Ministro da Secretaria-Geral da Presidência afirma que órgãos do governo também financiam o agronegócio e considera dever ajudar a agricultura familiar
Lisandra Paraguassu
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto
Carvalho, defendeu o financiamento do governo ao Congresso do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizado há dez dias em
Brasília. Gilberto classificou de "ideológica e política" a revelação de
que Caixa Econômica Federal, BNDES e Petrobrás haviam patrocinado uma
feira agroecológica realizada durante o congresso e comparou o
financiamento ao que é dado a feiras agropecuárias em diversas cidades
do País.
Nesta quarta, o Estado revelou que a Petrobrás patrocinou o congresso com R$ 650 mil e a Caixa Econômica Federal e o BNDES colaboraram com um total de R$ 550 mil
para o evento, por meio de patrocínios para a Associação Brasil Popular
(Abrapo). O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
aplicou R$ 448,1 mil para montar a estrutura da feira agroecológica.
"A Caixa Econômica, o BNDES e qualquer órgão público financiaram
simplesmente o apoio à produção legítima de agricultores que estão
contribuindo muito para a melhoria da qualidade do produto que chega à
mesa do brasileiro", afirmou o ministro ao chegar no Itamaraty para um
evento sobre política externa. "E vamos seguir fazendo, seja com
agronegócio, financiando em centenas de milhões por ano, seja
financiando a agricultura familiar. É disso que se trata. O resto é
tentativa de uso ideológico e político de uma ação que, ao nosso juízo, é
legítima".
Para o ministro, é um dever do governo financiar ações que estimulem a
"organização da cidadania e da produção" e é próprio de um governo
democrático fazê-lo. "Portanto nós repelimos qualquer tentativa de dizer
que estamos financiando a baderna ou a violência", disse.
Gilberto defendeu o MST, afirmando que o governo considera o
movimento legítimo e não o vê como um mal e defendeu as ações. "Eu quero
dizer de maneira clara que não se pode confundir o MST com baderneiros.
O MST não é um movimento de baderneiros, é um movimento legítimo e
responsável por uma realização importante no País no processo de reforma
agrária e, mais do que isso, hoje responsável pela produção de
alimentos orgânicos, em cooperativa em todo o País".
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