quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Supremo em Números


Gráfico "Processos por ano por tribunal de origem"



O projeto Supremo em Números surge da convergência entre a produção empírica de conhecimento jurídico e a aplicação de tecnologias de computação para melhor compreender informações em larga escala.
São aliadas habilidades jurídicas e informáticas para produzir dados inéditos sobre o Supremo Tribunal Federal - dados minerados em razão daquilo que revelam sobre aspectos centrais daquilo que o Supremo decide, bem como quando e quanto decide.

Fundação Getulio Vargas

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Republic Airways encomenda 50 jatos da Embraer


Por Daniela Meibak | Valor
 
 
 
Embraer



SÃO PAULO  -  A fabricante de jatos Embraer anunciou uma encomenda firme da Republic Airways, operadora com a maior frota do mundo, de 50 aviões E175. O valor dos pedidos firmes, que estarão incluídos na carteira de pedidos do terceiro trimestre de 2014, é estimado em US$ 2,1 bilhões, com base nos preços de lista deste ano.

As aeronaves serão operadas pela United Airlines com a marca United Express. As entregas estão programadas para começar no terceiro trimestre de 2015 se estendem até 2017.

O contrato é adicional ao pedido assinado entre as duas empresas em janeiro do ano passado, para 47 jatos E175 firmes, dos quais 34 já foram entregues, com 47 opções. A Republic ainda tem 32 opções restantes do contrato.

A operação está em conexão com a transferência de aviões turboélice Q400, atualmente operados pela Republic Airlines, à empresa aérea britânica Flybe Limited. Ao mesmo tempo, Flybe e Embraer acordaram em reduzir em 20 aviões o pedido de 24 jatos E175 que companhia aérea ainda possui. Portanto, o aumento líquido de carteira de pedidos da Embraer no terceiro trimestre será de 30 jatos E175, destaca a fabricante brasileira em nota.

A Republic Airways foi uma das primeiras empresas aéreas dos Estados Unidos a voar os jatos da Embraer. Com este novo pedido, a frota da Republic Airways será composta por 72 jatos E170 e 151 E175.

(Daniela Meibak | Valor)

Aécio cresce em meio ao embate entre Dilma e Marina

Por César Felício | De Brasília
 
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi o maior beneficiário da campanha negativa desencadeada pela presidente da República Dilma Rousseff (PT) contra a principal adversária à sua reeleição, Marina Silva (PSB), de acordo com a pesquisa Ibope divulgada pela Rede Globo na noite de ontem.

O tucano, que estava estagnado em 15% de intenção de voto, subiu quatro pontos percentuais. Dilma caiu três pontos percentuais, indo de 39% para 36% no intervalo de uma semana. Marina oscilou de 31% para 30%.


Na simulação de segundo turno, a pesquisa do Ibope também aponta recuperação de Aécio. Ao ser confrontado com Dilma, o senador mineiro cresceu de 33% para 37% e a presidente recuou de 48% para 44%. O cenário também melhorou para Marina Silva, que tinha uma vantagem de apenas um ponto percentual em relação à Dilma na rodada anterior do Ibope, quando obteve 43% e a petista, 42%. Agora, Marina manteve o percentual e Dilma caiu para 40%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, com 3 mil entrevistas feitas entre 13 e 15 de setembro.

A pesquisa do Ibope permite avaliar o saldo da ofensiva feita pela presidente contra Marina no horário eleitoral gratuito, em que a candidata do PSB foi associada a uma eventual deterioração da renda da população e ao corte de investimentos sociais que seriam decorrentes da independência do Banco Central e de uma suposta posição contrária de Marina em relação ao desenvolvimento do pré-sal. A candidata do PSB adotou como estratégia vitimizar-se, chegando a dizer que "oferecia a outra face" aos seus críticos.

Aécio também fez campanha negativa em sua propaganda na TV, mas de forma difusa, atacando as duas candidatas. Foi relativamente poupado tanto pela presidente quanto pela sua adversária, em um possível movimento para não hostilizar o PSDB às vésperas de um segundo turno.

O desempenho do candidato tucano contrasta pelo descolamento entre o resultado da pesquisa presidencial e o da corrida eleitoral nos Estados. O tucano João Pimenta da Veiga (PSDB) candidato de Aécio em seu reduto eleitoral em Minas Gerais, arrisca-se a uma inédita derrota para um candidato governista nas eleições locais. De acordo com sondagem também do Ibope divulgada ontem, conta com apenas 23% de intenções de voto, quase a metade dos 43% obtidos pelo petista Fernando Pimentel. O candidato do PT está em ascensão, tendo subido oito pontos percentuais em relação à última pesquisa, de três semanas atrás, enquanto o tucano não alterou seu percentual.

O mesmo descolamento aparece na sondagem local para a eleição presidencial. Segundo o Ibope, Aécio está com 29% de intenção de voto em Minas Gerais, quatro pontos percentuais atrás de Dilma, conforme divulgou o portal de notícias G1. Marina Silva apareceu com 22%. Na sondagem anterior, divulgada no dia 27, Aécio tinha 34%, Dilma 31% e Marina 20%.

A pesquisa do Ibope mostra ainda que se interrompeu o processo de recuperação da imagem da administração presidencial, em alta desde o início da propaganda em rádio e televisão. A soma dos eleitores que marcam "bom" ou "ótimo" para avaliar Dilma oscilou de 38% para 37%. O total que assinala "ruim" ou "péssimo" permaneceu em 28%.

Fusão sem banco vira tendência


Por Talita Moreira | De São Paulo
Regis Filho/ValorFrederico, da Tivit: companhia tem equipe interna de fusões e aquisições
 
Quando a empresa de serviços de tecnologia Tivit anunciou a compra da chilena Synapsis, em agosto deste ano, toda a operação havia sido planejada dentro de casa. O objetivo, o preço e a estrutura do negócio foram definidos por uma equipe da própria empresa, sem a assessoria de um banco de investimentos ou de uma butique financeira.

"A Tivit conhece bem o seu setor e faz muitas aquisições. Não havia necessidade", afirma o diretor de desenvolvimento corporativo da companhia, André Frederico. Por isso, nem mesmo o fato de a Synapsis ter sido o maior negócio de sua história - num valor de R$ 330 milhões - fez a empresa pensar em recorrer a um assessor financeiro externo.

Casos como esse estão em alta no Brasil. Levantamento feito pela britânica Dealogic a pedido do Valor mostra que nunca foi tão significativo o número de fusões e aquisições de médio e grande portes em que o comprador lançou a operação sem ajuda de um assessor financeiro. De acordo com o estudo, 64% das transações de mais de US$ 100 milhões anunciadas neste ano no país foram estruturadas sem auxílio externo. Juntas, essas operações somam US$ 18,8 bilhões. Esse percentual nunca foi tão alto, aponta a série histórica iniciada em 1995.

O número chama ainda mais a atenção num ano em que o mercado de capitais - a mais importante fonte de receitas para os bancos de investimentos - não teve um grande volume de operações até agora.

A tendência de dispensar os serviços de um assessor financeiro é mais forte entre grandes companhias globais, acostumadas a ir às compras, e em setores com histórico de fusões e aquisições, como o de tecnologia.

Algumas empresas acabam criando times próprios para avaliar passos estratégicos. O frigorífico JBS é uma delas e atuou dessa forma na compra da Tyson Foods, anunciada no fim de julho. Procurada pelo Valor, a companhia não deu entrevistas alegando estar em período de silêncio devido à oferta inicial de ações da unidade JBS Foods.

Na Tivit, a equipe de fusões e aquisições comandada por Frederico conta com mais duas pessoas. Antes da empresa de tecnologia, o executivo trabalhou no Merrill Lynch (depois adquirido pelo Bank of America) e pela gestora de fundos de private equity Pátria Investimentos. "Ajuda a ter a uma visão dos dois lados", diz.

As aquisições não assessoradas também estão em alta nos Estados Unidos, onde a crise levou muitos bancos a reduzir suas equipes de fusões e aquisições e arranhou a confiança nas instituições financeiras.

Aqui, os motivos são outros. Para Alessandro Farkuh, diretor responsável pela área de fusões e aquisições do Bradesco BBI, operações fechadas sem assessor são "um sinal de maturidade do mercado brasileiro". Companhias do país fizeram investimentos nos últimos anos e ganharam experiência para agir sozinhas em algumas situações, afirma.

"A barra vai ficando mais alta à medida que as empresas se tornam mais sofisticadas", reitera Roberto Barbuti, corresponsável pelo banco de investimentos do Bank of America Merrill Lynch (BofA) no Brasil.



Diferentemente do que ocorre numa emissão de ações ou dívida, em que é necessária a intermediação de uma instituição financeira, nos processos de fusões e aquisições a contratação de um banco para estruturar a operação é opcional. "Se a empresa não vê valor, não é obrigada a chamar ninguém", diz Barbuti.

O trabalho de um assessor financeiro é caro - até porque, muitas vezes, leva mais de um ano para ser concluído. As comissões pagas pelas empresas muitas vezes não vão muito além de 1% do valor da aquisição, mas podem chegar a até 15% em casos específicos. Por isso, o custo é um fator que pesa na decisão das companhias.

Muitas acabam optando por contratar um banco apenas nos casos em que a intenção é vender, e não comprar um ativo. "Na venda, o assessor é fundamental para organizar o processo, encontrar candidatos, e deixar a empresa livre para tocar o dia a dia", afirma Farkuh, do Bradesco BBI.

Também houve, nos últimos anos, um aumento da presença de fundos de private equity nas fusões e aquisições brasileiras. À medida que conhecem melhor o mercado local, alguns gestores dispensam os serviços de bancos e butiques financeiras, já que têm internamente ferramentas para analisar os negócios. É o caso da própria Tivit, controlada pela britânica Apax Partners.

"Estruturamos os negócios internamente, mas entramos muito a fundo na análise com a ajuda de advogados, para fazer a assessoria legal, e de auditores, que fazem a due diligence [na empresa-alvo]", diz Frederico, da Tivit.

Para conquistar clientes, os bancos apostam em "provocar" mais as empresas, levando ideias de operações que nem sempre estão no radar delas. "O que a gente faz é oferecer uma leitura mais ampla do mercado, discutir como o investidor vai receber aquela operação, analisar o impacto no capital da companhia", afirma Barbuti.

Oferecer financiamento para as operações também pode fazer diferença. "O relacionamento comercial e de crédito com os clientes não faz a diferença sozinho, mas ajuda", diz Farkuh.

Um banqueiro que preferiu não ser identificado afirma que, apesar do crescimento no número de operações não assessoradas, não houve redução dos negócios na instituição para a qual trabalha. Segundo ele, é importante mostrar que o banco é um anteparo nas negociações, evitando desgastes entre partes que podem ser sócias no futuro.

Para Rogério Gollo, sócio da consultoria PwC, o mercado de assessoria financeira ainda tem muito a crescer no Brasil. À medida que empresas de médio porte passarem a fazer mais aquisições, vão recorrer aos bancos de investimentos, pois não têm a mesma estrutura das grandes companhias para preparar essas operações. "O mercado de fusões e aquisições no Brasil é dez vezes menor que o dos Estados Unidos. Com a estabilidade e o tamanho que o país tem, não vai ser sempre assim", afirma.

10 novidades do mercado que você precisa saber


Eike Batista terá bens bloqueados, decreta Justiça

Mike Hewitt/Getty Images
Torcedor dos Estados Unidos
 
Wall Street especula que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, manterá a promessa sobre taxas de juros baixas quando encerrar sua reunião de política monetária mais tarde
São Paulo - Veja o que você precisa saber.

1 - Eike Batista terá bens bloqueados, decreta Justiça. Eike Batista já é considerado, tecnicamente, réu da ação penal que o acusa decrimes contra o mercado de capitais. Quem afirma é o juiz Flávio Roberto de Souza, titular da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal, para o jornal O Globo.

2 - Conselho da Oi autoriza venda de fatia na Africatel. O Conselho de Administração da Oi autorizou a venda das participações da companhia na Africatel Holdings, representativas de 75 por cento do capital da Africatel, e/ou seus ativos, informou a operadora de telecomunicações no fim da terça-feira.

3 - Cosan aprova cisão parcial e incorporação de parcela. Os Conselhos de Administração das empresas Cosan e Cosan Logística aprovaram protocolo e justificação de cisão parcial da Cosan e incorporação da parcela cindida pela Cosan Logística, conforme fato relevante divulgado ao mercado na noite de terça-feira.

4 - Embraer e Republic Airways assinam contrato para 50 jatos. A Embraer assinou contrato com a Republic Airways para pedidos firmes de 50 jatos E175 no valor estimado de 2,1 bilhões de dólares, com base em preços de lista, informou a companhia em comunicado nesta quarta-feira.


 
5 - China injeta US$81 bi em bancos para sustentar economia. O banco central da China está injetando um total de 500 bilhões de iuanes (81,35 bilhões de dólares) de liquidez nos principais bancos do país, de acordo com a mídia, um sinal de que as autoridades estão intensificando os esforços para sustentar a economia.

6 - Ações europeias sobem com expectativas sobre o Fed. As ações europeias subiam nesta quarta-feira, espelhando o rali em Wall Street na véspera causado por uma notícia que mudou as expectativas de investidores sobre o comunicado do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, que será divulgado mais tarde.

7 - Ações asiáticas sobem com especulação sobre Fed e China. As ações asiáticas avançaram cautelosamente nesta quarta-feira após Wall Street subir por especulação de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, manterá a promessa sobre taxas de juros baixas quando encerrar sua reunião de política monetária mais tarde.

8 - S&P corta classificação da Venezuela a "CCC+". A agência de classificação de risco Standard & Poor's cortou nesta terça-feira o rating soberano de longo prazo da Venezuela para "CCC+", ante "B-", pela contínua deterioração da situação econômica, que pode levar a uma contração da economia de até 3,5 por cento este ano.

9 – Opções do Alibaba serão listadas em 29 de setembro. Investidores que buscam fazer hedge de suas apostas ou especular com as ações doAlibaba Group depois de sua esperada oferta na sexta-feira, poderão negociar suas opções em duas semanas, já que bolsas de opções dos Estados Unidos devem listar contratos da companhia.

10 - Inflação na zona do euro supera expectativas em agosto. O aumento de aluguéis e nos preços de conserto de carros impulsionou a inflação na zona do euro em agosto ligeiramente acima da primeira expectativa, uma boa notícia para o Banco Central Europeu (BCE) mas não o suficiente para mudar radicalmente o cenário econômico.

Chilena Cencosud não descarta aquisições no Brasil


No entanto, o foco da empresa neste momento é a reestruturação

Dayanne Sousa, do
Maglio Perez/Criative Commons
O alemão Horst Paulmann, fundador do Cencosud
O alemão Horst Paulmann: "estamos sempre de olhos abertos", declarou

Atibaia, SP - Apesar do desempenho mais fraco em vendas das marcas do Cencosud no Brasil, o fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo varejista chileno, Horst Paulmann, não descarta a possibilidade de aquisições no País.

"Estamos sempre de olhos abertos", declarou durante a convenção da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O empresário considerou, porém, que o foco da empresa neste momento é a reestruturação, dizendo que agora os executivos trabalham para implantar melhorias nas marcas.

Entre as ações de melhoria das operações no Brasil, Paulmann comentou a necessidade de "descentralizar" os processos. "Cada marca para nós é um país distinto", comentou. 

Mais cedo, ele já havia apontado a necessidade de aumentar a participação de brasileiros na administração da operação local e considerou que é preciso nomear diretores brasileiros para todas as bandeiras do grupo no País.

O Cencosud é a quarta maior rede de supermercados do Brasil, segundo a Abras, e comanda redes como a sergipana G.Barbosa, a mineira Bretas e a fluminense Prezunic. 

"Na Bretas e na G.Barbosa, duas de nossas marcas no Brasil, nomeamos diretores brasileiros, mas agora falta um para a Prezunic", disse Paulmann durante a convenção.

O empresário descartou que preocupações com a desaceleração da economia brasileira afetem os planos de investimento. "Todo país tem movimentos de alta e baixa na economia, não estou preocupado", comentou. Questionado, ele não quis dizer, porém, se a companhia tem um plano para inauguração de novas lojas este ano.

O Cencosud informou em sua divulgação de resultados que durante o primeiro semestre de 2014 inaugurou apenas uma unidade nova no Brasil, de quase 1,4 mil metros quadrados de área. 

Confrontado com a tendência apontada por consultores e analistas de migração dos consumidores para novos formatos de loja que não os hipermercados (como lojas de vizinhança), Paulmann afirmou que o grupo "tem muita confiança em hipermercados grandes".

O fundador do Cencosud ainda comentou os resultados de vendas mais fracas da companhia no Brasil. Ao responder sobre por que as marcas da empresa têm crescido menos do que a concorrência, ele citou o tempo de atuação do grupo no País. "O Pão de Açúcar e o Carrefour estão no Brasil há muito mais tempo e nós, somente há seis anos", declarou.

"Temos redes de pessoas excelentes e o que precisamos é entender o Brasil e trabalhar melhor", afirmou. "Não é fácil entender o Brasil", acrescentou. Questionado sobre a possibilidade de trazer para o Brasil as operações do grupo de lojas de departamento e de materiais de construção, ele disse apenas que "tudo é possível".

Ciência reconstitui último combate do rei Ricardo III


O último rei da Inglaterra morreu devido ferimentos causados por seus inimigos, que teriam perfurado seu crânio quando estava caído e sem capacete, diz estudo

Pascale Mollard-Chenebenoit, da
Getty Images
Modelo facial do rei britânico Ricardo III
Modelo facial do rei britânico Ricardo III: soberano morreu aos 32 anos

Paris - Ricardo III, último rei da Inglaterra e morto em combate no século XV, sucumbiu aos ferimentos causados por seus inimigos, que teriam perfurado seu crânio quando estava caído e sem capacete, sugere um estudo científico publicado nesta quarta-feira na revista The Lancet.

As feridas na cabeça sustentam os relatos da época, segundo os quais Ricardo III, preso em um lamaçal, teria abandonado seu cavalo antes de ser morto por seus inimigos, de acordo com este estudo realizado a partir da análise de sua ossada.

O soberano morreu aos 32 anos na batalha de Bosworth em 22 de agosto de 1485, após um curto reinado de dois anos. 

Após sua morte, a dinastia dos Tudor passou a governar, criando para Ricardo III uma imagem de tirano sanguinário, imortalizada posteriormente por William Shakespeare.

Em sua peça teatral "Ricardo III" (1592), o soberano grita no campo de batalha: "Um cavalo, meu reino por um cavalo!", uma frase que virou célebre.

A ossada do rei foi descoberta em Leicester (centro da Inglaterra) em setembro de 2012, durante a construção de um estacionamento municipal.

As análises de DNA - que ainda não foram divulgadas - confirmaram que o esqueleto encurvado com feridas de guerra era do último rei Plantagenet, caído não muito distante daquele local e enterrado discretamente pelos irmãos franciscanos.

Uma equipe da Universidade de Leicester, liderada por Jo Appleby, especializado no estudo de ossaturas, utilizou várias técnicas, incluindo tomografia computadorizada, para estudar os restos mortais do soberano, de 500 anos de idade.

Os pesquisadores contabilizaram nove feridas na cabeça provocadas por armas cortantes como espadas, facas e punhais.

O esqueleto também apresentava uma grande ferida na pélvis que poderia ter sido causada após a morte.
 

Espada ou alabarda


A leitura do estudo impressiona porque detalha com enorme precisão uma das lesões produzidas na ossatura e que levanta a hipótese sobre as armas utilizadas pelos inimigos.

"As lesões no crânio nos levam a crer que ele não usava capacete, ou porque o perdeu ou porque a proteção foi retirada à força", explica Sarah Hainsworth, professora de engenharia de materiais e coautora do estudo.

Em contrapartida, Ricardo III ainda tinha armadura para proteger o resto do corpo, como não há qualquer vestígio de ferimentos nos braços ou mãos, ressalta.

"As duas lesões que supostamente causaram a morte do rei são as localizadas na base do crânio", indica Guy Rutty, patologista da Universidade de Leicester.

Uma delas poderia ter sido causada por uma arma com lâmina alongada, como uma espada ou alabarda. A outra, muito profunda, teria sido causado pela ponta de uma espada ou a ponta de uma alabarda, acrescenta.

Os dois ferimentos corroboram a ideia de que o rei estava no chão, talvez de joelhos. A cabeça devia estar inclinada para a frente, expondo a base do crânio, diz o estudo.

"As feridas na cabeça de Ricardo coincidem com os relatos da batalha, que sugerem que ele deixou seu cavalo, depois de ter ficado preso em um lamaçal", diz Rutty.

A especialistas em restos humanos do Museu de História Natural de Londres, Heather Bonney, lembra a dificuldade de interpretar as feridas de antigas ossadas.

Ricardo III será enterrado em 26 de março de 2015 na catedral de Leicester. A cerimônia será o ápice de uma semana consagrada ao rei organizada pelas associações de apaixonados que tentem reabilitar a imagem do soberano.