segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Cacau Show e Kopenhagen disputam mercado e funcionários


A concorrência entre os dois principais fabricantes de chocolates finos do Brasil mostra que, em um ano de crescimento econômico moderado, as boas oportunidades podem estar nos mercados mais competitivos.

Omar Paixão / VOCÊ S/A
Marina Gentil, gerente de expansão do Grupo CRM
Marina Gentil, gerente de expansão do Grupo CRM: passagem de cinco anos pela concorrente, Cacau Show

São paulo - O mercado de chocolates finos no Brasil é dominado por dois grandes concorrentes. De um lado está a Cacau Show, com 1.540 lojas e faturamento de mais de 2 bilhões de reais no ano passado. Do outro, o Grupo CRM, com faturamento de 760 milhões de reais e 345 lojas das marcas Kopenhagen, de 85 anos de tradição, e mais 460 da Chocolates Brasil Cacau.

Ambos vivem um momento de crescimento e, de certa forma, reposicionamento. A Cacau Show, até o fim do ano, deverá inaugurar uma loja-conceito em lugar ainda não definido, mas em formato parecido com o da loja premium da empresa, Café & Chocolate, aberta no fim do ano passado em um dos endereços com metro quadrado mais caro do Brasil: a avenida Faria Lima, em São Paulo, ao lado do shopping Iguatemi.

Com dois andares, o espaço oferece experiências ao consumidor, como montar a própria trufa ou tomar um cappuccino com chocolate, com direito a um chocolatinho de brinde, em uma confortável cadeira. Um ambiente bastante parecido com o da loja-conceito da Kopenhagen, aberta três meses antes na rua Oscar Freire, em São Paulo.

Também em 2013, a Cacau Show anunciou a compra do controle acionário da Brigaderia, rede de 11 lojas do docinho com toque gourmet que a Cacau Par, holding criada pelo presidente e fundador, alexandre Costa, pretende expandir para 50 até 2015.

Essas ações sinalizam uma tentativa da Cacau Par de se sofisticar e começar a atacar a concorrente num segmento que até então permanecia exclusivo da Kopenhagen, do grupo CRM.

"A Gol seguiu a mesma estratégia quando comprou a Varig, marca que já tinha tradição e era sinônimo de sofisticação”, afirma Eduardo Murad, professor e coordenador adjunto de comunicação do Ibmec, do Rio de Janeiro, especializado em planejamento de marketing e gestão de marcas.


Contratando no concorrente


A ofensiva da Cacau Par no segmento de luxo deverá movimentar o mercado de trabalho, a exemplo do que aconteceu anos atrás, quando o grupo CRM criou, em 2009, a marca Chocolates Brasil Cacau para tentar recuperar a liderança do mercado de chocolates finos, perdida em 2004 para a Cacau Show. 

Nas lojas da nova marca, os chocolates podem custar um quinto dos equivalentes da Kopenhagen. A estratégia de copiar a rival parece ter dado resultado, já que a marca mais jovem do CRM dobrou de tamanho no ano passado e ultrapassou a pioneira, Kopenhagen.

Para ter uma ideia, a rede Chocolates Brasil Cacau começou 2013 com 232 lojas e terminou o ano com 460. Com o crescimento exponencial, a fábrica do grupo CRM precisou mais do que dobrar sua força de trabalho, de 900 para 1 900 pessoas.

No escritório, em São Paulo, os 80 funcionários receberam mais 70 colegas em um ano, e o quadro deverá crescer em torno de 10% em 2014, para dar sustentação a essa rede de franquias que cresce três dígitos. 

Desses novos funcionários, sete vieram justamente da concorrente Cacau Par. "Busco talentos no mercado de franquias de alimentos. Pessoas que já passaram por lá podem ter uma trajetória que cabe hoje em nossa empresa", diz Daniella Marqueti, diretora de RH do Grupo CRM.

Uma dessas pessoas é a executiva Marina Gentil, gerente de expansão do Grupo CRM, de 34 anos. Marina passou quase cinco anos na Cacau Show e acredita que o fato de saber lidar com a ascensão de franquias "democráticas" a ajudou a conseguir o cargo. 

Para os especialistas, o intercâmbio de funcionários é comum entre empresas que competem no mesmo segmento. "Apareceu uma nova classe média, que exige melhores produtos e atendimento, mas não quer pagar o que a Kopenhagen cobra. O Grupo CRM fez essa nova marca para atingir um público maior sem precisar popularizar seu selo mais tradicional", afirma Eduar do Murad, do Ibmec.

Atender esse novo público exige certa expertise, e um jeito efciente de obtê-la é buscando talentos no concorrente. "O próprio Eike fazia isso: tirava as pessoas da Petrobras para trabalhar com ele, por exemplo", diz Eduardo.

"Quando existe a necessidade do concorrente de comprar conhecimento específco, como gerentes de operações, vendas, modelos de análise e expansão, isso acaba refetindo em uma disputa por mão de obra", afirma Leonardo de Souza, diretor executivo da Michael Page.

Em outras palavras, quando duas ou mais empresas estão crescendo e competindo, há mais oportunidades para profissionais daquela indústria. No caso do mercado de chocolates finos, ambos os grupos têm boas perspectivas para os próximos anos: a Cacau Show pretende chegar a 2.000 lojas e, para isso, precisará de mais profissionais com conhecimento em expansão, cuja atribuição seja buscar bons pontos comerciais para lojas e dar suporte aos franqueados.

Apesar de projetar um crescimento menos ambicioso, o Grupo CRM pretende alcançar a marca de 800 lojas da Chocolates Brasil Cacau e 380 da Kopenhagen até 2015, e também deverá precisar de profissionais com esse mesmo perfil.

Na Cacau Par, líder incontestável com 70% do mercado, não se admite a estratégia de copiar o modelo de negócio ou de buscar profissionais do concorrente para atuar em seus novos negócios no segmento de luxo.

"Prefiro trazer pessoas de outros mercados a procurar na concorrência. Conseguimos, em 25 anos, fazer muito mais do que eles em 85", alfineta o presidente, Alexandre Costa. "Como formo as pessoas aqui, não tenho mão de obra que me interesse em uma empresa como a Kopenhagen."

Mesmo assim, a ofensiva da Cacau Par no terreno do luxo ainda deve gerar muitas oportunidades. Com um caixa de 50 milhões de reais para investir, Alexandre está em negociação para produzir no Brasil os produtos de uma marca estrangeira de chocolates finos — belga ou suíça. De acordo com fontes do mercado, a mais cotada é a belga Godiva.

Foi justamente para a Bélgica que Alexandre enviou seu mais novo diretor de operações, Marco Aurélio Lauria, de 44 anos. Marco Aurélio começou a trabalhar na Cacau Par no dia 2 de janeiro e dois dias depois já estava embarcando para uma imersão no mundo dos chocolates finos.

Durante a expedição, o executivo visitou fábricas de chocolates e 15 lojas das principais marcas belgas, entre elas a Godiva, para analisar desde display dos produtos, embalagens, qualidade e composição do doce até a forma de atendimento. Sinal de que novos negócios podem estar prestes a ser fechados, com muitas contratações a caminho.

Sucessão de Guido Mantega gera fábrica de rumores


Guido Mantega está no cargo há quase 8 anos; veja 5 nomes apontados como possíveis sucessores



Nacho Doce/Reuters
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Ministro da Fazenda, Guido Mantega

O dia seguinte

São Paulo - Guido Mantega completa hoje 2.892 dias no comando do Ministério da Fazenda. Se ficar no cargo até 27 de março, vai ultrapassar o recorde de 8 anos de Pedro Malan e se tornar o ministro mais longevo da pasta na história do Brasil.

Durante o governo Dilma, sua atuação foi desgastada por baixo crescimento, inflação no teto da meta e o uso de mecanismos fiscais heterodoxos, a chamada "contabilidade criativa". 

Mantega já sinalizou que fica até o final da gestão, mas não para um eventual segundo mandato. De acordo com a Folha, o ex-presidente Lula acha que a equipe está com "prazo vencido" - o que colocou ainda mais fogo na usina de rumores sobre a sucessão.

Dilma ainda vai enfrentar uma campanha e é conhecida pelo estilo centralizador e imprevisível, mas as cartas estão na mesa. Veja a seguir:





Nelson Barbosa, ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda

Nelson Barbosa

Quem é: Ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, onde ficou entre 2007 e 2013
Ponto forte: tem relação antiga com a presidente Dilma, com quem trabalhou desde quando ela era ministra da Casa Civil
Ponto fraco: saiu do governo por "razões pessoais", mas reportagens apontam que ele havia perdido espaço para o secretário do Tesouro, Arno Augustin
De onde vem o rumor: Foi apontado como potencial sucessor por muito tempo e tem aparecido mais recentemente. Seu nome voltou a ser citado em reportagem da Folha publicada hoje.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini

Alexandre Tombini

Quem é: Atual presidente do Banco Central
Ponto forte: nome conhecido e respeitado pelo mercado
Ponto fraco: com sua saída, seria necessário encontrar um substituto para o BC
De onde vem o rumor: citada por reportagem do Valor Econômico em meados de 2013, a possibilidade voltou a ser apontada pela coluna de Ilimar Franco no Globo no início deste ano.



Henrique Meirelles da J&F

Henrique Meirelles

Quem é: Ex-presidente do Banco Central, faz parte do conselho da J&F
Ponto forte: tem credibilidade com o mercado financeiro e a simpatia do ex-presidente Lula
Ponto fraco: não tem uma boa relação com Dilma .
De onde vem o o rumor: citada pelo jornal O Globo e por outras fontes, a possibilidade voltou a aparecer em reportagem da Folha de hoje.


Conselheiro e ex-vice presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, em visita ao Brasil em 2011

Otaviano Canuto

Quem é: Ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e atual consultor sênior para economias em desenvolvimento do Banco Mundial (veja entrevista)
Ponto forte: currículo e experiência
Ponto fraco: não mora no Brasil e já não faz parte do governo há alguns anos De onde vem o o rumor: De acordo com o Correio Braziliense, a Folha e O Globo, o ex-ministro Antonio Palocci tentou emplacar a indicação em meados do ano passado.

 Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado

Luciano Coutinho

Quem é: Atual presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
Ponto forte: tem boa circulação no meio empresarial e político
Ponto fraco: a relação com Dilma teria "azedado" recentemente.
 De onde vem o rumor: havia sido cotado para o cargo no início do governo Dilma. Petistas voltaram a defender a candidatura recentemente, de acordo com o jornal O Globo.

Cosan confirma proposta para incorporação da ALL pela Rumo

Terminal da Cosan no Porto de Santos, em Santos
Por Fábio Pupo | Valor
 
SÃO PAULO  -  (Atualizada às 12h12) O grupo sucroalcooleiro e de infraestrutura Cosan confirmou nesta segunda-feira que apresentou ao grupo de concessões de ferrovias América Latina Logística (ALL) uma proposta vinculante para incorporação da ALL pela Rumo – braço logístico da Cosan — conforme antecipado pelo Valor em reportagens neste mês.

Segundo fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a proposta consiste na incorporação da totalidade das ações de emissão da ALL. Serão atribuídas aos atuais acionistas da Rumo 36,5% das ações da nova companhia. Os atuais acionistas da ALL ficarão com 63,5% do capital.

O texto destaca que a proposta considera um valor de referência para a ALL de R$ 6,958 bilhões, equivalente a um preço implícito de R$ 10,184 por ação, e para a Rumo de R$ 4 bilhões, o que corresponde a um preço implícito de R$3,90 por ação.

O comunicado informa que a Cosan será responsável por indicar a maioria dos conselheiros da companhia combinada.

A ALL deve submeter a  proposta à deliberação de seu conselho de administração em até 40 dias a partir de hoje. Sendo aprovada a proposta, o conselho deve, então, convocar a assembleia geral, que será realizada  em até 30 dias, para votar a respeito da incorporação de ações.

O comunicado ressalta que a associação é sujeita a condições, sendo três principais. A primeira delas é que a Rumo deverá obter seu registro de companhia aberta e, simultaneamente à operação, ingressará no Novo Mercado da BM&FBovespa.

A segunda é que o acordo deve receber das aprovações  regulatórias  por parte do  Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Por último, a proposta deve obter todas as aprovações societárias e de terceiros necessárias, na forma da legislação aplicável e dos estatutos sociais das companhias.

A Cosan avalia que a associação “permitirá a captura de sinergias e otimização da utilização dos ativos ferroviários e portuários das duas companhias bem como a realização de investimentos que levarão a malha ferroviária atualmente operada pela ALL para melhor aproveitamento  da capacidade de originação e escoamento de cargas de cada empresa”.

Também nesta segunda-feira, a Cosan informou que vai propor aos acionistas a cisão parcial de seus ativos para a criação da Cosan Logística e da Cosan Energia.

A Cosan Logística será responsável pelo investimento na Rumo Logística e a Cosan Energia, pelos investimentos na Raízen, Comgás, Cosan Lubrificantes e Radar. Ambas as companhias terão capital aberto e serão listadas no segmento do Novo Mercado da BM&FBovespa.

A Cosan Logística deverá ser o veículo de investimento dos atuais acionistas da Cosan na Rumo Logística e, futuramente, caso seja aprovada a associação entre a Rumo Logística e a ALL, o veículo de investimento na companhia resultante desta associação.

O grupo nota que a cisão “proporcionará ao mercado maior visibilidade sobre a performance isolada de cada uma das companhias, permitindo aos acionistas e investidores uma melhor avaliação de cada ramo de negócio, d e forma a permitir a alocação de recursos de acordo com seus interesses e estratégia de investimento”.

UE e Brasil tentam impulsionar negociação entre Europa e Mercosul


A União Europeia (UE) e o Brasil realizam nesta segunda-feira uma cúpula na qual esperam dar um impulso definitivo à negociação de um acordo de associação entre o bloco europeu e os países do Mercosul, estagnada há anos.
A UE é o destino principal das exportações e importações do Brasil Foto: AP
A UE é o destino principal das exportações e importações do Brasil
Foto: AP

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, junto com os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, farão um balanço das negociações que as partes retomaram em 2010 sem grandes avanços desde então.

"Esta cúpula será uma ocasião importante para confirmar nosso compromisso conjunto de conseguir um ambicioso e equilibrado acordo UE-Mercosul", disse Barroso dias antes da reunião.

O objetivo é continuar o cumprimento dado pelos 28 países europeus de negociar "com todo o grupo", apesar das diferenças expressadas pelos membros do bloco sul-americano, segundo fontes comunitárias. Os dirigentes falarão, por outro lado, de sua cooperação em âmbitos como investimentos, tecnologia e educação.

A UE é o destino principal das exportações e importações do Brasil, enquanto que as empresas europeias são as que mais transferem tecnologia e inovação para Brasil e América Latina.

Nesse contexto, os líderes respaldarão os trabalhos de um grupo de especialistas para fomentar a competitividade e os investimentos, assim como um plano de ação para conseguir objetivos nesse terreno.

Está previsto também que façam um balanço das negociações de um novo acordo bilateral de transporte aéreo que abriria seus mercados, criaria renovadas oportunidades de investimento e melhoraria o âmbito operacional e comercial para suas companhias aéreas.

Além disso, revisarão os progressos para criar um consórcio euro-brasileiro para esticar um cabo submarino entre as duas partes que melhore as conexões telefônicas e de internet entre o subcontinente sul-americano e o europeu.

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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Como um CEO reage ao ser retratado como vilão


Comercial mostra CEO da TransCanada cacarejando sobre como “algumas mentiras” fizeram com que americanos acreditassem em sua ideia de um oleoduto

Rebecca Penty, da
Brett Gundlock/Bloomberg
Gasoduto da TransCanada em Hardisty, Alberta, Canadá

Oleoduto da TransCanada: um bilionário da Califórnia adotou como meta pessoal provocar o fracasso de um projeto de US$ 5,4 bilhões da TransCanada

Calgary - Russ Girling, o CEO da TransCanada, aparece atravessando vertiginosamente um oleoduto sinuoso, com petróleo bruto escorrendo pelo rosto, cacarejando sobre como “algumas mentiras clássicas” fizeram com que o ingênuo público americano acreditasse plenamente em sua ideia de construir o oleoduto Keystone XL.

Ele sai disparado do outro lado para confessar com exuberância outro engano. “Dissemos que o oleoduto Keystone tornaria os EUA mais independentes em relação ao petróleo”, diz ele. “Quer saber quem se tornará mais independente?”. Ele aponta para uma frota de superpetroleiros chineses saindo da costa americana.

É claro, esse não é o verdadeiro Russ Girling. É um ator que o interpreta em um anúncio criado pelo NextGen Climate Action, um grupo ambiental contra o oleoduto Keystone XL. O comercial foi financiado por Tom Steyer, o bilionário da Califórnia que adotou como meta pessoal provocar o fracasso do projeto de US$ 5,4 bilhões.

Qual a reação de Girling quando viu o anúncio pela primeira vez? “Não tive uma reação negativa, mas talvez devesse ter tido”, disse ele em uma entrevista. “Mas mandei uma mensagem à minha esposa e aos meus filhos e disse, ‘Talvez vocês vejam isso, então provavelmente vocês devam dar uma olhada’. Você não pode deixar que isso lhe incomode pessoalmente”.

Outros não foram tão lacônicos. O jornal Financial Post do Canadá considerou o comercial uma ofensa nacional e declarou que era “um golpe baixo ao Canadá” e uma prova de que “os ativistas americanos antipetróleo enlouqueceram” e precisam da “supervisão de um adulto”.


‘Pessoa comum’


“Os grupos ambientalistas construíram uma mitologia sobre as pessoas que produzem petróleo no nosso mundo”, disse Ruth Ramsden-Wood, a ex-CEO da United Way of Calgary que pediu a Girling que fosse um dos presidentes da campanha de arrecadação de fundos da empresa em 2012. “Russ é uma pessoa normal e comum. Ele é muito humilde e não gosta de chamar a atenção. Acho que ele tem um jeito que faz com que as pessoas o escutem”.

Quando assumiu a chefia da TransCanada em 2010, vindo do lado das finanças, ele supôs o que a maioria dos canadenses supunha: que os EUA, há muito o principal parceiro de energia do Canadá, desejavam o oleoduto Keystone XL, os 4.000 ou mais empregos que sua construção geraria e o petróleo pesado de areias petrolíferas que alimentaria as refinarias na Costa do Golfo dos EUA, que tinham empreendido atualizações multibilionárias para aceitá-lo.

Todos os terninhos da presidente(a) Dilma em fotos


Quem acompanha a presidente sabe o que tem em seu guarda-roupa: terninhos e “tailleurs”. E não são poucos. Mas seu estilo passou por uma verdadeira transformação

Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff anda pela rampa do Palácio do Planalto durante sua cerimônia de posse da presidência, em janeiro de 2011

São Paulo – Considerada um pouco desleixada e nada afeita aos detalhes quando se tratava de moda, Dilma Rousseff já foi alvo de críticas pela sua maneira de se vestir antes de alcançar o mais alto posto de poder do país.

Depois que chegou lá, no Planalto, a presidente ainda foi contestada pelo PSDB por usar a cor de seu partido, o PT, em um pronunciamento. Para a oposição, o terninho vermelho representava uma campanha antecipada para a reeleição.

Para lá de uma avaliação positiva ou negativa de seu governo, o fato é que hoje, no quarto ano de seu mandato, a presidente já não é alvo de línguas maldosas quando se trata de estilo.

No início de 2009, quando ainda era ministra da Casa Civil do governo Lula, Dilma fez uma plástica facial e abandonou os óculos de grau que a acompanhavam desde que era militante. 

A atitude, claro, já visava ao lançamento de sua candidatura no ano seguinte.

Em 2010, já candidata, a petista chegou a tentar uma parceria com o famoso estilista Alexandre Herchcovitch, que não vingou. Nos bastidores, o boato é que Dilma teria detestado as imposições do estilista de mudanças radicais em seu guarda-roupa.

No entanto, a presidente surpreendeu a todos ao aparecer em sua cerimônia de posse com um modelito criado pela gaúcha Luisa Stadtlander, até então pouco conhecida no mundo da moda.

Luisa se tornou sua estilista oficial e, junto com o cabeleireiro das celebridades, Celso Kamura, foi responsável pela “repaginada” definitiva no visual da presidente que se mantém até hoje.

Apesar da mudança, Dilma não se entregou completamente às “regras” implícitas no mundo fashion. Ela não tem nenhuma vergonha, por exemplo, de usar roupas que não são de grifes famosas. Além disso, repete com certa frequência os seus terninhos e “tailleurs” (conjunto que troca a calça pela saia) em eventos oficiais.

Acompanhe, a seguir, uma viagem em fotos pelo closet da presidente, das mais atuais às mais antigas:
REUTERS/Nacho Doce
Alexandre Padilha e Dilma Rousseff durante comemoração do aniversário de 34 anos do PT, em São Paulo, no dia 10 de fevereiro de 2014
No 34º aniversário do PT, Dilma estava de vermelho quando chamou a oposição de "cara de pau". Em seu discurso, com olho em outubro, disse que o ciclo do partido ainda não acabou
 
Shannon Stapleton/Reuters
Presidente Dilma Rousseff discursa na 67ª Assembleia-Geral da Organização das Nações da Unidas na sede da ONU em Nova York
Apesar da preferência pelos tecidos lisos, às vezes as estampas aparecem em ocasiões especiais, como no discurso de abertura da 67ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, no ano passado
 
Reprodução/Forbes
Dilma Rousseff na capa da revista Forbes, em 2012
Em 2012, Dilma também "avermelhou" a capa da Forbes, quando foi eleita a 3ª mulher mais poderosa do mundo. No ano seguinte, subiu uma posição, ficando atrás apenas de Angela Merkel
 
 
Antonio Cruz/Abr
A presidenta Dilma Rousseff
Com que roupa ela vai? Na dúvida, a presidente conta com alguns "vermelhinhos coringas", que parecem ser seus preferidos

Wilson Dias/ABr
Dilma Rousseff na exposição Olhar que Ouve, do cantor e compositor Carlinhos Brown, no Palácio do Planalto, com caxirolas nas mãos
Não importa se o evento é para lançar a "Caxirola" da Copa (que depois foi, literalmente, lançada no campo pelos torcedores durante um jogo teste)...

Chip Somodevilla/Getty Images
Dilma e Obama
... ou se é para conversar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, depois de saber que o país andou bisbilhotando sua vida por meio de órgãos oficiais 
 
REUTERS/Ueslei Marcelino
A presidente Dilma Rousseff discursa durante a abertura da Copa das Confederações
Mudar de cor nem sempre traz sorte. Com protestos pipocando em todo o país, esse foi o dia em que a presidente foi vaiada pelo estádio lotado durante a abertura da Copa das Confederações
 
Reprodução/Youtube/Planalto
Dilma Rousseff em pronunciamento oficial sobre a redução da tarifa de energia elétrica, em janeiro de 2013
Em relação ao "terninho da discórdia", que irritou o PSDB, o cabeleireiro da presidente saiu em sua defesa. Para Kamura, claramente a cor era "rosa chiclete ping-pong" e não "vermelho-PT"
 
Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma Rousseff no Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas
Por mais que possa não admitir, Dilma também é uma fã do azul, cor que identifica o adversário PSDB. Seria este, na visão de Kamura, um "azul-tucano"?
 
Roberto Stuckert Filho/PR
Presidente Dilma Rousseff e Lula com cocares durante uma cerimônia
Neste momento de descontração azulado, ela e o ex-presidente Lula usam cocares durante a inauguração da ponte Rio Negro, em Manaus
 
Roberto Stuckert Filho/PR
Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia por ocasião da abertura oficial da colheita da safra brasileira de grãos 2013/2014 e início do plantio da 2ª safra
A renda também é uma grande amiga da presidente. A delicadeza do tecido não foi dispensada durante a cerimônia rural de início da colheita da safra brasileira de grãos
 
Ueslei Marcelino/Reuters
A presidente Dilma Rousseff lê papel em evento de anúncio de medidas para expandir o Programa Brasil Carinhoso, que visa combater a pobreza, em Brasília
Sem dúvida, a renda agrada à presidente nas mais diversas situações
 
Wilson Dias/ABr
Dilma e Temer
Já a cor branca, nem sempre é sinônimo de paz. Dá pra sentir a tensão na conversa com o vice MIchel Temer, num dos (vários) momentos em que a aliança com o PMDB demonstrou abalos
 
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Dilma Rousseff e Joaquim Barbosa em sua cerimônia de posse na presidência do STF
Já o "pretinho básico" foi usado pela presidente em ocasiões importantes, como a posse do ministro Joaquim Barbosa na presidência do STF...
 
REUTERS/Pilar Olivares
Papa Francisco e e Dilma Rousseff caminham após desembarque no Galeão
... e no desembarque do Papa Francisco no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude 
 
Grigory Dukor/Reuters
Presidente russo Vladimir Putin e Dilma Rousseff
Algumas peças de roupa a mais foram necessárias para encontrar o presidente Vladimir Putin, na Rússia
 
Misha Japaridze/Reuters
Presidente brasileira, Dilma Rousseff, no Túmulo do Soldado Desconhecido em Moscou, na Rússia
Mas é de se perguntar se a presidente aprecia todos esses acessórios para escapar do frio do país
Divulgação/Presidência
Dilma chega à Índia para reunião com líderes dos Brics
Adereços de culturas locais são bem-vindos para mostrar respeito com o outro. O colar de flores foi usado em sua chagada à Índia para a reunião com líderes dos Brics, em 2013
 
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Dilma fará viagens
Dilma é adepta dos saltos, mas não deixa os pés muito acima do chão. A presidente parece se preocupar, acima de tudo, com o conforto na hora de escolher os pares
 
Manu Dias/Bahia/Reuters
Presidente Dilma Rousseff dá o pontapé inicial da Arena Fonte Nova ao lado do governador da Bahia Jaques Wagner (PT), em Salvador
Por falar em sapatos, a mandatária não faz cerimônia para tirá-los e dar o pontapé inicial em inaugurações de estádios. Será que ela acertou esse chute na Arena Fonte Nova, em Salvador?
 
REUTERS/Edison Vara
Dilma Rousseff inaugura o estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
Com a Copa batendo à porta, Dilma já treinou bastante e treinará ainda mais chutes inaugurais até junho. Na foto, ela ajeita a bola no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
 
Agência Brasil
Presidentes Dilma e Cristina Kirchner
Em momento relativamente raro no que se refere à moda, Dilma ousou na estampa ao posar ao lado da presidente da Argentina, Cristina Kirchner
 
Ichiro Guerra/Presidência da República
Dilma e Shakira

Com um azulzinho discreto, recebeu um violão de presente da cantora colombinana Shakira

Divulgação/TV Globo
28/02 Dilma Rousseff vai a programa de Ana Maria Braga
No programa matinal da apresentadora Ana Maria Braga, Dilma apareceu de cinza. Não era lá uma cor muito viva, mas talvez fosse condizente com o prato que preparou na cozinha global: um básico omelete
 
Fabio Rodrigues/Agência Brasil
Lula ergue o braço junto com Dilma
Já na cerimônia de posse, Dilma surpreendeu ao aparecer toda de branco (ou pérola?). Usou um tailler de renda elegante e acessórios discretos, como a pulseira de "olho grego" para afastar mau-olhado
 
Roberto Stuckert Filho/Divulgação
A presidente eleita, Dilma Rousseff
Durante toda a campanha, porém, o vermelho foi a estrela de seu guarda-roupa
 
Divulgação/Contigo
A presidente Dilma Rousseff ao lado do cabeleireiro Celso Kamura
Aqui ela aparece ao lado do cabeleireiro Celso Kamura, um dos responsáveis pela "transformação" de Dilma, ministra da Casa Civil, para uma nova Dilma, candidata à presidência do país
 
WIKIMEDIA COMMONS/EXAME.com
Erenice e Dilma acenam
Com os cabelos naturais depois de se curar de um câncer diagnosticado em 2009, a ainda pré-candidata se despede da doença nesta foto. Mais tarde, quem acabou se despedindo do governo foi Erenice Guerra (à esquerda)
 
ANA ARAUJO/VEJA
Dilma Rousseff na época em que era ministra da Casa Civil de Lula, em 02/09/2009
Já sem os óculos, depois da plástica, a ministra usou peruca por um tempo por causa do câncer no sistema linfático

 
RICARDO STUCKERT/PRESIDENCIA DA REPUBLICA/Divulgacao
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff durante a produção do primeiro óleo da camada pré-sal do Campo de Jubarte, a bordo do navio-plataforma FPSO JK (P-34), em setembro de 2008
Em 2008, Lula suja o macacão laranja de sua então ministra da Casa Civil com óleo do pré-sal. Esta era a Dilma antes da repaginada, que incluiu cirurgia plástica, com vistas às eleições de 2010
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Doação de empresas garante 2/3 de receitas de partidos


Quatro dos 11 ministros do STF já votaram pela proibição de doações de empresas a candidatos e partidos, no ano passado

Daniel Bramatti, do
Adriano Machado/Bloomberg
Dinheiro: homem segura notas de real


Brasília - A eventual proibição do financiamento empresarial ao mundo político, cuja votação deve ser concluída ainda neste ano pelo Supremo Tribunal Federal, afetará não apenas as campanhas eleitorais, mas a própria manutenção das máquinas partidárias. PT, PMDB e PSDB, as três maiores legendas do País, receberam pelo menos R$ 1 bilhão de empresas entre os anos de 2009 e 2012, o que equivale a quase 2/3 de suas receitas, em média.

Quatro dos 11 ministros do STF já votaram pela proibição de doações de empresas a candidatos e partidos, no ano passado - o julgamento foi suspenso por um pedido de vista. Com mais dois votos na mesma linha, o Judiciário, na prática, forçará a realização de uma reforma política que provavelmente multiplicará a destinação de recursos públicos às legendas, para compensar a perda de seus principais financiadores.

O principal afetado pela eventual proibição será seu maior defensor: o PT é quem mais recebe recursos privados e deveu a essa fonte 71% de suas receitas nos quatro anos analisados pelo Estadão Dados. As doações de pessoas físicas equivalem a apenas 1% do total. O restante vem do Fundo Partidário, formado por recursos públicos, e de contribuições de filiados - principalmente de detentores de mandatos e cargos de confiança.

O levantamento sobre as doações empresariais leva em conta apenas o que entrou nas contas do diretórios nacionais dos partidos. Como a maioria das movimentações dos diretórios estaduais não está publicada na internet, não foi possível mapeá-las. Também não foram levadas em conta as contribuições eleitorais feitas diretamente para candidatos ou comitês, sem passar pelos partidos. Ou seja, na prática, o peso do financiamento empresarial na política é ainda maior.

Nas listas de doadores há prevalência de construtoras e bancos, mas não foi possível contabilizar as movimentações de cada setor ou empresa. Isso porque os partidos e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não publicam suas prestações de conta em planilhas eletrônicas, mas no formato PDF - o equivalente a uma fotocópia digitalizada, cujos dados não podem ser trabalhados.

O volume de dinheiro de empresas em circulação na política alcança picos quando há eleições. Considerados também os recursos que vão para candidatos e comitês, as doações empresariais chegaram a R$ 2,3 bilhões em 2010 e R$ 1,8 bilhão em 2012, segundo estudo da Transparência Brasil, entidade cuja principal bandeira é o combate à corrupção.
Mas não é apenas nos anos eleitorais que os tesoureiros das legendas "passam o chapéu" diante de empresários. Em 2009 e 2011, o PSDB recebeu R$ 3,1 e R$ 2,3 milhões, respectivamente, em valores atualizados pela inflação. Com o governista PT, a generosidade foi ainda maior: R$ 10,8 e R$ 50 milhões, nos mesmos anos. A prestação de contas de 2013 ainda não foi entregue ao tribunal.

Receita


Depois das empresas, o Fundo Partidário é hoje a segunda maior fonte de receita das legendas. Sua importância cresceu nos últimos anos, já que o Fundo foi "turbinado" pelo Congresso em 2011, com uma injeção extra de R$ 100 milhões que ajudou a pagar as dívidas de campanha do ano anterior.

O Fundo foi regulamentado em 1995 e previa que seu valor fosse de R$ 0,35 por eleitor. Atualizado pela inflação, isso equivaleria hoje a um total de R$ 165 milhões. Mas, graças a manobras de líderes partidários no Congresso, a destinação de recursos orçamentários para o financiamento dos partidos alcança, desde 2011, cerca de R$ 300 milhões por ano. Apesar de o volume de recursos públicos ser alto, representa, em média, apenas 30% do que entra nos cofres do PT, do PMDB e do PSDB.

Entre as fontes menos representativas estão as doações de pessoas físicas. Elas equivalem a menos de 2% do total arrecadado pelos três maiores partidos - mesmo com o volume atípico de R$ 15 milhões obtido pelos tucanos em 2010, mais do que a soma recebida por PT e PMDB em quatro anos.