segunda-feira, 31 de agosto de 2015

É preciso fechar Dilma, Temer e FHC numa sala, diz Abilio




Flavio Santana/Biofoto/EXAME.com
Abilio Diniz, sócio da BRF e do Carrefour, durante EXAME Fórum
Abilio Diniz, sócio da BRF e do Carrefour, durante EXAME Fórum
 
 
 
São Paulo – Para os chineses, crise significa perigo e oportunidade. E é assim que eu gosto de ver a crise.

Foi com essa frase que o empresário Abilio Diniz, sócio da BRF e Carrefour, começou sua palestra sobre como sair da crise no evento EXAME Fórum, que acontece nesta segunda-feira no Hotel Unique, em São Paulo.

O vice-presidente Michel Temer, o juiz Sérgio Moro e o ministro da Fazenda Joaquim Levy também participam.
“O Brasil é mais forte que suas crises e seus governos”, disse o empresário. “Já vivi tanta coisa e sei que esta não é nem de longe a pior crise do país”.

Para Abilio, a crise no Brasil é política e não econômica.

“Está na hora dos políticos se entenderem. Tem que jogar em uma sala todos os maiores políticos desse país, Dilma Rousseff, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, trancá-la e não deixar eles saiam de lá sem um acordo”, afirmou o empresário.

Além disso, o Brasil tem alguns nós estruturais, como o da aposentaria, que precisam ser resolvidos, acredita ele.

“Precisamos reformar a política e a imensa teia de aranha que é o sistema tributário brasileiro”, afirmou. “É preciso reorganizar o país, mas isso só vai acontecer se os políticos se entenderem”.

Questionado pela plateia sobre qual seria sua reação se um líder chegasse com déficit em uma de suas empresas, o empresário foi enfático:

“Minha vontade seria mandá-lo embora. Mas, como presidente do conselho, também é minha obrigação questioná-lo, estimulá-lo, ajudá-lo a corrigir”, afirmou. “De novo: não há nada mais para sugerir ao país do que uma reforma política”. 
 

Olhar o espelho


O empresário acredita ainda que não adianta colocar a culpa da situação das empresas na presidente ou ministros.

“Todos estão em um fogo cruzado, sem conseguir colocar na prática o que pretendem e precisam fazer”, disse ele. “Mas, em vez de olhar a janela, é preciso olhar o espalho e ver no que posso melhorar meu negócio”.

Se as empresas não se tornarem competitivas, elas só darão espaço para os concorrentes que estão de fora, acredita o empresário.

“E garanto, quando o país voltar a crescer, crescerá muito”, disse.

Para ele, é preciso que as corporações e pessoas, assim como o governo, entendam que é preciso produzir mais – sem deixar de acreditar no país.

Investimento, liderança e capacitação seriam as armas para que o país seja viável, em todos os aspectos, assim como nas corporações.

Outras três diretrizes que o empresário diz ter aprendido com os desafios são: corte, concentre e simplifique.

Dar atenção ao caixa e compartilhar informações, com outras empresas, e até com outros setores, também é fundamental.

“Não tomar decisões antes do tempo e nem no escuro, com uma negociação clara e informações bem analisadas, é outra regra”, disse ele. 

O empresário terminou a palestra agradecendo a todos pelo carinho e aplausos. "Isso me empurra para frente", disse ele. 

S&P revisa para negativa a perspectiva dos ratings do Brasil





País poderá perder o Investment Grade

Da Redação

redacao@amanha.com.br
S&P revisa para negativa a perspectiva dos ratings do Brasil


A agência de análise de risco Standard & Poor’s anunciou nesta a terça-feira que revisou a perspectiva para os ratings da dívida em moeda estrangeira do Brasil de “estável” para “negativa”. A agência também reafirmou o rating da dívida de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em “BBB-“, o rating “A-3” da dívida de curto prazo em moeda estrangeira, a nota “BBB+” da dívida de longo prazo em moeda local e o rating “A-2” da dívida de curto prazo e moeda local. Na mesma nota, a S&P confirmou o rating escala nacional “brAAA” e a perspectiva sobre esta nota permanece “estável”.

A agência destacou que o Brasil enfrenta desafios políticos e circunstâncias econômicas apesar da significativa correção política durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. “O número de investigações de corrupção entre certos políticos e companhias está pesando cada vez mais sobre a perspectiva fiscal e política do Brasil, colocando em risco a implementação eficaz da política, particularmente no Congresso”, ressalta o documento.

“Revisamos nossa perspectiva sobre os ratings em moeda estrangeira para refletir o que acreditamos que seja uma probabilidade maior que um em três de que a correção da política venha a enfrentar desvios adicionais considerando a dinâmica política e que o retorno a uma trajetória de crescimento mais firme vai levar mais tempo do esperávamos”, revela a S&P.

A agência ainda afirma que, desde 23 de março, quando reafirmou os ratings do Brasil, a avaliação era que os riscos negativos para o País tinham aumentado. “Revisamos a perspectiva para negativa porque apesar das amplas mudanças políticas agora em curso, que continuamos a acreditar que têm o apoio da presidente, os riscos para execução cresceram. Em nossa avaliação, esses riscos têm origem tanto nas frentes políticas quanto econômicas”, diz a agência.

Com a revisão da perspectiva do rating soberano para negativa, significa que a nota poderá ser reduzida no curto prazo e o país poderá perder o grau de investimento (“Investment Grade”).


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S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?



Agência esperava que Levy conseguiria entregar um ajuste fiscal mais robusto

Por Infomoney
S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?


O temor do governo se concretizou: o Brasil teve a sua perspectiva de rating reduzida de neutra para negativa pela Standard & Poor's, mantendo a nota do País em "BBB-", no limite do grau de investimento. E, com a decisão, a agência de classificação de risco sinaliza que o Brasil poderá a ter grau especulativo em breve. "O Brasil deve perder o grau de investimento entre o final deste ano e o primeiro semestre de 2016", avalia Daniel Weeks, o economista-chefe da Garde Asset. Conforme o analista, o corte na perspectiva pela agência já era esperado e, agora, fica a expectativa pelo rebaixamento do rating pela Moody's a um degrau do grau especulativo e equiparando-se à S&P.

Existem alguns fatores que devem ser olhados para saber as causas pelas quais a agência revisou a sua classificação de risco. Segundo Weeks, a equipe da S&P percebeu que a capacidade do Brasil crescer ficou bem comprometida e que a recessão deve ser ainda mais longa. Além disso, se esperava que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), conseguiria entregar um ajuste fiscal de maior qualidade e mais robusto.
Com as revisões das metas de superávit primário na semana passada, passando de 1,13% do PIB para 0,15% do PIB, tanto por conta do cenário político deteriorado quanto pelos gastos engessados (somado a uma carga tributária já bastante alta), o cenário se evidenciou ainda mais complicado. "Havia uma certa crença nos superpoderes do Levy", recorda Weeks. Contudo, não é isso que aconteceu, avalia o economista, destacando ainda que o poder do ministro ficou mais enfraquecido depois da semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff deu aval para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que defendia a redução da meta e um ajuste mais suave. O economista ainda ressalta que isso representa uma mudança bastante significativa ao comparar com os discursos do início do ano do titular da Fazenda, de "tirar o band-aid de uma vez só", ou seja, de fazer um ajuste mais rápido.


Luz no fim do túnel?
 

"Dado que tudo isso foi por água abaixo, ainda não dá para falar que temos uma luz no fim do túnel", alega o economista, avaliando que o cenário de deterioração da confiança dos agentes econômicos pode piorar ainda mais. As incertezas são grandes, avalia, e os riscos de curto prazo aumentaram. Além disso, há outras questões: qual é o novo modelo de crescimento brasileiro? Sem as reformas necessárias, profundas, o cenário que se aponta é de piora.

Desta forma, o economista da Garde e o economista da Quest Investimentos, André Muller, ressaltam que um dos maiores riscos apontados é o político. Por isso, é necessário que sejam feitas rediscussões no Congresso sobre o ajuste fiscal. Um dos pontos ressaltados pela S&P, aponta Muller, é o cenário de aumento do risco político. "[A manutenção do grau de investimento] está bastante atrelada ao cenário político e à sustentabilidade fiscal, com o Congresso tendo de aprovar medidas para a realização do ajuste fiscal". Já para Weeks, é difícil que o Brasil consiga manter o selo de bom pagador.

E, com um cenário ainda mais hostil no âmbito político, como fazer para que o Congresso passe as medidas de ajuste? Cabe lembrar que, em evento realizado pelo LIDE na última segunda-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), viu uma possibilidade nula do governo cumprir a meta de superávit e ainda fez críticas contundentes ao Palácio do Planalto sobre a tramitação das medidas de ajuste e a articulação política, o que mostra o grau de animosidade entre os poderes Legislativo e o Executivo para a aprovação das medidas.

Para Weeks, a presidente Dilma fazer uma mea-culpa e tentar se aproximar de outros segmentos políticos não culpando mais fatores externos para a forte queda da economia, pode ser um ponto positivo para a aproximação e conciliação em buscas de reformas mais profundas.


Efeitos de curto prazo
 

No curto prazo, a conclusão que se tira é de que, mais uma vez, sobrará para o Banco Central, através da política monetária, tentando assim equilibrar a política fiscal malsucedida até agora. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,25% ao ano, na reunião de quarta-feira (29).

"O Brasil está apenas a um degrau acima do grau de investimento. Perdendo a nota, muitos fundos lá fora não poderão mais investir aqui e venderão participações, o que trará uma pressão negativa para a Bolsa", explica Ricardo Kim, analista da XP Investimentos. No entanto, ele acredita que há muitas incertezas no cenário ainda antes que se possa falar com certeza que o Brasil vá cair para o grau especulativo, mesmo que os Credit Default Swaps [contrato no qual o comprador faz um ou vários pagamentos ao vendedor e, em troca, recebe um pagamento do vendedor se o instrumento de crédito não for honrado] brasileiros já precifiquem isso.


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S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?

Agência esperava que Levy conseguiria entregar um ajuste fiscal mais robusto

Por Infomoney

S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?
O temor do governo se concretizou: o Brasil teve a sua perspectiva de rating reduzida de neutra para negativa pela Standard & Poor's, mantendo a nota do País em "BBB-", no limite do grau de investimento. E, com a decisão, a agência de classificação de risco sinaliza que o Brasil poderá a ter grau especulativo em breve. "O Brasil deve perder o grau de investimento entre o final deste ano e o primeiro semestre de 2016", avalia Daniel Weeks, o economista-chefe da Garde Asset. Conforme o analista, o corte na perspectiva pela agência já era esperado e, agora, fica a expectativa pelo rebaixamento do rating pela Moody's a um degrau do grau especulativo e equiparando-se à S&P.
Existem alguns fatores que devem ser olhados para saber as causas pelas quais a agência revisou a sua classificação de risco. Segundo Weeks, a equipe da S&P percebeu que a capacidade do Brasil crescer ficou bem comprometida e que a recessão deve ser ainda mais longa. Além disso, se esperava que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), conseguiria entregar um ajuste fiscal de maior qualidade e mais robusto.


Com as revisões das metas de superávit primário na semana passada, passando de 1,13% do PIB para 0,15% do PIB, tanto por conta do cenário político deteriorado quanto pelos gastos engessados (somado a uma carga tributária já bastante alta), o cenário se evidenciou ainda mais complicado. "Havia uma certa crença nos superpoderes do Levy", recorda Weeks. Contudo, não é isso que aconteceu, avalia o economista, destacando ainda que o poder do ministro ficou mais enfraquecido depois da semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff deu aval para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que defendia a redução da meta e um ajuste mais suave. O economista ainda ressalta que isso representa uma mudança bastante significativa ao comparar com os discursos do início do ano do titular da Fazenda, de "tirar o band-aid de uma vez só", ou seja, de fazer um ajuste mais rápido.
Luz no fim do túnel?"Dado que tudo isso foi por água abaixo, ainda não dá para falar que temos uma luz no fim do túnel", alega o economista, avaliando que o cenário de deterioração da confiança dos agentes econômicos pode piorar ainda mais. As incertezas são grandes, avalia, e os riscos de curto prazo aumentaram. Além disso, há outras questões: qual é o novo modelo de crescimento brasileiro? Sem as reformas necessárias, profundas, o cenário que se aponta é de piora.
Desta forma, o economista da Garde e o economista da Quest Investimentos, André Muller, ressaltam que um dos maiores riscos apontados é o político. Por isso, é necessário que sejam feitas rediscussões no Congresso sobre o ajuste fiscal. Um dos pontos ressaltados pela S&P, aponta Muller, é o cenário de aumento do risco político. "[A manutenção do grau de investimento] está bastante atrelada ao cenário político e à sustentabilidade fiscal, com o Congresso tendo de aprovar medidas para a realização do ajuste fiscal". Já para Weeks, é difícil que o Brasil consiga manter o selo de bom pagador.
E, com um cenário ainda mais hostil no âmbito político, como fazer para que o Congresso passe as medidas de ajuste? Cabe lembrar que, em evento realizado pelo LIDE na última segunda-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), viu uma possibilidade nula do governo cumprir a meta de superávit e ainda fez críticas contundentes ao Palácio do Planalto sobre a tramitação das medidas de ajuste e a articulação política, o que mostra o grau de animosidade entre os poderes Legislativo e o Executivo para a aprovação das medidas.
Para Weeks, a presidente Dilma fazer uma mea-culpa e tentar se aproximar de outros segmentos políticos não culpando mais fatores externos para a forte queda da economia, pode ser um ponto positivo para a aproximação e conciliação em buscas de reformas mais profundas.
Efeitos de curto prazoNo curto prazo, a conclusão que se tira é de que, mais uma vez, sobrará para o Banco Central, através da política monetária, tentando assim equilibrar a política fiscal malsucedida até agora. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,25% ao ano, na reunião de quarta-feira (29).
"O Brasil está apenas a um degrau acima do grau de investimento. Perdendo a nota, muitos fundos lá fora não poderão mais investir aqui e venderão participações, o que trará uma pressão negativa para a Bolsa", explica Ricardo Kim, analista da XP Investimentos. No entanto, ele acredita que há muitas incertezas no cenário ainda antes que se possa falar com certeza que o Brasil vá cair para o grau especulativo, mesmo que os Credit Default Swaps [contrato no qual o comprador faz um ou vários pagamentos ao vendedor e, em troca, recebe um pagamento do vendedor se o instrumento de crédito não for honrado] brasileiros já precifiquem isso.

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A balança da produção está mudando – de novo



Karen Reddington, CEO da FedEx Ásia Pacífico, avalia mapa global da indústria

Por Karen Reddington*
A balança da produção está mudando – de novo


Poucas décadas atrás, a palavra da moda era off-shoring, ou seja, transferir a produção para locais com bases de custo menores, como China ou América Latina. Depois veio o near-shoring, um movimento quase inverso gerado pela alta geral no custo do combustível e da mão de obra. O fato levou companhias a retornar a produção para perto de seus mercados internos, como os Estados Unidos. Hoje, porém, nas economias globalmente conectadas, o custo é só uma das variáveis. A balança da produção está mudando – de novo.

No next-shoring, a ideia não é transferir a produção de um local para outro, mas “se adaptar e se preparar para a natureza instável de fabricar em toda parte” é a nova fronteira, segundo um recente relatório da McKinsey. A diferença é que a mudança revolucionária atual não é uma questão de geografia e nem uma competição entre países ou continentes. É uma tendência muito maior e bem mais complicada que envolve mudança de mentalidade, acesso a técnicas de fabricação inovadoras, pensar além dos números básicos e dar mais eficiência para as cadeias de suprimentos. 

Em resumo, ela requer que os gestores olhem para o quadro geral a fim de tomar decisões comerciais melhores. Em nosso próprio negócio, temos visto uma disposição crescente do aumento do uso do transporte marítimo em soluções de remessa e não apenas do transporte aéreo expresso pelo qual somos pioneiros e conhecidos. Também temos acompanhado as mudanças nos níveis salariais, no poder de compra e nos custos de energia nos 220 países e territórios onde a FedEx opera. Assim, para muitas empresas, a decisão de onde instalar a base de fabricação não é mais uma questão de cálculos simples e diretos.

Na Ásia, a fabricação está sendo transferida para a parte central e ocidental da China, para o Vietnã, a Malásia e a Indonésia. Ao mesmo tempo, a China deixou de ser um simples chão de fábrica – ela é uma potência de inovação que mudou de origem para centro da cadeia de suprimentos. O comércio intrarregional com a China está florescendo – de fato, ele já representa 37% de todo o comércio da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). O corredor intra-Ásia é hoje, reconhecidamente, a via que mais cresce no mundo.

Segundo previsões, os mercados emergentes, juntos, responderão por 66% da demanda global até 2025. Assim, para algumas indústrias, talvez faça mais sentido manter a produção nos mercados emergentes da Ásia, em vez de transferi-la para os Estados Unidos ou México. Assim, podem ficar mais próximas da China e da Índia, dois imensos mercados consumidores. Contudo, Canadá e México ainda podem ser locais de fabricação atraentes pelo mesmo motivo – sua proximidade com o imenso mercado dos Estados Unidos – e as vantagens geradas pelo Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA).

Algumas companhias querem uma conexão mais próxima em termos de idioma e cultura com o local onde instalam suas fábricas; outras querem um nível de controle sobre o negócio que somente a proximidade pode proporcionar. Mas não existe uma solução que funcione para todos. A China pode oferecer economias de escala e uma grande força de trabalho; por exemplo, é produtora e mercado líder para a indústria automotiva. Mas países como México e Reino Unido também proporcionam a vantagem de ter mão de obra qualificada nesse setor – e as plantas da Nissan em Aguascalientes, no México, e em Sunderland, no Reino Unido, exemplificam bem por que a escolha do local de fabricação nem sempre pode ser feita com base nos mesmos critérios globais. A inovação tecnológica também terá um papel importante no futuro da produção e em onde ela será instalada. Segundo a McKinsey, o avanço da impressão em 3D poderia oferecer às empresas uma forma incrível de substituir fornecedores tradicionais de alguns componentes, que seriam impressos internamente.

Outras empresas estão trabalhando para gerar mais visibilidade à melhor solução para os fabricantes e em como juntar todas as peças do complexo cenário global. Desenvolvida pela Universidade de Lausanne e apoiada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, a ferramenta de software Cost Differential Frontier ajuda líderes a determinarem o melhor local para produção comparando custos de mão de obra, financiamento do comércio, conformidade regulatória e remessa, além de questões como supervisão e riscos políticos e de segurança.

Qualquer que seja a solução, o importante é aproveitar o acesso a conexões globais em muitas e diferentes partes do mundo. Os dias de simplesmente avaliar os custos de mão de obra ficaram para trás há muito tempo. Para muitas empresas, o next-shoring não representará apenas um ponto a ser considerado, mas muitos.

*Presidente da FedEx Ásia Pacífico.

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A balança da produção está mudando – de novo

Karen Reddington, CEO da FedEx Ásia Pacífico, avalia mapa global da indústria

Por Karen Reddington*

A balança da produção está mudando – de novo
Poucas décadas atrás, a palavra da moda era off-shoring, ou seja, transferir a produção para locais com bases de custo menores, como China ou América Latina. Depois veio o near-shoring, um movimento quase inverso gerado pela alta geral no custo do combustível e da mão de obra. O fato levou companhias a retornar a produção para perto de seus mercados internos, como os Estados Unidos. Hoje, porém, nas economias globalmente conectadas, o custo é só uma das variáveis. A balança da produção está mudando – de novo.
No next-shoring, a ideia não é transferir a produção de um local para outro, mas “se adaptar e se preparar para a natureza instável de fabricar em toda parte” é a nova fronteira, segundo um recente relatório da McKinsey. A diferença é que a mudança revolucionária atual não é uma questão de geografia e nem uma competição entre países ou continentes. É uma tendência muito maior e bem mais complicada que envolve mudança de mentalidade, acesso a técnicas de fabricação inovadoras, pensar além dos números básicos e dar mais eficiência para as cadeias de suprimentos.
Em resumo, ela requer que os gestores olhem para o quadro geral a fim de tomar decisões comerciais melhores. Em nosso próprio negócio, temos visto uma disposição crescente do aumento do uso do transporte marítimo em soluções de remessa e não apenas do transporte aéreo expresso pelo qual somos pioneiros e conhecidos. Também temos acompanhado as mudanças nos níveis salariais, no poder de compra e nos custos de energia nos 220 países e territórios onde a FedEx opera. Assim, para muitas empresas, a decisão de onde instalar a base de fabricação não é mais uma questão de cálculos simples e diretos.
Na Ásia, a fabricação está sendo transferida para a parte central e ocidental da China, para o Vietnã, a Malásia e a Indonésia. Ao mesmo tempo, a China deixou de ser um simples chão de fábrica – ela é uma potência de inovação que mudou de origem para centro da cadeia de suprimentos. O comércio intrarregional com a China está florescendo – de fato, ele já representa 37% de todo o comércio da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). O corredor intra-Ásia é hoje, reconhecidamente, a via que mais cresce no mundo.
Segundo previsões, os mercados emergentes, juntos, responderão por 66% da demanda global até 2025. Assim, para algumas indústrias, talvez faça mais sentido manter a produção nos mercados emergentes da Ásia, em vez de transferi-la para os Estados Unidos ou México. Assim, podem ficar mais próximas da China e da Índia, dois imensos mercados consumidores. Contudo, Canadá e México ainda podem ser locais de fabricação atraentes pelo mesmo motivo – sua proximidade com o imenso mercado dos Estados Unidos – e as vantagens geradas pelo Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA).
Algumas companhias querem uma conexão mais próxima em termos de idioma e cultura com o local onde instalam suas fábricas; outras querem um nível de controle sobre o negócio que somente a proximidade pode proporcionar. Mas não existe uma solução que funcione para todos. A China pode oferecer economias de escala e uma grande força de trabalho; por exemplo, é produtora e mercado líder para a indústria automotiva. Mas países como México e Reino Unido também proporcionam a vantagem de ter mão de obra qualificada nesse setor – e as plantas da Nissan em Aguascalientes, no México, e em Sunderland, no Reino Unido, exemplificam bem por que a escolha do local de fabricação nem sempre pode ser feita com base nos mesmos critérios globais. A inovação tecnológica também terá um papel importante no futuro da produção e em onde ela será instalada. Segundo a McKinsey, o avanço da impressão em 3D poderia oferecer às empresas uma forma incrível de substituir fornecedores tradicionais de alguns componentes, que seriam impressos internamente.
Outras empresas estão trabalhando para gerar mais visibilidade à melhor solução para os fabricantes e em como juntar todas as peças do complexo cenário global. Desenvolvida pela Universidade de Lausanne e apoiada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, a ferramenta de software Cost Differential Frontier ajuda líderes a determinarem o melhor local para produção comparando custos de mão de obra, financiamento do comércio, conformidade regulatória e remessa, além de questões como supervisão e riscos políticos e de segurança.
Qualquer que seja a solução, o importante é aproveitar o acesso a conexões globais em muitas e diferentes partes do mundo. Os dias de simplesmente avaliar os custos de mão de obra ficaram para trás há muito tempo. Para muitas empresas, o next-shoring não representará apenas um ponto a ser considerado, mas muitos.
*Presidente da FedEx Ásia Pacífico.

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