24/2/2014 12:50
Por Redação, com agências internacionais - de Bruxelas
Por Redação, com agências internacionais - de Bruxelas
A presidente Dilma Rousseff disse, nesta segunda-feira, que o
governo brasileiro estranhou a contestação da União Europeia (UE) junto à
Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a Zona Franca de Manaus e o
programa Inovar-Auto.
– Nós estranhamos a contestação pela Europa na OMC, mesmo sabendo que
é simplesmente consulta prévia, de programas que são essenciais para o
desenvolvimento sustentável da economia brasileira. Eu me refiro a dois
programas: Inovar-Auto e ao programa de desenvolvimento sustentável da
zona franca de Manaus – disse Dilma durante a 7ª Cúpula Brasil-UE, em Bruxelas.
Dilma argumentou que o programa Inovar-Auto busca o desenvolvimento
de inovação tecnológica e tem a participação de empresas dominantemente
europeias. Sobre a Zona Franca de Manaus, Dilma assinalou sua “surpresa”
pela UE contestar uma “produção ambientalmente limpa na Amazônia, que
gera emprego e renda, que é instrumento fundamental para a gente
conservar a floresta em pé”, dada a preocupação e comprometimento da
Europa com questões ambientais.
Ela ressaltou ainda que a Zona Franca de Manaus “não é uma zona de
exportação, é uma zona de produção para o Brasil”. Dilma disse, ainda,
que o Brasil deseja que as relações comerciais e de investimentos com a
UE sejam as mais amigáveis possíveis e reafirmou seu empenho para que se
feche o acordo de associação entre o Mercosul – bloco formado por
Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Bolívia, que está em
processo de adesão – e a UE.
Segundo Dilma, a expectativa é de que a partir da reunião técnica a
ser realizada em 21 de março possa ser fixada a data para a troca de
ofertas.
– Quero dizer que o Mercosul está fazendo um grande esforço para consolidar a oferta – afirmou.
A presidenta aproveitou para voltar a defender a força dos
fundamentos econômicos do Brasil, que o governo vê a disciplina fiscal
como condição básica, que a inflação está sob controle e que o sistema
financeiro do país é sólido. Isso, somado a grandes reservas
internacionais, permitem que o país enfrente as turbulências
internacionais.
– O Brasil reúne, a meu ver, condições de contribuir, ainda mais,
para o fortalecimento da economia mundial nos próximos anos. Essa
confiança decorre, sobretudo, do compromisso de meu governo com um
tripé: a prioridade dada às políticas de inclusão social e distribuição
de renda e emprego; o compromisso com fundamentos macroeconômicos
sólidos e a busca sistemática pelo aumento da produtividade e, portanto,
da competitividade do país. O Brasil vem experimentando uma profunda
transformação social nos últimos anos. Estamos nos tornando, por meio de
um processo acelerado de ascensão social, uma nação dominantemente de
classe média – afirmou.
Pacto sem efeito
O Brasil, que integra o grupo dos 20 países mais desenvolvidos no
mundo, é um dos signatários da proposta de impulsionar a atividade
econômica em 2% nos próximos cinco anos, mas o planejamento tem tantos
buracos que não é de se admirar que tenha sido a primeira meta oficial
que todos os membros se sentiram satisfeitos em concordar.
Cada país tem até novembro para elaborar seus próprios planos
supostamente “concretos”, mas não há nada para forçar sua implementação a
não ser a persuasão moral de outros membros. O Fundo Monetário
Internacional (FMI) afirmou que vai observar o progresso dos planos, mas
não tem poderes para obrigar nada ou punir.
O objetivo também é algo em movimento, uma vez que tem como base
superar uma estimativa de crescimento que por si só é apenas uma
conjectura.
– Nem temos certeza de onde nos encontramos agora em relação ao
crescimento. Como conseguiremos julgar se essas metas estão sendo
cumpridas? – questionou Michael Blythe, economista-chefe do Commonwealth
Bank of Australia.
De fato, os alemães estavam relutantes em assinar qualquer meta dura
no G20, mas aceitaram o objetivo de crescimento porque ele não é
obrigatório. Outros também destacaram que ele é uma aspiração, não uma
promessa fixa.
– Os resultados desse processo não podem ser garantidos pelos
políticos – disse o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble,
após o acordo ter sido assinado no domingo.
E os mercados financeiros não deram muita atenção ao acordo, focando
em vez disso nesta segunda-feira nas mesmas preocupações que tinham na
sexta-feira – o impacto da redução pelo banco central dos Estados Unidos
de seu estímulo e incertezas sobre a performance econômica da China.
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