quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Prejuízo da Vale aumenta 146,7% no 4º trimestre


Empresa voltou a apresentar prejuízo trimestral, agora devido à adesão ao Refis no fim do ano passado

Fernanda Guimarães, do
Divulgação/Vale
Mina da Vale
Vale: em 2013, a companhia acumulou um lucro líquido de US$ 584 milhões, ante um lucro de US$ 5,454 bilhões em 2012

São Paulo - Depois de um ano, a Vale voltou a apresentar prejuízo trimestral, agora devido à adesão ao Refis no fim do ano passado, o que trouxe um forte baque aos números da companhia. Nesta quarta-feira, 26, a mineradora brasileira reportou um prejuízo líquido de US$ 6,451 bilhões no quarto trimestre.

Essa perda significa um aumento de 146,7% em relação àquela vista no mesmo trimestre de 2012, que marcou o primeiro prejuízo trimestral da Vale em 10 anos. Já no terceiro trimestre do ano passado a Vale apresentou um lucro líquido de US$ 3,5 bilhões. Em 2013, a companhia acumulou um lucro líquido de US$ 584 milhões, ante um lucro de US$ 5,454 bilhões em 2012.

No último trimestre do ano passado a Vale aderiu ao Refis, o programa de refinanciamento de dívidas tributárias do governo federal, e desde lá deixou claro ao mercado que o lucro seria fortemente impactado com essa decisão, que colocou fim a um peso sobre a empresa.

Com o acordo, a empresa terá de desembolsar, ao todo, R$ 22,325 bilhões, sendo R$ 5,965 bilhões que foram pagos à vista no fim de novembro e mais R$ 16,360 bilhões em 179 parcelas mensais, corrigidas pela taxa básica de juros, a Selic.

Apesar de grande parte do valor ser pago a prazo, a empresa informou na ocasião que o impacto da dívida em seu lucro apurado em 2013 seria de R$ 20,725 bilhões. Ainda na oportunidade a companhia explicou que os pagamentos seriam feitos com caixa próprio, sem a necessidade de tomar novas dívidas.

A receita operacional líquida, por sua vez, alcançou US$ 13,406 bilhões, aumento de 9,4% na relação anual e de 5,7% na trimestral. No ano o Ebitda foi de US$ 22,679 bilhões, alta de 18,3%. No mesmo intervalo a receita cresceu 0,75%, para US$ 48,050 bilhões.

Embora a Vale tenha adotado desde o primeiro trimestre do ano passado o padrão contábil IFRS e abandonando, assim, o USGAAP, grande parte do mercado segue acompanhando os números da mineradora a partir de seus dados em dólar.

Além da adesão ao Refis e o seu consequente forte desembolso, o ano de 2013 também foi marcado pela continuidade do programa de desinvestimentos, no qual a Vale vendeu ativos fora de seu negócio principal.

Ao longo do ano a companhia acumulou mais de US$ 6 bilhões em venda de ativos, como, por exemplo, a Log-in, a norueguesa fabricante de alumínio Norsk Hydro e uma fatia da VLI.

As vendas foram bem recebidas pelo mercado já que, para o entendimento dos analistas, o ganho com as vendas ajudaria a empresa a financiar o seu maior projeto, o Serra Sul, no Pará, orçado em US$ 20 bilhões e que adicionará 90 milhões de toneladas à sua capacidade.

Esse é o maior projeto da Vale em curso, que acrescentará maiores volumes a partir de 2016, quando a companhia contará com um minério de baixo custo e de ótima qualidade.

Para 2014, o mercado aguarda novos desinvestimentos, assim como a busca de parceiros estratégicos para alguns projetos. Entre os projetos onde são esperados anúncios para este ano estão o corredor Nacala e os projetos de fertilizantes.

No caso do corredor logístico na África, a Vale chegou a afirmar que deverá anunciar até o fim do primeiro semestre deste ano a venda da metade da sua fatia de 70% de Nacala. Outro projeto que pode sair, de vez, do guarda-chuva da mineradora e o de potássio no Rio Colorado, na Argentina.

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