terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Mantega: Estudos que colocam o Brasil como vulnerável são um equívoco


Por Daniel Rittner, Edna Simão, André Borges e Ribamar Oliveira | Valor

BRASÍLIA  -  O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira que o Brasil é um dos países "mais bem preparados" para o momento de "pós-crise" na economia mundial.

Indiretamente, ele rebateu o diagnóstico do Federal Reserve (Fed) que apontou a economia brasileira como a segunda mais vulnerável - somente atrás da Turquia - entre os países emergentes. "Isso é um equívoco e depende dos parâmetros usados", disse o ministro.

Durante apresentação sobre a macroeconomia, em balanço da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), Mantega fez um rápido diagnóstico sobre a situação mundial. "Percebemos uma recuperação gradual da economia americana, mais gradual ainda da economia europeia e a China apresenta sinais contraditórios - pode manter uma taxa de crescimento em torno de 7,5% ou desacelerar um pouco, com consequências para os países emergentes", afirmou.

Mantega lembrou que os estímulos do Fed estão sendo retirados e caracterizou o atual momento como de "adaptação" da economia global. "O que nós temos hoje é uma adaptação, uma transição de uma economia de crise para uma economia pós-crise. Em um primeiro momento, isso causa turbulência e volatilidade que atrapalha os mercados", disse.

O ministro já vê, no entanto, uma reversão dessa turbulência. "Nas últimas semanas, já temos uma tranquilização dos mercados". Mantega classificou o Brasil como "uma das economias mais bem preparadas para essa transição" e citou vários indicadores econômicos - como a estabilização da taxa de câmbio - para endossar o diagnóstico.

"O Brasil está bem posicionado para um novo ciclo de expansão da economia mundial", afirmou. “Não podemos dizer que o Brasil está mais frágil do ponto de vista do câmbio. O câmbio se move mais rápido aqui, as operações são feitas mais no mercado futuro. Como temos um mercado mais líquido, é mais fácil fazer essas transações e nossa moeda se move mais rapidamente”, disse.

Mantega, sem mencionar explicitamente o relatório do Fed divulgado na semana passada, protestou contra "estudos que colocam o Brasil como vulnerável". Segundo ele, as reservas internacionais do Brasil são elevadas, com US$ 376 bilhões. Também apontou que a dívida externa de curto prazo é baixa e representa 7% da dívida total.

Isso mostra que, se houvesse problemas de liquidez no mercado, o governo teria condições de arcar com os pagamentos, disse Mantega. O ministro destacou ainda que o fluxo de investimentos estrangeiros "continua forte" e que o déficit em transações correntes é um dos menores se comparado com outras economias emergentes. "Não estamos vulneráveis no déficit de transações correntes", disse o ministro, citando "tendência" de queda no indicador.


Censura


A senadora  Gleisi  Hoffmann  (PT-PR)  apresentou requerimento à Comissão de Assuntos Econômicos do 
Senado (CAE), na manhã de hoje, pedindo aprovação de um voto de censura ao Fed. A mesa da comissão estava aguardando quórum para colocar o requerimento em votação.

A iniciativa da ex-ministra da Casa Civil é uma reação da base parlamentar governista ao relatório.
Publicado na semana passada, o estudo do Fed tem falhas básicas e constrói conclusões sérias a partir do que economistas chamam de "regressão espúria", na visão de um técnico do governo. 

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