Alunos de escola francesa dizem que podem ter dificuldades.
A edição 2014 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem 6.155
estrangeiros aptos a fazer as provas nos dias 8 e 9 de novembro, segundo
o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep). No ano passado, 5.061 estudantes nascidos fora do
Brasil participaram do exame. O Enem deste ano tem um número recorde de
inscritos: 8.721.946 candidatos.
Para poder cursar uma universidade brasileira, o estrangeiro precisa
revalidar o certificado do ensino médio nas secretarias estaduais de
educação.
Entre os estrangeiros inscritos está Thomas Valay, de 18 anos, que
nasceu na Inglaterra, mas se mudou para o Brasil aos 5 anos. O pai
francês e a mãe brasileira se conheceram em Londres e vieram para o
Brasil anos depois do nascimento de Thomas. Desde criança ele estuda no
colégio Liceu Pasteur, unidade Vergueiro, em São Paulo. Embora a escola
seja francesa, ela oferece as disciplinas básicas obrigatórias em
português, o que permite que o aluno conclua a educação básica com o
diploma nos dois idiomas, e esteja apto a cursar uma faculdade tanto o
Brasil quanto na França.
No Liceu Pasteur, no ensino médio os alunos optam por uma das três
habilitações: literatura, área científica, ou economia e sociologia.
Thomas cursa o terceiro ano em científicas, ainda não sabe se vai fazer
faculdade no Brasil ou no Canadá, mas vai fazer o Enem, apesar de achar
que terá um pouco de dificuldade.
“Fizemos o simulado na escola e o Enem é bem diferente do Bac
[Baccalauréat, uma espécie de 'Enem francês'] porque tem muito mais
lógica e interpretação de texto, os brasileiros estão mais acostumados”,
diz o jovem que pretende estudar biologia marinha ou administração.
Thomas conta que a escola aplica provas semanalmente, mas como o
currículo é francês, eles não estão habituados com questões de múltipla
escolha, e sim, com dissertações, pois treinam muito leitura e escrita.
“Se a prova fosse dissertativa seria mais fácil para nós. No Bac uma só
questão chega a ser respondida em até seis páginas.”
Max Leblanc, de 18 anos, é franco-brasileiro, tem pai francês e mãe
brasileira, e estuda no Liceu Pasteur desde criança, embora tenha
nascido no Brasil. Max escolheu economia e sociologia como habilitação
para o ensino médio e acha que pode lhe faltar para o Enem mais
conhecimento em ciências exatas. Ele pretende cursar administração.
“Os sistemas são diferentes e acho que posso ter dificuldades. O
conteúdo da prova muda muito e não estamos acostumados com questões de
múltipla escolha, para nós é mais difícil.”
Max também ainda não sabe se ficará no Brasil para cursar o ensino
superior, tudo vai depender de como será seu desempenho nas provas. Logo
depois do Enem, virão as provas do Bac que ocorrem entre os dias 10 e
18 de novembro e serão aplicadas na própria escola.
As provas
O Enem vai ser aplicado nos dias 8 e 9 de novembro. No sábado, dia 8,
os participantes farão as provas de ciências humanas e ciências da
natureza, das 13h às 17h30 (horário de Brasília). No domingo, dia 9,
serão aplicadas as provas de linguagens e códigos, matemática e redação.
Nessa data, o tempo do exame será mais longo, entre as 13h e as 18h30
(horário de Brasília).
Segundo o Ministério da Educação, serão impressas 18,3 milhões de
provas (incluindo normal, ampliada, ledor e braile – estas três últimas,
para quem tem diferentes graus de deficiência visual) em 1.699
municípios do país. Este ano, 785 mil funcionários vão ajudar na
realização do Enem, entre coordenadores de locais de aplicação,
assistentes de coordenação, chefes de sala, fiscais e apoio. Em todo o
Brasil, haverá 16,6 mil locais de exame.
Vanessa Fajardo
(G1 – 23/09/2014)