill e a CHS, e resultará no maior
player do setor.
Para obter aprovação regulatória, as três companhias precisam vender
quatro moinhos, o que deve ocorrer antes ou ao mesmo tempo da criação da
joint venture.
No
ano de 2002, apenas 42% das pessoas abriam uma empresa por acreditar na
demanda de mercado; para as demais, o empreendedorismo era uma
necessidade principalmente por não terem emprego. Assim, o índice de
empreendedorismo por oportunidade alcançado em 2013 subiu para 71% – o
maior em 12 anos.
Sete
de cada dez brasileiros que abrem uma empresa tomam a iniciativa por
identificar uma oportunidade para ganhar dinheiro como donos do próprio
negócio. Esta é uma das conclusões da pesquisa Global Entrepreneurship
Monitor (GEM) – realizada no Brasil em parceria com o Centro de
Empreendedorismo e Novos Negócios (GVCenn) da Escola de Administração de
Empresas de São Paulo (FGV/EAESP) e o Sebrae.
No ano de 2002, apenas 42% das pessoas abriam uma empresa por
acreditar na demanda de mercado; para as demais, o empreendedorismo era
uma necessidade principalmente por não terem emprego. Assim, o índice de
empreendedorismo por oportunidade alcançado em 2013 subiu para 71% – o
maior em 12 anos.
Ainda de acordo com o levantamento, metade dos negócios com até três
anos e meio de atividade tem como donos jovens entre 18 e 34 anos,
enquanto nas empresas há mais tempo no mercado apenas 25% dos
proprietários são dessa faixa etária. As mulheres também são maioria
entre os novos empreendedores, chegando a 52%.
O melhor entre os BRICS
O Brasil teve o melhor desempenho no ranking de empreendedorismo por
oportunidade entre os países dos BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e
África do Sul): quase 85% dos brasileiros consideram abrir uma empresa
como boa opção de carreira, acima do percentual da Rússia (66%), Índia
(61%), China (70%) e África do Sul (74%).
Nos Estados Unidos, o índice dos que desejam abrir o próprio negócio chega a 78% e, no Reino Unido, a 84%.
A pesquisa foi realizada em 68 países, a partir de entrevistas com 10
mil pessoas de 18 a 64 anos, de todas as regiões, além de 85
especialistas em empreendedorismo.
Soros também fez fortuna com a derrocada da libra esterlina em 1992, ao
apostar contra a moeda britânica cerca de 10 bilhões de dólares
São Paulo – Mais um recorde para o incansável George Soros. O fundo de hedge do bilionário, Quantum Endowment, registrou o maior ganho dentre todos os hedge funds em 2013, segundo levantamento da LCH Investments.
O Quantum apresentou um retorno de 5,5 bilhões de dólares, o segundo maior ganho de toda sua história.
A alta do ano passado só não superou o desempenho visto em 2009, quando Soros e seu time alcançaram um retorno de 29%.
Pé no freio
Em 2011, depois de quase 40 anos de carreira, Soros decidiu pisar no
freio e anunciar sua aposentadoria – antes, distribuiu um bilhão de
dólares aos investidores do fundo.
Em uma carta, dois de seus cinco filhos afirmavam que o Quantum
passaria a aplicar apenas com recursos familiares e não mais com o de
terceiros. O motivo da decisão, de acordo com a nota, eram as novas
propostas de regulamentação do mercado de fundos de hedge.
Soros também fez fortuna com a derrocada da libra esterlina em 1992, ao
apostar contra a moeda britânica cerca de 10 bilhões de dólares.
Veja abaixo os cinco maiores fundos de hedge do mundo, segundo levantamento da LCH Investments.
Fundo
Gestor
Valor administrado (em US$ bilhões
Ganhos líquidos desde o início do fundo (em US$ bilhões)
Sam Zell: investimentos no mercado imobiliário e, agora, armazenagem
São Paulo - O bilionário americano Sam Zell quer
agora lucrar com autoarmazenagem, lugares que são alugados para guardar
produtos ou pertences. Para tanto, a GuardeAqui, empresa que faz parte
da Equity International, fundo do megainvestidor, acaba de fechar uma
joint venture com a área de investimento do Morgan Stanley para investir 1 bilhão de reais no negócios nos próximos cinco anos.
O GuardeAqui já atua no Brasil há alguns anos com oito galpões
espalhados pela capital paulista, mineira e carioca, além das cidades de
Campinas e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Com o aporte, a ideia é ampliar o número para 50 empreendimentos até
2019 em vários outros estados do país. O número equivale a metade de
todos os self storages existentes em todo o país hoje – a grande maioria
deles fica em São Paulo.
A empresa calcula que, apenas no mercado americano, existam mais de 50.000 instalações deste tipo.
“Há uma tremenda oportunidade para o desenvolvimento do setor no
Brasil, um mercado ainda caracterizado por oferta limitada e que
oferece, ao mesmo tempo, condições demográficas favoráveis e de
crescimento econômico”, disse Allan Paiotti, CEO do GuardeAqui.
A Equity International, fundo do investidor conhecido no Brasil por seus investimentos no mercado imobiliário, em especial na Gafisa,
investe em empresas com alto potencial de crescimento fora dos Estados
Unidos. O fundo dispõe de mais de 2 bilhões de dólares de ativos e
investe em 25 empresas em 15 países.