Rodrigo Constantino
Dilma parece um robô quando faz discursos
na TV ou no palanque, lendo aquilo que foi escrito por seu marqueteiro
João Santana ou por algum auxiliar qualquer. A expressão é a de um
autômato. Mas todos aqueles que acham este desempenho sofrível, devem
lembrar o que acontece quando a presidente resolve falar… de improviso!
Quando isso ocorre no Brasil mesmo, para
os brasileiros, o estrago é restrito. Não foi o PT que desde sempre
vendeu a ideia de que criticar a falta de articulação ou a incapacidade
de se expressar de forma minimamente inteligível era coisa de elitista?
Tudo bem, a gente mata no peito por aqui.
Mas quando a presidente resolve falar
para o resto do mundo… aí é o Brasil que está sendo exposto, pois Dilma,
querendo ou não (e aqueles mais esclarecidos naturalmente não querem), é
a representante de nossa nação lá fora. Foi o que nos lembrou o editorial do Estadão de hoje, ao dizer:
Até mesmo o
lusófono presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso,
deve ter tido sérias dificuldades para entender os dois discursos da
presidente Dilma Rousseff proferidos em Bruxelas a propósito da cúpula
União Europeia (UE)-Brasil. Não porque contivessem algum pensamento
profundo ou recorressem a termos técnicos, mas, sim, porque estavam
repletos de frases inacabadas, períodos incompreensíveis e ideias sem
sentido.
Ao falar de
improviso para plateias qualificadas, compostas por dirigentes e
empresários europeus e brasileiros, Dilma mostrou mais uma vez todo o
seu despreparo. Fosse ela uma funcionária de escalão inferior, teria
levado um pito de sua chefia por expor o País ao ridículo, mas o estrago
seria pequeno; como ela é a presidente, no entanto, o constrangimento é
institucional, pois Dilma é a representante de todos os brasileiros – e
não apenas daqueles que a bajulam e temem adverti-la sobre sua
limitadíssima oratória.
Em seguida, o jornal passa a esmiuçar os
erros grosseiros da presidente, e qualquer leitor que ainda não perdeu a
vergonha na cara, percebe que sua face começa a corar de vergonha por
ser brasileiro. Se esta é a líder máxima do país, então o que esperar
dos demais brasileiros?
Aqueles que tentam blindar a presidente
com a acusação de que tal crítica é elitista nem percebem que estimulam a
manutenção do status quo. Paradoxalmente, essas mesmas pessoas costumam
alegar que a solução para todos os nossos males está na educação. Ora, e
não devemos cobrar da presidente da República o mínimo de inteligência,
cultura e articulação? O editorial conclui:
Movida pela
arrogância dos que acreditam ter mais a ensinar do que a aprender, Dilma
foi a Bruxelas disposta a dar as lições de moral típicas de seu
padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Acreditando ser uma
estadista congênita, a presidente julgou desnecessário preparar-se
melhor para representar de fato os interesses do Brasil e falou como se
estivesse diante de estudantes primários – um vexame para o País.
Não custa lembrar, para refrescar a
memória do leitor, que o PT (com apoio da imprensa) tentou vender a
imagem de que Dilma, ao contrário de Lula – que abertamente tinha
orgulho de não ler nada, pois lhe dava azia – era alguém voltada para a
leitura. Eis o resultado de tanta leitura e educação:
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