Convocação de uma CPI ganhou força depois da divulgação de novas informações sobre a aquisição da uma refinaria em Pasadena
Petrobras: criação de uma CPI para investigar a estatal deve causar
dificuldades políticas para Dilma, que tentará a reeleição neste ano
Brasília - A oposição anunciou nesta quarta-feira que reuniu as 27
assinaturas necessárias no Senado para convocar uma Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) para investigar denúncias sobre a Petrobras,
com o apoio de senadores de partidos aliados. Agora, os oposicionistas
estudam o melhor momento para apresentar o requerimento.
A convocação de uma CPI ganhou força depois da divulgação de novas
informações sobre a aquisição da uma refinaria em Pasadena, nos Estados
Unidos, pela Petrobras em 2006.
Uma nota divulgada na semana passada pela presidente Dilma Rousseff,
afirmando que a decisão foi tomada com base em um documento "técnico e
juridicamente falho", deu novos contornos políticos ao caso, e a
oposição conseguiu o apoio suficiente para a investigação política.
À época Dilma era ministra-chefe da Casa Civil do então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e presidia o Conselho de Administração da
Petrobras.
A criação de uma CPI para investigar a estatal deve causar dificuldades
políticas para Dilma, que tentará a reeleição neste ano, e também pode
afetar economicamente a companhia, dependendo do avanço das
investigações.
Além dos senadores de oposição, apoiaram a CPI parlamentares do PP,
PMDB, PDT e PSD, que fazem parte da base aliada. Os oposicionistas
conseguiram ainda o apoio dos senadores do PSB, que deixou a coalizão do
governo no ano passado, que foram fundamentais para atingir o número
mínimo de assinaturas.
Apesar de o foco da investigação parlamentar ser a compra da refinaria,
a CPI também deve se debruçar sobre outros temas, como as investigações
na Holanda que poderiam apontar pagamento de propina a funcionários da
estatal, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e até
mesmo a ativação de plataformas de exploração de petróleo sem todas as
condições de segurança.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que pretende apresentar o
requerimento apenas na próxima semana, já que a intenção da oposição é
coletar as 171 assinaturas na Câmara dos Deputados para abrir uma CPI
Mista, com deputados e senadores.
Questionado se isso não abriria margem para pressões do governo para
que aliados retirassem as assinaturas do requerimento, ele disse que
esse risco é maior "depois da leitura do pedido no plenário".
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), afirmou à
Reuters que acredita que haverá CPI e que agora "é hora de ter calma e
administrar" a CPI, que trará mais dificuldades eleitorais para a
campanha de reeleição de Dilma.
"Não será a primeira nem a última vez que teremos uma CPI em período
eleitoral", afirmou Braga. "A CPI é para desgastar a presidente
politicamente", afirmou.