sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Nii considera vender Nextel Brasil e México após prejuízo


Ao ser perguntado sobre possibilidade de vender dois dos maiores ativos da Nii, a Nextel México e a Nextel Brasil, CEO confirmou que poderia ser opção

Germano Lüders/EXAME.com
Loja da Nextel

Nextel: vender a Nextel Brasil pode não ser boa ideia. Além de ser negócio com mais receitas e base, foi justamente mercado cujo desempenho promete recuperar crescimento

A Nii Holdings tentou se reposicionar no mercado em 2013 ao vender ativos como torres e as operações no Peru, mas nada disso impediu um ano complicado para a companhia norte-americana, com queda na base, nas receitas e prejuízo líquido de US$ 1,6 bilhão.

Por conta disso tudo, durante conferência para analistas nesta sexta-feira, 28, o CEO da empresa, Steve Shindler, disse estar “claramente desapontado com o desempenho operacional” e afirmou que está avaliando que ações tomar para reverter esse quadro, incluindo uma possível venda da Nextel Brasil.

Ao ser perguntado por um analista sobre a possibilidade de vender dois dos maiores ativos da Nii, a Nextel México e a Nextel Brasil, Shindler confirmou que isso poderia ser uma opção. 

“A percepção é de que a companhia como um todo reconhece os problemas de liquidez. Acho que é certo dizer que vamos avaliar todas as alternativas e vamos ver o que pode acontecer para nós que possa permitir gerar o crescimento”, disse. 

“Não há nada específico, mas estamos abertos ao que for necessário”, completa, especificando que não há ofertas, definição de quais mercados seriam vendidos e tampouco uma avaliação de preços. “Se alguém nos abordar com uma proposta de valor adequado vamos conversar”, disse.

Vender a Nextel Brasil, entretanto, pode não ser uma boa ideia. Além de ser o maior negócio, com mais receitas e maior base, foi justamente o mercado cujo desempenho promete recuperar o crescimento. 

Segundo o COO da Nii e presidente da Nextel Brasil, Goukul Hemmady, o ano de 2013 chegou a ser desafiador para a companhia, mas encerrou com crescimento na base 3G após o lançamento em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

“Em 2014, esperamos que a tendência continue com resultados melhores”, disse. A ideia também é lançar o serviço de 4G no Rio de Janeiro (conforme antecipado por este noticiário) e no México.

Outra possibilidade seria se desfazer de operações menores, como na Argentina ou Chile, mas isso obviamente significaria menor retorno.

“Não há nenhum mercado específico que queiramos vender, falamos apenas que no Chile e na Argentina vamos minimizar investimentos e maximizar caixa”, declara Steve Shindler.

“Achamos que teremos liquidez em 2014, mas precisamos tomar atitudes, como moderar o crescimento, vender ativos, procurar aumentar o capital e refinanciar o débito”, explica o CEO, ressaltando a dificuldade em tomar cada uma dessas medidas para melhorar o caixa.

Essa geração de caixa pode ser conseguida também com a venda de ativos menores. No final do ano passado, a Nii vendeu à American Tower 1.940 torres no Brasil por R$ 813,8 milhões, sobrando ainda 850 torres que a empresa espera poder vender "até a metade do ano”.

Mas de uma coisa o grupo não pretende abrir mão: “Espectro é uma peça-chave para nosso crescimento, então não esperamos vender nenhum ativo desses”, declara. 


Perdas 


Os números demonstram bem a insatisfação da diretoria. O prejuízo líquido da companhia foi de US$ 1,649 bilhão, piora de 115,58%.

Pouco menos da metade disso foi no último trimestre, com prejuízo de US$ 745,8 milhões, 25,79% mais do que no mesmo período do ano anterior. O prejuízo operacional foi de US$ 510,9 milhões, quase 20 vezes mais do que em 2012, quando registrou prejuízo operacional de US$ 25,4 milhões.

A Nii Holdings registrou queda de 16,31% nas receitas em 2013, fechando o período com US$ 4,573 bilhões. Somente no quarto trimestre, a queda para a controladora foi de 22,44%, totalizando US$ 1,022 bilhão.

Grande parte disso se deu por conta do recuo de 11,24% nas receitas operacionais no México, que totalizaram US$ 1,873 bilhão, graças ao desligamento de 637,2 mil acessos no país.

Segundo o CEO Steve Shindler, o consumidor mexicano não ficou satisfeito com a qualidade da rede 3G após o desligamento da rede iDEN da Sprint/Nextel nos Estados Unidos, além de impossibilidade de realizar chamadas para os EUA com tarifas locais. 


Brasil 


A Nextel Brasil também observou recuo nas receitas, 23,91%, totalizando US$ 2,208 bilhões. No último trimestre de 2013, a queda foi de 25,24%, total de US$ 502,6 milhões. Os ganhos no segmento durante o ano foram de US$ 311,1 milhões, queda de 53,88%.

Esse desempenho resultou em uma queda de 18,37% (ou US$ 9) no retorno médio por usuário (ARPU), que atingiu US$ 40 em dezembro. Considerando somente os últimos três meses do ano, o ARPU chegou a US$ 34, contra US$ 47 em 2012.

Por outro lado, o churn (fuga de usuários da operadora) diminuiu 0,35 ponto percentual, ficando em 2,64% em 2013. Houve o desligamento de 201,6 mil acessos na rede iDEN no Brasil, compensado inteiramente pela adição de 313,5 mil conexões de WCDMA. Somente no quarto trimestre foram 123,1 mil novos acessos no país.

A Nextel agora possui um total de 3,958 milhões de acessos no mercado brasileiro, sendo a maioria (3,620 milhões) ainda na rede iDEN.

Segundo a Nii, a operadora fechou dezembro com 337,9 mil acessos WCDMA, número acima dos 318,1 mil acessos reportados (pela própria Nextel, diga-se de passagem) no relatório da base de serviço móvel pessoal da Anatel referente a dezembro de 2013. De acordo com esse mesmo levantamento da agência, desse total, 100,3 mil eram de conexões em handsets, e o restante (217,8 mil) de modems e tablets 3G.

Abilio Diniz empolga mercado e faz BRF disparar na Bovespa


Vamos surpreender vocês nos resultados deste ano, disse o empresário em teleconferência


Raul Junior/EXAME.com
Abilio Diniz
"Se compararmos o ano de 2013 com o de 2012, crescemos 38%", lembrou Abilio

São Paulo – As ações da BRF assumiram a ponta positiva do Ibovespa nesta sexta-feira, com uma dispara de 5,6% na máxima do dia. As palavras do presidente do conselho da companhia de alimentos, Abilio Diniz, trouxeram ânimo aos investidores.

Em teleconferência, Abilio afirmou que 2013 foi “ano de arrumar a casa” e que esperava que as medidas adotadas afetassem de alguma forma os resultados da empresa.

O lucro líquido da BRF recuou 60% no quarto trimestre de 2013, para 208 milhões de reais, por gastos financeiros e despesas operacionais mais elevados em um ambiente de vendas mais fracas no mercado interno. As ações da companhia chegaram a desvalorizar 1,2% no início dos negócios, mas depois ganharam forte fôlego.

"Se compararmos o ano de 2013 com o de 2012, crescemos 38%. Vamos surpreender vocês nos resultados deste ano", disse Abilio Diniz.

Os papéis da BRF encerraram a semana com alta de quase 7%, enquanto o Ibovespa, principal referência da bolsa brasileira, terminou o período com leve queda de 0,60%.



Depois que Barbosa sair, advogados querem anular mensalão


Defensores dos condenados pretendem entrar com pedido de revisão criminal, o que poderia levar, em último caso, à anulação completa das penas, segundo Folha de S. Paulo

Nelson Jr./SCO/STF
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, durante julgamento dos embargos infringentes sobre o crime de formação de quadrilha no processo do mensalão

Presidente do STF, Joaquim Barbosa: advogados pensam em fazer pedido de revisão criminal depois que ele se aposentar

São Paulo – Os advogados de condenados do mensalão não se contentaram com a exclusão do crime de formação de quadrilha para oito réus do processo, em decisão tomada nesta quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A medida reduziu consideravelmente o tempo de prisão de figuras importantes como José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, mas parece não ter sido suficiente para a defesa.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, os advogados já se articulam para usar um novo artifício legal em busca da anulação das condenações: a revisão criminal do julgamento.

Diferente dos embargos infringentes - recursos finais que permitem mudança de posição do tribunal em casos que tenham havido ao menos quatro votos pela absolvição -, a revisão criminal é uma nova ação, que pode levar até à anulação completa do julgamento.

De acordo com a Folha, a possibilidade de sugestão da revisão criminal foi levantada pelo próprio ministro do STF Gilmar Mendes. Os criminalistas esperariam, então, a aposentadoria do presidente Joaquim Barbosa, que é também relator da ação, para entrar com o pedido.

Desde o início do julgamento, o ministro é um dos que defendem mais ferrenhamente a punição dos réus do processo. “Esta é uma tarde triste para o STF”, disse, por exemplo, após a decisão de ontem sobre a formação de quadrilha.

Apesar de estar longe dos 70 anos estabelecidos pela corte para aposentadoria compulsória de seus membros, Barbosa, aos 59, já indicou diversas vezes que não pretende ficar por muito mais tempo no cargo.

Com a vaga de Barbosa aberta na Corte, criminalistas enxergam um cenário mais favorável para então ingressar com a nova ação alegando erro judiciário e pedindo que sejam anuladas as condenações, segundo o jornal.

De acordo com o STF, a revisão criminal pode ser ajuizada individualmente pelos condenados quando já não cabe nenhum outro recurso, e há indicações de que a sentença foi injusta.

No entanto, o tribunal só aceitará o pedido nos seguintes casos: quando a sentença for contrária ao texto expresso na lei penal ou à evidência dos autos; quando a sentença condenatória se basear em provas falsas; ou quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine diminuição especial da pena.

Se tudo fosse azul, o azul não existiria

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Franquia de mini-sanduíches e nove negócios que apostam nos salgados e custam a partir de R$ 69 mil


Vininha quer atingir 100 unidades até o fim do ano

Estadão PME


Reprodução
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Abrir uma franquia Vininha custa entre R$ 125 mil e R$ 185 mil

Ao perceber que comer pizza ou cachorro quente em encontros informais era trabalhoso e fazia sujeira, o gaúcho Rodrigo Miranda encontrou uma oportunidade de negócio ao criar o Vininha, uma rede que vende mini-sanduíches. O nome da marca foi inspirado em como os curitibanos chamam a salsicha, de vina - recheio do primeiro mini sanduíche da rede.

Miranda investiu R$ 180 mil em 2002 para abrir a empresa, que começou com três funcionários. O diferencial da rede foi apostar em praticidade com a entrega dos produtos em caixas com embalagens individuais.
O negócio começou a expansão por franquias em 2011. A expectativa é chegar a 100 unidades até o fim do ano. O investimento inicial para abrir uma loja varia entre R$ 125 mil e R$ 185 mil. Confira as informações sobre as franquias. 


Vininha


Investimento total (inclui taxa de franquia, estoque, marketing, giro e instalações): entre R$ 125 mil e R$ 185 mil dependendo do tamanho da cidade
Taxa de Franquia: R$ 39 mil
Taxa de Royalties: 6% do faturamento bruto
Taxa de Publicidade: 2%
Capital de Giro: de R$ 5 mil a R$ 15 mil
Faturamento Médio: de R$ 30 mil a R$ 50 mil
Retorno: entre 24 e 36 meses
Site: www.vininha.com.br

Salgados do Brasil
Quiosques ou lojas compactas
Taxa de franquia: R$ 26 mil
Móveis/equipamentos/informática: R$ 95 mil a R$ 125 mil
Abertura de empresa: R$ 2 mil
Marketing de inauguração: R$ 5 mil
Capital de giro: R$ 15 mil
Estoque inicial: R$ 10 mil
Total: R$ 163 mil a R$ 193 mil
Site: www.salgadosdobrasil.com.br

Salgado Mania
Investimento estimado: R$ 69 mil (quiosque), R$ 99 mil (loja box) e R$ 139 mil (food truck)
Taxa de franquia: R$ 30 mil
Capital de giro: R$ 10 mil
Royalties: 5%
Taxa de propaganda: 3%
Prazo de retorno: 10 a 18 meses
Faturamento médio mensal: R$ 55 mil a R$ 65 mil de acordo com o modelo de negócio
Porcentagem de lucro: 15% a 20%
Site: www.salgadomania.com

Box 30
Conceito "Compre 30 Leve 60 (Venda em dobro a partir de 30 unidades)
Investimento total (obras civis, equipamentos e decoração): a partir de R$ 300 mil
Taxa de franquia: R$ 45 mil
Royalties: 5%
Taxa de publicidade: 4%
Retorno: a partir de 24 meses
Site: www.box30salgados.com.br

Casa da Empada
Quiosque
Investimento total: R$ 120 mil
Taxa de franquia: R$ 7,5 mil (quiosque dependente) ou R$ 20 mil (quiosque independente)
Faturamento: R$ 20 mil a R$ 30 mil, de acordo com o tamanho do quiosque
Retorno: entre 10 a 12 meses
Royalties: 5% (sobre o total de compras)
Publicidade: 5% (sobre o total de compras)
Site: www.casadaempada.com.br

Cia da Empada
Quiosque
Taxa de franquia: R$ 40 mil
Investimento inicial: R$ 85 mil
Total: R$ 125 mil
Site: www.ciadaempada.com.br

Empada Brasil
Quiosque
Investimento: R$ 72,7 mil (fora o ponto comercial) - incluída taxa de franquia de R$ 30 mil
Faturamento médio: R$ 22 mil
Royalties: valor equivalente a receita de 200 empadas
Retorno: 24 meses
Site: www.empadabrasil.com.br

Procura-se a empadinha
Investimento inicial: a partir de R$ 70 mil
Capital de giro: R$ 10 mil
Estoque inicial: R$ 8 mil
Taxa de Franquia: R$ 15 mil
Site: www.procuraseaempadinha.com.br

Quickies
vendas de salgados por meio de vending machines.
Investimento inicial: entre R$ 120 mil a R$ 174,5 mil
Site: www.quickies.com.br

Coxinha Du Chef
Investimento total (com Taxa de franquia): R$ 110 mil
Taxa de Franquia: R$ 30 mil
Taxa de Royalties: 5% sobre o faturamento bruto
Taxa de Propaganda: 2% sobre o faturamento bruto
Capital de Giro: R$ 20 mil
Faturamento médio mensal: R$ 40 mil
Lucratividade: 15%
Prazo do retorno do investimento: 18 meses
Site: www.coxinhaduchef.com.br 

Brasil pode perder US$ 2 bilhões com crise argentina


Segundo associação, país vizinho dificulta a entrada de produtos estrangeiros. Setor automotivo será um dos mais prejudicados

No ano passado, as exportações brasileiras para a Argentina somaram US$ 19,6 bilhões
No ano passado, as exportações brasileiras para a Argentina somaram US$ 19,6 bilhões (Eraldo Peres/AP)

A crise cambial na Argentina pode reduzir em quase 2 bilhões de dólares o saldo da balança comercial brasileira, afetado principalmente pelas exportações do setor de material de transporte, que incluem automóveis, caminhões e autopeças. A afirmação é uma projeção preliminar da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Nas contas do presidente da AEB, José Augusto de Castro, a Argentina deve cortar neste ano em 5 bilhões de dólares as suas importações de todos os países, sendo que o Brasil deve responder por 2 bilhões a 3 bilhões de dólares desse total. Com isso, o saldo da balança brasileira, inicialmente estimado ao redor de 7 bilhões de dólares, deve recuar para algo em torno de 5 bilhões de dólares.

Projeção semelhante é feita pelo departamento econômico do Bradesco. A estimativa é de redução de 3,9 bilhões de dólares nas vendas de produtos brasileiros ao país vizinho. No ano passado, as exportações brasileiras para a Argentina somaram 19,6 bilhões de dólares, alta de 9% em relação às vendas de 2012.

A balança comercial brasileira acumula em fevereiro déficit de 2,041 bilhões de dólares - as exportações somaram 7,214 bilhões de dólares e as importações, 9,255 bilhões de dólares. As exportações de manufaturados foram as que mais pesaram negativamente, ao cair 16,8%, por causa da queda nas vendas de automóveis, óxidos e hidróxidos de alumínio, autopeças, pneumáticos, bombas e compressores, calçados e motores e geradores elétricos. 


Argentina

 - Diante da escassez de dólares, não é de hoje que o governo argentino vem dificultando as importações. Um dos mecanismos usados tem sido a demora na liberação da Declaração Juramentada Antecipada de Importação (Djai), documento obrigatório às compras externas. Em setores como o de porcas e parafusos o atraso na liberação da Djai é superior a um ano, informa o diretor do Departamento de Relações Internacionais da Fiesp, Thomaz Zanotto.

Nas últimas semanas, mais um obstáculo foi imposto aos importadores. De acordo com Zanotto, o governo vinculou a liberação da Djai à obtenção de financiamentos às importações pelas próprias companhias argentinas no mercado internacional. Segundo ele, isso deve dificultar ainda mais as exportações brasileiras para a Argentina porque mesmo que o importador argentino tenha os pesos para quitar a compra, ele terá de obter um financiamento no mercado internacional para poder fechar o negócio e ter a Djai liberada.

O banco central argentino não fará a troca de pesos por dólares para efetivar importação. "O governo argentino está ganhando tempo até a entrada de divisas com a exportação da safra, que deve ocorrer nos próximos meses", diz Zanotto.

Um estudo encomendado pela Fiesp a uma consultoria argentina mostra que os setores da indústria brasileira mais afetados pela medida serão o automotivo, o metalúrgico (aço e alumínio), o pneumático e o eletrônico. Já os segmentos ligados a setores de saúde, infraestrutura, cultura e atividades essenciais estão fora dessa restrição.

O setor automotivo, o país vizinho fica com cerca de 85% das exportações de veículos do Brasil. Porém, em dezembro, a Argentina anunciou que cortaria as importações do Brasil em 27%. Em 2013 foram exportados 475 mil veículos para a Argentina.

Só a General Motors deverá reduzir suas vendas ao país vizinho de 70 mil para 50 mil unidades este ano, informa o presidente da montadora na América do Sul, Jaime Ardila.

Com esse cenário, a Anfavea, associação que reúne as montadoras, prevê para 2014 que as exportações totais do setor cresçam apenas 1,6%, ante as 566 mil unidades de 2013. Na comparação com 2012, as vendas externas aumentaram 26,5%, justamente puxadas pelas importações argentinas.

Governo Kirchner coloca em prática mais uma medida para travar importações


Para evitar a saída de dólares e preservar as reservas do país, bancos só podem pagar importações no valor máximo de 200 mil dólares — acima deste valor, será preciso autorização do BC argentino

Nos dois primeiros meses do ano, a Argentina perdeu quase US$ 3 bilhões de suas reservas e a moeda local se desvalorizou em 23%
Nos dois primeiros meses do ano, a Argentina perdeu quase US$ 3 bilhões de suas reservas e a moeda local se desvalorizou em 23% (Divulgação)

As importações argentinas acima de 200 mil dólares estão praticamente paralisadas, segundo o Diretor de Assuntos Institucionais da Câmara de Importadores da República Argentina (Cira), Miguel Ponce. Para controlar o fluxo de saída de divisas e preservar as reservas domésticas, o governo argentino agregou uma dificuldade extra aos importadores, além das Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação (DJAI), que funcionam como licenças generalizadas no país.

Os bancos usados pelo importador para realizar as operações de comércio exterior só podem pagar importações no valor abaixo de 200 mil dólares. Quantias entre 200 mil dólares e 300 mil dólares requerem autorização expressa do Banco Central. Para as somas acima de 300 mil dólares, o importador terá de ir pessoalmente ao BC e dar entrada ao pedido de autorização para realizar o pagamento.

"Mesmo tendo as declarações juramentadas (DJAI) autorizadas, os importadores precisam de uma autorização do BC para importar quantias acima desses valores. Ou seja, passamos todo o tempo realizando trâmites para poder importar qualquer tipo de mercadoria", queixou-se Ponce. Ele detalhou que as restrições não eximem as mercadorias provenientes dos sócios do Mercosul (Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela).

            
Financiamento externo 

- O analista da consultoria Abeceb, Dante Sica, explicou que o governo argentino está tentando fazer com que os importadores consigam financiamento externo para pagar suas importações e evitem gastar dólares das reservas até chegar, pelo menos, aos meses de março e abril, quando aumenta a entrada de moeda americana no país proveniente das exportações agrícolas.

A medida quebra uma promessa feita em dezembro pelo secretário de Comércio, Augusto Costa, aos importadores do país. Ele garantiu a liberação das importações de insumos para a indústria nacional. Há aproximadamente três semanas, Costa e o ministro de Economia, Axel Kicillof, realizaram uma reunião com as setenta maiores empresas do país para pedir que adiassem o pagamento de suas compras externas e para avisar que deveriam buscar financiamento externo para suas importações.

O esquema de autorizações de importações por valores entrou em vigor na semana passada sem qualquer medida escrita que o ampare, a exemplo de normas verbais nos tempos do ex-secretário de Comércio Guillermo Moreno, demitido em novembro passado.

         
Indisposição 

- As novas barreiras criaram uma forte indisposição com as empresas da Câmara de Importadores, que pediram uma reunião na próxima quarta-feira, às 14 horas (de Brasília), com o secretário Costa. "Vamos explicar que a indústria pode ficar paralisada sem as importações dos insumos usados na fabricação de produtos que abastecem o mercado interno e são destinados às exportações", detalhou Ponce. 

As reservas do Banco Central argentino estão em 27,6 bilhões de dólares, conforme último dado disponível pela autoridade monetária. Nos dois primeiros meses deste ano, o BC perdeu quase 3 bilhões de dólares das reservas e a moeda local sofreu uma forte desvalorização de 23%.

(com Estadão Conteúdo)