Documento interno do metrô diz que foram funcionários que apertaram os botões
São Paulo - Dois dos três botões de emergência acionados durante a paralisação da Linha 3-Vermelha do Metrô,
na terça-feira da semana passada, foram apertados por funcionários da
própria empresa. É o que revela um documento interno da companhia obtido
pelo Estado. A Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos
sustenta que o acionamento dos dispositivos (que tiram a energia das
estações e param os trens) por pessoas desautorizadas teria sido a causa
do problema.
Na quarta-feira passada, o próprio secretário da pasta, Jurandir
Fernandes, creditou a "safados" o uso indevido desses botões, que ficam
em totens instalados nas plataformas das estações, à vista de todos."No
dia do evento (paralisação), foram acionados três botões de plataforma
num intervalo de 15 ou 16 minutos, nas Estações Marechal (Deodoro),
Anhangabaú e Santa Cecília. Há indícios de que alguma coisa aconteceu
ali", disse o secretário.
Uma falha nas portas de um dos trens causou a paralisação e fechou dez
das 18 estações do ramal por cinco horas. Por causa do calor e da
superlotação, usuários esperaram mais de 20 minutos para seguir viagem e
acionaram os botões de emergência para abertura de portas, em sete
composições diferentes. Muitas pessoas caminharam sobre os trilhos,
agravando a situação, e estações foram depredadas pelos mais exaltados. O
governo paulista apontou a ação de 'vândalos' e investiga se o caos foi
uma ação premeditada por grupos que queriam parar a rede.
Um dia depois, o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
falou sobre a possibilidade de sabotagem. A Polícia Civil divulgou
nesta sexta-feira, 14, que investiga seis suspeitos de vandalismo.
A ata de uma reunião da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(Cipa) da Linha 3, ocorrida na terça-feira, revela que dois botões do
Sistema de Prevenção de Acidentes em Plataformas (SPAP) foram apertados
por funcionários. O primeiro, contudo, foi acionado por um passageiro na
Estação Marechal Deodoro. O segundo e o terceiro foram apertados pelas
equipes do Anhangabaú e da Sé, respectivamente.
Um segurança, em relato para a Cipa, declarou: "Ficava o sentimento de
que a energia podia ser reestabelecida sem qualquer aviso. Por isso
acionamos novamente o dispositivo de emergência, para garantir nossa
segurança na via."
Em nota, o Metrô informou que a ata da Cipa "não equivale a um
relatório conclusivo sobre a ocorrência" e que se trata da coleta de
relatos que, em parte, "conflitam com as informações" do Centro de
Controle Operacional.
Fernandes, questionado sobre a facilidade de se encontrar os botões,
afirmou, na quarta-feira, que "não é pelo fato de ser difícil ou fácil
que qualquer safado pode fazer o que quer".
Emergência.
Na mesma reunião da Cipa, funcionários disseram que o treinamento de
reconhecimento de saída de emergência nos túneis deixou de ser
praticado. Um deles afirmou que não tinha nem lanterna para entrar nos
locais. Também por meio de nota, o Metrô afirmou que nenhum treinamento
foi interrompido.
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