domingo, 23 de fevereiro de 2014

Como um CEO reage ao ser retratado como vilão


Comercial mostra CEO da TransCanada cacarejando sobre como “algumas mentiras” fizeram com que americanos acreditassem em sua ideia de um oleoduto

Rebecca Penty, da
Brett Gundlock/Bloomberg
Gasoduto da TransCanada em Hardisty, Alberta, Canadá

Oleoduto da TransCanada: um bilionário da Califórnia adotou como meta pessoal provocar o fracasso de um projeto de US$ 5,4 bilhões da TransCanada

Calgary - Russ Girling, o CEO da TransCanada, aparece atravessando vertiginosamente um oleoduto sinuoso, com petróleo bruto escorrendo pelo rosto, cacarejando sobre como “algumas mentiras clássicas” fizeram com que o ingênuo público americano acreditasse plenamente em sua ideia de construir o oleoduto Keystone XL.

Ele sai disparado do outro lado para confessar com exuberância outro engano. “Dissemos que o oleoduto Keystone tornaria os EUA mais independentes em relação ao petróleo”, diz ele. “Quer saber quem se tornará mais independente?”. Ele aponta para uma frota de superpetroleiros chineses saindo da costa americana.

É claro, esse não é o verdadeiro Russ Girling. É um ator que o interpreta em um anúncio criado pelo NextGen Climate Action, um grupo ambiental contra o oleoduto Keystone XL. O comercial foi financiado por Tom Steyer, o bilionário da Califórnia que adotou como meta pessoal provocar o fracasso do projeto de US$ 5,4 bilhões.

Qual a reação de Girling quando viu o anúncio pela primeira vez? “Não tive uma reação negativa, mas talvez devesse ter tido”, disse ele em uma entrevista. “Mas mandei uma mensagem à minha esposa e aos meus filhos e disse, ‘Talvez vocês vejam isso, então provavelmente vocês devam dar uma olhada’. Você não pode deixar que isso lhe incomode pessoalmente”.

Outros não foram tão lacônicos. O jornal Financial Post do Canadá considerou o comercial uma ofensa nacional e declarou que era “um golpe baixo ao Canadá” e uma prova de que “os ativistas americanos antipetróleo enlouqueceram” e precisam da “supervisão de um adulto”.


‘Pessoa comum’


“Os grupos ambientalistas construíram uma mitologia sobre as pessoas que produzem petróleo no nosso mundo”, disse Ruth Ramsden-Wood, a ex-CEO da United Way of Calgary que pediu a Girling que fosse um dos presidentes da campanha de arrecadação de fundos da empresa em 2012. “Russ é uma pessoa normal e comum. Ele é muito humilde e não gosta de chamar a atenção. Acho que ele tem um jeito que faz com que as pessoas o escutem”.

Quando assumiu a chefia da TransCanada em 2010, vindo do lado das finanças, ele supôs o que a maioria dos canadenses supunha: que os EUA, há muito o principal parceiro de energia do Canadá, desejavam o oleoduto Keystone XL, os 4.000 ou mais empregos que sua construção geraria e o petróleo pesado de areias petrolíferas que alimentaria as refinarias na Costa do Golfo dos EUA, que tinham empreendido atualizações multibilionárias para aceitá-lo.

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