sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Brasil pede à OMC análise sobre lei agrícola dos EUA


Até que saia a análise, não haverá realiação aos americanos

Por Estadão Conteúdo
agricultura_algodao_ (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)


O governo vai pedir à Organização Mundial do Comércio (OMC) para investigar se a nova lei agrícola americana atende à decisão anterior do órgão, que condenou a concessão de subsídios aos produtores de algodão. A decisão foi aprovada na quarta-feira (19/2) pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), cerca de 10 dias após a promulgação da nova Farm Bill pelos EUA.
"A OMC determinará de maneira objetiva se a nova lei agrícola americana cumpre ou não os requisitos de eliminação de subsídios que o painel considerou ilegais", disse o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo. Segundo ele, por enquanto o Brasil não vai adotar medidas de retaliação comercial contra os EUA.

De acordo com Figueiredo, o Brasil vai continuar a negociar uma solução definitiva do problema diretamente com os Estados Unidos. "O que nos interessa, mais do que tudo, é resolver essa questão de uma maneira que seja ótima para os interesses nacionais. Portanto, continuaremos a negociar com os americanos para termos uma solução final."


Retaliação
 
 
A disputa entre Brasil e Estados Unidos sobre subsídios aos produtores de algodão se arrasta há mais de dez anos. O contencioso foi aberto em 2002 na OMC. Após anos de investigações, o órgão condenou os EUA em 2009. Na época, o Brasil ganhou o direito de retaliar os EUA em US$ 809 milhões, mas o governo americano propôs um acordo, por meio do qual pagaria US$ 147 milhões por ano aos produtores brasileiros até a aprovação de uma nova lei agrícola, em 2012, quando todos os subsídios aos agricultores seriam revistos.

A votação atrasou e somente neste mês a nova lei foi aprovada pelo Senado. O problema é que a legislação reduziu os subsídios diretos mas elevou o gasto em garantias de preços mínimos para produtos e seguros-safra subsidiados, o que pode prejudicar a produção brasileira.

Ontem, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) informou em nota que apoia a decisão da Camex de questionar a OMC se a nova lei agrícola americana cumpre as obrigações estabelecidas no contencioso sobre algodão.


Impacto
 
 
Desde 2011, quando a lei ainda estava em negociação, o Itamaraty já mostrava preocupação com essas alterações. A avaliação era de que, a depender dos valores usados pelo governo americano para essas ações, o resultado poderia ser pior que o subsídio direto.

O pedido do governo brasileiro na OMC funcionará como uma espécie de recurso. Por se tratar de uma nova análise dentro de um mesmo processo, e não da abertura de um novo painel, a avaliação será feita pelos técnicos do órgão, que vão julgar se a reclamação do Brasil tem fundamento.

Na avaliação do Itamaraty, o processo de análise deve ser mais ágil. Somente após uma conclusão da OMC de que a nova lei desrespeitou a decisão anterior é que o Brasil poderá retaliar os Estados Unidos.

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